AULA Existem cinco perguntas para qualquer tipo de benefícios:
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- Lucas Camilo Marroquim
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1 Turma e Ano: Flex B (2014) Matéria / Aula: Direito Previdenciário / Aula 07 Professora: Marcelo Leonardo Tavares Monitora: Mariana Simas de Oliveira AULA 07 1 CONTEÚDO DA AULA: RGPS (continuação). Auxílio Doença. Aposentadoria por Invalidez. Auxílio Acidente. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (cont.) Tanto em concurso público quanto no exercício da vida profissional, muitas vezes colocamos atenção exclusiva nos requisitos específicos dos benefícios e deixamos de lado dois pontos importantíssimos: a manutenção da qualidade de segurado e a carência. Depois de observada a existência da qualidade de segurado e a carência é que devemos passar para o requisito específico do benefício. Existem cinco perguntas para qualquer tipo de benefícios: 1. Quem é o beneficiário? 2. Qual o conceito do benefício? 3. Ele exige carência? 4. Qual é a RMI? 5. Qual é a data de início do benefício (DIB)? Auxílio Doença Beneficiários: todos os segurados, pois o auxílio-doença é universal. Conceito: pressupõe a incapacidade temporária ou provisória para o exercício de atividade habitualmente desenvolvida pelo segurado, desde que ultrapasse 15 dias (a partir do 16º dia). A grande diferença entre o auxílio e a aposentadoria por invalidez é que, nesta última, a 1 Aula ministrada em 25/08/2014.
2 incapacidade é permanente. Note-se que a lei não fixa prazo máximo da temporalidade do auxílio-doença. exclusive. Obs.: Em Direito: maior que inclusive; menor que exclusive; superior que Carência: 12 meses, mas existem fortes exceções no art.26, II, da Lei 8.213: Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações: II - auxíliodoença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; Assim, a exceção é maior do que a regra, pois acidente de qualquer natureza ou causa é quase todo acidente. Na prática só se exige a carência de 12 meses no caso de doenças não especificadas em lei, que não sejam doenças do trabalho ou profissional. RMI: 91% do salário de benefício, sem incidência de fator previdenciário. Antigamente, o valor do auxílio-doença acidentário tinha alíquota de 92% e do previdenciário era de 80%. Hoje, no entanto, a alíquota é única. Data do início do benefício: para o empregado, o INSS paga o benefício a partir do 16º dia, pois a CLT determina que o empregador pague até o 15º dia de afastamento. O prazo será contado a partir da data do requerimento se houver demora de mais de 30 dias para que seja requerido. Para os demais segurados que não o empregado a data do início do benefício é a partir do afastamento da atividade, a não ser que ele também demore mais de 30 dias para requer o auxílio-doença. Exercício: (1) empregado ficou resfriado e se afastou do emprego por dez dias. A empresa abona e paga os dez dias de salário. (2) empregado quebrou a perna, se afastou por três meses e requereu o auxílio-doença depois de dez dias do acidente sofrido. A empresa paga quinze dias e o INSS até o final dos dois meses. (3) contribuinte individual quebrou a perna, se afastou por três meses e requereu o benefício no 20º dia, o INSS paga desde o primeiro dia.
3 Note-se que o afastamento deve ser superior a 15 dias. Assim, se um contribuinte individual ficar resfriado e afastado do trabalho por 10 dias, ele não receberá nenhum auxílio. Obs.1: durante o gozo do auxílio-doença o segurado não pode trabalhar. Obs.2: o auxílio-doença não é acumulável com a aposentadoria. Portanto, se o aposentado voltar a trabalhar e se machucar o INSS não paga auxílio-doença. Também é inacumulável com salário maternidade. Obs.3: não há cobertura do auxílio-doença se a doença for preexistente à filiação, exceto se a incapacidade for posterior a ela. Exemplo: portador do vírus HIV antes da filiação. Diante da baixa imunidade, ficou incapacitada. Haverá cobertura. Obs.4: Lembre-se que o auxílio-doença cobre doença ou acidente que incapacite o segurado temporariamente. Prosseguindo, um segurado que se entende incapacitado requer o benefício em questão ao INSS. Ele será encaminhado para a perícia médica que, por sua vez, pode verificar o seguinte: (i) Não há incapacidade. Consequência: inexiste pagamento do benefício. (ii) O segurado está incapacitado por até 15 dias. Consequencia: também não haverá pagamento do auxílio-doença. (iii) O segurado está incapacitado por mais de 15 dias. Consequência: observados os pressupostos de manutenção da qualidade de segurado e a carência, o segurado ficará afastado do trabalho. A perícia médica poderá designar outra data para a reavaliação ou poderá fixar a data do término do auxílio-doença, se a técnica médica assim permitir (isso se chama auto-programada ). Se quando se aproximar a data do fim do benefício, o segurado perceber que não ficará curado, o ônus de pedir outra perícia é dele. O art.101 da Lei prevê que a perícia médica pode determinar tratamento médico e de reabilitação profissional. Se o segurado não cumprir, o INSS
4 suspende o benefício. Existem duas determinações medicas que o INSS não pode fazer: a intervenção cirúrgica e transfusão de sangue. Art O segurado em gozo de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e o pensionista inválido estão obrigados, sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da Previdência Social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado, e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos. (iv) A perícia conclui que a pessoa está completamente incapacitada, de forma permanente e plena. Consequência: haverá concessão de aposentadoria por invalidez. Administrativamente, os benefícios são fungíveis, ou seja, o segurado pode requerer um e obter outro. O STJ entende que judicialmente os benefícios também são fungíveis. (v) Uma perícia intercorrente (o segurado já estava em gozo de auxílio-doença) conclui que o segurado que está em gozo de auxílio doença recuperou-se, mas ficou com sequelas que reduzem ou impedem a capacidade para o trabalho na atividade antes exercida de forma permanente, havendo ainda capacidade para o trabalho. Consequência: cessa o auxílio e se ele for empregado ou trabalhador avulso haverá pagamento de auxílio-acidente como indenização pela perda de capacidade laborativa. Aposentadoria por invalidez Beneficiários: todos os segurados, pois a aposentadoria por invalidez é universal. Conceito: pressupõe incapacidade permanente e completa para o trabalho. A aposentadoria por invalidez não é um benefício definitivo. Os artigos 101, 46 e 47 da Lei 8.213/91 dispõem: Art O segurado em gozo de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e o pensionista inválido estão obrigados, sob pena de suspensão do benefício, a submeterse a exame médico a cargo da Previdência Social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado, e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos.
5 Veja que o tratamento médico pode ser determinado pelo INSS no caso do aposentado por invalidez. Se fosse um benefício definitivo não faria qualquer sentido essa determinação. Art. 46. O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno. Retorno voluntário do aposentado por invalidez. Art. 47. Verificada a recuperação da capacidade de trabalho do aposentado por invalidez, será observado o seguinte procedimento: O do art.47, mais uma vez demonstrando que o benefício não é definitivo, trata das hipóteses em que o aposentado, comprovado por perícia, se recuperou. I - quando a recuperação ocorrer dentro de 5 (cinco) anos, contados da data do início da aposentadoria por invalidez ou do auxílio-doença que a antecedeu sem interrupção, o benefício cessará: a) de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função que desempenhava na empresa quando se aposentou, na forma da legislação trabalhista, valendo como documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela Previdência Social; ou b) após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, para os demais segurados; II - quando a recuperação for parcial, ou ocorrer após o período do inciso I, ou ainda quando o segurado for declarado apto para o exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade: a) no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da data em que for verificada a recuperação da capacidade; b) com redução de 50% (cinqüenta por cento), no período seguinte de 6 (seis) meses; c) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por igual período de 6 (seis) meses, ao término do qual cessará definitivamente /91. Carência: igual a do auxílio doença, inclusive as exceções do art.26, II, da Lei previdenciário. RMI: 100% do salário de benefício e também não há incidência de fator A jurisprudência do STJ se consolidou no sentido de aplicar a norma do Decreto 3.048/99 que prevê o seguinte: se a aposentadoria for precedida continuamente do auxílio-
6 doença será apenas aumentada a alíquota, sem que se realize novo cálculo do salário de benefício. Data do início do benefício: em geral, a aposentadoria por invalidez é precedida pelo auxílio-doença. Mas, caso o INSS conceda diretamente a aposentadoria, a regra do início do benefício é a mesma do auxílio-doença. A regra de se pagar os 15 primeiros dias quando há concessão de auxíliodoença só vale para o empregado e não para o empregado doméstico. Se este fica afastado até 15 dias, o empregador abona a falta, mas se ele entrar em gozo de auxílio-doença, o INSS arca com o pagamento desde o primeiro dia. Obs.1: aquilo que é dito com relação ao auxílio-doença e a doença preexistente se aplica à aposentadoria por invalidez. Obs.2: a RMI da aposentadoria por invalidez é integral (100% sobre o SB). Quando a perícia verifica que a incapacidade é mais séria, indo além da incapacidade para o trabalho, o benefício é acrescido de 25%. Nesse caso, o valor percebido a título de aposentadoria por invalidez com o adicional pode ultrapassar o teto. Auxílio-acidente especial. Beneficiários: devido apenas ao empregado, ao trabalhador avulso e ao segurado Conceito: trata-se de benefício indenizatório pela perda ou redução de capacidade para o trabalho na atividade antes exercida, em virtude de sequelas que permaneceram como resultado de lesões consolidadas. Lembre-se que não se trata de um benefício exclusivamente acidentário, podendo ser comum/previdenciário ou acidentário. Carência: não há. RMI: 50% do salário de benefício do auxílio-doença que o antecedeu. Até 1997 haviam várias alíquotas entre 10% e 50%, mas hoje ela está unificada. salário mínimo. Como o benefício é indenizatório e não remuneratório, ele pode ser pago abaixo do
7 Data de início do benefício: o dia seguinte ao término do auxílio-doença. Obs.: o auxílio-acidente é inacumulável com a aposentadoria, mas seu valor integra o cálculo da aposentadoria e da pensão.
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