ACÓRDÃO. São Paulo, 31 de maio de Silvério da Silva Relator Assinatura Eletrônica

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Gonçalo Carlos Osório
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fls. 18 Registro: 2016.0000365808 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0077543-25.2013.8.26.

1 fls. 18 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de São Paulo, em que é apelante ARLEY ANTONIO DIAS (JUSTIÇA GRATUITA), é apelado AURINETE DA COSTA LIMA. ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 8ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores SILVÉRIO DA SILVA (Presidente), THEODURETO CAMARGO E GRAVA BRAZIL. São Paulo, 31 de maio de Silvério da Silva Relator Assinatura Eletrônica

2 fls. 19 VOTO Nº: 9774 APELAÇÃO CÍVEL Nº: COMARCA: SÃO PAULO APELANTE: ARLEY ANTONIO DIAS APELADO: AURINETE DA COSTA LIMA JUIZ: DR. PAULO ANDRÉ BUENO DE CAMARGO R.G. Apelação Cível. Ação de extinção de composse com alienação judicial de coisa comum. Incontroverso o condomínio existente entre as partes, e o interesse da autora em dissolvê-lo, sendo esta pretensão legítima e possível. É possível a partilha de direitos sobre bem imóvel em situação irregular, uma vez que, apesar de inexistir registro no Cartório de Registro de Imóveis, os direitos possessórios sobre o bem possuem valor econômico. Apelo desprovido. A sentença de fls. 71/74, cujo relatório se adota, nos autos da ação de extinção de composse com alienação judicial de coisa comum, julgou procedente o pedido para declarar extinta a composse do imóvel localizado na Rua São José, 27, Jardim Prainha, São Paulo, determinando a alienação judicial dos direitos possessórios que as partes detêm sobre o referido imóvel pelo valor de R$ , Apelação interposta às fls. 78/88 Recurso recebido em ambos os efeitos de direito, fls. Contrarrazões apresentadas às fls. 91/93. É o relatório. Cuida-se de ação de extinção de composse com Apelação nº Voto nº R 2

3 fls. 20 alienação judicial de coisa comum ajuizada por AURINETE DA COSTA LIMA contra ARLEY ANTÔNIO DIAS, sob alegação que houve processo de reconhecimento e dissolução de união estável entre as partes, ocasião em que as partes convencionaram que os direitos possessórios sobre o imóvel descrito na inicial seriam partilhados na proporção de 50% para cada um dos companheiros. Pretende com a presente ação a alienação dos direitos possessórios do bem comum e a extinção de composse, e a condenação do réu nos ônus da sucumbência. O réu apela alegando falta de interesse de agir, posto que o apelante não ocupa a parte do imóvel cabível à apelada, e o imóvel de posse das partes possui duas residências, uma em cima e a outra embaixo, enquanto que a outra está desocupada, uma vez que a autora o abandonou. Ressalta que as partes adquiriram, por contrato particular de cessão de direitos, os direitos hereditários, decorrentes de compromisso de compra e venda de bem imóvel objeto da contenda. Diz que na matrícula não consta o compromisso de cessão de direitos, e também não consta a averbação do compromisso de compra e venda anterior. Assim, inexistindo a cadeia de transmissão do bem imóvel, impossível sua alienação judicial, ou melhor, a alienação judicial dos direitos sobre o imóvel. Enfatiza que, tratando-se de imóvel, o domínio pressupõe o registro. Conforme acordo homologado em audiência (fls. 20), nos autos da ação de reconhecimento e dissolução de união estável, estipulou-se que os bens imóveis serão partilhados na proporção de 50% para cada um. Assim, incontroverso o condomínio existente entre as partes, e o interesse da autora em dissolvê-lo, sendo esta pretensão legítima e possível, conforme decisão proferida pelo C. STJ, nos autos do agravo em recurso especial n , na Relatoria da Ministra Maria Isabel Gallotti: Apelação nº Voto nº R 3

4 fls. 21 "APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DIVÓRCIO LITIGIOSO. CERCEAMENTO DE DEFESA. PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL. DESNECESSIDADE. PRELIMINAR REJEITADA. PARTILHA DE DIREITOS SOBRE IMÓVEL EM SITUAÇÃO IRREGULAR. POSSIBILIDADE. CASAMENTO SOB O REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS. COMUNICAÇÃO DOS BENS ADQUIRIDOS DE FORMA ONEROSA NA CONSTÂNCIA DO CASAMENTO. SENTENÇA MANTIDA. 1. O julgamento antecipado da lide, com indeferimento da produção da prova testemunhal, não configura cerceamento de defesa quando a produção da prova requerida se mostra desnecessária, tanto pela sua inutilidade diante das presunções legais existentes, quanto pelo fato de os autos já estarem suficientemente instruídos com os documentos juntados pelas partes. Preliminar rejeitada. 2. É possível a partilha de direitos sobre bem imóvel em situação irregular, uma vez que, apesar de inexistir registro no Cartório de Registro de Imóveis, os direitos possessórios sobre o bem possuem valor econômico. Todavia, a proteção conferida deverá ser feita com a ressalva de que não gere direito dominial ou possessório oponível ao Estado. 3. O regime de comunhão parcial de bens tem como característica serem comuns todos os bens adquiridos a título oneroso na constância do casamento. 4. Recurso desprovido. Unânime." (g.n.) As razões do apelo estão baseadas na Apelação nº Voto nº R 4

5 fls. 22 impossibilidade de extinção de um condomínio, cujas partes não detêm a propriedade, ou até mesmo que a cessão de direitos não está registrada. Porém, conforme acima exposto, plenamente possível. Inegável que a posse detém expressão econômica, em razão da possibilidade de alienação dos direitos possessórios. Ainda, sobre a pretensão da autora, voto proferido pelo Des. Carlos Alberto Gabi, nos autos da apelação cível n , que também colacionou inúmeras jurisprudências no mesmo sentido: A jurisprudência admite o ajuizamento de demanda de extinção de comunhão de direitos decorrentes de contrato particular de compromisso de compra e venda. A única exigência que se faz por ocasião da hasta pública é a clara advertência a respeito dos direitos que possuem as partes sobre o bem. O eventual arrematante assumirá a posição de compromissário comprador do bem, sendo certo que o título de propriedade somente se regularizará com o registro, por força do que dispõe o art do Código Civil. Nesse sentido se formou a jurisprudência do Tribunal: É certo que não há propriedade formal sobre o imóvel comum. É texto expresso dos artigos e do Código Civil que a propriedade imobiliária se adquire pelo registro, de natureza constitutiva. Disso decorre que, enquanto não regularizada a titularidade do domínio, a situação das partes não é de condomínio propriamente dito, mas sim de composse, ou de cotitularidade de direitos pessoais sobre o lote. Isto não significa, porém, que não possa haver a alienação judicial dos direitos sobre bem imóvel, tal como pretendem os autores (Ap. nº , Rel. Des. Apelação nº Voto nº R 5

6 fls. 23 FRANCISCO LOUREIRO, dj ). Extinção do condomínio - Aplicação também aos casos de compromissos de compra e venda, em que não houve registro imobiliário - Recurso provido (Ap. nº , Rel. Des. JOSÉ LUIZ GAVIÃO DE ALMEIDA, dj ). Os direitos das partes sobre o imóvel como tal, são suscetíveis de partilha. Se as partes não se acertam a respeito, cabe ao co-titular pedir o desfazimento da comunhão. [...] Em suma, malgrado não se cuide propriamente de condomínio (posto que donos as partes ainda não são), como o sistema não veda a partilha de direitos, pelo contrário, a prevê (art do Código Civil) a forma de extinção da comunhão é mesmo a utilizada pela recorrente (Ap. nº , Rel. Designado Des. JOÃO CARLOS SALETTI, dj ). Não faz a menor diferença que o registro da escritura tenha sido obtido no curso da ação. O autor, antes do registro, já era titular de direitos pessoais sobre o imóvel, recebidos por força de separação judicial, e já tinha legitimidade para colocar fim à situação de condomínio, mediante venda de coisa comum (Ap. nº , Des. FRANCISCO LOUREIRO, dj ). Logo, o autor tem interesse processual. A resistência à venda do bem pela ré era questão a ser dirimida em ação própria. Neste sentido é a anotação de YUSSEF SAID CAHALI, na qual são colacionados diversos julgados desta Corte: O condomínio de bens Apelação nº Voto nº R 6

7 fls. 24 conveniado na separação consensual põe termo ao regime matrimonial de bens. [...] Tais aspectos são minudenciados pela 5ª Câmara do TJSP, em acórdão relatado pelo Des. Ralpho Wando: [...] Com efeito, tendo as partes acordado em que os referidos terrenos seriam repartidos entre elas em partes ideais e havendo o juiz homologado o acordo, tornou-se imutável no processo a partilha assim acertada. Trata-se, no caso, de simples aplicação do art do CPC, segundo a qual é imutável a sentença que dispõe sobre a partilha. Isso significa que, não chegando as partes a um novo acordo, agora quanto à divisão do imóvel partilhado, não há como se efetivá-la nos próprios autos da separação judicial. Realmente esgotou-se a prestação jurisdicional reclamada pelos ex-cônjuges, de modo que, se pretende a apelante a divisão dos lotes, vale dizer, a extinção do condomínio, deverá ela buscar seu intento pelas vias ordinária. Assim, já se decidiu nesta Corte no julgado inserto na RJTJSP 60/270: 'Na verdade, não se trata de execução à partilha homologada nos autos do desquite; não há o que executar na partilha, atribuído que foi, o imóvel, em comum aos desquitados. O que se pretende, agora, é a extinção do condomínio, pouco importando a origem deste' (Divórcio e Separação, Ed. Revista dos Tribunais, 11ª ed., 2005, p. 144/145). O proprietário do imóvel, promitente vendedor do imóvel, deverá ser citado para integrar a lide. Nego provimento ao recurso. SILVÉRIO DA SILVA Relator Apelação nº Voto nº R 7

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