Metodologia para implantação do PBQP-H em empresas construtoras no Noroeste Fluminense: um estudo de caso.
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1 Metodologia para implantação do PBQP-H em empresas construtoras no Noroeste Fluminense: um estudo de caso. Alex Alves Gomes (Faculdade Redentor / UNIG / SENAI-Itaperuna) alexalvesgomes@bol.com.br Resumo Este trabalho tem como objetivo apresentar uma metodologia para implantação do PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat) no Noroeste Fluminense. Este metodologia foi desenvolvida para implantação deste Sistema de Qualidade em 5 (cinco) empresas construtoras da região. Foi percebido características muito particulares nas empresas desta região, que motivou a elaboração de uma metodologia própria para as empresas desta região. Palavras chave: PBQP-H, Sistema da Qualidade, ISO ) Introdução: O setor da Construção Civil é caracterizado pelo elevado índice de desperdício de materiais e recursos humanos, más condições de trabalho e pouca mecanização, resultando numa produtividade incompatível com a média industrial geral. O Brasil vive um momento favorável à implantação de sistemas de qualidade, devido ao maior nível de exigência por parte da sociedade em relação a insumos, produtos e serviços, assim como pela crescente concorrência interna cada vez mais acirrada, fruto do processo de globalização que permeia os diversos setores do país. Frente a este quadro, as empresas construtoras estão buscando métodos e processos mais eficientes, que demandam mão-de-obra mais qualificada, propiciando aumento da produtividade e melhoria da qualidade das edificações. O PBQP-H Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade Habitacional tem sido um importante fator indutor que tem levado as empresas construtoras a procurarem instrumentos que melhorem a qualidade e produtividade de seus produtos e serviços. A exemplo do que já vêm ocorrendo em São Paulo, através do Programa Qualihab, as empresas que queiram obter financiamentos de órgãos públicos para construção de unidades habitacionais, bem como prestarem serviços aos órgãos governamentais federais, estaduais e municipais devem possuir um Sistema da Qualidade, baseado nos critérios da norma NBR - ISO 9002, submetido à auditoria por organismo credenciado junto ao INMETRO (OCC s). 2) Características das empresas do Noroeste Fluminense: A Região Noroeste Fluminense (Estado do Rio de Janeiro) é composta por 13 (treze) ENEGEP 2003 ABEPRO 1
2 municípios, sendo o quinto maior território do Estado do Rio de Janeiro, com km2, o que representa cerca de 12% de toda a área interiorana. O principal município é Itaperuna. Segundo dados do último Censo do IBGE, a população total da região é de cerca de 298 mil habitantes, o que equivale a 2,2% da população do Estado, apresentando também um PIB de 0,93% do PIB Estadual. (CIDE 1999) A Unidade Operacional do SENAI RJ em Itaperuna, com apoio do SEBRAE-RJ, formou um grupo de 5 (cinco) empresas construtoras da região, com o objetivo de capacitá-las visando à obtenção de certificação pela ISO 9002/94 PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat). As empresas construtoras do Noroeste Fluminense são caracterizadas pelo quadro funcionais enxutos o empresário acumula diversas funções inclusive de responsável técnico pelas obras. Uma outra característica relevante destas empresas é o grande número de obras públicas executadas. Inicialmente foi percebida alguma resistência por parte dos funcionários das empresas quanto à implantação do sistema de qualidade, visto que é algo inteiramente novo na região. As empresas encontraram muitas dificuldades para se adaptar a esta cultura, que em sua fase inicial gera muitos documentos e registros, gerando o receio da burocratização da empresa. Durante as visitas para verificação da situação atual das empresas, foram identificados os seguintes problemas: Não existem procedimentos ou rotinas de trabalhos documentados para padronizar e controlar a execução dos Processos Construtivos. Foram observadas durante visitas nos canteiros de obras situações que caracterizavam desperdícios de material e mão-de-obra. Não foram identificados procedimentos para rastreabilidade de materiais que poderiam ser considerados críticos para a execução dos serviços. Não há avaliação formal dos prestadores de serviços e fornecedores de materiais. Não foram apresentados registros relativos à padronização de serviços de empreiteiros. Não há procedimentos padronizados para avaliação da qualidade do Projeto. As empresas não apresentam procedimentos documentados para entrega de obra, avaliação pós-ocupação e elaboração de Manual do Usuário. Falta de iniciativas para investimento em treinamento de mão-de-obra e novas tecnologias. Não estão definidos os critérios que orientem a organização e o controle de documentos e registros nos processos gerenciais e produtivos. Foram observadas deficiências quanto às ações na área de segurança do trabalho. ENEGEP 2003 ABEPRO 2
3 3) Programa Brasileiro de Qualidade e Produtivdade no Habitat PBQP-H: O PBQP-H foi instituído em dezembro de 1998, com o objetivo de contribuir para a constituição de um mercado habitacional competitivo, ampliar o acesso à moradia e possibilitar a redução dos custos final das unidades sem perda de qualidade Este programa foi inserido como um dos programas do Plano Plurianual (PPA) Avança Brasil, sendo discutido e estruturado entre os mais diversos segmentos da cadeia produtiva da indústria da construção civil, sendo de responsabilidade da Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República. O PBQP-H é também um dos instrumentos do Governo Federal para cumprimento dos compromissos firmados pelo Brasil quando da assinatura da Carta de Istambul (Conferência do Habitat II 1996) (fonte: Site - Este sistema de qualificação possui um caráter evolutivo, onde é estabelecido níveis pelos quais as empresas são avaliadas e classificadas: D, C, B e A (nesta ordem). Os principais benefícios para as empresas com a implantação do PBQP-H é o aumento da competitividade, através da redução de desperdícios, capacitação profissional, utilização de materiais e componentes de melhor qualidade e adequação as normas técnicas. Quanto ao setor público, a utilização do seu poder de compra beneficiará na seleção dos fornecedores de maior qualidade, otimizando o uso dos recursos públicos, solicitando o certificado de qualificação no processo licitatório. 4) Metodologia: A metodologia proposta para implementação do sistema de qualidade PBQP-H foi dividida em quatro etapas principais: Sensibilização: é promovido um seminário para conscientização dos empresários quanto à importância e à necessidade da implantação do programa PBQP-H. Nesta etapa é importante ressaltar ao empresário que o PBQP-H deve ser implantado na empresa não apenas pelo fato de ser mais uma exigência da Caixa Econômica Federal, por exemplo, para financiamento de obras. Neste primeiro grupo, algumas empresas já haviam sinalizado o interesse de implantação pois já havia sido demandadas pelos órgãos financiadores a implantação do sistema de qualidade. Outras empresas crêem que com a implantação do sistema de qualidade ela não só se tornará mais competitiva, como também facilitará o melhor andamento das obras. Módulos de Capacitação: consiste em reuniões coletivas em que representantes das empresas envolvidos na implementação do sistema de qualidade debatem conceitos e práticas que serão desenvolvidas em cada empresa no mês subseqüente e cujos resultados serão apresentados para análise e experiência do grupo. Estes módulos de capacitação ocorreram na Unidade Operacional de Itaperuna SESI/SENAI, onde eram apresentados às empresas os principais conceitos e tarefas a serem executadas, através de exposição de slides e dinâmicas. As reuniões coletivas contam com a presença de 3 (três) representantes da empresa: o empresário e mais 2 (dois) funcionários, sendo que um deles seria designado RD ENEGEP 2003 ABEPRO 3
4 (representante da direção) que é o responsável pela implantação do sistema dentro da empresa, e o outro ficaria como suporte ao RD. Visitas Técnicas: visam o acompanhamento, avaliação e orientação do desenvolvimento das atividades propostas nos seminários dentro de cada empresa. O objetivo destas visitas é apenas acompanhar e esclarecer as eventuais dúvidas que surgem no processo de implementação. Elas são feitas em cada uma das empresas para que cada dúvida seja esclarecida de forma particular, de acordo com a realidade vivida pela empresa. Auditoria Interna: a empresa é submetida a uma auditoria, promovida pelo órgão capacitador no caso o SENAI a fim de se diagnosticar a real situação em que se encontra a empresa frente ao sistema de qualidade implantado, preparando a empresa, desta forma, a receber a auditoria do OCC (Órgão Certificador Credenciado) para a certificação desejada. 5) Conclusão: O grupo de empresas construtoras da região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro está atualmente implantando o nível B do PBQP-H. Percebe-se hoje o comprometimento das empresas na implantação de sistemas de qualidade, não apenas por ser uma exigência dos órgãos públicos, mas porque elas têm percebido a importância do sistema dentro da empresa. Através do PBQP-H as empresas têm reavaliado processos, através do desenvolvimento de procedimentos; buscando melhoria no atendimento, através do cumprimento dos prazos previstos; e promovida a qualificação de sua mão-de-obra. Os representantes da direção (RD) agente principal da implantação do sistema na empresa têm encontrado muitas dificuldades no processo de sensibilização da empresa. Os funcionários resistem a idéia da padronização de procedimentos. Outro fato importante é que no diagnóstico inicial da empresa e na elaboração do organograma, o empresário reavalia as funções desempenhadas por cada funcionário, e até mesmo por ele, estabelecendo desta forma uma divisão de trabalho mais eficiente. Em algumas empresas o empresário praticamente ocupava todos as funções do organograma. Para finalizar, cabe aqui ressaltar que o PBQP-H é um programa pouco divulgado no interior do Rio de Janeiro. Referências CIDE (1999) Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 589p. ENEGEP 2003 ABEPRO 4
5 SOUZA, Roberto de; et al. Sistema de Gestão da Qualidade para empresas construtoras, São Paulo; Pini FEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA, ISO 9000 como instrumento de competitividade, Rio de Janeiro, Qualitymark, SITE OFICIAL DO PBQP-H: Agradecimentos: Agradeço o apoio institucional da Faculdade Redentor, da Universidade Iguaçu Campus V e do SENAI/RJ Unidade Operacional de Itaperuna. Fica aqui também registrado o agradecimento às empresas participantes deste grupo discutido neste artigo:indústrias Reunidas de Bom Jesus, JP Engenharia e Construções, Natividade Construções, Porplan, Rocha Costa Engenharia. ENEGEP 2003 ABEPRO 5
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