Tabela 1. Caracterização dos participantes. Nomes Filho com autismo Escolaridade do familiar Sandro (42 Samuel (10 anos) Ensino Superior

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1 HABILIDADES SOCIAIS DE FAMILIARES DE CRIANÇAS COM AUTISMO Laura Knauft Educadora Especial formada pela Universidade Federal de São Carlos Tatiane Cristina Rodrigues Lessa Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da Universidade Federal de São Carlos Carla Ariela Rios Vilaronga Pedagoga Carolina Severino Lopes da Costa Professora Adjunta no Programa de Pós-Graduação em Educação Especial Palavras-Chave: Educação Especial. Autismo. Habilidades Sociais INTRODUÇÃO O autismo pode gerar angústia a pais e familiares uma vez que crianças com tal diagnóstico podem ter dificuldades de interagir socialmente e apresentar comportamentos estereotipados. Por essa razão faz-se necessário investigar as habilidades sociais de pais com filhos com autismo a fim de possibilitar o planejamento de intervenções que os auxiliem na tarefa de educar e ensinar comportamentos sociais aos mesmos, pois os mesmos se configuram como modelos comportamentais aos filhos. O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) tem início precoce e pode atingir diversas áreas do desenvolvimento que envolvem as relações sociais, linguagem, aprendizagem e capacidade de se adaptar (KLIN, 2006). Normalmente, a falta de características típicas no processo de desenvolvimento é percebida aos 18 meses pelos pais ou familiares (OLIVEIRA, 2009) e essas características podem incluir a falta de comunicação oral ou ocorrência de ecolalia, erros no emprego de pronomes pessoais (falar de si próprio na terceira pessoa do singular), dificuldade em entender os significados de palavras, frases, sinais e símbolos, entre outros (SMITH, 2008). Diante da gravidade e prejuízos que o autismo pode acarretar no desenvolvimento infantil, torna-se extremamente relevante direcionar um olhar cuidadoso para o ambiente familiar, uma vez que é nele que ocorrem os primeiros contatos sociais de qualquer criança (ZANON, BACKES, BOSA, 2014). Assim, considerando os déficits em habilidades sociais associados ao TEA e que a família, normalmente, é a base inicial para o ensino dessas habilidades em seus filhos, o presente trabalho objetivou identificar o repertório de habilidades sociais dos pais participantes da pesquisa.

2 MÉTODO A pesquisa teve parecer favorável no Comitê de Ética em Pesquisa de Seres Humanos da Universidade Federal de São Carlos (CAAE: ) e os participantes foram selecionados a partir de um banco de dados da universidade tendo como critério de seleção ser pai ou mãe de um filho (a) com diagnóstico de autismo. Participaram da pesquisa dois pais (do sexo masculino) e uma mãe de crianças com autismo, com idades variando entre 37 e 44 anos, sendo identificados por nomes fictícios. Os filhos com autismo apresentavam idades entre 9 e 10 anos e somente a mãe não trabalhava fora de casa. Na Tabela 1, são apresentadas características dos participantes. Tabela 1. Caracterização dos participantes Nomes Filho com autismo Escolaridade do familiar Sandro (42 Samuel (10 Ensino Superior Incompleto (pai) Ocupação atual Técnico em Elevadores (Sandro). Matheus (44 Gisele (37 Miguel (10 Engenheiro Civil Servidor Público Municipal. Departamento de regulação de controle e auditoria. Gustavo (9 Iniciou Dona de casa Administração, mas parou. A coleta de dados foi realizada na casa dos participantes de acordo com a escolha dos mesmos e os materiais utilizados foram gravador, papel sulfite e caneta para preenchimento do instrumento. Os participantes responderam ao Inventário de Habilidades Sociais (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001) que é um instrumento de autorrelato composto por 38 itens cujo resultado é exposto em escore geral e escore fatorial (1. Enfrentamento e Autoafirmação com Risco; 2. Autoafirmação na Expressão de Sentimento Positivo; 3. Conversação e Desenvoltura social; 4. Autoexposição a Desconhecidos e Situações Novas e 5. Autocontrole e Agressividade). Os dados provenientes do IHS foram avaliados e sistematizados de acordo com o Manual (DELPRETTE; DEL PRETTE, 2001). RESULTADOS E DISCUSSÃO

3 A Tabela 2 apresenta os valores numéricos da posição do percentil para cada fator dos dados coletados pelo IHS, bem como o panorama geral do desempenho de cada participante referenciado pelo gráfico. Tabela 2. Posição numérica dos percentis de cada familiar participante da pesquisa em relação aos escores fatoriais do IHS Posição percentil dos participantes FATORES Gisele Sandro Matheus (F1) Enfrentamento e Autoafirmação com Risco 35-40% 01-03% 03-05% (F2) Autoafirmação na Expressão de Sentimento Positivo 45-50% 05-10% 15-20% (F3) Conversação e Desenvoltura Social 05-10% 15-20% 30-35% (F4) Autoexposição a Desconhecidos e Situações Novas 01-03% 15-20% 25-30% (F5) Autocontrole e Agressividade 20-25% 15-20% 55-60% Legenda: A interpretação para os percentis indica 16 : 1. Entre 01% e 25% indicação para THS quando os déficits se tornam fonte de problema; 2. Entre 25% e 50% bom repertório de habilidades sociais (abaixo da mediana); 3. Entre 50% e 75% bom repertório de habilidades sociais (acima da mediana); 4. Entre 75% e 100% repertório bastante elaborado de habilidades sociais. Percebe-se que Gisele apresentou a classificação de "bom" repertório de habilidades sociais para os fatores Enfretamento e Autoafirmação com risco e Autoafirmação na expressão de sentimento positivo, bem como Matheus nos escores de Autoafirmação na Expressão de Sentimento positivo, Conversação e Desenvoltura Social e Autoexposição a Desconhecidos e Situações Novas. Sandro apresentou classificação com indicação de Treinamento em habilidades sociais em todos os fatores analisados. Matheus também obteve tal classificação para os fatores Enfretamento e Autoafirmação com risco e Autoafirmação na Expressão de Sentimento Positivo ; e Gisele também apresentou tal classificação (indicativa de treinamento) para os fatores Conversação e Desenvoltura Social e Autoexposição a Desconhecidos e Situações Novas. Nota-se que todos se autoavaliaram em pelo menos dois fatores do repertório de habilidades sociais como necessitando de THS. Se considerarmos que esses pais, especialmente Sandro e Matheus, que autoavaliaram tão negativamente quanto ao repertório de habilidades sociais têm filhos com autismo, cujas dificuldades principais incidem também sobre os relacionamentos interpessoais, pode-se

4 inferir que os filhos possam possuir ainda mais déficits em habilidades sociais por falta de modelos adequados em um ambiente tão importante como o familiar. A literatura aponta que um repertório baixo de habilidades sociais pode interferir nas relações do dia a dia como um ambiente familiar estressante, infeliz e desgastante para todos os seus membros, podendo criar problemas de adaptação social nas crianças (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2006). Assim, o estudo de habilidades sociais de pais torna-se de grande relevância para identificar quais são os comportamentos dos mesmos que contribuem para o surgimento e conservação de atitudes ditas inadequadas de seus filhos, quais comportamentos parentais poderiam ser diminuídos ou eliminados e quais deveriam ser mantidos ou instalados, para a melhoria da relação familiar (SILVA; DEL PRETTE; OISHI, 2003). CONCLUSÃO Frente aos resultados encontrados na pesquisa, consideram-se necessárias pesquisas que aprofundem tais conhecimentos e realizem um trabalho de intervenção para desenvolver as habilidades sociais dos pais de indivíduos com autismo, pois muitas vezes, os mesmos encontram-se desamparados e não identificam fatores que devem mudar, extinguir, ou manter na educação dos seus filhos. Conclui-se que o presente estudo trouxe indicadores para nortear outros pesquisadores sobre variáveis a serem consideradas em possíveis intervenções com os pais ou responsáveis de crianças com autismo, para o auxílio do desenvolvimento de suas próprias habilidades sociais e as de seus filhos. REFERÊNCIAS KLIN, A.; MERCADANTE, M. Autismo e transtornos invasivos do comportamento. Revista brasileira de psiquiatria, São Paulo, v. 28, n.1, p. S1-2. Maio Disponível em: < Acesso em 12.set OLIVEIRA, G. Autismo: diagnóstico e orientação Parte I - Vigilância, rastreio e orientação nos cuidados primários de saúde. Acta Pediátrica Portuguesa, Coimbra, v.40, n.2, p , Disponível em: < > Acesso em: 30 Ago SMITH, DEBORAH D. Transtornos do Espectro Autístico. In:. Introdução à Educação Especial: Ensinar em tempos de inclusão. São Paulo: Artmed, P ZANON, R.B.; BACKES, B.; BOSA, B.C. Identificação dos Primeiros Sintomas do Autismo pelos Pais. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Brasília, Jan-Mar, v.30, n Disponível em: (2014).

5 CABALLO, V.E. Manual de Avaliação e Treinamento das Habilidades Sociais. 1ª Edição. São Paulo: Santos; DEL PRETTE, Z. A. P.; DEL PRETTE, A. Inventário de habilidades sociais: Manual de aplicação, apuração e interpretação. São Paulo: Casa do Psicólogo; FRANCO, M. L. P. B. Análise de conteúdo. Brasília, 3ª. Ed: Liber Livro Editora; 2008 DEL PRETTE, A. A. P.; DEL PRETTE, A. Psicologia das habilidades sociais na infância: teoria e prática. 2ª. Edição. Rio de Janeiro: Vozes; 2006 SILVA, A.; DEL PRETTE, A.; OISHI, J. Habilidades sociais de pais e problemas de comportamentos de filhos. Revista das Faculdades de Educação, Ciências e Letras e Psicologia Padre Anchieta. V.9, Disponível em: