VIOLÊNCIA ESCOLAR AO OLHAR DA ENFERMAGEM 1

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1 VIOLÊNCIA ESCOLAR AO OLHAR DA ENFERMAGEM 1 Costenaro Regina G. Santini ², Rangel, Filipin Rosiane³, Rodrigues Alessandra Trindade 4. 1 Trabalho de pesquisa vinculado ao projeto Ambiente Escolar: um cenário promissor de aprendizagem em saúde, financiado pela Fundação de Amparo á pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul-FAPERGS. 2 Enfermeira. Doutora em Filosofia da Enfermagem. Docente do curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano - UNIFRA. Santa Maria - RS. reginacostenaro@hotmail.com 3 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Docente do curso de enfermagem da UNIFRA. Santa Maria RS. rosianerangel@yahoo.com.br. 4 Acadêmica de Enfermagem da UNIFRA. Santa Maria - RS. Bolsista FAPERGS. alessandrarodrigues_ale@hotmail.com. RESUMO Objetiva-se com este estudo investigar a produção científica nacional acerca da violência escolar. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de cunho descritivo-exploratório, realizada com busca ativa em bibliotecas virtuais, periódicos, livros, dissertações e teses disponíveis online. A partir dos resultados obtidos foi possível considerar que o bullying é o principal tipo de violência sofrido nas escolas e que esse se caracteriza como um fenômeno devastador que poderá influenciar na autoestima e na saúde mental de crianças e adolescentes. O bullying geralmente ocorre quando esses estão mais suscetíveis/vulneráveis às agressões verbais ou morais que lhes causam angústia e dor. A relação saúde-educação é intercomplementar, em que tanto saúde como educação são indispensáveis para o processo evolutivo de qualquer sociedade. Conclui-se que no Brasil, ainda faltam algumas melhorias na educação e na saúde, e sugere-se a criação de uma política nacional que consiga aliar essas duas temáticas, com enfermeiros nas escolas trabalhando junto com os professores na busca de prevenirem e promoverem saúde. Palavras- Chave: Enfermagem; Violência, Escola. 1. INTRODUÇÃO A violência é um fenômeno social específico, histórico, relacionada às condições socioeconômicas e que possui raízes e formas no cotidiano das relações interpessoais. Quando se trata de violência contra crianças e jovens, divide-se, basicamente, em duas: violência social e violência doméstica. Na primeira, verifica-se o abandono material, a fome, a ausência de abrigo ou de habitação, a falta de escolas e a exposição a doenças infectocontagiosas, frente a situações da falta de saneamento básico. Na segunda, as crianças e jovens vitimizados sofrem violência física, psicológica, sexual, negligência e exploração sexual (DESLANDES, 1994). A violência é um problema de saúde pública importante e crescente no mundo atual, com sérias conseqüências individuais e sociais, particularmente para os jovens, que 1

2 aparecem nas estatísticas como maiores vítimas e, também, causadores dessas (NETTO; SAAVEDRA, 2004). O termo violência escolar diz respeito a todos os comportamentos agressivos e antisociais, incluindo os conflitos interpessoais, danos ao patrimônio, atos criminosos, etc. Muitas dessas situações dependem de fatores externos, cujas intervenções podem estar além da competência e capacidade das entidades de ensino e de seus funcionários (NETTO, 2005). A agressividade nas escolas é um problema universal. O bullying e a vitimização representam diferentes tipos de envolvimento em situações de violência durante a infância e adolescência. O bullying diz respeito a uma forma de afirmação de poder interpessoal através da agressão. A vitimização ocorre quando uma pessoa é feita receptor do comportamento agressivo de outra, considerada, mais poderosa. Tanto o bullying como a vitimização têm conseqüências negativas imediatas e, também, tardias sobre todos os envolvidos: agressores, vítimas e observadores (PALÁCIOS; REGO, 2006). O Bullying é o principal tipo de violência praticado em escolas por crianças e adolescentes. Essa prática de constrangimento afeta a área afetiva e muitas vezes resultam em agressão física. A prática do bullying vem crescendo cada vez mais, o que preocupa as partes envolvidas, tanto os educadores como também os profissionais da saúde e a família também (NETTO, 2005). Para conter a violência escolar e, conseqüentemente, o bullying, se faz necessário o desenvolvimento de políticas públicas de saúde voltadas diretamente para as escolas. Sabe-se que o bullying é complexo e de difícil solução, portanto, entende-se que é preciso que se realize trabalhos de prevenção e que esses tenham continuidade. As ações são relativamente simples e de baixo custo, podendo ser incluídas no cotidiano das escolas, inserindo-as como temas transversais em todos os momentos da vida escolar (DEBARBIEUX; BLAYA, 2002). Percebe-se que é imprescindível desenvolver ações de saúde na escola que visem à promoção da saúde, pois acredita-se que onde trabalham profissionais da saúde juntamente com profissionais da educação, ocorre uma aliança que conquista bons resultados. (DEBARBIEUX; BLAYA, 2002). Diante do exposto, o presente estudo tem por objetivo investigar a produção científica nacional acerca da violência escolar. 2. METODOLOGIA 2

3 O presente estudo caracteriza-se como bibliográfico de cunho descritivo-exploratório buscando investigar a produção científica nacional acerca da violência escolar. Para Gil (2002), a pesquisa bibliográfica tem como característica principal a utilização de fontes bibliográficas (livros e artigos científicos) e permite uma análise mais ampla sobre determinados fenômenos. A busca do material realizou-se no mês de agosto de 2011 em bibliotecas virtuais, periódicos, livros, dissertações e teses disponíveis online. Foram selecionadas produções científicas que estavam de acordo com o objetivo do estudo. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES O Bullying é caracterizado por comportamentos agressivos que ocorrem nas escolas, tanto verbalmente quanto psicologicamente, e que são tradicionalmente admitidos como naturais, sendo habitualmente ignorados ou não valorizados, tanto por professores quanto pelos pais. Reduzir a prevalência de Bullying nas escolas, e conscientizar a população sobre esse tema, é, sem dúvida, um problema de saúde pública (NETTO, 2005). Sendo um fenômeno devastador podendo vir a afetar a auto-estima e a saúde mental dos adolescentes, o bullying geralmente ocorre quando o adolescente é mais suscetível ou vulnerável às agressões verbais ou morais que lhes causam angústia e dor. Esse ato de violência é ocorrido principalmente em ambiente escolar traduzindo-se como uma forma de exclusão social. Pode desencadear alguns problemas de saúde tais como a anorexia, bulimia, depressão, ansiedade e até mesmo o suicídio (SCHUTZ; ANTONIO, 2006). Caracterizado como complexo e de difícil solução, o bullying expõe que o envolvimento de todos que atuam na educação, pais, alunos e também a atuação do profissional de saúde, é necessário para enfatizar e alertar a cerca deste conflito (DESLANDES, 1994). A educação em saúde ampliada inclui políticas públicas, ambientes apropriados e reorientação dos serviços de saúde, além dos tratamentos clínicos e curativos comprometidas com o desenvolvimento da solidariedade e da cidadania, prestando orientações cuja essência está na melhoria da qualidade de vida e na promoção de saúde (BODSTEIN,1986). No Brasil, a temática saúde entra na escola no final do século XIX, considerando tanto a dimensão assistencial quanto o desenvolvimento de hábitos, atitudes e valores compatíveis com uma determinada concepção de indivíduo saudável - um conjunto de normas com a finalidade de evitar que doenças contagiosas invadissem a escola (MEYER, 1998). 3

4 A relação saúde-educação é intercomplementar, em que tanto saúde como educação são indispensáveis para o processo evolutivo de qualquer sociedade, sendo o ambiente escolar espaço propício para o desenvolvimento de comportamentos de prevenção em saúde (FERRIANI, 1991). Observou-se neste estudo, que a temática bullying, como violência escolar, é muito explorada no campo das pesquisas, todavia no que tange a temática da saúde e educação voltada para a prática da enfermagem em escolas, ainda é pouco reconhecida. Em alguns municípios brasileiros percebe-se a inserção do profissional da enfermagem no campo escolar, e obtêm-se bons resultados tanto para a prevenção quanto a promoção de saúde e controle de violência escolar bullying (NAKAMAE; et al, 1997). 4. CONCLUSÃO A importância da atuação do enfermeiro, nas escolas, pôde ser identificada em diferentes artigos, embora a realização de ações referentes à promoção de saúde ainda ocupe pouco espaço e não exista uma atuação multidisciplinar das equipes de saúde. Entende- que é através da educação que se consegue prevenir violência nas escolas, mas observou-se nesse estudo que, quando saúde e educação são trabalhadas concomitantemente, os objetivos são alcançados mais facilmente. Acredita-se que no Brasil, saúde e educação ainda precisam de maiores investimentos para serem efetivadas nas práticas dos profissionais. Assim, sugere-se a criação de uma política nacional que consiga aliar essas duas áreas do conhecimento visando prevenção e promoção de saúde. 5. REFERÊNCIAS SCHUTZ, A O; ANTONIO, P S. Sentimentos do adolescente relacionados ao fenômeno bullying: possibilidades para a assistência de enfermagem nesse contexto. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 08, n. 01, p , BODSTEIN, R C. Educação em saúde. Cad. Saúde Pública [online]. 1986, vol.2, n.2, pp ISSN X. DEBARBIEUX E, BLAYA C. Violência nas escolas e políticas públicas. Brasília: UNESCO;

5 DESLANDES S F. Prevenir e Proteger: um desafio para profissionais de saúde. Rio de Janeiro (RJ): FIOCRUZ/ENSP/CLAVES; FERRIANI, M. das G. C. A inserção do enfermeiro na saúde escolar. São Paulo : EDUSP, MEYER, D E E. Educação em saúde na escola: transversalidade ou silenciamento. IN: Saúde e sexualidade na escola. Porto Alegre: Editora Mediação, Cadernos de Educação Básica n 4. NAKAMAE, D. D. et al. Caracterização socioeconômica e educacional do e s t u d a n t e de enfermagem nas escolas de Minas Gerais. Rev. Esc. Enf. USP, v.31, n. l, p , abr NETTO A A. Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. Jornal de Pediatria - Vol. 81, Nº5(Supl), NETTO A A; SAAVEDRA L H. Diga NÃO para o Bullying. Rio de Janeiro: ABRAPI; PALÁCIOS, M; REGO, S. Bullying: mais que uma epidemia invisível? Revista Brasileira de Educação Médica. Rio de Janeiro, v. 30, nº 1, jan/abr