O advogado do reclamante falou, dentro do prazo fixado, sobre a defesa e a documentação apresentada pelo reclamado.

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1 TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO. 10ª VARA DO TRABALHO DE MACEIÓ/AL. PROCESSO Nº No dia 18 de maio de 2011, às 16h41min, na 10ª VARA DO TRABALHO DE MACEIÓ/AL., situada na AVENIDA DA PAZ, 1994, CENTRO, NESTA CAPITAL, o Juiz Federal do Trabalho, ALONSO FILHO, Titular desta Vara, proferiu a seguinte SENTENÇA: 1 - RELATÓRIO: MÁRCIA SANTOS DE HOLANDA E MARCOS MOREIRA DA SILVA, qualificação na inicial, propuseram reclamação trabalhista em face de CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, reclamado, qualificação na defesa, postulando o que consta da petição inicial, sob os fundamentos ali indicados, juntando procuração e os documentos. Na data designada, foi aberta audiência inaugural, a reclamada apresentou sua defesa, anexando procuração, carta de preposto e os documentos. Alçada fixada conforme a inicial. O advogado do reclamante falou, dentro do prazo fixado, sobre a defesa e a documentação apresentada pelo reclamado. Na audiência de instrução, as partes, por seus advogados, declararam que não tinham mais provas. Razões finais reiterativas. Recusado o acordo. Sentença designada para hoje. 2 - FUNDAMENTOS DA DECISÃO: Antes de qualquer exame, esclareço que a procedência, ou não, da causa depende das 18/05/ :20:53 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 1 / 8

2 provas produzidas pelas partes nos autos. Nunca é demais dizer que o juiz aplica a lei aos fatos, cuja versão ficou provada nos autos, consoante a prova mais convincente, independentemente de quem a produziu, se foi o reclamante ou se foi o reclamado. Isto porque o juiz não é DEUS e, portanto, não estava no local aonde os fatos aconteceram, valendo como verdadeiros os fatos que ficaram provados nos autos. Por fim, a lide será examinada e decidida à luz das normas aplicáveis ao caso concreto, sempre sob a perspectiva precípua do Direito Constitucional, conforme a melhor doutrina e jurisprudência, observado o livre convencimento fundamentado do juízo, dentro dos primados do princípio da persuasão racional PRELIMINARMENTE: DA PRESCRIÇÃO ARGUIDA NA DEFESA. A reclamada requer seja declarada a prescrição total do direito de ação, sob o argumento de que o direito da autora encontra amparo na data da homologação do PCS de 1998, em setembro daquele ano. Invoca as Súmulas nos 275 e 294 do TST e o disposto nos arts. 7º, XXIX, da Constituição Federal, 269, IV, do CPC e 468 da CLT. Cita jurisprudência. Não há prescrição relativamente ao pleito de diferenças salariais, pois a lesão aos direitos dos reclamantes não se consuma em ato único, tratando-se de obrigação de trato sucessivo. Verifica-se assim, que a prescrição alegada não ocorre, vez que a alteração realizada na forma de cálculo somente foi implementada a partir de janeiro de 2006, a partir de então, é que houve para eles a lesão ao seu patrimônio jurídico, nascendo ai o direito de invocar ao Estado-Juiz a sua intervenção para resolver essa querela jurídica, como o fizeram com o ajuizamento da presente reclamação. Desta forma, estariam prescritos eventuais créditos exigíveis até a data de 15 de dezembro de 2005, data da propositura da reclamação trabalhista, o que não é o caso presente já que a pretensão dos reclamantes cinge-se ao período de a Razões pela quais inacolhemos a preliminar em tela NO MÉRITO: DIFERENÇAS SALARIAIS. VANTAGENS PESSOAIS. VALOR DO CARGO EM COMISSÃO. Os reclamantes pretendem o deferimento do pedido de diferenças salariais decorrentes 18/05/ :20:53 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 2 / 8

3 das vantagens pessoais (VP 2062 e VP 2092) sonegadas a partir de Alegam que a parcela denominada cargo em comissão constitui sinônimo da função de confiança, constituindo ambas diferentes denominações da gratificação de função. Dessa forma, defendem que o valor percebido a título de cargo comissionado deve incluir a base de cálculo das vantagens pessoais, pois são calculadas levando em conta a gratificação de função. Mencionam a MN RH 115 e sustentam que a alteração de nomenclatura não altera a natureza e a finalidade da parcela, que é remunerar o cargo de confiança. Afirmam prever a norma que as bases de cálculo da VP-GIP/SEM SALÁRIO + FUNÇÃO (código 2092) e da VP-GIP-TEMPO DE SERVIÇO (código 2062) são compostas por outras parcelas salariais, dentre elas a função de confiança. Assim, considerando o argumento de que o cargo em comissão é a própria função de confiança, aduz que o seu valor deve ser considerado na base de cálculo das vantagens pessoais. Afirmam que o item 2.1 da CI GEARU 055/98 autoriza a pretensão deduzida na inicial. De forma incontroversa, conforme se observa da contestação da reclamada (fls ), com a implantação do PCS/98 e respectivo PCC/98, surgiram novas formas de cálculo da gratificação correspondente à função comissionada, representando uma vantagem pecuniária em relação às antigas gratificações. Dessa forma, a CEF sustentou ter havido a incorporação das vantagens pessoais ao cargo comissionado em substituição à função de confiança. Entende-se que as gratificações de função denominadas função de confiança e o cargo em comissão são acréscimos salariais devidos pelo exercício de atividade comissionada tanto no período anterior como no posterior ao PCC/98, consoante a MN RH 115 (fl. 77): [...] CARGO EM COMISSÃO/FUNÇÃO DE CONFIANÇA - (rubrica 055 e 009) - gratificação devida pelo exercício de CC constante no Plano de Cargos em Comissão e pelo exercício de FC constante no Plano de Cargos e Salários, conforme Tabela de Valor Mensal de Gratificação de Cargo em Comissão (Anexos IX, X e XI) e o valor pago para a respectiva Função de Confiança. Assim, as parcelas que eram integradas pelo valor da gratificação da função de confiança devem continuar sendo integradas pelo valor correspondente ao cargo em comissão. Aqueles empregados que foram contratados antes da vigência do PCS/98 devem ter seus critérios de remuneração preservados, sob pena de alteração contratual lesiva, a significar violação ao art. 468 da CLT. As vantagens pessoais sob as rubricas VP 2062 e VP 2092 são calculados com base na função comissionada segundo esclarece a mesma MN RH 115 (fls ). Assim, não prevalece o entendimento de que o valor do cargo em comissão é superior ao da função de confiança, a englobar o valor das referidas vantagens. Assim, embora não tenha 18/05/ :20:53 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 3 / 8

4 havido produção de prova pericial, os reclamante demonstram haver diferenças em seu favor na manifestação da fl Ademais, a título de exemplo, em relação à reclamante Márcia Santos De Holanda, no mês de dezembro de 2005, em que o salário-padrão correspondia a R$ 1.263,00 e a função de confiança a R$ 471,00. De acordo com a fórmula prevista nas normas da CEF (MN RH 115), a VP 2062 deveria atingir o montante de R$ 130,05 e a VP 2092, R$ 578,00, o que efetivamente foi pago (fl. 41). A partir de janeiro de 2006, não mais foi paga a função de confiança, mas a rubrica cargo em comissão efetivo, não sendo mais computado no cálculo das referidas rubricas VP 2062 e VP O salário-padrão foi de R$ 1.282,00 e o cargo em comissão efetivo, de R$ 668,00. Embora o valor da VP 2062 devesse ser de R$ 146,25, somente foi pago o montante de R$ 96,15 resultando uma diferença de R$ 50,10. A VP 2092 deveria ter correspondido a R$ 650,00, contudo foi pago apenas R$ 427,33 o que levou a uma diferença de R$ 222,67 (fl. 42). Mesmo não tendo sido realizada perícia contábil, comprovou-se por meio da documentação acostada que, embora o valor da rubrica cargo em comissão efetivo tenha recebido um aumento em relação à função comissionada, não se repassou esse incremento no cálculo das mencionadas vantagens. Essas diferenças mostram-se abusivas, pois a inclusão do valor da função de confiança (ou do cargo em comissão) sempre integrou o cálculo dessas rubricas VP 2062 e VP 2092 para empregados que ingressaram antes do PCC/98. Assim, em que pese o entendimento da reclamada de que o item 2.1 do CI GEARU 055/98 tenha determinado a integração das vantagens pessoais na remuneração cargo em comissão, os reclamantes possuem direito adquirido ao regime anterior. Portanto, pela aplicação do princípio da incorporação da condição mais benéfica ao contrato de trabalho, fazem jus os reclamantes ao direito às vantagens pessoais segundo os critérios adotados até 1998, não havendo se falar em bis in idem. Menciona-se a Súmula nº 51, I, do TST: As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. Em relação ao pedido de reflexos das diferenças salariais em licenças remuneradas (prêmio e APIP), vale-se da análise realizada pelo Des. João Alfredo Antunes Borges de Miranda do TRT da 4ª Região, ao julgar a matéria no processo nº RO, publicado em 23 de agosto de 2010: "[...] O contrato de trabalho já se encontrava em vigor quando da edição da OC DIHRU 009/1988 (Plano de Cargos, Salários e Benefícios da CEF) e na referida norma interna foram instituídas as vantagens licença-prêmio (item , fl. 39) e APIP - ausências permitidas por interesse particular - (item 5.2.3, fl. 39). Segundo a citada norma, a licença-prêmio tem como base de cálculo a remuneração mensal do empregado, enquanto 18/05/ :20:53 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 4 / 8

5 as chamadas Ausências Permitidas por Interesse Particular - "APIP" serão facultadas sem prejuízo da remuneração. Assim, inclui-se na base de cálculo de tais vantagens as promoções ora deferidas, por força do parágrafo 1º do artigo 457 da CLT, como é o caso". Portanto, julga-se procedente o pedido para condenar a CEF ao pagamento de diferenças salariais decorrentes da inclusão da gratificação de cargo comissionado na base de cálculo das vantagens pessoais denominadas VP-GIP Tempo de Serviço e VP GIP/Sem Salário + Função, de 1º a , com repercussões em férias, abono pecuniário de férias, terço constitucional, gratificações natalinas, conversões de licença prêmio e ausências permitidas - APIP e FGTS (depositados na conta vinculada dos autores), observando-se que inexiste prescrição conforme pronunciado no item Não procede a alegação da reclamada de transação operada com a suposta adesão dos reclamantes à Nova Estrutura Salarial Unificada (PCS/2008), pois, o pedido objeto da presente reclamação não está relacionado à forma de cálculo das vantagens pessoais concebidas pelo PCS/2008, o qual foi implementado a partir de julho de 2008 e, sim a metodologia empregada na implantação do PCS/98, o qual vigorou do dia 1º até Ademais, a medida empreendida pela reclamada (termo de adesão) visa quitação ampla de verbas trabalhistas, encontra óbice nos arts. 9º, 444 e 468, da CLT, os quais determinam a prevalência dos princípios da indisponibilidade dos direitos e imperatividade da legislação DIFERENÇAS DE COMPLEMENTAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO. Buscam os reclamantes, ainda, a condenação da reclamada às diferenças de complementação de contribuição para a FUNCEF consideradas as diferenças salariais concedidas. Considerando ser incontroverso que as parcelas denominadas vantagens pessoais VP 2062 e VP 2092 compõem o salário de contribuição para fins de previdência privada, defere-se o pedido dos reclamantes para condenar a reclamada ao pagamento de diferenças de complementação contribuição para a FUNCEF, decorrentes da integração das diferenças salariais postuladas e deferidas DAS OUTRAS QUESTÕES: DA INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE AS VERBAS DEFERIDAS NA SENTENÇA: Nos termos da Lei nº /2000, as parcelas decorrentes da condenação, são de natureza indenizatória, e sobre as quais não incidem contribuição previdenciária, as seguintes: a) abono pecuniário de férias; b) ajuda de custo; c) complementação de salário 18/05/ :20:53 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 5 / 8

6 quando o empregado encontra-se em gozo de benefício previdenciário; d) aviso prévio indenizado; e) 1ª parcela do 13º salário; f) férias indenizadas e/ou proporcionais, com acréscimo de 1/3; g) indenização por dispensa trinta dias antes da data base da categoria profissional; h) indenização por tempo de serviço; i) participação nos lucros; j) saláriofamília; l) vale transporte; m) FGTS, e multa de 20%; n) multa de 40% do FGTS; o) multa do parágrafo oitavo do artigo 477 da CLT. Em relação a todas as demais parcelas, há a incidência da contribuição previdenciária. Quanto à responsabilidade pelo pagamento, será do empregado e do empregador, nos percentuais previstos em lei e regulamentos. Autorizam-se os descontos previdenciários e fiscais cabíveis, nos termos das Leis nºs 8.620/93 e 8.541/92, respectivamente, que encontram, ainda, respaldo no Provimento nº 01, de 05 de janeiro de 1996, da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, devendo a reclamada comprovar os recolhimentos pertinentes, no prazo legal, sob pena de execução quanto às contribuições previdenciárias, consoante disposto no artigo 876, parágrafo único, da CLT DA CORREÇÃO MONETÁRIA E DOS JUROS LEGAIS: Na aplicação da correção monetária, devem ser observadas as regras contidas no artigo 459 da CLT e nos Enunciados 193 e 211 do TST, bem como na Orientação Jurisprudencial n. º 124 da SDI do TST. E, em relação à incidência dos juros de mora, são aplicáveis as regras contidas no artigo 883 da CLT e nos Enunciados 200 e 211 do TST, sempre com observância do limite máximo de 12% ao ano, como prevê a CF/ DA LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA: O Setor de Cálculos desta Vara procederá à liquidação desta sentença, após o seu trânsito em julgado, com base nos parâmetros estabelecidos nesta decisão e ou com os parâmetros estabelecidos no acórdão em caso de reforma da sentença. As partes serão notificadas para falar sobre os cálculos, em 10 dias, sucessivos, iniciados pelo reclamante, seguidos pela reclamada. Após isso, os autos devem ser conclusos para exame, pelo juiz, dos cálculos e das manifestações das partes com vistas à devida homologação. 18/05/ :20:53 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 6 / 8

7 3 - CONCLUSÃO: Face ao exposto, no exercício do poder que emana do povo, na titularidade da 10ª Vara do Trabalho de Maceió/AL., e por tudo que consta dos autos, resolvemos: a) REJEITAR A PREJUDICIAL DE EXTINÇÃO DO PROCESSO COM JULGAMENTO DO MÉRITO (alegação de prescrição na defesa); b) NO MÉRITO, JULGAR PROCEDENTE a postulação dos reclamantes (MÁRCIA SANTOS DE HOANDA e MARCOS MOREIRA DA SILVA), para condenar a reclamada (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL) a pagar: b.1) o VALOR TOTAL DEVIDO AOS RECLAMANTES, as diferenças salariais deferidas decorrentes da inclusão da gratificação de cargo comissionado na base de cálculo das vantagens pessoais denominadas VP-GIP Tempo de Serviço e VP GIP/Sem Salário + Função, de 1º a , com repercussões em férias, abono pecuniário de férias, terço constitucional, gratificações natalinas, conversões de licença prêmio e ausências permitidas - APIP e FGTS (depositados na conta vinculada dos autores), conforme liquidação do julgado a ser realizada na forma constante do item acima, que passa a constar dessa conclusão como se nela estivesse transcrita; b.2) as diferenças de complementação contribuição para a FUNCEF, decorrentes da integração das diferenças salariais postuladas. Custas, pela reclamada, no valor de R$400,00, calculadas sobre o valor de R$20.000,00, atribuído à condenação para esse fim. Prazo de cinco dias para cumprimento desta decisão, sob pena de multa de 10%, na forma do artigo 832, parágrafo primeiro, da CLT e do artigo 475-J do Código de Processo Civil, a contar da ciência do seu trânsito em julgado da decisão sobre a liquidação do julgado constante do item acima; Após esse prazo, sem que haja o pagamento ou indicação de bens, observada a gradação legal, proceda-se à penhora on line através do convênio BACENJUD. Em não havendo êxito do BACENJUD, proceda-se, em seguida ao uso do INFOJUD e do RENAJUD. Quanto ao recolhimento das contribuições previdenciárias e tributárias, observe-se o disposto na fundamentação supra, por ocasião do efetivo pagamento do crédito definitivo ao reclamante. 18/05/ :20:53 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 7 / 8

8 Oficie-se, aos órgãos públicos diretamente interessados, do teor desta decisão, no que couber, observando-se, inclusive, quando for o caso, a dispensa da manifestação Procuradoria Federal em Alagoas, tendo em vista o disposto na Portaria MF 176/2010. Notifiquem-se as partes na forma da lei. [(*) Mensagem do dia: "EU SOU A PRESENÇA DE DEUS EM AÇÃO!" (trecho de um mantra musical maravilhoso).]. E para constar, foi lavrada a presente ata, que vai assinada na forma da lei. ALONSO FILHO - Juiz(a) do Trabalho MARCOS JOSÉ DOS SANTOS- Diretor(a) de Secretaria 18/05/ :20:53 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 8 / 8