DISCIPLINA E INCLUSÃO ESCOLAR
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- Alexandra Sequeira
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1 1 DISCIPLINA E INCLUSÃO ESCOLAR Jenifer Caroline Candido e Paola Catarina de Lima Professora Orientadora: Priscila Semzezem Universidade Estadual do Paraná-Campus Paranavaí/Colegiado de Serviço Social. Palavras-chave: Escola, poder, disciplina. Resumo: O texto que compõe o resumo expandido é resultado parcial de pesquisa realizada para o Trabalho de Conclusão de Curso, exigido como avaliação para formação no curso de Serviço Social. O objetivo desse estudo é identificar como se dá a inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais no âmbito escolar, uma demanda atual na sociedade que vem sendo debatida nos diversos espaços e por diferentes profissionais, e que contrapõe as características atuais do espaço escola, como um local que se exerce o controle disciplinar. Introdução Essa pesquisa tem como objetivo identificar como se dá a inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais no âmbito escolar. O tema foi escolhido por conta de uma das acadêmicas vivenciar e debater sobre o assunto no estágio curricular desenvolvido no CAPS Infantil de Paranavaí/Pr. A partir dessa experiência verificou-se que há necessidade de maior atenção no que tange a inclusão das crianças com TDAH no âmbito escolar, e dois fatores devem ser levados em consideração, primeiro o documento que regulamenta o CAPS, a portaria GM 224 de 1992, a inclusão dos usuários na escola se constitui parte essencial do tratamento, por ter como finalidade a reinserção social. E ainda o papel que a escola desempenha na sociedade, através do mecanismo disciplinar, pois Motta (1996) afirma que o papel da escola nessa sociedade é de estabelecer funções estratégicas para o sistema capitalista, concedendo distintas formações, para os que vão ser dominantes, os que vão ser dominados, e os modos de pensar de acordo com os interesses dos dominantes e a disciplina é um dos mecanismos utilizado no âmbito escolar que responde a essas necessidades.
2 2 Materiais e Métodos Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental. Resultados e Discussão De acordo com Semzezem (2008) (apud Machado 1979), o poder exercido na sociedade capitalista é o poder disciplinar, com a intenção de controlar os indivíduos, usando-os o máximo, fazendo proveito de suas capacidades e moldando-os conforme as suas necessidades. A disciplina é um mecanismo de poder, uma necessidade da sociedade, exercendo assim um papel importante. Faz com que os indivíduos estejam aptos ao trabalho, como diz Machado, colocado por Semzezem (2008): Ele é uma técnica, um dispositivo, um mecanismo, um instrumento de poder, são métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que asseguram a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade. É o diagrama de um poder que não atua no exterior, mas trabalha o corpo dos homens, manipula seus elementos, produz seu comportamento, enfim fabrica o tipo de homem necessário ao funcionamento e manutenção da sociedade industrial capitalista. (apud MACHADO,1979, p.xviii). Na obra de Balen (1983) em que é estudado a disciplina e o controle da sociedade, afirma que dentro desse modelo de sociedade se desenvolvem as práticas sociais e por intermédio de técnicas disciplinares tentam formar, ensinar, controlar e reprimir os indivíduos que fazem parte da sociedade. Com isso, no contexto escolar se expressa diversas relações de poder, é espaço que é exercido o controle, para facilitar a ordem e a harmonia social e contribui para formação de indivíduos que, mais tarde, farão parte do exército industrial de reserva ou de trabalhadores explorados. Balen (1983) afirma que a escola é um órgão presente na vida do indivíduo desde seus primeiros anos de vida, por isso é um espaço de efetividade para a aplicação da disciplina. Na obra de Guimarães (1988) nós observamos uma comparação entre Instituições Penais e as escolas no sistema vigente, baseando seu estudo sobre poder na ótica de Michel Foucault em Vigiar e Punir ela demonstra o que o método disciplinar na sociedade serve para controlar o corpo e a vida dos indivíduos, manipulando seus gestos, seu tempo, seus comportamentos, suas atividades. Essa forma de poder atua como adestramento do corpo. E ela vai trazendo como se exerce o poder disciplinar dentro da escola, começando por como os alunos estão distribuídos em sala de aula, do horário como função
3 3 de impor ritmo e regularidade, enfim uma série de fatores que molda o indivíduo segundo padrões da sociedade capitalista industrial. A escola, seletiva e exclusiva, estabelece uma hierarquização na sociedade, pois, segundo Guimarães (1988) está submetida à lógica da divisão do trabalho: de um lado estão especialistas qualificados, que depende da competência dos outros e progresso de todos; de outro lado estão as pessoas que fracassaram nos estudos e que foram convencidas que seu fracasso veio do fato de serem inferiores, não terão outra opção se não aceitarem o que lhes sobram, empregos pouco remunerados; ou seja, a função de executar, obedecer, e de se submeter a quem pensa, comanda e administra. Temos, portanto uma escola centralizada, autoritária, burocrática, com limitações econômicas, políticas, administrativas, sendo incapaz de se organizar para atender as exigências individuais, sociais e culturais. Guimarães (1988, p. 61). Assim a escola, define Balen (1983) é como um centro de instrução ou formação dos indivíduos que nela são moldados segundo padrões da sociedade capitalista industrial. Como um aparelho para intensificar a utilização do tempo e sua organização no espaço. Sendo assim, de acordo com Guimarães (1988), nessa sociedade que não é verdadeiramente democrática, a escola também não haveria de ser. Quem possui o poder, possui o saber. Os que não possuem o saber acabam sendo marginalizados, tanto na escola e, futuramente, nas relações de trabalho. Nesse sentido, nas escolas formam, ensinam e controlam os indivíduos que fazem parte da sociedade. (SEMZEZEM, 2008). Com todo esse processo, segundo Mattos (2002) é possível observar que a sociedade possui uma versão do homem padronizada e classifica as pessoas de acordo ao seu modo de ver e pensar. Sendo assim, elegemos um padrão de normalidade e nos esquecemos de que a sociedade se compõe de indivíduos com particularidades distintas, que ele se constitui na diversidade, assumindo de um modo suas diferenças. Sobre a escola, ela tem reproduzido uma visão determinista de sociedade classificando seus alunos em mais inteligentes e menos inteligentes. A escola historicamente se caracterizou pela visão da educação que delimita a escolarização como privilégio de um grupo, uma exclusão que foi legitimada nas políticas e práticas educacionais reprodutoras da ordem social. Conforme o Documento Subsidiário a Política de Inclusão (2005), as instituições educacionais são organizadas para estabelecer modelos de relações sociais. Trata-se de um lugar legitimado socialmente onde se produzem e reproduzem relações de saber-poder, como já teorizado por Foucault (1987). Nestas, a lógica das classificações sempre foi necessária para o estabelecimento da ordem e do progresso social. Daí pode advir a ideia de que a escola, como mais um equipamento de disciplinamento social, não foi concebida para ser inclusiva, mas para ser instrumento de seleção e capacitação dos mais aptos a uma boa conduta social. A partir do processo de democratização da educação no Brasil se evidencia o paradoxo inclusão/exclusão, quando os sistemas de ensino
4 4 universalizam o acesso, mas continuam excluindo indivíduos e grupos considerados fora dos padrões homogeneizadores da escola. Assim, sob formas distintas, a exclusão tem apresentado características comuns nos processos de segregação e integração que pressupõem a seleção, naturalizando o fracasso escolar. (Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2008). A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos fundamentais, promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art.3º inciso IV). Define, no artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I, estabelece a igualdade de condições de acesso e permanência na escola, como um dos princípios para o ensino e, garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208). Atualmente, a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho e, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, o ensino deve ser ministrado com igualdade de condições e permanência na escola. Percebe-se para que a educação na atualidade é um direito de todos, mas a maneira como se constitui a escola necessita de mudanças para que ocorra a inclusão, assim, ressalta Couto (2006), que o grande problema das leis é na forma como são elaboradas e que o instrumento legal por si só, não dá conta de impor o que surge de novo nessa relação, afirma que a simples existência de garantias legais não se traduz em garantias de direito. Nesse sentido, para que a escola seja um espaço para todos, não se trata apenas a mudança de leis, é necessário que o direito seja efetivado e que perpasse inclusive sobre modificações de concepção sobre o espaço escolar. Conclusão Percebemos a escola como um centro de instrução ou formação dos indivíduos moldando-os segundo padrões da sociedade capitalista industrial, ou seja, as relações que são estabelecidas na escola: de poder e de controle, por intermédio da disciplina, e a exigência do modelo de aluno, servem principalmente para dar conta das exigências feitas pelo capital. A escola nessa sociedade é seletiva e exclusiva. Nesse sentido, embora a educação seja regulamentado como um direito de todos, para que escola se efetive como um local de garantia desse direito, e que a inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais se efetive, tornam-se necessário mudanças.
5 5 Referências Bibliográficas BALEN, Age Deodorus Jozef van. Disciplina e controle da sociedade: análise do discurso e da prática cotidiana. São Paulo: Cortez, GUIMARÃES, Áurea Maria. Vigilância, punição e depredação escolar. Campinas: Papirus, MATTOS, Edna Antonia. Deficiente Mental: Integração/Inclusão/Exclusão Assistente-Doutora Fac. Educação da USP, Revista. MOTTA, Fernando C. Prestes. O que é burocracia. São Paulo: editora brasiliense, SEMZEZEM, Priscila. Espaço escolar: perspectiva dos educadores em relação a disciplina. Trabalho de conclusão de curso. Centro Universitário de Maringá CESUMAR. Maringá. [s.m.], 2008.
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