ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
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- Fátima Canário Viveiros
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1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Disciplina: Integralidade do Cuidado em Saúde I
2 CONTEXTUALIZAR OBJETIVO Rever o conceito de Atenção Primária à Saúde (APS) Reconhecer o conceito de Atenção Básica à saúde na Política Nacional de Atenção Básica à Saúde (PNAB) Refletir e compreender como se dá articulação da Atenção Básica com Sistema Único de Saúde (SUS)
3 APS ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 1920 (Inglaterra) = Oito anos após a instituição do Seguro Nacional de Saúde divulgado o texto oficial sobre a reorganização do sistema de saúde = centros de saúde primários, centros de saúde secundário e hospitais-escola. Regionalização = níveis de necessidade Contrapor-se ao modelo de cunho curativo, fundado no reducionismo biológico e na atenção individual com elevado custo, à crescente complexidade da atenção médica e à baixa resolutividade.
4 APS ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE O National Health Service se iniciou em 1948 pós-guerra e provê cobertura universal, baseando-se nos princípios de equidade e integralidade. Além disso, o acesso aos medicamentos (gratuito para crianças, gestantes, idosos e pessoas carentes).
5 APS ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Esta concepção inglesa influenciou a organização dos sistemas de saúde de todo o mundo, definindo duas características básicas da APS: Regionalização = bases populacionais e das necessidades de saúde Integralidade = ações preventivas e curativas CONTEXTO Sofriam com a falta de acesso a cuidados básicos,com a mortalidade infantil e com as precárias condições sociais, econômicas e sanitárias.
6 APS ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ª Reunião Anual da Assembléia Mundial da Saúde da Organização Mundial da Saúde Meta dos países = obtenção por parte de todos os cidadãos do mundo de um nível de saúde no ano de 2000 que lhes permitiria levar uma vida social e economicamente produtiva SAÚDE PARA TODOS NO ANO 2000 CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE - ALMA ATA, MS/UNICEF CONSENSO 1979 (STARFIELD, 2004)
7 APS ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Atenção essencial à saúde baseada em tecnologia e métodos práticos, cientificamente comprovados e socialmente aceitáveis, tornados universalmente acessíveis a indivíduos e famílias na comunidade por meios aceitáveis para eles e a um custo que tanto a comunidade como o país possa arcar em casa estágio de seu desenvolvimento, um espírito de autoconfiança e autodeterminação. É parte integral do sistema de saúde do país, do qual é função central, sendo o enfoque principal do desenvolvimento social e econômico global da comunidade. É o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, levando a atenção à saúde o mais próximo possível do local onde as pessoas vivem e trabalham, constituindo o primeiro elemento de um processo de atenção continuada à saúde. (OMS, 1978)
8 APS ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Enfatiza a saúde como um direito humano fundamental, cuja realização requer a ação de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor saúde Estratégia de organização da atenção à saúde para responder de forma regionalizada, contínua e sistematizada à maior parte das necessidades de saúde de uma população, integrando ações preventivas e curativas de indivíduos e comunidades. (STARFIELD, 2004)
9 APS ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE AÇÕES MÍNIMAS (STARFIELD, 2004)
10 APS ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE PRINCÍPIOS ORDENADORES DA APS Primeiro contato Longitudinalidade Integralidade Coordenação da atenção Focalização na família Orientação comunitária (STARFIELD, 2004)
11 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE APS PRINCÍPIOS ORDENADORES DA APS Primeiro Contato Acessibilidade e uso de serviços de saúde na ocorrência de problema de saúde. Longitudinalidade Acompanhamento dos cuidados prestados pela equipe, de forma regular e consistente ao longo do tempo, num ambiente de relação mútua e humanizada entre equipe de saúde, indivíduos e famílias, ou seja, estabelecendo vínculo e relações implicadas. Integralidade Implica na prestação de um conjunto de serviços que atendam às necessidades mais comuns da população, a responsabilização pela oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o reconhecimento adequado dos determinantes que causam doenças/agravos. Coordenação Capacidade de garantir a continuidade da atenção através da equipe de saúde, com o reconhecimento de problemas que requerem seguimento constante. Focalização na Família Considerar a família como sujeito da atenção, o que exige uma interação da equipe de saúde com essa unidade social e o conhecimento integral de seus problemas de saúde. Orientação Comunitária Reconhecimento das necessidades familiares segundo o contexto físico, econômico, social e cultural em que vivem, o que exige uma análise situacional das necessidades de saúde das famílias. (STARFIELD, 2004)
12 ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE APS INTERPRETAÇÕES DA APS NA PRÁTICA SOCIAL APS como atenção primária seletiva Programa específico destinado a populações e regiões pobres; oferece ações de tecnologias simples e de baixo custo; pessoal de baixa qualificação profissional; sem sistema de referência para níveis de tecnologia de maior complexidade (maior densidade tecnológica). APS como nível primário do sistema de serviços de saúde Resolução dos problemas mais comuns de saúde; busca racionalização dos custos econômicos; busca satisfazer as demandas da população, restritas às ações de atenção de primeiro nível; modo de organizar e fazer funcionar a porta de entrada do sistema. APS como estratégia de reorganização do sistema de serviços de saúde Apropriar, recombinar, reorganizar e reordenar todos os recursos do sistema para satisfazer às necessidades, demandas e representações da população, dentro de um sistema integrado de serviços de saúde. Não se trabalha com alta densidade tecnológica, mas necessita-se de capacitação para se trabalhar com alta complexidade assistencial. APS como abordagem de Saúde e Direitos Humanos enfatiza a compreensão da saúde como direito humano e a necessidade de abordar os determinantes sociais e políticos mais amplos da saúde; defende que as políticas de desenvolvimento devem ser mais inclusivas, dinâmicas, transparentes e apoiadas por compromissos financeiros e de legislação, se pretendem alcançar melhorias de eqüidade em saúde. (STARFIELD, 2004)
13 APS NO BRAISL SUS
14 SUS APS NO BRAISL Saúde não é simplesmente não estar doente, é mais: é um bem-estar social, é o direito ao trabalho, a um salário condigno; é o direito a ter água, à vestimenta, à educação, e, até à informações sobre como se pode dominar este mundo e transformá-lo. É ter direito a um ambiente que não seja agressivo, mas que pelo contrário, permita a existência de uma vida digna e decente, a um sistema político que respeite a livre opinião, a livre possibilidade de organização e de autodeterminação de um povo. É não estar o tempo todo submetido ao medo da violência, tanto daquela violência resultante da miséria, que é o roubo, o ataque, como da violência do governo contra o seu próprio povo Saúde é a possibilidade de trabalhar e ter acesso à terra. (AROUCA,1987)
15 APS NO BRAISL SUS
16 APS NO BRAISL SUS
17 ABS APS NO BRAISL O Sistema Único de Saúde (SUS) adotou a designação Atenção Básica à Saúde (ABS) para enfatizar a reorientação do modelo assistencial, a partir de um sistema universal e integrado de atenção à saúde. A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde: Âmbito individual e coletivo. Promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde. Objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades. (BRASIL, 2012)
18 ABS ATENÇÃO BÁSICA Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) É desenvolvida por meio do exercício de práticas de cuidado e gestão, democráticas e participativas. Trabalho em equipe. Dirigidas a populações de territórios definidos = responsabilidade sanitária Processo dinâmico (histórico/cultural/político/econômico) no território. Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade. Resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território (observando critérios de risco, vulnerabilidade, resiliência). É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. (BRASIL, 2012)
19 ABS ATENÇÃO BÁSICA Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) Atenção Básica (AB) Orienta-se pelos princípios: Universalidade, Equidade e Integralidade Orienta-se pelas diretrizes: Regionalização e Hierarquização Territorialização e População Adscrita Cuidado centrado na pessoa Resolutividade Longitudinalidade e coordenação Ordenação da rede de atenção Participação na comunidade (BRASIL, 2012)
20 PNAB 2017 A Política Nacional de Atenção Básica considera os termos Atenção Básica - AB e Atenção Primária à Saúde - APS, nas atuais concepções, como termos equivalentes É proibida qualquer exclusão baseada em idade, gênero, raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, estado de saúde, condição socioeconômica, escolaridade, limitação física, intelectual, funcional e outras... serão adotadas estratégias que permitam minimizar desigualdades/iniquidades, de modo a evitar exclusão social de grupos que possam vir a sofrer estigmatização ou discriminação, de maneira que impacte na autonomia e na situação de saúde.
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22 ABS ATENÇÃO BÁSICA Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica. Reconhecem-se outras estratégias de Atenção Básica, desde que observados os princípios e diretrizes previstos nesta portaria e tenham caráter transitório, devendo ser estimulada sua conversão em Estratégia Saúde da Família A PNAB recomenda a integração entre Vigilância em Saúde e Atenção Básica (integra o Agente de Controle de Endemias à equipe de saúde) Recomenda-se que as UBS tenham seu funcionamento com carga horária mínima de 40 horas/semanais, no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos 12 meses do ano, possibilitando acesso facilitado à população. Horários ampliados podem ser operacionalizados. População adscrita por equipe de Atenção Básica (eab) e de Saúde da Família (esf) de a pessoas Muda o NASF para NASF-AB (BRASIL, 2017)
23 ABS ATENÇÃO BÁSICA Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) esf = médico, preferencialmente da especialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro, preferencialmente especialista em saúde da família; auxiliar e/ou técnico de enfermagem e ACS. Podendo fazer parte da equipe o ACE e os profissionais de saúde bucal. Obrigatoriedade de carga horária de 40 (quarenta) horas semanais para todos os profissionais de saúde membros da ESF. eab = médicos preferencialmente da especialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro preferencialmente especialista emsaúde da família, auxiliares de enfermagem e ou técnicos de enfermagem. Poderão agregar outros profissionais de saúde bucal, ACS e ACE. A composição da carga horária mínima por categoria profissional deverá ser de 10 horas, com no máximo de 3 profissionais por categoria, devendo somar no mínimo 40 horas/semanais (BRASIL, 2017)
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26 ABS REFERÊNCIAS ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Atención primaria de salud. Informe conjunto del Director General de la Organización Mundial de la Salud e del Director Ejecutivo del Fondo de las Naciones Unidas para la Infancia. Conferencia Internacional sobre Atención Primaria de Salud. Alma-Ata (URSS), 6-12 de septiembre de ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Renovación de la Atención Primaria de Salud en las Américas. OPAS/OMS, ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Informe sobre la salud en el mundo La atención primaria de salud, más necesaria que nunca. OMS, MENDES, E.V. Uma agenda para saúde. São Paulo. Ed. HUCITEC MENDES, E.V. Atenção Primária a Saúde no SUS. Escola de saúde Pública do Ceará ANDRADE, L.O.M.; BARRETO, I.C.H.C.; BEZERRA, R.C. Atenção primária à saúde e estratégia de saúde da família. In: CAMPOS, G.W.S. et al. (orgs).tratado de Saúde Coletiva. São Paulo/Rio de Janeiro. Editora Hucitec/FIOCRUZ, p BRASIL. Constituição da República. Artigos 194, 196. Brasília: Senado Federal, Disponível em: BRASIL. Lei 8.080, de 19 de setembro de Disponível em: BRASIL. Portaria n. 648, de 28 de março de Brasília: Ministério da Saúde, Disponível em:
27 ABS REFERÊNCIAS MENDES, E. V. Atenção Primária à Saúde no SUS. Fortaleza: Escola de Saúde Pública do Ceará, MINISTRY OF HEALTH. Interim report on the future provision of medical and allied services. London, STARFIELD, B. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: Unesco Brasil/ Ministério da Saúde, BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília : Ministério da Saúde, p. Simões AR. Gestão Estratégica nas Organizações Públicas de Saúde: um estudo de caso da consolidação do SUS Municipal [dissertação]. São Paulo: Centro Universitário Álvares Penteado, UNIFECAP; Ministério da Saúde (BR), Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Sistema Único de Saúde. Brasília (DF): MS/CONASS; 2007 Campos GWS 2000a. Saúde Pública e Saúde Coletiva: campo e núcleo de saberes e práticas. Ciência e Saúde Coletiva 5(2):
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