LOBATO ADVOCACIA AUTOS: Nihil est quod Deus efficere non possit.

Transcrição

1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 23ª VARA CIVIL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA ESTADO DO PARANÁ AUTOS: GRAFI CABAMENTOS GRÁFICOS LTDA ME, devidamente qualificada nos autos da AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E TUTELA ANTECIPADA, que nesse juízo move contra ADESCRYN GRÁFICA E EDITORA LTDA, igualmente qualificada, vem, com o devido acato e respeito perante Vossa Excelência, através de sua advogada in fine, apresentar: IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO e documentos de mov. 79, o que faz nos seguintes termos: 1

2 Inicialmente, nobre Julgador, a verdade exposta pelo causídico da parte adversa, objeto deste petitório, destoa em ulular ilegalidade, constituindo - se de uma literatura jurídica aventureira, sem nenhum respaldo legal a agasalhar a pretensão posta a exame neste douto Juízo, posto que desconexos com a realidade fática. DO MERITO A empresa contestante admite em sua peça resistiva que emitiu duplicatas sem lastro legal, imputando culpa a uma eventual atualização de software de gestão e alguns acontecimentos imprevisíveis, tal como a devolução de material pela EBCT, que impossibilitou de recomprar a s duplicatas. Ora, Excelência, o Requerido confessa que emite as duplicatas frias, e que foi impossibilitado de recomprá -las pela dificuldade financeira que se encontrava. É de conhecimento notório que a duplicata é título causal, e para sua emissão há de existir a emissão de nota fiscal de material ou serviços. Em momento algum a empresa Ré, conforme alegado na peça resistiva, comprovou a existência de Notas Fiscais de Prestação de Serviços à dar amparo a emissão das duplicatas em questão. Pelo contrário, afirma que devido a atualização de software, foram laçados alguns títulos a desconto junto a instituições financeiras e empresa de factoring, e que estes lhe exigiam o pagamento para efetuar a baixa, utilizando -se dos protestos como forma de coação, pelo que juntou documentos (notificação extrajudicial e Ar s), imputando a culpa exclusiva dos co-réus. Ocorre nobre Magistrado, que foi pel a emissão de duplicatas sem lastro legal, que a Ré contestante angariou numerário junto ao s bancos e factorings, e que resultou na prática do protesto. 2

3 Evidentemente que não há excludente de responsabilida de por parte do emitente do título indevido, capaz de isentá -lo da responsabilidade pelos atos cometidos, posto que a emissão dos títulos, gerou todos os infortúnios para a Autora. De mais a mais, se houve ou não abuso de direito pelo s bancos e factorings co-réus, estas questões são pertinentes a eles e não possui o condão de livrar o sacador de ressarcir os prejuízos causados a empresa Autora, devendo ser tolhida toda e qualquer pretensão da empresa contestante em eximir -se de suas responsabilidades. DA ALEGADA INOCORRÊNCIA DE DANOS MORAIS Diversamente do alegado pela contestante, a pr ática de protesto no cadastro da Autora, inviabilizou que a mesma angariasse crédito na praça e impossibilitou às compras a prazo pela demandante, pelo fato de constar protesto em seu bom nome comercial, o que lhe causou prejuízos e impossibilitou que angariasse financiamento. Inclusive, diferentemente do exposto na peça resistiva, não é necessário comprovar concretamente os prejuízos sofridos, nesse sentido colaciona - se julgado de nosso Tribunal Pátrio: APELAÇÃO CÍVEL RESPONSABILIDADE CIVIL DÍVIDA INEXISTENTE PROTESTO INDEVIDO ABUSO DE DIREITO OCORRÊNCIA DANO MORAL IN RE IPSA VALOR DA INDENIZAÇÃO REDUÇÃO NÃO CABIMENTO QUANTUM CORRETAMENTE FIXADO EM SENTENÇA RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO 1. Sempre que a parte extravasar os limites para os qua is o direito foi criado, embora à primeira vista esteja exercendo direito seu, adentrará na esfera do abuso de direito. 2. A obrigação advinda de danos morais manifesta -se in re ipsa, ou seja, a 3

4 responsabilidade do ofensor se opera pela simples violação do direito, de modo a tornar -se desnecessária a prova do prejuízo em concreto. 3. Ao arbitrar o quantum da indenização por danos morais, devem ser considerados: as circunstâncias do caso concreto, o alcance da ofensa e a capacidade econômica das partes, não se olvidando que a indenização pecuniária deve cumprir seu papel satisfatório/punitivo sem, no entanto, configurar abuso ou provocar enriquecimento ilícito do ofendido. Recurso não provido. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJ -PR, Relator: Gamaliel Seme Scaff, Data de Julgamento: 04/07/2012, 11ª Câmara Cível) grifos meus No STJ, é consolidado o entendimento de que a própria inclusão ou manutenção equivocada configura o dano moral in re ipsa, ou seja, dano vinculado à própria existência do fato ilícito, cujos resultad os são presumidos (Ag ). Ademais, no caso em apreço esta manifestamente configurado o dolo da empresa contestante, que emitiu título sem o devido lastro legal, o que caracteriza crime previsto no art. 172 do Código Penal. Quanto a alegação de inexistência de comprovação do dano moral decorrente da inscrição indevida nos cadastros restritivos, é tema superado na doutrina e jurisprudência pátria. Nesse sentido decidiu nosso Tribunal: APELAÇÃO CÍVEL RESPONSABILIDADE CIVIL DÍVIDA INEXISTENTE PROTESTO INDEVIDO ABUSO DE DIREITO OCORRÊNCIA DANO MORAL IN RE IPSA VALOR DA INDENIZAÇÃO REDUÇÃO NÃO CABIMENTO QUANTUM CORRETAMENTE FIXADO EM SENTENÇA RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO 1. Sempre que a parte extravasar os limites para os quais o direito foi criado, embora à primeira vista esteja exercendo direito seu, adentrará na esfera do abuso de direito. 2. A obrigação advinda de danos morais manifesta -se in re ipsa, ou seja, a responsabilidade do ofensor se opera pela simples violação do direito, de modo a tornar -se desnecessária a prova do prejuízo em concreto. 3. Ao arbitrar o quantum da indenização por danos morais, devem ser considerados: as circunstâncias do caso concreto, o alcance da ofensa e a capacidade econômica das partes, não se o lvidando que a indenização pecuniária deve cumprir seu papel satisfatório/punitivo sem, no entanto, 4

5 configurar abuso ou provocar enriquecimento ilícito do ofendido. Recurso não provido. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJ -PR, Relator: Gamaliel Seme Scaff, Data de Julgamento: 04/07/2012, 11ª Câmara Cível) grifos meus Assim, deve também ser rechaçada a pretensão d a empresa Requerida, devendo arcar com todos os prejuízos decorrentes da prática d o protesto sem observância na legislação pátria. DOS REQUERIMENTOS FINAI S Ex positis, diante de tudo o quanto restou demonstrado, e com sede e ancoradouro nas legislações específicas e vigentes quanto à matéria e sem dispensar os doutos suprimentos de Vossa Excelência, a empresa Autora oferece para a seleta e dilúcida conside ração deste douto juízo, a reiteração dos pedidos da inicial. Termos em que, Espera Deferimento. Curitiba, 23 de fevereiro de SILVANA DENISE LOBATO OAB/PR: