A CONCEPÇÃO DA CONTEXTUALIZAÇÃO E DA INTERDISCIPLINARIDADE SEGUNDO OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
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- Flávio Stachinski Silva
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1 A CONCEPÇÃO DA CONTEXTUALIZAÇÃO E DA INTERDISCIPLINARIDADE SEGUNDO OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS Geissy Cathariny Alves da ROCHA 1, Priscila Brandão de SOUSA 1, Valdelice Lima Gomes da CRUZ 1, Gilberlândio Nunes da SILVA², Edmilson Miranda de MOURA 1 1 Departamento de Química, Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portela, Teresina, Piauí, Brasil. greissycathariny@hotmail.com. 2 Instituto de Química, Programa de pós graduação em Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, Campus Universitário, Lagoa Nova, , Natal, RN. E- mail: gilberlandionunes@hotmail.com RESUMO O presente trabalho visou analisar a concepção da contextualização e da interdisciplinaridade nos PCNEM, questionado suas abordagens nos conhecimentos químicos. Tratou-se de uma análise crítica nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio na parte que toca os conhecimentos químicos. Ao analisarmos as habilidades e competências em química propostas pelos PCNEM, observamos que o eixo central está relacionado à reorganização curricular baseada na integração, via interdisciplinaridade e contextualização. Fazem-se necessárias mudanças no cenário educacional brasileiro, posto que a química e as demais ciências do conhecimento têm forte ligação entre si e que a compreensão dessa interligação com a realidade é fundamental para a formação de alunos capacitados e futuros cientistas. PALAVRAS CHAVE: Química. Contextualização. Interdisciplinaridade. Parâmetros Curriculares Nacionais.. 1 INTRODUÇÃO Os objetivos do ensino médio envolvem a articulação contextualizada e interdisciplinar do conhecimento, propiciada por várias circunstâncias já presentes junto a cada disciplina, mas particularmente apropriados para serem tratados em uma perspectiva integradora. Analisando as competências centrais a serem promovidas no âmbito das disciplinas científicas do ensino médio percebe-se a clara interface entre elas e o cotidiano. Partindo do pressuposto, o aprendizado deve ser planejado em uma perspectiva a um só tempo multidisciplinar, interdisciplinar e contextualizado, ou seja, os assuntos devem ser propostos e tratados desde uma compreensão global,
2 articulando as competências que serão desenvolvidas em cada disciplina e no conjunto de disciplinas, em cada área e no conjunto das áreas (BRASIL, 2000). A análise da realidade brasileira nos mostra que a contextualização e a interdisciplinaridade na área das Ciências da natureza, Matemática e suas tecnologias ainda é realizada de forma muito precária, especialmente nos aspectos teóricos e metodológicos (RAMOS, 2005). É recomendável que a contextualização e a interdisciplinaridade sejam planejadas de forma que abranja os aspectos curricular, didáticos e pedagógicos, assim sendo, o planejamento demanda paciência, tempo e diálogo reflexivo (LAVAQUI e BATISTA, 2007; WEIGERT et al 2005). Segundo (RICARDO E ZYLBERSZTAJN, 2007) defendem que os conhecimentos contidos nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM) são de fundamental importância para a formação inicial de professores e alunos e que as contribuições desses documentos serão tanto maiores quanto mais transformarem o ensino atual em objeto de investigação, reflexão e crítica. Partindo dessas ideias, o presente trabalho visou analisar a concepção da contextualização e da interdisciplinaridade nos PCNEM, questionado suas abordagens nos conhecimentos químicos, a fim de gerar uma nova contribuição que venha a somar com as propostas já existentes nos PCNEM. 2 METODOLOGIA Tratou-se de uma análise crítica nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio na parte que toca os conhecimentos químicos. A análise crítica é definida por Severino (1994) como sendo a exploração das ideias expostas no texto. Para tal, faz-se necessária a superação da mensagem explícita e a exploração das ideias contidas nas entrelinhas, comparando-as a pontos de vista exteriores. Na presente proposta, a comparação deu-se com artigos presentes na literatura especializada no assunto.
3 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao analisarmos as habilidades e competências em química propostas pelos PCNEM, observamos que o eixo central está relacionado à reorganização curricular baseada na integração, via interdisciplinaridade e contextualização (ABREU, 2000). Nas diretrizes dos PCNEM observamos que a promoção do conhecimento químico em escalas mundial, nas últimas décadas, incorporou novas abordagens, a partir do conhecimento acumulado, objetivando a formação de futuros cientistas, de cidadãos mais conscientes e também o desenvolvimento de conhecimentos aplicáveis ao sistema produtivo, industrial e agrícola (BRASIL, 2000). A globalização econômica participa fortemente nesse cenário científico. Abreu (2000) defende que o rompimento de fronteiras e a transferência acelerada de conhecimentos, tecnologias e informações acaba por criar novas formas de socialização, novos processos de produção e novas identidades individuais e coletivas. A abordagem da Química escolar no Brasil ainda encontra-se descontextualizada do cenário mundial. Em outras palavras, em discrepância à evolução do conhecimento químico observado em âmbito mundial, o Brasil ainda encontra-se estagnado em um quadro de mesmice no que se refere à promoção de novas abordagens para a promoção do conhecimento químico. Embora muitas vezes aparentando certa modernidade, a essência da química escolar permanece a mesma, priorizando-se a análise das informações desvinculadas da realidade vivenciada pelos alunos e pelos professores (BRASIL, 2000). Dessa forma, o aprendizado escolar é prejudicado pela abordagem demasiada de teorias enfatizando, por exemplo, as propriedades periódicas, tais como eletronegatividade, raio atômico, potencial de ionização, reduzindo o ensino da Química à transmissão de informações, definições e leis isoladas. Deixa-se, assim, de abordar conteúdos mais significativos sobre os próprios elementos químicos, como sua ocorrência, métodos de preparação, propriedades e aplicações, bem
4 como sua correlação com o cotidiano do aluno e com as questões ambientais relacionadas aos fenômenos químicos, além da relação existente entre esses assuntos (BRASIL, 2000). Observou-se que a Química no Ensino Médio abrange muitos dos aspectos dos conhecimentos empíricos já apreendidos pelo aluno na cultura popular anteriormente e paralelamente ao seu ingresso no universo escolar. Percebe-se então a importância da correlação dos conhecimentos químicos com os fenômenos corriqueiros dos alunos, para que, assim, possam compreender as transformações da matéria que ocorrem no mundo físico de maneira significativa e interligá-las com os conhecimentos adquiridos culturalmente e com as demais ciências afins. Dessa forma, o aluno perceberá a dinâmica e mutualidade da química como ciência e despertar o interesse científico e crítico em relação aos temas propostos em sala de aula. Esse despertar, partindo da contextualização, deverá ser o ponto de partida à inserção da interdisciplinaridade da Química, cuja abordagem deverá relacionar os conteúdos administrados aos fenômenos relacionados aos fundamentos das demais ciências do conhecimento. Embora ainda não abordados neste trabalho as Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais Articular, popularmente denominada PCN+, trazem grande contribuição. Nos PCN+, no que diz respeito à contextualização e interdisciplinaridade, o professor deve integrar e sistematizar fenômenos corriqueiros e teorias da Química às várias ciências e áreas de conhecimento científico. As diretrizes presentes nos PCN+ trazem informações mais específicas sobre a aplicabilidade da contextualização e interdisciplinaridade no ensino médio tais como, a identificação e correlação dos aspectos químicos, físicos e biológicos em estudos sobre a produção, destino e tratamento de lixo ou sobre a composição, poluição e tratamento das águas com aspectos sociais, econômicos e ambientais (BRASIL, 2002).
5 Sendo (RICARDO E ZYLBERSZTAJN 2007), em suas pesquisas, observaram que a contextualização e interdisciplinaridade sofrem múltiplas interpretações pelos professores. As interpretações variam desde aspectos de caráter mais amplo tais como concepções epistemológicas, até a necessidade de extinção das disciplinas. Os referidos autores constataram ainda que seus resultados não diferem do observado na literatura e que, ao contrário do objetivo dos PCNEM, as diretrizes presentes nos parâmetros não são tão claras aos olhos dos professores. 4 CONCLUSÃO Observamos que existem poucas contribuições literárias em relação à interdisciplinaridade nos PCNEM e menos ainda especificamente em relação aos conhecimentos químicos. Assim, foi observada a importância de se aprofundar os estudos na temática em questão para enriquecer os PCNEM e implementar em maior escala e de forma mais significativa a interdisciplinaridade dentro do ensino. O exposto nos PCN+ mostra que a interdisciplinaridade está abordada de forma mais clara quando comparado aos PCNEM. Concluímos também que contextualização é mais evidente que a interdisciplinaridade dentro do contexto dos PCNEM. Os PCNEM são de fundamental para auxiliar os professores, mas fazem-se necessárias mudanças no cenário educacional brasileiro, posto que a química e as demais ciências do conhecimento têm forte ligação entre si e que a compreensão dessa interligação com a realidade é fundamental para a formação de alunos capacitados e futuros cientistas.
6 REFERÊNCIAS ABREU, R. G. A concepção de currículo integrado e o ensino de Química no Novo Ensino Médio (monografia de especialização). Rio de Janeiro: UERJ, BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Brasília: Ministério da Educação, LAVAQUI, V.; BATISTA, I. L. Interdisciplinaridade em ensino de Ciências e de Matemática no Ensino Médio. Ciência & Educação, Bauru, v. 13, n. 3, p , RAMOS, L. O. L. As percepções sobre conceitos e práticas de interdisciplinaridade de professores do ensino médio na área das Ciências da Natureza, matemática e suas tecnologias. Revista Lusófona de Educação. Lisboa, n. 5, p , RICARDO, E. C.; ZYLBERSZTAJN, A. Os Parâmetros Curriculares Nacionais na formação inicial dos professores das ciências da natureza e matemática do ensino médio. Investigações em Ensino de Ciências, v. 12; n. 3, p , SEVERINO, J. Metodologia do trabalho científico: diretrizes para o trabalho científico-didático na universidade. São Paulo: Cortez & Moraes, WEIGERT, C.; VILLANI, A.; FREITAS, D. A interdisciplinaridade e o trabalho coletivo: análise de um planejamento interdisciplinar. Ciência & Educação, Bauru, v. 11, n. 1, p , 2005.
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