Relato de experiência Fala Professor/ Eixo: Práticas de Ensino. Crisângela Elen de Souza

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1 Relato de experiência Fala Professor/ Eixo: Práticas de Ensino. Crisângela Elen de Souza Saberes e Sabores Palavras-chave: Alimentação saudável, agricultura familiar, ensino. Introdução O trabalho foi realizado com duas turmas do 4º ano ensino fundamental, na modalidade de Grupo de Trabalho Diferenciado (GTD), escola Centro Pedagógico- UFMG no primeiro semestre de 2014, com duas turmas sendo: OS COMEDORES e COME COME(nomes escolhido por todos da turma), com 15 e 17 alunos respectivamente. A escola acima referida trabalha com regime integral, por tanto os alunos fazem suas principais refeições no local. Uma vez detectada problemas na alimentação de alguns alunos, surgiu à necessidade de trabalhar a temática visando estimular o conhecimento de novos sabores sendo criado o GTD Saberes e Sabores. Segundo Carlo Petrine, fundador do movimento Slow Food a alimentação: é um caminho íntimo, que envolve a dimensão cognitiva, experiencial, afetiva e emocional; alimenta-se do contexto no qual se encontra, valorizando memória, saberes e culturas locais; desenvolve a consciência de si mesmo, do próprio papel e das próprias ações; e promove mudanças, gerando pensamentos e comportamentos novos e mais responsáveis Juntamente com a idéia de Petrine foi trabalhado as teorias de Freire, visando a aproximação do aluno com outras realidades tornado mais sensíveis à novos olhares e paladares. Algumas temáticas norteadoras para o trabalho foram: a importância da alimentação, alimentação em diversas regiões do Brasil e do mundo, relação entre pessoas/terra e produção de alimentos e desperdícios. O produto final deste trabalho foi à confecção dois livros gigantes com todos os trabalhos dos alunos contendo parte escrita usada na apresentação, bandeiras feitas com alimentos, receitas e curiosidades. Primeiros passos A primeira atividade consistiu na escolha das duplas pelos próprios estudantes por afinidade para trabalhar durante o GTD. Em seguida foi apresentado o mapa mundi onde eles deveriam escolher um país ou Estado para estudar de acordo com a curiosidade. A proposta inicial seria trabalhar apenas Estados Brasileiros, porém como os dois grupos eram bem heterogêneos preferiram trabalhar com Estados Brasileiros (Come Come) e países espalhados pelo mundo (Comedores). O próximo passo foi decidir o que poderia ser trabalhado durante os próximos três meses de aula, em conjunto com os educandos. Ao longo do primeiro mês os estudantes fizeram suas pesquisas em casa com auxílio da família e do colega de dupla.

2 Alguns temas foram levantados pelos estudantes, e atividades foram elaboras visando atender a demanda dos mesmos. Durante o trimestre, alguns textos e vídeos foram trabalhados, entre eles Ilha das Flores contribuindo para a educação social dos uma vez que a intenção ao trabalhar com este curta foi mostrar literalmente o caminho do alimento desde a produção no campo ate chegar aos consumidores (no caso eles) usados para alimentação ou permitindo o desperdício. Paralelamente os mesmos anotaram durante duas semanas quais eram os alimentos jogados fora todos os dias em suas casas. Com este trabalho ficou perceptível que ao anotar todos os dias o desperdício de alimentos ao fim da terceira semana a quantidade de alimentos jogados fora reduziu substancialmente. Visando enriquecer o tema houve de uma conversa a respeito da produção de alimentos, com dois agricultores familiares de Minas; Joaquim de Paracatu e Marcelo de Itaobim. Nesta oportunidade os estudantes puderam fazer perguntas e sanarem sua curiosidade a respeito dos desafios na produção, modo de vida do campo, agricultura familiar entre outras, e ao fim da visita os agricultores chamaram os alunos para plantar em seus vasos produzidos de garrafa pet, que foram cuidados pelos próprios estudantes (reutilização de materiais recicláveis, diminuindo a quantidade de lixo). As apresentações Para as apresentações os pais foram convidados e tivemos algumas presenças surpreendentes como a mãe de uma aluna dançarina, ensinou alguns passos de dança do ventre usando os braços uma tradição do Egito uma vez que sua filha apresentou o país. Outra mãe foi vestida de camponesa com saia e lenço na cabeça para ver seu filho falar sobre a Itália. Durante as apresentações os estudantes socializaram com os demais as pesquisas realizadas, que tinham tópicos como: modos de produção, hábitos alimentares, principais alimentos para a região. Visando enriquecer mais o trabalho e a participação da família cada estudante confeccionou a bandeira da região pesquisada, usando apenas alimentos tais quais grãos, macarrão, etc... Para finalizar cada dupla levou um prato típico para degustação, a qual os estudantes deveriam contar a história prato e o porquê da escolha do mesmo, bem como os ingredientes usados e a maneira que foi preparado. Entre as comidas típicas podemos destacar: Pequi da Região de Goiás, churrasco e chimarrão do Rio Grande de Sul, e o famoso pão de queijo Mineiro tragos pelos alunos do grupo Come Come. Já os grupo dos Comedores levaram pão com patê de berinjela do Egito, Sushi do Japão e batata frita dos Estado Unidos, entre outros. estudamos, aprendemos, ensinamos e conhecemos ( ) com o nosso corpo inteiro. Com os sentimentos, com as emoções, com os desejos, com os medos, com as dúvidas, com a paixão e com a razão crítica (1998, p. 8). Mintz Resultados Obtidos e fotos

3 Percebi que ao trabalhar questões alimentares de uma forma mais ampla e lúdica, principalmente levando em consideração o que para os estudantes seria interessante saber sobre cadeias produtivas, problemas de mão de obra no campo, dificuldades da produção, a relação do homem do campo com o trabalho, desperdícios de alimento, novos sabores e a importância da alimentação variada para uma boa nutrição fez com que eles se conscientizassem a respeito do tema. Desse modo, é importante ressaltar que os alunos participantes puderam refletir e ao experimentar novos sabores sentirem prazer ao se alimentar. A visita dos agricultores possibilitou a aproximação com a realidade de quem vive no campo produzindo os alimentos que chegam a suas mesas bem como seus hábitos e modos de vida bastante distintos da realidade dos estudantes moradores das grandes cidades metrolopitanas como Belo Horizonte. Para finalizar como já citado o livrão foi montado com todos os trabalhos apresentados, bandeiras feitas individualmente e coletivamente usando apenas alimentos, fotos retiradas pela professora, pelos alunos. Os pais foram chamados para participarem no ultimo dia de aula sendo o grande dia do lançamento com direito a assinatura de cada participante do grupo e piquenique de confraternização. Grupo Come Come (Regiões do Brasil) FIGURA 1: Alimentos típicos do Rio Grande do Sul e Minas Gerais FIGURA 2: Estudantes plantando em garrafas PET

4 FIGURA 3: Estudantes cuidando de suas plantas FIGURA 4: Estudantes assistindo Ilha das Flores. FIGURA 5: Bandeira de Minas Gerais feita com arroz, macarrão e coloral(urucum).

5 FIGURA 6: Estudantes assinando o livrão no dia do lançamento OS Comedores (Países espalhados pelo mundo) FIGURA 7: Agricultor familiar de Paracatu Joaquim falando para os estudantes. FIGURA 8: Agricultor familiar de Marcelo de Itaobim ensinando plantar.

6 FIGURA 9: Mãe de uma aluna ensinado passo de dança do ventre braços de múmia. FIGURA 10: Aluno apresentando sua região, cartaz posteriormente vira página do livrão FIGURA 11: Pratos Árabes, Italianos e Americanos.

7 FIGURA 13: Turma se deliciando com os pratos típicos. Referências DIAS, J.OS papeis culturais e afetivos da comida. OutrasPalavras.Comunicação compartilhada e pós capitalismo.20/02/2014- Acesso 27/08/2015 MINTZ, S. Comida e antropologia: uma breve revisão. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 16, n º47, p