Diagnósticos rurais participativos uma ferramenta na construção do conhecimento agroecológico na comunidade de Mocotó

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1 Diagnósticos rurais participativos uma ferramenta na construção do conhecimento agroecológico na comunidade de Mocotó Participatory rural diagnoses a tool in construction of agro-ecological knowledge in community Mocotó DOLERON, Tiago Dasmaceno 1, LOPES, Jefferson da Silva 1 ; SILVA, Adjair José da 1, FERREIRA, Gizelia Barbosa 2 1. Discentes do curso de Bacharelado em Agronomia do IFPE Campus Vitória de Santo Antão, Propriedade Terra Preta s/n., Zona Rural, Vitória de Santo Antão-PE, CEP agronomiaifpe2012@googlegroups.com; 2. Professora. IFPE - Campus Vitória de Santo Antão, gizelia.ferreira@vitoria.ifpe.edu.br RESUMO Este trabalho foi desenvolvido na comunidade de Mocotó localizada no município de Vitória de Santo Antão Pernambuco, através de um exercício prático da disciplina de Extensão Rural que é ofertada no curso de Bacharelado em Agronomia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco campus Vitória de Santo Antão. O objetivo deste trabalho foi verificar o resultado prático da aplicação três formas de técnicas de metodologia participativas em duas propriedades rurais de agricultores familiares a fim de identificar os pontos positivos e negativos, sócio econômicos e ambientais das propriedades familiares. As ferramentas participativas aplicadas foram abordagens da (FOFA), Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças da propriedade, o Mapa da propriedade onde os agricultores focavam seus pontos produtivos e infraestrutura da propriedade, e a árvore do Problema, onde eram postos os problemas da propriedade e analisados suas causas, os efeitos e suas possíveis soluções, que convergiram para algumas questões semelhantes tanto no cultivo orgânico e também no cultivo convencional. Essas ferramentas participativas se mostraram bastante eficientes e práticas para a construção do diagnóstico participativo rural nessas propriedades. Palavras-chave: Agricultor familiar; DRP; Participativo. Abstract: This work was developed in Mocotó community that is located in the Vitória de Santo Antão's city - Pernambuco, through a practical exercise of Rural Extension's discipline that is offered in the course of Bachelor of Agronomy of the Federal Institute of Education, Science and Technology of Pernambuco campus Vitoria de Santo Antao. The objective of this study was to apply three forms of participatory methodology techniques in two farms of family farmers in order to identify strengths and weaknesses, economic and environmental partner of family properties. The applied participatory tools were aproached their Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats (SWOT) of the property, the map of the property where farmers focused their production points and infrastructure of the property, and the Tree of Problems, which were put the problems of property and analyzed their causes, effects and the possible solution of these problems, which converged for some similar questions both in organic farming and also in conventional farming. These participatory tools proved very efficient and practical for the construction of rural participatory diagnosis in these properties. Keywords: Family farmer; DRP; Participatory.

2 INTRODUÇÃO O Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) é uma técnica que consiste em um trabalho de abordagem de uma determinada comunidade ou grupo, na qual é feito um levantamento sobre a mesma, observando os pontos que podem ser melhorados na comunidade. Neste estudo não só o extensionista participa da decisão, mais a opinião de todos do grupo é essencial para o desenvolvimento da comunidade. Segundo VERDEJO (2006) A importância de se gerenciar um planejamento a partir de um diagnóstico próprio da comunidade faz com que os agricultores rurais possam compartilhar suas experiências analisando as técnicas do DRP como forma de buscar um melhor aproveitamento e planejamento de suas propriedades rurais. Baseia-se no serviço de assistência técnica e extensão rural que tem como foco a universalização do conhecimento no campo. No qual a atuação do extensionista não deve se orientar por pacotes tecnológicos prontos, pois é necessário respeitar as diversas aptidões produtivas e de serviços, apoiando a multifuncionalidade do meio rural, de modo que não se definam atividades apenas pela ótica da produção e sim sob o olhar da renda, segurança e estabilidade, que juntos encaminharão à sustentabilidade (SANTOS et. al, 2010). É importante salientar a troca de experiência entre o extensionista e os grupos com seus conhecimentos mútuos, pois as ferramentas participativas têm contribuído com resultados positivos para o desenvolvimento de pesquisas e o desenvolvimento das comunidades. Compreende-se, assim, que o DRP é um método frequentemente utilizado no trabalho da extensão rural como avaliação para auxiliar novas perspectivas para o desenvolvimento do campo, estimulando a participação dos agricultores rurais. A proposta deste trabalho insere-se no estudo através de diagnósticos rurais participativos (DRP) com duas famílias da comunidade de Mocotó que fica localizada na zona rural do município de Vitória de Santo Antão, de forma que permite reconhecer as limitações e oportunidades que possam ser desenvolvidas como atividades produtivas ou até mesmo possibilitem o compartilhamento de experiências analisando os conhecimentos a fim de melhorar suas habilidades de planejamento e possíveis soluções através de projetos de melhorias dos problemas mais destacados pelas famílias que contribuíram com seus pontos de vistas. METODOLOGIA O DRP foi aplicado em duas propriedades, sendo uma de cultivo convencional (propriedade A) e outra de cultivo orgânica (propriedade B), na comunidade de Mocotó, que fica localizada na zona rural do município de Vitoria de Santo Antão, compreendida na mesorregião da Mata Pernambucana com coordenadas geográficas de 08º de latitude sul e 35º de longitude oeste, a 156 m de altitude, distando 45,1 km da capital Recife com aproximadamente 215 famílias, segundo Cunha(2012). A pesquisa tem natureza aplicada e a metodologia utilizada

3 para este trabalho teve objetivo exploratório, abordagem qualitativa e quanto aos procedimentos é considerada pesquisa-ação (GIL, 2002) VERDEJO (2006) define que o próprio DRP se apresenta como uma metodologia alternativa e não instrumentalista de extensão e pesquisa universitária, essas práticas foram realizadas com as seguintes ferramentas desta metodologia: Mapa Participativo, Matriz FOFA (Fortaleza-Oportunidade- Fraquezas- Ameaças) e Árvore do problema aplicada nas duas propriedades da comunidade de Mocotó, para obter conhecimento acerca da organização, distribuição dos elementos agrários, ambientais e sociais do território. As atividades se organizaram em um primeiro momento com a pesquisa bibliográfica acerca das ferramentas a serem utilizadas, logo após passou-se a conhecer e estudar as especificidades da comunidade em questão. Com um tempo delimitado de 4 horas, iniciou-se com o DRP e suas ferramentas com o intuito dos participantes compreenderem as dinâmicas e o processo de construção desta ferramenta, e finalmente utilizou-se do Mapa participativo e a árvore do problema. RESULTADOS E DISCUSSÃO Primeiramente foi utilizado o mapa falado (participativo) onde os agricultores das duas propriedades apontavam seus pontos fortes produtivos de toda a área. (Figuras 1 e 2). 1 2 Figura 1. Mapa da Propriedade A; Figura 2.Mapa da Propriedade B. Comunidade de Mocotó, Vitória de Santo Antão - PE A técnica do mapa falado participativo (Figuras 1 e 2), possibilitou o planejamento, a discussão e a análise da informação visualizada para se elaborar a ferramenta FOFA e identificar o problema para se elaborar a Árvore do problema (Figura 4). Os resultados encontrados pela aplicação da técnica participativa onde o objetivo foi selecionar suas Fortalezas, Oportunidade, Fraquezas e Ameaças (FOFA) estão demonstrados na (Figura 3) e nas respectivas propriedades. Essa ferramenta mostra

4 as potencialidades de cada propriedade. A propriedade A se mostrou como potencial a irrigação proveniente da cisterna, cultivos de milho, feijão e algumas fruteiras, potencial pecuário, principalmente de bovinos. Figura 3. FOFA da propriedade A, com a produção convencional e a FOFA da propriedade B, onde a produção Orgânica, na comunidade de Mocotó, Vitória de Santo Antão - PE A partir da utilização da Matriz FOFA a propriedade A, de agricultura convencional, constatou-se que no quesito Fortaleza, os itens apontados tem semelhança com os que foram apontados na propriedade B. Sobre as fraquezas, nas duas propriedades apontam tem em comum problemas com pragas e doenças. Em oportunidades, na propriedade A, destaca-se a irrigação e a possibilidade comercial, na propriedade B, a questão econômica teve relevância, pois os produtores agroecológicos entendem poder ter um bom retorno do investimento, enquanto que as ameaças, nas duas propriedades, são a poluição e problemas com agroquímicos que mesmo em cultivo orgânico pode haver contaminação provenientes de outras localidades. Comparando as duas propriedades na questão de produção por área, na propriedade A há pouca diversidade nos meios de produção quando comparado com a propriedade B, pois utiliza o meio de cultivo convencional, mostrado na tabela abaixo. Na propriedade B mostrou como potencial as diversidades de cultivos pelo fato do uso de métodos orgânicos. (Figura 4). Produção da propriedade A % Produção da Propriedade B % Bovinos 14 Inhame 6 Milho 19 Couve 8 Frutíferas em geral 31 Feijão 9 Feijão 36 Quiabo 15 Alface 31

5 Figura 4. Tabela representando a produtividade agrícola da propriedade A e B Figura 5. Árvore do problema da propriedade A e B. CONCLUSÕES Com a aplicação do Diagnostico Rápido Participativo (DRP) possibilitou a equipe repensar estratégias de intervenções em extensão rural aos agricultores rurais, bem como planejamento de atividades voltadas ao espaço rural. Com a utilização dessas três ferramentas participativas tiveram resultados práticos onde os próprios agricultores familiares conseguirão identificar os pontos positivos e negativos, socioeconômicos e ambientais de suas propriedades, auxiliando assim um melhor forma de identificar suas potencialidades e de prevenir futuros problemas, caracterizando a importância do conhecimento construído pela participação ativa dos agricultores que faziam parte de dois meios de produção diferentes, o convencional e orgânico. Contudo, as ferramentas participativas Mapa falado (participativo) teve como resultado alcançado mostrar ao agricultor toda sua área da propriedade de uma forma que auxiliasse na administração de todo seu território, a FOFA proporcionou aos agricultores desvendar suas Fortalezas, Oportunidade, Fraquezas e Ameaças de suas propriedades as quais pudessem ser melhor aproveitadas dentro dos pontos positivos, sócio econômicos e ambientais e a Árvore do problema como meio de selecionar os problemas de cada propriedade, suas causas e consequências fazendo com que os agricultores buscassem formas de resolve-los, portanto os resultados tiveram importante papel, pois fizeram com que os agricultores familiares não se sentissem constrangidos, e sim, tomassem frente e participassem de forma ativa auxiliando numa melhor maneira de administrar suas propriedades. Evidenciou-se que a partir dos pontos positivos e negativos diagnosticados com as três ferramentas participativas aplicadas juntos aos agricultores surge como prioridade a necessidade de uma aproximação de órgãos responsáveis pela extensão rural, levar à essas propriedades práticas de extensão exitosas que venham atender a todos de forma geral e satisfatória com serviços de qualidade e compromisso contínuo com o objetivo de fortalecer a produção sustentável, como

6 também na formação desses agricultores a fim de possibilitar o desenvolvimento local. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, SANTOS, D. A.; SILVA, D. M. R.; ARRUDA, J.; MARY, W.; SOUZA, W. F. Abordagem metodológica de extensão rural: o contato direto como ferramenta, UFRRJ, BRASIL.VIII Congresso Latinoamericano de Sociología Rural, Porto de Galinhas, VERDEJO, M.E. Diagnóstico rural participativo Guia Prático DRP. Brasília: MDA/SAF/DATER, Disponível em: e_1.pdf: Acesso em 02/03/2015.