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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA REGISTRADO(A) SOB N I miii mil mil uni mu um mu um mi m Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento n , da Comarca de São Paulo, em que é agravante SIGMA EDIFICAÇÕES E PLANEJAMENTO IMOBILIÁRIO LTDA sendo agravado MIGUEL SOARES NARDELLI E OUTROS. ACORDAM, em 8 a Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "DERAM PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO, NOS TERMOS QUE CONSTARÃO DO ACÓRDÃO. V. U. ", de conformidade com o voto do(a) Relator(a), que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores RIBEIRO DA SILVA (Presidente) e THEODURETO CAMARGO. São Paulo, 25 de maio de / SALLES ROSSI RELATOR

2 Voton 0 : Agravo de Instrumento n : Comarca: São Paulo (F.R. Santana) - 8 a Vara I a Instância: Processo n 27619/2010 Agte.: Sigma Edificações e Planejamento Imobiliário Ltda. Agdos.: Miguel Soares Nardelli e outros VOTO DO RELATOR EMENTA - RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL - OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C. REPARAÇÃO DE DANOS - Tutela antecipada - Parcial deferimento (para determinar à agravante a realização de reparos para sanar os vícios nas unidades adquiridas pelos autores) - Admissibilidade - Presença dos requisitos do art. 273 do CPC - Verossimilhança, diante da conclusão de dois laudos que instruem a inicial (elaborados por engenheiros do CREA), constatando a existência de vícios e o risco de desmoronamento (o que torna inequívoca a presença de dano irreparável ou de difícil reparação) - Descabido aguardar o desfecho da ação para somente então determinar a realização dos reparos, ante o risco de desabamento previamente constatado - Concessão de prazo em dobro aos litisconsortes (réus) - Cabimento - Demandados que são patrocinados por advogados distintos (embora com endereço no mesmo escritório) - Aplicação do artigo 191 à hipótese - Decisão reformada apenas para este fim - Recurso parcialmente provido. Cuida-se de Agravo de Instrumento interposto contra as r. decisões proferidas em autos de Ação de Obrigação de Fazer cumulada com Reparação de Danos que deferiu parcialmente a tutela antecipada para determinar que as rés procedam à correção dos vícios de construção apontados no laudo que instrui a inicial, sobretudo para eliminar o risco de desmoronamento do imóvel, no prazo de dez dias,sob pena de

3 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SAO PAULO multa no valor de R$ ,00. Recorrem ainda da r. decisão que indeferiu a concessão de prazo em dobro aos litisconsortes. Inconformada, recorre a agravante, sustentando a necessidade de reforma da r. decisão recorrida, tendo em vista que extrapolou os limites da exordial que, por seu turno, é inepta e apresenta inúmeras falhas. Ademais, a tutela antecipada aqui não se justifica, mormente porque o pleito de obrigação de fazer é incompatível com a indenização também postulada, além do risco de irreversibilidade do provimento antecipado. E, ainda, que a multa não se aplica à hipótese o disposto no artigo 461 do CPC. Prossegue a recorrente dizendo que os imóveis foram entregues em dezembro de 2003 e nenhum problema foi apresentado até o ano de 2006, quando os agravados resolveram edificar piscina na pequena área do quintal, obra realizada por pedreiro, sem qualquer projeto, o que ocasionou infiltração em imóvel vizinho, obrigando a recorrente a realizar obra de reparo na tubulação de água pluvial e de esgoto que se rompeu, procedendo ainda reparos no muro de arrimo, não podendo ser responsabilizada no caso em exame, aonde foram efetuadas modificações nos imóveis pelos próprios autores. Por fim, que deve ser aplicada à hipótese a regra contida no artigo 191 do CPC, eis que os réus são patrocinados por diferentes procuradores. Pugnou pela concessão de efeito suspensivo e, ao final, o provimento recursal, revogando-se a tutela antecipada deferida. O recurso foi recebido pelo despacho de fls. 160/161, mediante a concessão do efeito postulado. Contraminuta às fls. 173/177. AGRAVO DE INSTRUMENTO N SÃO PAULO - VOTO N

4 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO E o relatório. O recurso comporta parcial provimento. São duas decisões objeto da interposição do presente agravo de instrumento: a primeira, juntada por cópia a fls. 142 (que deferiu parcialmente a tutela antecipada postulada pelos autores) e a segunda, copiada a fls. 154, que indeferiu pedido visando a concessão de prazo em dobro aos litisconsortes, assistindo razão à agravante com relação a esta segunda insurgência. No que tange ao deferimento parcial da tutela antecipada, em que pesem os reclamos da recorrente, no caso em exame, encontram-se suficientemente justificados os requisitos necessários à antecipação da tutela objeto da insurgência recursal. Aliás, a respeito desses requisitos, LUIZ FUX, na Obra "Tutela Antecipada", comenta às págs. 105 que: "O artigo 273, com sua nova redação, permite a tutela antecipada toda vez que a prova inequívoca convença o Juízo da verossimilhança (aproximação da verdade) da alegação de que o direito objeto do 'judicium' submete-se a risco de dano irreparável ou de difícil reparação. Ambos os conceitos devem ser analisados à luz da pretensão de direito material e do princípio da especificidade, segundo o qual o ordenamento deve dar ao credor aquilo que ele obteria se a conduta devida fosse voluntariamente cumprida pelo devedor. Em prol do prestígio do Judiciário, como atuante substitutivo do comportamento devido pelas partes, deve mesmo evitar que o credor sinta os efeitos do inadimplemento, aqui considerado como 'lesão' ingênere do direito do autor." v AGRAVO DE INSTRUMENTO N SÃOPAULO-VOTO N / 3

5 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Ao se falar dos requisitos que o artigo 273 prevê, o Professor KAZUO WATANABE, ao participar do Seminário do CPC e Suas Recentes Alterações - Tutela Antecipada Específica e Obrigações de Fazer e Não Fazer, ensina que: "O juízo da verossimilhança é um juízo de probabilidade. O Juiz pode chegar a vários graus de probabilidade mais intenso, menos intenso, médio, etc. MALATESTA, na classificação que apresenta à probabilidade mínima, chama de verossímil; à probabilidade média, de provável e à probabilidade máxima, de probabilíssima... A expressão 'prova inequívoca' sabemos nós, não é muito feliz; mas ela foi adotada para substituir uma outra expressão que estava no texto primitivo, que era 'prova documental'... Mas o que importa é constar que, ao se utilizar de expressões 'prova inequívoca' e 'juízo de verossimilhança', o legislador quis deixar claro que não se trata de 'fumus boni júris' do processo cautelar...". E dentro dessa compreensão do instituto que se pode dizer, aqui, presentes a verossimilhança e o risco de dano, com fundado receio de sua possível irreparabilidade. Assim é que há verossimilhança, na medida em que os autores ajuizaram em face da agravada e dos demais réus ação de obrigação de fazer cumulada com reparação de danos, sob o argumento da existência de vícios construtivos nos imóveis adquiridos dos requeridos. A tutela antecipada foi parcialmente deferida para determinar que os réus (incluindo a construtora agravante) procedam à AGRAVO DE INSTRUMENTO N SÃO PAULO - VOTON

6 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO correção dos vícios de construção apontados nos laudos que instruíram a inicial, sobretudo para 'eliminar o risco de desmoronamento'. Não há nulidade na r. decisão recorrida. O risco de desmoronamento foi constatado por dois pareceres técnicos que instruem a inicial (realizados por peritos do CREA - fls. 61 e seguintes), conclusivos acerca do risco de desabamento dos imóveis pertencentes aos autores (fls. 70). Embora trabalhos realizados sem a instauração do contraditório, a conclusão no sentido de que os imóveis apresentam graves problemas construtivos, por si só, já autoriza o deferimento da tutela antecipada para correção de tais vícios (tal qual determinado pelo d. Magistrado a quo). Presente, pois, a possibilidade de dano irreparável ou de difícil reparação, daí porque descabido aguardar o desfecho da ação para somente então determinar a realização dos reparos necessários. A cominação de multa decorre da correia aplicação do disposto no artigo 461 do CPC e fica mantida. De outra parte, no tocante ao pleito visando a concessão de prazo em dobro, respeitado o entendimento do d. Magistrado de primeiro grau, cabível aludida pretensão. Com efeito, os réus (dentre os quais, a ora agravante) são patrocinados por advogados distintos, embora com escritório no mesmo endereço (conforme procurações de fls. 139 e 146). No entanto, trata-se de circunstância que não afasta a aplicação do disposto no artigo 191 do CPC. Em comento ao citado dispositivo legal, THEOTONIO NEGRÃO, na Obra CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E LEGISLAÇÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO N SÃO PAULO-VOTO N ^^^--5_

7 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SAO PAULO PROCESSUAL EM VIGOR, Editora Saraiva, 41 a edição, às págs. 319, cita precedente do C.STJ que aqui possui inteiro enquadramento: "Ainda que os advogados sejam companheiros de escritório, desde que seja, cada qual, o procurador de litisconsorte diferente, aplica-se o art. 191 (STJ-4 a T., REsp SP, rei. Min. Dias Trindadej , deram provimento,v.u., DJU , p.6.326; RT 549/85, 565/86, RJTJESP 106/340, maioria, JTA 112/403, Lex-JTA 152/85)." A vista do exposto, o recurso merece ser parcialmente provido apenas para conceder o prazo em dobro postulado pela agravante. Isto posto, pelo meu voto, dou parcial provimento ao recurso. S^LLES ROSSI Relator AGRAVO DE INSTRUMENTO N SÃO PAULO - VOTO N so, 8