MODELOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE NO BRASIL
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- David Stachinski Carvalho
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1 MODELOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE NO BRASIL Fernando Aith São Paulo, 17 de maio de 2011 Centro de Estudos e Pesquisas em Direito Sanitário - CEPEDISA
2 APRESENTAÇÃO 1. Saúde: Direito de Todos e Dever do Estado 2. Ações e serviços públicos de saúde 3. Saúde Pública 4. Saúde Pública e Saúde Complementar 5. Saúde Pública e Saúde Suplementar 6. Modelos de Gestão da Saúde Pública Estatal Puro Estatal com participação da iniciativa privada 8. Formas de Participação da Iniciativa privada na execução dos serviços públicos de saúde: Organizações Sociais Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público OSCIPS Fundações e Associações Privadas sem fins lucrativos Cooperativas de Saúde Pessoas jurídicas de direito privado com fins lucrativos As Fundações Estatais
3 SAÚDE: direito de todos e dever do Estado A saúde foi reconhecida como um direito fundamental no Brasil apenas na Constituição Federal de São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Art. 6º.
4 SAÚDE: direito de todos e dever do Estado OMS: define saúde como o completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de doença.
5 SAÚDE: direito de todos e dever do Estado A Constituição brasileira possui uma Seção que trata especificamente dos deveres do Estado brasileiro no que se refere à promoção, prevenção e recuperação da saúde (Arts. 196 a 200): A saúde é direito de todos e dever do estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. Art. 196.
6 SAÚDE: direito de todos e dever do Estado Reconhecido o direito à saúde como um dever do Estado, a Constituição estabelece que as ações e serviços públicos de saúde serão organizados em uma rede, denominada Sistema Único de Saúde SUS O SUS é a organização administrativa do Estado Brasileiro voltada ao oferecimento de ações e serviços públicos de saúde para a população.
7 SAÚDE: direito de todos e dever do Estado Princípios do SUS (saúde pública) universalidade integralidade participação da comunidade acesso igualitário às ações e serviços oferecidos no âmbito do Sistema.
8 AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE O financiamento da Saúde é feito com recursos vinculados (Emenda Constitucional n. 29). Os recursos públicos devem financiar AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE O que são ações e serviços públicos de saúde? Grande discussão.
9 AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE O conceito de ações e serviços públicos de saúde no entendimento do CNS: 1. Universalidade (clientela fechada não conta) 2. Órgão de Saúde 3. Servidores da Ativa 4. Ações sobre fatores determinantes da saúde não devem contar (p.e. saneamento básico, alimentação)
10 AÇÕES E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE Recursos orçamentários vinculados ao financiamento em ações e serviços públicos de saúde: Estados: 12% Municípios: 15% União: base de 2000 e aumenta conforme o crescimento do PIB Lei Complementar vai regulamentar a CF (Art. 198). Os recursos do SUS devem ser geridos por um Fundo de Saúde, sob a supervisão do Conselho de Saúde (Lei 8.142/90) e gestão do responsável pela execução das ações e serviços públicos de saúde
11 SAÚDE: Pública, Complementar e Suplementar No que se refere à prestação de serviços de saúde, não há monopólio estatal. A Constituição Federal reconhece à iniciativa privada a liberdade de desenvolver ações e serviços privados de saúde (Art. 199). A atuação da iniciativa privada na área da saúde pode ser suplementar ou complementar.
12 SAÚDE: Pública, Complementar Complementar e Suplementar Desenvolvida nos termos do art. 199 da CF, que prevê que: as instituições privadas poderão participar de forma complementar ao Sistema Único de Saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
13 SAÚDE: Pública, Complementar Suplementar e Suplementar Serviços de saúde privados: prestados por meio de planos de saúde, oferecidos por operadoras de planos de saúde (instituições privadas).
14 Modelos de Gestão da Saúde Pública Estatal Puro Estatal com participação da iniciativa privada
15 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal Puro Lei 8.080/90 (Lei Orgânica da Saúde) Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS). 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde. 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de Saúde (SUS), em caráter complementar.
16 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal Puro Devem ser necessariamente estatais os serviços ligados à vigilância em saúde Serviços de regulação e fiscalização sanitária, voltados à redução dos riscos de doenças e outros agravos, devem ser prestados por servidores públicos efetivos (estatutários)
17 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal com participação da iniciativa privada A iniciativa privada pode participar do sistema único de saúde por meio de contratos ou convênios firmados com os órgãos públicos responsáveis pelo SUS na União, nos Estados, no DF e nos Municípios De acordo com a CF (Art. 37), a Administração Pública deve observar a Legislação vigente para a SELEÇÃO E REMUNERAÇÃO de seus prestadores de serviços (lei de licitações e contratos, lei de concessões públicas)
18 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal com participação da iniciativa privada Organizações Sociais O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos na Lei 9.637/1998
19 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal com participação da iniciativa privada Requisitos específicos para que as entidades privadas se tornarem Organizações Sociais: comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre: Natureza social de seus objetivos relativos à respectiva área de atuação; Finalidade não-lucrativa Previsão de participação, no órgão colegiado de deliberação superior, de representantes do Poder Público e de membros da comunidade, de notória capacidade profissional e idoneidade moral; Publicação anual, no Diário Oficial da União, dos relatórios financeiros e do relatório de execução do contrato de gestão; Proibição de distribuição de bens ou de parcela do patrimônio líquido Deve haver, ainda, uma aprovação de sua qualificação como organização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade
20 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal com participação da iniciativa privada Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público OSCIPS Título fornecido pelo Ministério da Justiça do Brasil, cuja finalidade é facilitar o aparecimento de parcerias e convênios com todos os níveis de governo e órgãos públicos (federal, estadual e municipal). A Lei permite que doações realizadas por empresas às OSCIPS possam ser descontadas no imposto de renda.
21 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal com participação da iniciativa privada Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público OSCIPS Podem qualificar-se como OSCIPS as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos pela Lei Federal 9790 de 1999
22 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal com participação da iniciativa privada Fundações e Associações Privadas Sem Fins Lucrativos - FASFIL Em 2002, o País contava com 276 mil FASFIL oficialmente cadastradas. Note-se que, para o mesmo ano, este conjunto de instituições representava 55% do total das 500 mil entidades sem fins lucrativos no Brasil constantes do Cadastro Central de Empresas - CEMPRE Do universo de cerca de 5,3 milhões de organizações públicas, privadas lucrativas e privadas não-lucrativas que compunham CEMPRE, as FASFIL representavam, em 2002, cerca de 5%. Fonte: ABONG
23 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal com participação da iniciativa privada Fundações e Associações Privadas Sem Fins Lucrativos - FASFIL São entidades sem fins lucrativos, com maior liberdade estatutária que as OS e OSCIPS, mas que dependendo da natureza e objeto social podem firmar contratos e convênios com o Estado sem necessidade de licitação pública (há dispensa ou inexibilidade, conforme o caso)
24 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal com participação da iniciativa privada Cooperativas de Saúde Sociedades de pessoas sem fins lucrativos, constituídas conforme o disposto na Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971 Nessa modalidade os profissionais de saúde são simultaneamente sócios e prestadores de serviços, recebendo pagamento tanto pela sua produção individual, como mediante rateio do faturamento líquido (em tese, não há lucro nas cooperativas).
25 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal com participação da iniciativa privada Pessoas jurídicas de direito privado com fins lucrativos Indústrias, empresas, prestadores de serviços São as contratadas para prestar ou oferecer bens e serviços ao Estado (medicamentos, insumos, serviços administrativos etc)
26 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal com participação da iniciativa privada As Fundações Estatais de Saúde Em alguns estados (p.e. RJ) já há lei sobre o assunto. No nível federal está em discussão
27 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal com participação da iniciativa privada As fundações estatais de saúde O inciso XIX do art. 37 da Constituição Federal prevê a figura da Fundação Estatal e pede uma Lei Complementar que regule o assunto
28 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal com participação da iniciativa privada PLP 92/2007 Art. 1o Poderá, mediante lei específica, ser instituída ou autorizada a instituição de fundação sem fins lucrativos, integrante da administração pública indireta, com personalidade jurídica de direito público ou privado, nesse último caso, para o desempenho de atividade estatal que não seja exclusiva de Estado, nas seguintes áreas: I - saúde; II - assistência social; III - cultura; IV - desporto; V - ciência e tecnologia; VI - meio ambiente; VII - previdência complementar do servidor público, de que trata o art. 40, 14 e 15, da Constituição; VIII - comunicação social; e IX - promoção do turismo nacional. 1o Para os efeitos desta Lei Complementar, compreendem-se na área da saúde também os hospitais universitários federais.
29 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal com participação da iniciativa privada As fundações estatais de saúde Fala da época do Ministro: buscamos um novo modelo jurídico-institucional-legal para os hospitais e institutos federais, que mude radicalmente o padrão de gestão existente, bastante burocratizado, para uma alternativa mais ágil, transparente e participativa: a fundação estatal. Esse novo desenho institucional reger-se-ia pelo direito privado, contratando os novos funcionários pelas normas da CLT. Mas, já preocupado com as reações à nova proposta, o ministro cuida logo de esclarecer que não haverá mudança para quem é estatutário e que a fundação estatal é uma entidade do Estado: A proposta não é privatizar, muito pelo contrário. É trazer para dentro do Estado inovações que o mundo inteiro experimenta: autonomia, contratos de desempenho, modelos mais eficientes de gestão, cobrança de resultados da administração, remuneração por bom desempenho.
30 Modelos de Gestão da Saúde Pública: Estatal com participação da iniciativa privada O modelo de gestão dos serviços públicos de saúde pela terceirização está em ampla e rápida expansão. Independentemente de ser a favor ou contrário ao movimento de terceirização, há um consenso: é preciso aprimorar as funções de regulação e fiscalização do Poder Público A terceirização é amplo campo para desvios de recursos públicos, má prestação de serviços ou ainda a desestruturação das lógicas que regem o SUS. Se a opção de gestão de serviços públicos de saúde for de fato a terceirização, é necessário aprimorar muito o sistema de contratualização e controle destes serviços.
31 Fernando Aith Centro de Estudos e Pesquisas em Direito Sanitário - CEPEDISA
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