PROCESSO PENAL. PONTO 1: Recursos 1. RECURSOS

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1 1 PROCESSO PENAL PROCESSO PENAL PONTO 1: Recursos 1. RECURSOS PRESSUPOSTOS RECURSAIS: Sob a ótica objetiva: a) Previsão legal; Não necessariamente há previsão no CPP. b) Forma prescrita em lei; c) Tempestividade (art. 798 e parágrafos, CPP). Há também o pressuposto da possibilidade jurídica do recurso, ou seja, se juridicamente é possível apresentar uma irresignação daquela decisão. Há decisões irrecorríveis. Tecnicamente, o habeas corpus não é considerado um recurso. Sob a ótica subjetiva: a) Sucumbência. Compreendida numa ampla acepção. b) Interesse; c) Legitimidade para recorrer (art. 577 do CPP). Outorga legal para entrar com o recurso. PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE Art. 574 do CPP. Somente deverá ser conhecido o recurso interposto voluntariamente pela parte. A parte inconformada deve manifestar a sua inconformidade no processo penal voluntariamente. Nos recursos de natureza ordinária, qualquer manifestação inequívoca do réu no sentido de recorrer deve ser entendida como princípio da voluntariedade. Prevalece sempre a vontade de recorrer quando há divergência entre o réu e o advogado. Prof. entende que o reexame necessário é incompatível com o ordenamento de Não é esse o entendimento da jurisprudência. Precedente: STJ. RESP PA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. DECISÃO CONCESSIVA DE HABEAS CORPUS. REMESSA DE OFÍCIO (ART. 574, INCISO I, DO CPP). DISPOSITIVO NÃO REVOGADO PELO ART. 129, INCISO I, DA CF/88. Na linha de precedentes do Pretório Excelso, o reexame necessário previsto no art. 574 do CPP não foi tacitamente revogado pelo art. 129, inciso I, da Constituição Federal, devendo o juiz de primeiro grau remeter a decisão

2 que conceder habeas corpus à apreciação da instância superior. Recurso provido. HIPÓTESES DE REEXAME NECESSÁRIO: a) da sentença que conceder habeas corpus. Precedente: DEFENSOR DADO AO RÉU E QUE ATUOU NO PROCESSO CRIMINAL. INOCORRENCIA DE VIOLAÇÃO DO PRECEITO CONSTITUCIONAL QUE ASSEGURA A DEFESA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO SEM CABIMENTO. (RE 25068, Relator(a): Min. LUIS GALLOTTI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/04/1954, ADJ DATA PP DJ PP EMENT VOL PP-00446). b) da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do art O antigo art. 411 guardava consonância com o art. 574, II do CPP. Hoje, art. 416 fala em Apelação, não trata mais de recurso de ofício. Professor sustenta que nova redação do art. 416 se revela incompatível com o art. 574, II do CPP, perdendo sua razão de ser, tacitamente não mais se aplica. Art Não serão prejudicados os recursos que, por erro, falta ou omissão dos funcionários, não tiverem seguimento ou não forem apresentados dentro do prazo. Sobre esse artigo foram editadas as súmulas 320 e legal. O que importa para fins de recurso é que ele tenha sido interposto no prazo Art O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto. Nos recursos ordinários, não é preciso juntar razões de recurso para que o recurso seja admitido. Posição majoritária entende que o interesse recursal não é aferido no momento das razões, mas sim no momento da interposição do termo. Art. 577 Traz o rol de legitimados, dentre os legitimados, é acrescido o assistente de acusação. MP não pode recorrer em favor do réu visando agravar a situação do mesmo. O assistente da acusação pode recorrer no processo penal, mas ele só pode recorrer daquilo que o MP eventualmente não tenha recorrido, ou seja, atua supletivamente.

3 Precedente: STF, RESP SC: RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. APELAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO. APELAÇÃO. QUESTÕES NÃO ABORDADAS NO RECURSO MINISTERIAL. LEGITIMIDADE PARA RECORRER SUPLETIVAMENTE. 1. O assistente de acusação tem legitimidade para recorrer nos casos de absolvição, impronúncia e extinção da punibilidade (arts. 584, 1º, e 598 do CPP), em caráter supletivo, ou seja, somente quando o Ministério Público abstiver-se de fazê-lo, ou ainda, quando o seu recurso for parcial, não abrangendo a totalidade das questões discutidas, sendo esta última a hipótese dos autos. 2. Recurso especial conhecido e provido. O assistente da acusação pode ser pessoa jurídica. Art. 598 do CPP Hipótese em que o assistente pode recorrer (sentença absolutória do Júri ou do juiz singular). Ele também pode recorrer da absolvição sumária. Art. 584, 1º do CPP Assistente da acusação continua tendo legitimidade para recorrer, súmulas 210 (regra geral, pode interpor recurso ordinário e extraordinário) e 208 do STF (exceção: assistente de acusação não pode recorrer extraordinariamente da decisão concessiva de habeas corpus). Súmula 714 do STF exceção à súmula 208 do STF. Precedentes: STF, RExt : CONTRA A HONRA DE SERVIDOR PÚBLICO, EM RAZÃO DO OFÍCIO. LEGITIMIDADE CONCORRENTE. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 208. PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL. O STF, por seu plenário, rejeitou a tese do promotor natural, porque dependente de interposição legislativa (HC , rel. Min. Celso de Mello, DJ ). Admissível o recurso extraordinário interposto pelo servidor ofendido e regularmente admitido como assistente da acusação na ação penal pública condicionada, quando o MP não recorre contra acórdão do STJ que acolhe tese rejeitada pelo STF, em recurso ordinário em habeas corpus, e anula a ação penal. O reconhecimento da legitimidade concorrente, pelo plenário do STF (INQ 726-AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ ), implica na impossibilidade de ser o servidor ofendido prejudicado em decorrência da opção feita. RE conhecido e provido para restabelecer a ação penal. REsp /RN: PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. APELAÇÃO INTERPOSTA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. RAZÕES APRESENTADAS INTEMPESTIVAMENTE. MERA IRREGULARIDADE. CONHECIMENTO. O oferecimento das razões de apelação fora do prazo legal de oito dias constitui mera irregularidade, não ensejando qualquer prejuízo ao conhecimento do recurso (Precedentes desta Corte e do c. Pretório Excelso). Recurso desprovido. Art. 598, parágrafo único Jurisprudência interpretou que esses 15 dias devem ser interpretados única e exclusivamente para o assistente não habilitado nos autos. Se o 3

4 assistente da acusação já estiver habilitado aos autos o prazo não será de 15 dias, mas de 5 dias. O prazo corre do dia em que terminar o prazo do Ministério Público. STJ entende que se for decretada a extinção da punibilidade o réu não tem interesse em recorrer. Precedente: TRF 4ª R. ACR /RS: PENAL. PROCESSUAL PENAL. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE RECURSAL. Uma vez declarada extinta a punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, não há interesse jurídico da parte em recorrer para a obtenção da absolvição, tendo em vista que a extinção do processo, neste caso, não deixa qualquer resíduo ou efeito penal negativo. Professor discorda deste entendimento, mas para fins de concurso nesse caso não há interesse recursal. Art. 578 Qualquer manifestação inequívoca demonstrando o interesse do recorrente na irresignação é suficiente, não exige grandes formalidades nos recursos de natureza ordinária. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE DOS RECURSOS Art. 579 do CPP. Requisitos: Tempestividade, ausência de erro grosseiro. Princípio da fungibilidade não é aplicado na hipótese de má-fé. Prazo: O prazo para recurso começa a fluir da intimação do último, seja ele o advogado ou o réu. Se o réu tem direito de ser intimado pessoalmente, mas for intimado por carta precatória, o prazo conta da intimação e não da juntada da carta precatória. Súmula 710 do STF. Há precedentes minoritários entendendo que se conta da juntada da carta precatória. Precedentes: AgRg no HC /MS; TRF 4ª R ; REsp PE. Precedentes sobre o erro grosseiro: TRF 4ª Região, Agravo Recurso Criminal em Sentido Estrito /SC: PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL CONTRA DECISÃO COLEGIADA. ERRO GROSSEIRO. NÃO CONHECIMENTO. REEXAME DO MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Descabido o uso de agravo regimental para a revisão de decisão colegiada, pois o mesmo é previsto para atacar apenas decisão monocrática de Relator ou de Presidente de órgão julgador, consoante prescreve o artigo 225 do Regimento Interno deste Tribunal. 4

5 2. Revela-se irrelevante a aplicação do princípio da fungibilidade recursal se a irresignação pretende apenas rediscutir matéria exaustivamente analisada pela decisão vergastada. STJ, RHC /SP: RECURSO ESPECIAL. AJUIZAMENTO DE DECISÃO QUE DENEGOU A ORDEM EM HABEAS CORPUS. ERRO GROSSEIRO. NÃO CONHECIMENTO. ADMISSÃO COMO WRIT SUBSTITUTIVO. POSSIBILIDADE. 1. Considera-se erro grosseiro e inescusável o ajuizamento de recurso especial da decisão que denegou a ordem em habeas corpus, dado o previsto no art. 105, II, a, da CF 88, tornando impossível a aplicação do princípio da fungibilidade recursal. 2. Em homenagem ao princípio da ampla defesa, constitucionalmente garantido, admite-se o conhecimento do reclamo equivocadamente interposto como habeas corpus substitutivo. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRISÃO PREVENTIVA. MANUTENÇÃO POR OCASIÃO DA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. DECISÃO PROVISIONAL EXARADA NA VIGÊNCIA DA ANTIGA REDAÇÃO DO ART. 408, 1º, DO CPP. DESNECESSIDADE DE NOVA FUNDAMENTAÇÃO. FUGA DO DISTRITO DA CULPA. MANDADO DE PRISÃO AINDA NÃO CUMPRIDO. MANUTENÇÃO DO ENCARCERAMENTO PARA GARANTIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL E DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. SEGREGAÇÃO JUSTIFICADA. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. 1. Antes da entrada em vigor da Lei n , não se exigia nova fundamentação para manter, na provisional, a prisão preventiva outrora decretada. Inteligência da redação anterior do art. 408, 1º, do CPP. 2. A fuga do recorrente do distrito da culpa é motivação suficiente a embasar a manutenção da custódia cautelar, ordenada para a garantia da ordem pública, para a conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal. 3. Condições pessoais, mesmo que realmente favoráveis, em princípio não têm o condão de, por si sós, garantirem a revogação da preventiva, se há nos autos elementos suficientes a demonstrar a necessidade da sua continuação. 4. Recurso conhecido como habeas corpus substitutivo e, nessa extensão, denegado. STJ, RMS /SP: PROCESSUAL PENAL E CONSTITUCIONAL. ACÓRDÃO DENEGATÓRIO DE MANDADO DE SEGURANÇA. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ESPECIAL. ERRO GROSSEIRO. ILEGALIDADE INEXISTENTE. 1. Considera-se erro grosseiro e inescusável a interposição de recurso especial no lugar de recurso ordinário constitucionalmente previsto, razão pela qual não há como ser aplicado o princípio da fungibilidade. Inexistência de constrangimento ilegal a justificar a concessão de habeas corpus de oficio. 2. Recurso não conhecido. 5

6 Art. 580 do CPP Princípio do Efeito Extensivo dos Recursos. Se houver concurso de agente e apenas um ganhar, esse recurso pode ser estendido para o outro. Esse raciocínio aplica-se também ao habeas corpos, apesar dele não ser recurso. É possível discutir prova ilícita em habeas corpus? Sim. Mas se perder a matéria de mérito no HC essa mesma matéria não pode ser rediscutida na ação penal. Art. 615, 1º do CPP: Havendo empate de votos no julgamento de recursos, se o presidente do tribunal, câmara ou turma, não tiver tomado parte na votação, proferirá o voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao réu. Art No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros. Se for de caráter pessoal de ambos, estende. PRAZOS DOS RECURSOS 1) 48 horas: Carta testemunhável (art. 640, CPP): 48 horas (na prática é contada como se fosse 2 dias, mas o correto são 48 horas a contar da intimação da parte); 2) 2 dias: 2.1) Embargos de declaração interpostos perante Tribunais de Apelação (art. 619, CPP) Efeito interruptivo. Exceção: na Lei 9.099/95, o prazo é de 5 dias ( 1º do art. 83 da Lei 9.099/95 - fala em sentença ou acórdão). Efeito suspensivo. 2.2) Embargos de declaração interpostos perante o juiz de 1º grau (art. 382, CPP); Efeito interruptivo. Exceção: na Lei 9.099/95, o prazo é de 5 dias ( 1º do art. 83 da Lei 9.099/95 fala em sentença ou acórdão). Efeito suspensivo. 3) 5 dias: 3.1) R.S.E, como regra geral (art. 586, CPP) Duas exceções: a) parágrafo único do art. 586, CPP da decisão do juiz que incluir ou excluir jurado da lista (20 dias); b) 1º do art. 584 do CPP quando decretada a prescrição ou julgada extinta a punibilidade (inciso VIII do art. 581), o prazo é de 15 dias se se tratar de 2 assistente nãohabilitado aos autos e não for hipótese em que houver absolvição sumária (entendemos que o art. 581, VIII, CPP não foi revogado, sendo aplicável nas hipóteses de extinção da punibilidade após a fase da absolvição sumária). A partir da alteração do art. 416 do CPP pela Lei , o recurso cabível da decisão de impronúncia é apelação. 3.2) Apelação (art. 593, CPP) exceções na Lei 9.099/95, em que é 10 dias; e quando interposto por assistente da acusação não-habilitado aos autos (art. 598, parágrafo único CPP), cujo prazo é de 15 dias. 6

7 7 PROCESSO PENAL 3.3) Protesto por novo júri (art. 607, 2º, CPP) 3.4) Agravo na execução penal (aplica-se o disposto no art. 586, CPP) 3.5) Agravo de Instrumento: quando denegado Especial ou Extraordinário (art. 28 da Lei 8.038) atentar que da denegação do recurso especial ou extraordinário no cível o prazo do agravo é de 10 dias. Art. 544 do CPC, na redação que lhe deu a Lei /2001, que entrou em vigor em 27/03/2002: Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo de instrumento, no prazo de 10 dias, para o Supremo Tribunal Federal ou para o Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso. Súmula 699 do STF: O prazo para interposição de agravo, em processo penal, é de cinco dias, de acordo com a Lei 8.038/90, não se aplicando o disposto a respeito nas alterações da Lei 8.950/94 ao Código de Processo Civil. 3.6) Recurso ordinário em HC ao STJ (art. 30 da Lei 8.038/90); 3.7) Recurso ordinário em HC ao STF (art. 586, CPP c/c Súmula 319, STF) 3.8) Correição parcial (regimentos dos tribunais). CPP) /90. 4) 10 dias: Embargos infringentes e de nulidade (art. 609, parágrafo único, 5) 15 dias: 5.1) recurso especial (STJ) e recurso extraordinário (STF) art. 26 da Lei nº ATENTAR PARA: a) a contagem dos prazos se dá na forma do disposto no artigo 798, 5º, a, do CPP: conta-se da intimação do último (advogado ou réu). A partir desta regra o STF editou a Súmula 710 "No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem." Atentar ainda para a regra da alínea "c" do 1º do artigo 798 do CPP: se a parte tomou ciência inequívoca da sentença, o prazo é contado desta ciência. b) o prazo para o MP não é da entrada do processo no gabinete do membro do Ministério Público, mas sim de quando o processo chega na instituição (observada a regra do 1º do artigo 798 do CPP "não se comutará n prazo o dia do começo, incluindose, porém, o do vencimento"); c) na Lei dos Juizados Especiais (Lei 9.099) há possibilidade de o MP e o defensor público serem intimados pela imprensa, e não, como é a regra geral, pessoalmente e nos autos (HC n RS, Plenário do STF).