Análise Linguística (CE67C) Prof. Fabio Mesquita EXEMPLO DE ATIVIDADE DE MORFOLOGIA. Parte I Descrição teórica
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1 Análise Linguística (CE67C) Prof. Fabio Mesquita EXEMPLO DE ATIVIDADE DE MORFOLOGIA Parte I Descrição teórica Derivação e Composição Toda língua possui mecanismos ou processos para formar palavras novas. No português, formam-se palavras basicamente por dois processos: derivação e composição. Derivação: é o processo pelo qual se formam apalavras pela anexação de afixos (prefixos e/ou sufixos) à palavra primitiva. Exemplo: des + honra > desonra (palavra derivada) prefixo palavra primitiva Tipos de derivação Derivação prefixal: forma-se a palavra pela anexação de prefixo à palavra primitiva. Exemplo: retro + agir > retroagir Derivação sufixal: forma-se a palavra nova pela anexação de sufixo à palavra primitiva. Exemplo: deslocar + mento > deslocamento Derivação parassintética: forma-se a palavra pela anexação simultânea de prefixo e sufixo à palavra primitiva. Exemplo: en + triste + ecer > entristecer Observação 1: Para caracterizar a parassíntese, não é suficiente a presença de prefixo e de sufixo na palavra. É necessário que prefixo e sufixo tenham sido agregados simultaneamente. Se assim não fosse, a parassíntese nada teria a mais que a prefixação ou a sufixação. Por exemplo, a palavra deslealdade não foi formada por parassíntese, mas passou por dois processos distintos: de desleal criou-se deslealdade por sufixação ou de lealdade criou-se deslealdade por prefixação No caso de entristecer, sabemos que houve parassíntese, porque ocorreu a agregação simultânea de prefixo e sufixo. Isso é fácil de perceber: nem existe a palavra entriste, da qual teria vindo entristecer, nem existe a palavra tristecer, da qual teria vindo entristecer. Observação 2: A agregação de afixos (prefixos ou sufixos ) pode provocar acomodações fonéticas de vários tipos. Exemplo: in + legal > ilegal (assimilação do n pelo l) exportar + ção > exportação (assimilação do r pelo ç) ex + pátria + ar > expatriar (crase de dois a)...
2 Derivação regressiva: forma-se a palavra nova pela subtração de um elemento da palavra primitiva. Exemplo: combater > combate (subtração do r da forma verbal) Observação: Na grande maioria dos casos, pelo processo de derivação regressiva formam-se substantivos através da queda do r da forma verbal. A queda do r pode provocar alterações na vogal temática do verbo. Exemplos: atacar > ataque saltar > salto Derivação imprópria: forma-se a palavra nova sem alterar a forma da palavra primitiva. Exemplos: O relâmpago iluminou a noite. (relâmpago = substantivo) Os guerrilheiros efetuaram vários ataques relâmpago. (relâmpago = adjetivo) Observação: A derivação imprópria implica sempre mudança da classe gramatical da palavra. Exemplos: Ela mora longe (longe = advérbio) Andei por longes terras. (longes = adjetivo, por derivação imprópria). Adaptado de: SAVIOLLI, Francisco P. Gramática em 44 lições. 19ª ed. São Paulo: Ática, 1990.
3 Parte II - Exercícios 1. Segundo Savioli (1990), a derivação em português pode ser classificada em cinco categorias principais: prefixal, sufixal, parassintética, regressiva e imprópria. Utilizando esta classificação, identifique os tipos de derivação nas palavras a seguir: a. impuro b. alérgico c. antialérgico d. entardecer. 2. Além da derivação, outro processo de formação de palavras importante mostrado por muitos autores é a composição. Alguns autores preferem distinguir a composição em duas: a justaposição e aglutinação. Dois exemplos desta classificação seriam peixe-espada e planalto. Quais seriam os critérios possíveis desta distinção? Para responder às questões 3 a 5, observe os dados da língua hipotética A e suas traduções correspondentes: juhalimá casa bonita mumjuhatuti peixes bonitos orlimá casa grande utabumi meu avô mumlimá casas juhabumi avô bonito juhatuti peixe bonito juhabumia avó bonita 3. Utilizando as traduções para o português como referência, indique os segmentos na língua A acima que significam casa, peixe, avô e avó em português. 4. Considerando somente os dados da língua A que podem ser traduzidos por 'bonito' e 'bonita', responda: há alguma indicação de mudança de gênero (o que chamamos de masculino e feminino no português) neles? 5. Agora considerando todos os dados da língua A, há algum dado que indique aquilo que chamamos flexão de gênero? E de número (singular e plural)? Quais? 6. O conceito de alomorfia é importante tanto na fonologia quanto na morfologia para explicar as variações de sons e morfemas em diferentes ambientes. Segundo Souzae-Silva & Koch (2012), nos vocábulos 'imprudente' e 'imaterial', podemos considerar que há um morfema funcionando como prefixo que pode ocorrer sob a forma de dois alomorfes, apesar da ortografia semelhante. Quais seriam estes alomorfes? Por que eles estariam variando? REFERÊNCIAS SAVIOLLI, Francisco P. Gramática em 44 lições. 19ª ed. São Paulo: Ática, SOUZA-E-SILVA, Maria C. P.; KOCH, Ingedore V. Línguistica aplicada ao português: Morfologia. Perdizes: Cortez, 2012.
4 Parte III - Resolução 1. a) derivação prefixal (im + puro) b) derivação sufixal (alergia + ico) c) Aqui há duas possibilidades: ou considerar derivação sufixal (alergia + ico) seguida de derivação prefixal (anti + alérgico) ou derivação parassintética (anti + alergia + ico) d) Aqui também temos duas possibilidades: derivação parassintética (em + tarde + ecer) ou derivação imprópria ( 2. O critério mais usado para se fazer essa distinção é a perda ou alteração de material fonológico em relação aos elementos originais. A justaposição se dá quando os elementos originais mantêm sua integridade, como em peixe-espada. No caso da aglutinação, há perda ou alteração, como em planalto (plano + alto). 3. limá = casa tuti = peixe bumi = avô bumia = avó 4. A expressão juha, que significa bonito e bonita em português, não apresenta flexão de gênero nos dados fornecidos. 5. Há um indício de flexão de gênero nos substantivos bumi e bumia que significam avô e avó, respectivamente. A expressão mum é uma marca de plural presente em mumlimá (casas), em contraste com limá (casa), e também em mumjuhatuti (peixes bonitos). Portanto, é possível hipotetizar que essa língua apresenta tanto flexão de gênero quanto de número em substantivos. 6. Se, de acordo com as autoras, há alomorfia ocorrendo em casos como imprudente e imaterial, então é necessário considerar que o prefixo seria constituído de um morfema e seu alomorfe (a variante), que ocorreriam de acordo com o ambiente fonológico. Assim, temos duas possibilidades: 1- im (ou in a grafia não importaria) seria o morfema, e i seria o alomorfe. Isso é uma boa hipótese, pois seria fácil explicar o que acontece em imaterial : a nasalidade do prefixo seria incorporada pela consoante nasal da palavra primitiva (material). 2- o morfema seria, na verdade, i, e o alomorfe im ou in : nesse caso, deveríamos considerar que algum som nasal estaria sendo acrescentado em derivações como imprudente, incontestável, inelegível etc. Como é mais comum a retirada de sons do que o acréscimo quando duas formas são agregadas, podemos dizer que a hipótese 1 é mais plausível. Essa é uma discussão linguística, de fato. Para fins didáticos, talvez o melhor seja adotar a visão das autoras, pois, diante dos dados, ela tem plausibilidade.
5 SEGUNDA ATIVIDADE (AT2) Formular uma atividade de morfologia com caráter didático, ou seja, imagine que ela seria resolvida por alunos de Língua Portuguesa. O conteúdo nas páginas anteriores é um bom exemplo. A atividade deve conter 3 partes: I. Uma descrição teórica retirada de algum autor (gramático e/ou linguista) sobre algum conceito de morfologia (como flexão, derivação, composição, desinências, vogais temáticas etc.) II. III. Três exercícios sobre esse conceito (podendo conter subitens). Colocar as referências utilizadas, mesmo que sejam redundantes em relação à parte anterior. Resolução dos três exercícios com comentários. Caso você note alguma inconsistência na descrição teórica, descreva-a também. A atividade deve ser entregue até dia 01/6/17 em versão impressa ou em formato pdf via . Bibliografia sugerida CÂMARA Jr, Joaquim Mattoso. Estrutura da Língua Portuguesa. Petrópolis: Editora Vozes, MONTEIRO, José Lemos. Morfologia Portuguesa. Campinas: Pontes Editores, PERINI, Mário A. Gramática do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, SAVIOLLI, Francisco P. Gramática em 44 lições. 19ª ed. São Paulo: Ática, SOUZA-E-SILVA, Maria C. P.; KOCH, Ingedore V. Línguistica aplicada ao português: Morfologia. Perdizes: Cortez, (acho que só tem o volume de Sintaxe na biblioteca)
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