Índice de massa corporal e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos institucionalizados
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1 Índice de massa corporal e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos institucionalizados Cadimiel Gomes¹; Raíla Dornelas Toledo²; Rosimar Regina da Silva Araujo³ ¹ Acadêmico do Curso de Nutrição e bolsista voluntário, IF Sudeste MG Campus Barbacena; cadimiel-gomes@hotmail.com ²Acadêmica do Curso de Nutrição e bolsista, IF Sudeste MG Campus Barbacena; railadt@hotmail.com ³Doutora em Bioquímica Agrícola, docente do IF Sudeste MG Campus Barbacena; rosimar.regina@ifsudestemg.edu.br 1. Introdução O Brasil apresenta uma elevação da expectativa de vida da população em virtude de muitos fatores, como avanços das ciências da saúde, melhoria do saneamento básico e das novas formas de organização econômica, cultural, social, familiar e política da contemporaneidade (SILVA et al., 2011). Nesse sentido, aumenta-se o número de idosos na população e segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nos países desenvolvidos, são considerados como idosos os indivíduos a partir dos 65 anos de idade, ao passo que nos países em desenvolvimento são considerados aqueles a partir de 60 anos de idade (ÁLVARES, LIMA, SILVA, 2010). Com o aumento da população de gerontes surge uma nova forma de cuidado destinada a este público, as instituições de longa permanência para idosos (ILPIs). Estas instituições apresentam desafios, uma vez que manter um bom estado nutricional durante o envelhecimento é uma tarefa difícil, já que esta fase da vida se caracteriza pela presença de doenças crônicas, pelo uso de medicamentos, além de alterações fisiológicas naturais da idade. Diante dessa problemática é de fundamental importância conhecer os hábitos alimentares e avaliar regularmente o estado nutricional dos idosos, para que se possa intervir de maneira precoce e, dessa forma, evitar que os hábitos alimentares inadequados e a má condição nutricional afetem a sua saúde e qualidade de vida (LIMA, LIMA, ALMEIDA, 2013). Palavras chave: Estado Nutricional. Avaliação Nutricional. Sobrepeso. Categoria/Área: Nível Superior (PIVICT)/ Ciências Biológicas e Ciências da Saúde.
2 2. Objetivo Avaliar o estado nutricional de idosos institucionalizados e verificar a associação entre o estado nutricional e a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis. 3. Metodologia Foi realizado um estudo transversal com idosos institucionalizados, de ambos os sexos, do município Barbacena, Minas Gerais. A pesquisa foi desenvolvida em duas ILPIs, que atende conjuntamente a um público aproximado de 60 idosos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (Protocolo CAAE: ). Participaram da pesquisa idosos com idade igual ou superior a 60 anos; não amputados; com capacidade de compreensão e comunicação verbal para responder aos questionamentos feitos, ou que as perguntas pudessem ser respondidas pelos cuidadores. Para aferição do peso foi utilizado balança eletrônica portátil da marca Balmak com capacidade de 150 Kg e subdivisão de 100 g no caso de idosos aptos a executá-la. A estatura foi verificada com o auxilio de antropômetro com 2 metros de extensão (dividido em centímetros e subdividido em milímetros). Os idosos não aptos a realização desta avaliação tiveram a estatura estimada através do método de envergadura. Para aferição das circunferências foi utilizado fita métrica inelástica. Os dados de peso e estatura obtidos foram utilizados para cálculo do índice de massa corporal (IMC) definido como massa corporal em quilos dividido pela estatura em metros elevada ao quadrado (kg/m 2 ). Além disso, para complementar a avaliação e estabelecer comparações entre as duas instituições, foram compilados dos prontuários, disponibilizados pelas ILPI, dados referentes à presença de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). A partir dos dados obtidos, os mesmos foram associados com o estado nutricional. Todos os dados coletados foram tabulados em planilha do programa Microsoft Excel 2010 e analisados por meio do SPSS Em seguida, foram realizadas análises estatísticas descritivas e inferenciais. Foram utilizadas frequências e medidas de tendência central, bem como teste qui-quadrado e teste t Student com nível de significância de 5%.
3 4. Resultados e discussão Do total de idosos atendidos pelas instituições, 42 estavam aptos a participarem da pesquisa. Na Instituição 1 participaram 21 idosos, com média de idade de 77,9 anos (desvio padrão de 8,79 anos), variando de 60 a 92 anos. Em relação à avaliação antropométrica, o peso médio foi 62,11 Kg (desvio padrão de 14,53) e a altura média foi de 1,47m (desvio padrão de 0,11). Ao calcular o IMC, observa-se que sua média foi de 28,73 (desvio padrão de 6,16) e sua categorização encontra-se na Tabela 1. Também na Tabela 1 é possível observar dados a respeito da presença de DCNT, sendo que apenas um idoso (4.8% da amostra) apresentava ausência de doenças na Instituição 1. Na Instituição 2 também participaram 21 idosos, com média de idade de 74,52 anos (desvio padrão de 7,29 anos), variando de 62 a 88 anos. Em relação à avaliação antropométrica, o peso médio foi 67,57Kg (desvio padrão de 11,47) e a altura média foi de 1,58m (desvio padrão de 0,11). Ao calcular o IMC, observa-se que sua média foi de 27,14 (desvio padrão de 5,20), cuja categorização encontra-se na Tabela 1 em comparação com a Instituição 1. No que se refere à avaliação do IMC, verifica-se que a maioria dos idosos apresentou-se com sobrepeso. Corroborando com estes resultados, dados semelhantes foram encontrados em um estudo realizado no interior do Rio Grande do Sul, o qual constatou que a maior parte dos idosos avaliados, de ambos os gêneros, também apresentava sobrepeso. As mulheres com sobrepeso atingiram um percentual de 62,5% ao passo que os homens atingiram 60,3% (SCHERER et al., 2013). Tabela 1 Diagnóstico do Índice de Massa Corporal e comparação entre os dados da Instituição 1 e 2, Barbacena, INSTITUIÇÃO 1 INSTITUIÇÃO 2 CONDIÇÕES CLÍNICAS N % N % p- valor¹ Diagnóstico IMC Eutrófico % % Magreza 1 4.8% % Sobrepeso % % Ao verificar-se a relação entre a classificação nutricional pelo IMC e a prevalência de DCNT (tabela 2) constatou-se que o IMC apresentou associação
4 estatisticamente significante com a hipertensão arterial sistêmica (HAS) e a presença de outras doenças sendo hipertrigliceridemia e artrose na instituição 1 e acidente vascular cerebral e câncer na instituição 2, já que o p-valor para essas duas variáveis foi menor que Observa-se ainda que houve associação entre o peso e a HAS, em especial a maior proporção da doença entre os idosos com sobrepeso (63,3%). Enquanto a presença de outras doenças é mais prevalente nos idosos eutróficos (80%). Tabela 2 Relação entre a classificação nutricional pelo Índice de Massa Corporal e a prevalência de DCNT dos idosos das Instituições 1 e 2, Barbacena, Total ÍNDICE DE MASSA CORPORAL Sobrepes p-valor* Geral Eutrófico Magreza o n % n % N % Hipertensão Arterial Não ,0 3 25,0 3 25,0 0,027 Sim ,3 1 3, ,3 Diabetes Não ,7 3 11, ,1 0,742 Sim ,3 1 6,7 9 60,0 Hipercolesterolemia Não ,6 3 9, ,0 0,829 Sim ,0 1 10,0 6 60,0 Osteoporose Não ,1 4 11, ,1 0,083 Sim ,5 0 0,0 7 87,5 Insuficiência Cardíaca Não ,1 4 10, ,4 0,134 Sim 4 0 0,0 0 0, ,0 Alzheimer Não ,5 4 10, ,0 0,591 Sim ,0 0 0,0 3 75,0 Outras Não ,4 3 8, ,5 0,044 Sim ,0 1 20,0 0 0,0 * p-valor calculado por meio do teste Qui-quadrado e teste Exato de Fisher (quando n abaixo de 5 em cada classificação), com nível de significância de 5%. Em um estudo realizado no ano de 2014 com intuito de associar o estado nutricional e a prevalência de DCNT, observou-se que a prevalência de HAS e DM foi maior nos idosos com excesso de peso quando comparados aos eutróficos e desnutridos, diferentemente ao observado no presente estudo, onde apenas a HA associou-se ao sobrepeso (NEUMANN et al., 2014). 5. Conclusão
5 Com base nos resultados obtidos com o presente estudo percebeu-se que ao avaliar relação entre a classificação nutricional pelo IMC e a prevalência de DCNT constatou-se que o IMC apresentou associação estatisticamente significante com a HAS e a presença de hipertrigliceridemia e artrose na instituição 1e acidente vascular cerebral e câncer na instituição 2. Ademais, houve associação significativa (p<0,05) entre o número de gerontes com sobrepeso e a presença de Hipertensão Arterial Sistêmica e associação significativa entre o estado de eutrofia e a prevalência de hipetrigliceridemia, artrose, acidente vascular cerebral e câncer. 6. Referências ÁLVARES, L. M.; LIMA, R.C.; SILVA R. A. Ocorrência de quedas em idosos residentes em instituições de longa permanência em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública, v. 26, n. 1, p , LIMA, R. S. S.; LIMA, R. S.; ALMEIDA, A. S. S. S. Projeto saúde: perfil alimentar e nutricional de idosas de um município do interior do Ceará. Rev. brasileira de nutrição esportiva, v. 7, n. 37, p. 4-12, NEUMANN, B.; CONDE, S. R.; LEMOS, J. R. N.; MOREIRA, T. R. Associação entre o estado nutricional e a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos residentes no município de Roca Sales - RS. Rev Bras de Ciênc Envelhec Hum, v. 11, n. 2, p , SCHERER, R.; SCHERER, F.; CONDE, S. R.; BOSCO, S. M. D. Estado nutricional e prevalência de doenças crônicas em idosos de um município do interior do Rio Grande do Sul. Rev Bras Geriatr Gerontol, v. 16, n. 4, p , SILVA, L. A.; GOMES A. M. T.; OLIVEIRA, D. C.; SOUZA, M. G. G. Representações sociais do processo de envelhecimento de pacientes psiquiátricos institucionalizados. Esc. Anna Nery, v. 15, n. 1, p Apoio financeiro: IF Sudeste MG Campus Barbacena.
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