Ofício n o 2324/2014_CNM/BSB Brasília, 7 de julho de 2014.
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1 Ofício n o 2324/2014_CNM/BSB Brasília, 7 de julho de A Sua Senhoria o Senhor Gilmar Dominici Subchefia de Assuntos Federativos SAF Secretaria de Relações Institucionais SRI Brasília/DF Assunto: Posicionamento sobre o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável específico para a promoção de cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros e sustentáveis. Senhor Gilmar Dominici, 1. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) tem acompanhado as discussões sobre os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) e a agenda pós em âmbitos nacional e internacional, especialmente por meio de iniciativas da Organização Mundial de Cidades e Governos Locais Unidos (CGLU) e da Federação Latino-americana de Cidades, Municípios e Associações (Flacma). 2. Acreditamos que é importante a construção de uma agenda de desenvolvimento mundial que impacte positivamente nos governos locais brasileiros e estrangeiros. Para isso, enfatizamos a necessidade dos governos locais participarem nas discussões sobre a temática. 3. Reforçamos que o movimento municipalista internacional tem realizado um trabalho estruturado para defender os interesses de seus membros. A CNM acompanha uma força tarefa sobre o assunto, chamada de Global Taskforce of Local and Regional Governments for Post-2015 Agenda towards Habitat IIII. O grupo é formado pelos principais atores e espaços de debate do movimento, como a CGLU e suas seções regionais, o Comitê Consultivo de Autoridades Locais das Nações Unidas (Unacla) e o Iclei Governos Locais pela Sustentabilidade. Essa força tarefa representa os governos locais de quase todos os países membros das Nações Unidas. 4. No plano nacional, ressaltamos que a CNM realizou um trabalho de engajamento de Municípios brasileiros, obtendo documentos de apoio de entidades estaduais e microrregionais e de Municípios brasileiros para a implementação de um objetivo específico sobre urbanização sustentável na agenda em construção. Além disso, a Confederação também tem participado nas oficinas promovidas pela Subchefia de Assuntos Federativos sobre o assunto. 5. Gostaríamos de apresentar o posicionamento da CNM referente a uma última versão do documento disponibilizada pela Organização das Nações Unidas. Segue em anexo sugestões e reflexões para alterações no texto do objetivo de número 11.
2 6. Enviamos assim nossas contribuições iniciais ao Grupo Interministerial sobre os ODS. Reforçamos ainda a importância de atentar para a execução da agenda, considerando a melhoria da capacidade técnica e financeira municipal, e de ampliar as discussões com os Municípios brasileiros. Atenciosamente, Paulo Ziulkoski Presidente
3 Anexo 1 Reflexões sobre as metas e os meios de implementação do objetivo específico sobre cidades e assentamentos humanos A questão da moradia e a eliminação de favelas A Confederação Nacional de Municípios recomenda que a posição brasileira em relação ao objetivo 11.1 by 2030, ensure universal access to adequate and affortable housing and basis services for all, eliminate slums and upgrade informal settlements esteja alinhavada às estratégias de urbanização de favelas com ênfase em ações que assegurem a recuperação ambiental e urbana destes assentamentos promovendo a melhoria das condições sociais. A recomendação de alteração no trecho eliminate slums para integration of slum areas into the formal city contempla diferentes escalas, por exemplo, desde a execução de obras de infraestrutura urbana básicas a obras complementares nas áreas informais consolidadas, porém parcialmente urbanizadas, assim como as áreas que necessitam de intervenções de grande complexidade, por exemplo, que envolvem estratégias de reurbanização de amplas áreas urbanas, recuperação de áreas de mananciais ou eliminação de situações de risco geotécnico. A intervenção em favelas requer a elaboração de estratégias plurais e integradas de grande complexidade que proporcionem a inserção da população que vive nestas áreas à cidade formal, com qualidade de vida. O desenvolvimento de capacidades em todos os níveis de governo A meta 11.3 dispõe sobre o fortalecimento de capacidades para o planejamento e a gestão de assentamentos humanos integrados e sustentáveis para todos e a redução do espraiamento urbano. De acordo com uma declaração conjunta dos grandes grupos, lançada no dia 18 de junho, foi sugerida a inclusão de termos especificando que essas capacidades devem ser melhoradas em todos os níveis de governo, da seguinte forma: by 2030, enhance capacities of governments at all levels for participatory integrated and sustainable human settlement planning and management for all [ ]. A Confederação Nacional de Municípios apoia essa sugestão, uma vez que a capacidade dos governos locais em planejamento e gestão urbana é uma peça chave para a promoção de cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros e sustentáveis. A nova agenda mundial ganhará em efetividade ao promover um esforço conjunto nesse sentido. Primeiramente, destaca-se que a proximidade com os cidadãos permite que os governos locais desenvolvam soluções que estejam mais alinhadas com as necessidades das áreas urbanas. No caso do Brasil, os Municípios têm responsabilidade por uma série de serviços como saneamento e água potável, resíduos sólidos e transporte urbano, além de colaborar para o desenvolvimento de
4 políticas em áreas de competência de outras esferas, devido às demandas locais, como é o caso da segurança e o desenvolvimento produtivo. Ademais, o fortalecimento das capacidades locais impacta diretamente na realidade dos espaços urbanos tanto no Brasil como em escala mundial. Por exemplo, o 3º Relatório Global da Organização Mundial de Cidades e Governos Locais Unidos sobre Democracia Local e Descentralização (GOLD III), cujo tema é serviços básicos para todos em um mundo em urbanização, discute que a governança dos serviços básicos está inextricavelmente relacionada ao planejamento urbano e estratégico e este, por sua vez, é chave para a implementação de infraestrutura e a ampliação do impacto das economias de aglomeração. A versão online do sumário executivo do relatório está disponível em: Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) constituem também um exemplo concreto da importância da atuação do poder local. Esses objetivos são mais possíveis de serem atingidos onde os governos locais têm a competência e a capacidade para atuar adequadamente frente a suas responsabilidades. Destaca-se ainda que esse nível de governo é responsável por alcançar, na prática, muitos dos compromissos dos ODM. Dessa forma, a promoção da agenda mundial a partir do local permite diminuir as disparidades nacionais no alcance das metas, contribuindo para que o país atinja os objetivos como um todo e não apenas em regiões específicas. A assistência financeira e técnica a todos os países O meio de implementação 11c dispõe sobre o apoio aos países menos desenvolvidos, incluindo assistência financeira e técnica para construções sustentáveis utilizando matérias locais. Como expressado na 2ª Oficina sobre os ODS, realizada no dia 2 de julho, a CNM acredita que a assistência financeira e técnica são centrais para a implementação da nova agenda mundial tanto em países menos desenvolvidos como nos outros países em desenvolvimento. Durante o 7º Fórum Urbano Mundial, foi discutido que o desenvolvimento urbano equitativo só poderá ser alcançado se as cidades forem capazes de mobilizar recursos financeiros adequados para o desenvolvimento urbano. A realidade atual é que os governos locais em escala mundial enfrentam dificuldades para mobilizar recursos para o desenvolvimento urbano. No Brasil, isto não é diferente. Dentre os Municípios brasileiros, a maioria possui pouca flexibilidade para a realização de novos investimentos. Enquanto os Municípios têm a obrigação constitucional de destinar 25% dos seus recursos para educação e 15% para a saúde, acabam tradicionalmente gastando uma porcentagem ainda mais alta de seus orçamentos com essas áreas. Além disso, muitos acabam assumindo tarefas que não são de sua competência. A judicialização da saúde municipal é um exemplo desse tipo de situação. Juízes frequentemente determinam que Municípios comprem remédios específicos para seus cidadãos, o que seria obrigação de outras esferas de governo. Além disso, destaca-se que o apoio aos governos locais por meio de cooperação internacional já é promovido em âmbito internacional e deve ser ampliado. Em 2013, foi lançada uma comunicação da Comissão do Parlamento Europeu ao Conselho, ao Comitê Econômico e Social Europeu e ao Comitê das Regiões sobre o
5 empoderamento das autoridades locais nos países parceiros para uma melhor governança e resultados mais concretos em termos de desenvolvimento. O documento reafirma a importância das autoridades locais em outros países para a realização dos objetivos de desenvolvimento e propõe uma atuação mais estratégica da União Europeia em prol do empoderamento desses atores. Além disso, ressalta-se que é importante explorar novas formas de obtenção de recursos através do uso de ativos e oportunidades de potencial local. A identificação e a implementação de instrumentos inovadores para a geração de investimentos têm sido consideradas, em foros internacionais de governos locais e das Nações Unidas, como peças chaves para um desenvolvimento dirigido localmente.
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