PARECER Nº 2573/ CRM-PR ASSUNTO: SAMU - RETENÇÃO DE MACAS NOS HOSPITAIS PARECERISTA: CONS.º ADONIS NASR
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- Rachel Medina Bergler
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1 PARECER Nº 2573/ ASSUNTO: SAMU - RETENÇÃO DE MACAS NOS HOSPITAIS PARECERISTA: CONS.º ADONIS NASR EMENTA: A retenção de equipes, equipamentos (macas) ou ambulâncias pelas unidades de saúde, pois a subtração destes desobedece às Resoluções CFM nº 1.671/03 e nº 1.672/03, e inutiliza um meio de transporte de socorro, que terá como maior prejudicada a população, que necessita de um atendimento imediato, o paciente de emergência, ou urgência. CONSULTA Em correspondência encaminhada a este Conselho Regional de Medicina, o Dr. XXX formula consulta com o seguinte teor: Considerando que o SAMU 192 Regional X é um serviço público destinado ao atendimento de situações de agravos agudos à saúde, inclusive aquelas com risco a vida; Considerando várias discussões em comitês gestores de Urgência e Emergência, tanto municipais, quanto regionais, quanto à retenção de macas nos hospitais públicos causando debilidade no atendimento pré-hospitalar móvel de X e Região; Considerando que pela auditoria operativa são observadas, em alguns serviços, taxas de ocupação em enfermarias em torno de 60%, devido à falta de profissionais de enfermagem, como referem alguns Diretores desses hospitais, enquanto taxas de ocupação do pronto-socorro chegam a 125%, provocando, assim, a retenção de macas do pré-hospitalar; Considerando a existência de Leitos desocupados em enfermarias consideradas cirúrgicas; Considerando a existência de macas de transferência interna de pacientes, em número maior que o próprio número de salas cirúrgicas, e que não são usadas para acomodar pacientes; Considerando pareceres de Conselhos Regionais de Medicina quanto ao aludido assunto: - Resolução CFM nº 1.671/ Nas emergências não existe número fechado de leitos ou capacidade limite a priori. é desejável que, através da pactuação com todos os setores sociais pertinentes, o médico regulador seja reconhecido formalmente como autoridade pública na área da saúde. - Página 1 de 5
2 Resolução CFM nº 1.672/2003: Art. 1º - I O hospital previamente estabelecido como referência não pode negar atendimento aos casos que se enquadrem em sua capacidade de resolução. Art. 2º Os médicos diretores técnicos das instituições, inclusive os dos serviços de atendimento pré-hospitalar, serão responsáveis pela efetiva aplicação destas normas. - Consulta CREMESP nº /04: Assunto: Sobre as macas das ambulâncias serem retidas em hospitais, sob o pretexto de vaga zero, acarretando demora na liberação das mesmas para subsequentes atendimentos. O Diretor Clínico do hospital que reter a ambulância, será responsável no atraso dos demais casos de atendimento. Quesitos: Quesito 1) De quem é a responsabilidade do ATRASO dos demais atendimentos, devido à apreensão de macas das viaturas de urgência e emergência? Quesito 2) De quem é a responsabilidade do AGRAVO de saúde de um paciente devido ao atraso no atendimento, devido à apreensão de macas das viaturas de urgência e emergência? Quesito 3) Pode um serviço de saúde prender sem a necessidade precisa, o equipamento vital de uma viatura que presta atendimento móvel de urgência, impossibilitando e prejudicando diretamente o tempo de resposta àqueles que esperam ansiosos pelo socorro? Quesito 4) Pode um profissional médico de uma Unidade de Saúde, mesmo tendo outros locais (sala de sutura, sala de curativos, etc.) com macas livres em seu interior, segurar e atender o paciente na maca de uma viatura que realiza atendimentos de urgência 24h? Quesito 5) O paciente trazido de ambulância a um serviço pré-hospitalar fixo de urgência 24 horas, com uma sala de urgência na unidade, com macas livres dentro desta sala, deve ter acolhido inicialmente em outro local, senão a sala de urgência, e somente ser liberada a referida maca após o atendimento e transferência do paciente para a enfermaria de observação? Quesito 6) Utilizar a maca de viatura para realizar exames complementares radiológicos, referindo não possuir macas de rodas, entretanto, o paciente não possui necessidade de manter cuidados com sua coluna cervical, torácica ou lombar, pois o exame é no pé ou perna e existe cadeiras de rodas na unidade? Pareceres: Resposta 1) Do Diretor Técnico do hospital que reteve a ambulância, o que retardou ou mesmo impediu outro atendimento, o que poderá ser causa de morte ou sequela; devido à ausência de socorro imediato; Resposta 2) Também deverá ser responsabilizado o Diretor Técnico do hospital retentor da ambulância; Resposta 3) Não há justificativa, salvo em situações extremamente particulares, para que tal fato possa ocorrer; Resposta 4) Resposta no item 3; Resposta 5) O paciente deve ser atendido sob as melhores condições disponíveis no momento, evitando-se a retenção do equipamento destinado ao atendimento pré-hospitalar; Resposta 6) Tal prática não pode ser considerada adequada e nem compatível com as melhores indicações médicas, ainda mais considerando-se a exiguidade de recursos de atendimento pré-hospitalar, seu custo e Página 2 de 5
3 demanda da população. - Parecer CREMEB 12/07 - Expediente Consulta nº /06 - Não se justifica a retenção de equipamentos e/ou ambulâncias pelas unidades de saúde. Medidas legais e denúncia às infrações ao Código de Ética Médica são direitos e deveres do cidadão médico no exercício profissional. Entretanto, a busca pelo entendimento em situações de crise fortalece a relação entre médicos e, portanto, toda a profissão. Considerando que o próprio Código Penal em seu artigo 257 consta: - Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento: - Art Subtrair, ocultar ou inutilizar por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento; impedir ou dificultar serviço de tal natureza: - Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Com base nesses pareceres, solicitamos: Qual a posição deste Egrégio Conselho quanto a esta questão? Qual a conduta a ser tomada no caso de retenção de macas? Em que casos comunicar ao Conselho? Em que casos abrir um Boletim de ocorrência policial? Solicitamos encarecidamente seu posicionamento, posto que tais situações ocorrem amiúde e comprometem seriamente o funcionamento do SAMU 192 Regional de X. FUNDAMENTAÇÃO E PARECER Considerando as Resoluções: Resolução CFM nº 1671/03, que dispõe sobre a regulamentação do atendimento pré-hospitalar e dá outras providências; Resolução CFM nº 1672/03, que dispõe sobre o transporte inter-hospitalar e dá outras providências e; Resolução CFM nº 2110/214, que normatiza o Serviço de atendimento préhospitalar refere, em seu artigo 21: Art. 21. É de responsabilidade do médico receptor da unidade de saúde que faz o primeiro atendimento a paciente grave na sala de reanimação liberar a ambulância e a equipe, juntamente com seus equipamentos, que não poderão ficar retidos em nenhuma hipótese. Parágrafo único. No caso de falta de macas ou qualquer outra condição que impossibilite a liberação da equipe, dos equipamentos e da ambulância, o médico plantonista responsável pelo setor deverá comunicar imediatamente o fato ao coordenador de fluxo e/ou diretor técnico, que deverá (ão) tomar as providências imediatas para a liberação da equipe com a ambulância, sob pena de ser (em) responsabilizados pela retenção da mesma. Página 3 de 5
4 Art. 22. Não é responsabilidade da equipe do atendimento pré-hospitalar móvel de urgência e emergência, o encaminhamento ou acompanhamento do paciente a outros setores do hospital fora do serviço hospitalar de urgência e emergência, para a realização de exames complementares, pareceres, ou outros procedimentos. Considerando, também, as Resoluções: Resolução CFM nº 2077/2014, que dimensiona o Serviço de atendimento préhospitalar; Resolução CFM nº 2152/2016, que estabelece normas de organização, funcionamento, eleição e competências das Comissões de Ética Médica dos estabelecimentos de saúde; Resolução CFM nº 2147/2016, que estabelece normas sobre a responsabilidade, atribuições e os direitos de diretores técnicos, diretores clínicos e chefias de serviço em ambientes médicos, e; O Parecer CREMERN nº 001/2009, que dispõe sobre a retenção de macas do SAMU, pelos hospitais, e questiona qual é o melhor procedimento a ser tomado diante desta situação; Considerando, ainda, os demais Pareceres e a Legislação, citados na consulta, conclui-se que: CONCLUSÃO 1) Qual a posição deste Egrégio Conselho quanto a esta questão? Resposta: O Conselho Regional de Medicina se posiciona com base nos preceitos do Código de Ética Médica e das Resoluções vigentes, como as supracitadas. 2) Qual a conduta a ser tomada no caso de retenção de macas? Resposta: No caso de retenção de macas não justificada, devem ser comunicados os responsáveis, pelas instituições em questão, para as devidas providências, de modo a não prejudicar a continuidade do atendimento e do funcionamento do serviço de atendimento pré-hospitalar e suas emergências. 3) Em que casos comunicar ao Conselho? Página 4 de 5
5 Resposta: Todo cidadão tem o direito à saúde, assim como o dever de melhorar e facilitar o seu acesso. Desta feita, entende-se que os procedimentos legais e a denúncia às infrações ao Código de Ética Médica são direitos e deveres de todo e qualquer cidadão, logo, sempre que houver infração ao Código de Ética Médica, e/ou a suas Resoluções, o Conselho deve ser comunicado. Instituições em que houver Comitê de Ética, este pode ser comunicado e apurar os fatos previamente. 4) Em que casos abrir um Boletim de ocorrência policial? Resposta: Sempre que houver obstrução do atendimento, sem motivo que o justifique que caracterize infração aos ditames do Código Penal, pode ser aberto Boletim de Ocorrência, com as devidas justificativas. É o parecer, s. m. j. Curitiba, 22 de maio de Cons.º Adonis Nasr Parecerista Aprovado em Sessão Plenária nº4469 de 22/05/2017. Página 5 de 5
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