Evolução dos Gastos com Seguro Desemprego
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- Pedro Lucas Vilaverde Cordeiro
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1 1 ASSESSORIA EM FINANÇAS PÚBLICAS E ECONOMIA PSDB/ITV NOTA PARA DEBATE INTERNO (não reflete necessariamente a posição das instituições) N : 084/2007 Data: Versão: 1 Tema: Título: Previdência Social Evolução dos Gastos com Seguro Desemprego Resumo: O gasto real com o seguro desemprego cresceu consideravelmente entre 2002 e 2006, acima do ganho real do salário mínimo. No entanto, os dados de mercado de trabalho da Pesquisa Mensal de Emprego (IBGE) não explicam esta evolução. O número de desempregados que já trabalharam antes e a renda real média dos trabalhadores com carteira assinada diminuíram neste período. Evolução dos Gastos com Seguro Desemprego Pela definição oficial do Ministério do Trabalho, o Seguro- Desemprego é um benefício integrante da seguridade social, garantido pelo art. 7º dos Direitos Sociais da Constituição Federal, e tem por finalidade promover a assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado, em virtude da dispensa sem justa causa. Este benefício pode ser requerido por qualquer trabalhador com carteira assinada demitido sem justa causa 1, desde que atenda a requisitos legais. Segundo recente matéria do sítio de finanças públicas Contas Abertas 2, os gastos do governo com seguro desemprego subiram fortemente nos últimos anos, atingindo uma cifra recorde em 2006 (cerca de R$ 10,45 bilhões em termos nominais). 1 Existem ainda outros casos em que o requerimento do seguro desemprego é passível de aceitação: por aqueles cujo contrato de trabalho foi suspenso em virtude de participação em curso ou programa de qualificação oferecido pelo empregador; por pescadores profissionais durante o período em que a pesca é proibida devido à procriação das espécies e por trabalhadores resgatados da condição análoga à de escravidão (caixa.gov.br). 2 Disponível em:
2 2 Utilizando dados tabulados pelo Contas Abertas, extraídos do Siafi, notamos um forte crescimento real da despesa (empenhada e liquidada) com o seguro desemprego. De 2002 a 2006, o pagamento deste benefício cresceu 35% em termos reais (corrigido pelo IPCA). Este crescimento foi superior ao ganho real do salário mínimo: o benefício corrigido pelo salário mínimo cresceu 6% neste entre 2002 e Já em 2007, apenas em 8 meses, foram gastos R$ 8,7 bilhões com a assitência que é mais do que o dobro do que foi investido no PAC este ano (R$ 3,5 bilhões em valores pagos). Crédito Real (IPCA Ago/07) de Seguro Desemprego Empenhado e Liquidado 1.500,00 R$ Milhões Constantes 1.300, ,00 900,00 700,00 500,00 300,00 100,00 jul/02 nov/02 jul/03 nov/03 jul/04 nov/04 jul/05 nov/05 jul/06 nov/06 jul/07 O crescimento dos gastos com seguro desemprego poderia ser explicado por duas variáveis: o crescimento do número de demissões e/ou do valor do benefício (que varia de acordo com a faixa salarial do trabalhador demitido). Porém, ao analisarmos os dados de emprego, rendimento e massa salarial, a partir da Pesquisa Mensal de Emprego (IBGE), identificamos que estes fatores não explicam o crescimento da despesa com o seguro desemprego.
3 3 O número de pessoas desocupadas que já trabalharam anteriormente diminuiu entre 2002 e Embora o dado mais preciso seja o número de demissões de trabalhadores formais, esta é uma boa aproximação. Pessoas de 10 ou mais anos de idade Desocupadas - Que já trabalharam anteriormente Mil Pessoas jun/02 set/02 dez/02 jun/03 set/03 dez/03 jun/04 set/04 dez/04 jun/05 set/05 dez/05 jun/06 set/06 dez/06 jun/07 Enquanto em 2002 a pesquisa identificou uma média mensal de cerca de 1,923 milhões de pessoas desocupadas que já tinham trabalhado, em 2006 esse número caiu para 1,807 milhões. O segundo ponto se refere ao rendimento médio dos trabalhadores com carteira assinada. Quando consideramos a evolução desta variável em termos reais (descontada a inflação), também notamos uma redução ao longo do período em análise.
4 4 Rendimento Médio Mensal Real (IPCA Ago/2007) dos Trabalhadores com Carteira Assinada R$ 1.200, , , , , , , , , , ,00 jul/02 nov/02 jul/03 nov/03 jul/04 nov/04 jul/05 nov/05 jul/06 nov/06 jul/07 Em 2002, o rendimento médio mensal dos trabalhadores com carteira assinada era R$ 1.149,98, enquanto em 2006 esta mesma variável somava R$ 1.087,81 (em R$ constantes deflacionados pelo IPCA). Com essas duas variáveis, é possível construir a variável chave de explicação da variação do seguro desemprego: a massa salarial real das pessoas desempregadas que já trabalharam anteriormente. Ou seja, seria uma proxy do total gasto com seguro desemprego, que varia em função do número de requerimento pelo benefício multiplicado pelo valor do rendimento médio dos requerentes quando trabalhavam (ainda que este valor seja maior do que o que o requerente venha a receber pelo seguro desemprego). A massa salarial assim definida também varia negativamente, em termos reais, ao longo do período em análise: em 2002 era de R$ 2,212 bilhões em média mensal, enquanto em 2006 somava R$ 1,965 bilhões.
5 5 Massa Salarial Real (IPCA Ago/07) das Pessoas Desempregadas que já Trabalharam Anteriormente jun/02 set/02 dez/02 jun/03 set/03 dez/03 jun/04 set/04 dez/04 jun/05 set/05 dez/05 jun/06 set/06 dez/06 jun/07 R$ Milhões Ora, se a massa salarial dos desempregados com direito ao benefício diminuiu ao longo da série, deveria se esperar uma redução real do gasto com seguro desemprego. Porém, como mostrado no início desta nota, as despesas com seguro desemprego aumentaram consideravelmente. Identificamos então uma relação inversa entre os indicadores, que pode ser vista no gráfico a seguir:
6 6 Relação Seguro Desemprego/Massa Salarial das Pessoas Desempregadas que já Trabalharam Anteriormente 75% 65% 55% 45% 35% 25% 15% 5% jun/02 set/02 dez/02 jun/03 set/03 dez/03 jun/04 set/04 dez/04 jun/05 set/05 dez/05 jun/06 set/06 dez/06 jun/07 A relação entre seguro desemprego e a variável chave é crescente ao longo dos últimos anos, o que demonstra, quando em termos nominais, variações dos gastos com seguro desemprego bem maiores do que as variações da massa salarial das pessoas desempregadas que já haviam trabalhado: SD/MS (2002) = 485,93 / 1568,22 = 30,99% SD/MS (2006) = 940,33 / 1890,64 = 49,74% SD seguro desemprego; MS massa salarial Valores em R$ Milhões Correntes
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