História de Luis Carlos Batista

Transcrição

1 História de Luis Carlos Batista Nascimento: 13 de dezembro de 1970 Falecimento: 3 de janeiro de 2010 Mãe, eu sou feliz assim. Era isso que Luis Carlos Batista falava quando sua mãe lhe questionava sobre seu hábito de beber. Essa história fala sobre a liberdade de alguém que escolheu viver como queria, embora soubesse das consequências. Luis Carlos Batista é filho de Leontina e José Batista e nasceu em 13 de dezembro de 1970, em Sobradinho. Nasceu saudável, mas depois de um mês ficou doente e passava muito tempo no hospital. Tinha falta de sangue e desidratação. Esteve entre a vida e a morte. Naquela época, em Sobradinho, muitas crianças apresentaram esse problema e muitas chegaram a falecer. Mas, com todos os cuidados ele se recuperou. Estudou até a quinta-série. Ele não gostava de estudar, amava trabalhar. Mesmo sem estudo era muito inteligente. Teve uma infância tranquila. Ia à aula, brincava e tinha muitos amigos. Andava tanto no sol quando criança, que ficava bem bronzeado. Tinha bronquite e às vezes

2 atacava. Jogava muito de jogar futebol e pescar. Até uns 14 anos não comia carne. Gostava de comer sopa, arroz, massa e ovo frito. Com o tempo passou a saborear um bom churrasco. Era fã do Theodoro e Sampaio. Contava toda a história da dupla. Cantava e gostava de imitar o Silvio Santos e o Lombardi. Antes de poder trabalhar com carteira assinada, já fazia bicos. Trabalhava de cobrador nas folgas dos outros. Trabalhou como motorista e ajudante de caminhão. Não precisou ir para o quartel, pois sua irmã conversou com um responsável de lá. Afinal, ele odiava a ideia de ter que servir. Com muito caráter e honesto, tinha o sonho de comprar carro, moto e apartamento e conseguiu realizar tudo isso. Ficou muito feliz, pois ele tinha paixão por carros e motos. Sempre tinha dinheiro na poupança, pois tinha medo de ficar sem dinheiro. Graças a esse seu jeito, conseguia obter as coisas. Ele adorava coelhos e passarinhos. Tinha uma caturrita que gostava muito dele e ficava chamando pelo seu nome e pelo cachorro Bob da casa. Teve um canarinho também, que amava cantar. Carlos o chamava de filho. Uma vez ele chegou na casa da mãe e avisou que tinha trazido seu filho para ela conhecer. Leontina ficou apavorada, achando que era uma criança. Ele riu e buscou o canarinho para ela conhecer. Um ano depois que ele faleceu, o canarinho deu um grito e também faleceu. Uma coincidência que tocou o coração de toda a família.

3 Namorou algumas vezes em sua vida. Conheceu uma menina de Gravataí e namorou com ela por cinco anos. Ficou três anos com uma menina, mais três com outra e as duas deixaram ele por causa da bebida. Até que ele arrumou outra que bebia junto com ele. Com 18 anos, começou a trabalhar na gráfica da Philip Morris. Quando se envolveu com a bebida, eles tentaram lhe ajudar, mas ele não seguiu as orientações. Assim, tiveram que o demitir, embora fosse um ótimo empregado. Depois disso teve três empregos e o máximo que ficou foi cinco meses, porque a bebida sempre o prejudicava. Ficou um ano desempregado, até que sua mãe tomou uma providência. Ele começou a apresentar sintomas de cirrose, ainda resistiu quarenta e poucos dias. Já sabiam que ele tinha inicio de cirrose e o médico pediu para ele parar de beber e ele não seguiu as instruções. Além disso, começou a fumar. Sua mãe apelou para uma interdição judicial para internação, mas estava tão doente que foi para o hospital e faleceu três dias depois, no dia 3 de janeiro de Torcedor do Grêmio, tinha um bom emprego, carro, moto, homem bonito e uma vida boa. Foi um homem muito caseiro, não gostava muito de festa. Amava jogo de futebol e dirigir. Quando ele estava na Philip Morris, engravidou uma garota. Os dois

4 não ficaram juntos, mas ele esteve presente na vida do filho Luis Carlos Batista Jr., o Juninho, assim como sua família. Deixou o ensinamento da importância de gostar de viver. Ele dizia que as pessoas se preocupavam demais e deixavam de viver. Sua mãe aprendeu com ele que a tristeza não leva a lugar nenhum, pois sempre dizia para ela o quanto gostava de vê-la sair para dançar. Hoje, restam as lembranças que diminuem um pouco a dor da perda. Os amigos Vargas, Mauro (sargento), Roni (Peru), Jair, João e Mauro (brigadiano), a mãe e os irmãos Loreci, Roseli e Marco Aurélio sentem muita saudade.

5 O amigo Vargas, que até hoje chora sua morte.