Superior Tribunal de Justiça

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1 RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL RECORRIDO : SIAM ALIMENTOS LTDA E OUTRO : MARCELO DE LIMA CASTRO DINIZ E OUTRO(S) EMENTA PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. PAGAMENTO PARCIAL EFETUADO ANTES DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO FISCAL. NÃO INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL, NA ESPÉCIE. 1. Discute-se nos autos se o pagamento parcial do crédito tributário feito pelo devedor antes de ajuizada a ação executiva possui o condão de interromper o prazo prescricional, à luz do art. 174, parágrafo único, IV, do CTN, a fim de se reconhecer a interrupção da prescrição em relação ao débito remanescente. 2. Segundo disposto no art. 174, parágrafo único, IV, do CTN, a prescrição se interrompe "por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor". 3. No caso concreto, o pagamento de parte da dívida não importa em reconhecimento pelo devedor do restante do débito como devido. O devedor apenas entendeu como devido o montante que pagou e, quanto à parcela inadimplida, não é inequívoca a sua concordância. Não há falar em interrupção do prazo prescricional. 4. Recurso especial não provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte resultado de julgamento: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator, sem destaque e em bloco." Os Srs. Ministros Cesar Asfor Rocha, Castro Meira, Humberto Martins e Herman Benjamin (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 1º de dezembro de MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 09/12/2011 Página 1 de 5

2 RELATOR RECORRENTE RECORRIDO : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES : FAZENDA NACIONAL : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL : SIAM ALIMENTOS LTDA E OUTRO : MARCELO DE LIMA CASTRO DINIZ E OUTRO(S) RELATÓRIO O SENHOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator): Trata-se de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, com fundamento na alínea "a" do inciso III do artigo 105 da Constituição Federal/1988, contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região assim ementado (e-stj fl. 305): EXECUÇÃO FISCAL. DATA DA ENTREGA DAS DECLARAÇÕES. DIREITO DE COBRANÇA. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. 1.Em se tratando de débito confessado pelo próprio contribuinte (declaração de rendimentos, dctf, GFIP), o prazo de que dispõe o Fisco para cobrar o valor devido conta-se da data da entrega da declaração, oportunidade em que constituído definitivamente o crédito, pois é quando o contribuinte aponta a matéria tributável e o montante do tributo devido. 2. Considerando que o pagamento parcial do crédito não interrompe o prazo prescricional, encontra-se prescrito o direito de cobrança do Fisco. No recurso especial, a parte recorrente aponta violação do art. 174, parágrafo único, I e IV, do CTN. Alega, em síntese, que o pagamento parcial do débito feito pelo devedor antes do ajuizamento da ação executiva teve o condão de interromper o lustro prescricional. Apresentada contrarrazões às fls. 317/325 (e-stj), pugnando-se pela manutenção do acórdão recorrido. Juízo positivo de admissibilidade, subiram os autos a esta Corte. É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 09/12/2011 Página 2 de 5

3 EMENTA PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. PAGAMENTO PARCIAL EFETUADO ANTES DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO FISCAL. NÃO INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL, NA ESPÉCIE. 1. Discute-se nos autos se o pagamento parcial do crédito tributário feito pelo devedor antes de ajuizada a ação executiva possui o condão de interromper o prazo prescricional, à luz do art. 174, parágrafo único, IV, do CTN, a fim de se reconhecer a interrupção da prescrição em relação ao débito remanescente. 2. Segundo disposto no art. 174, parágrafo único, IV, do CTN, a prescrição se interrompe "por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor". 3. No caso concreto, o pagamento de parte da dívida não importa em reconhecimento pelo devedor do restante do débito como devido. O devedor apenas entendeu como devido o montante que pagou e, quanto à parcela inadimplida, não é inequívoca a sua concordância. Não há falar em interrupção do prazo prescricional. 4. Recurso especial não provido. VOTO O SENHOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator): A insurgência não prospera. Discute-se nos autos se o pagamento parcial do crédito tributário feito pelo devedor antes de ajuizada a ação executiva possui o condão de interromper o prazo prescricional. Na espécie, trata-se de créditos tributários constituídos mediante declarações (DCTF's) entregues em e em Em , o devedor efetuou pagamento de parte da dívida. O cerne da controvérsia cinge-se em saber se referido pagamento parcial se encaixa na hipótese descrita no art. 174, parágrafo único, IV, do CTN, a fim de se reconhecer a interrupção da prescrição em relação ao débito remanescente. Segundo disposto no citado artigo, a prescrição se interrompe "por qualquer ato Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 09/12/2011 Página 3 de 5

4 inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor". Na hipótese, entendo que o pagamento de parte da dívida não importa em reconhecimento pelo devedor do restante do débito como devido. Se houve o pagamento parcial, significa que o devedor apenas entendeu como devido o montante que pagou, sendo certo que, quanto à parcela inadimplida, não é inequívoca a sua concordância com o débito. Entrementes, o pagamento de parte do débito apenas acarreta a extinção em relação à parcela paga tão somente, não afetando o restante da dívida. Assim, não há falar em interrupção do prazo prescricional em relação ao débito remanescente, porquanto, na espécie, não houve configuração de ato inequívoco de reconhecimento do respectivo débito. Portanto, correto o acórdão recorrido que entendeu pela ocorrência da prescrição, uma vez que os créditos tributários foram constituídos em e em , e a citação do executado somente ocorreu em , ou seja, após o decurso do lustro prescricional. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso especial. É como voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 09/12/2011 Página 4 de 5

5 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2010/ PROCESSO ELETRÔNICO REsp / PR Números Origem: PAUTA: 22/11/2011 JULGADO: 01/12/2011 Relator Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. ELIZETA MARIA DE PAIVA RAMOS Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI RECORRENTE RECORRIDO AUTUAÇÃO : FAZENDA NACIONAL : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL : SIAM ALIMENTOS LTDA E OUTRO : MARCELO DE LIMA CASTRO DINIZ E OUTRO(S) ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Contribuições - Contribuições Sociais - Cofins CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator, sem destaque e em bloco." Os Srs. Ministros Cesar Asfor Rocha, Castro Meira, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 09/12/2011 Página 5 de 5