Interpretação e Integração da Legislação Tributária
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- Herman da Cunha
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1 Interpretação e Integração da Legislação Tributária RUBENS KINDLMANN
2 Contatos Professor Rubens
3 Interpretação x Integração Interpretação: visa a solução de controvérsia, através da procura pelo significado e alcance de uma norma. Integração: Busca, em razão de uma omissão ou lacuna, suprir a ausência da norma, corrigindo a omissão ou a lacuna.
4 Formas de Interpretação Literal: analisa a literalidade do texto através do significado das palavras Histórica: considera a construção da norma Sistemática: analisa o contexto da norma com o restante do ordenamento Lógica: Leva em conta o significado do texto e sua aplicação de acordo com o contexto jurídico Teleológica: Procura identificar o objetivo do legislador na criação da norma Evolutiva: Analisa como foi tratado o assunto em normas anteriores
5 Analogia Art. 108, CTN. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: I - a analogia; Analogia é diferente de interpretação extensiva. A analogia pressupõe a integração da legislação com a aplicação da lei a situação de fato NÃO prevista, mas semelhante à da prevista na norma
6 Analogia... Não se pode confundir analogia com interpretação analógica ou extensiva. A analogia é técnica de integração, vale dizer, recurso de que se vale o operador do direito diante de uma lacuna no ordenamento jurídico. Já a interpretação, seja ela extensiva ou analógica, objetiva desvendar o sentido e o alcance da norma, para então definir-lhe, com certeza, a sua extensão. A norma existe, sendo o método interpretativo necessário, apenas, para precisar-lhe os contornos. (STJ, 2ª Turma, REsp /RJ Min. Castro Meira)
7 Analogia... Nos termos do art. 108 do CTN, a analogia só é aplicada na ausência de disposição expressa na legislação tributária. Por essa expressão, identificam-se não apenas as leis, tratados e decretos, mas, também, os atos normativos expedidos pela autoridade administrativa (arts 96 e 100 do CTN) (STJ, 2ª Turma. Resp /SC, Rel. Min. Castro Meira, 04/2008)
8 Exemplo do uso da Analogia O Sistema Tributário Nacional, encartado em capítulo próprio da Carta Federal, encampa a expressão instituições de assistência social e educação prescrita no art. 150, VI, c, cuja conceituação e regime jurídico aplica-se, por analogia, à expressão entidades beneficentes de assistência social, contida no art. 195, 7º. À luz da interpretação histórica dos textos das CF/46, CF/67 e CF/69, e das premissas fixadas no verbete da súmula nº 730. É que até o advento da CF/88 ainda n]ao havia sido cunhado o conceito de seguridade social, nos termos em que definidos pelo art. 103, inexistindo distinção clara entre previdência, assistência social e saúde, a partir dos critério de generalidade e gratuidade. (STF, Pleno. RE , Rel. Min. Luiz Fux, fev/2014)
9 Exemplo do uso da Analogia Súmula 424 STJ - É legítima a incidência de ISS sobre os serviços bancários congêneres da lista anexa ao DL n. 406/1968 e à LC n. 56/1987. A Lista do ISS na LC 116/03 é taxativa, mas admite a interpretação extensiva
10 Princípios Gerais de Direito Tributário Art. 108, II CTN - os princípios gerais de direito tributário; Legalidade, Isonomia, Anterioridade, Vedação ao confisco, Irretroatividade, Capacidade Contributiva, Uniformidade Geográfica, Seletividade, Não diferenciação, Capacidade Contributiva, etc.
11 Princípios Gerais de Direito Público Art. 108, III, CTN - os princípios gerais de direito público; Moralidade, Segurança Jurídica, Eficiência, Supremacia do Interesse público, indisponibilidade do interesse público, Razoabilidade, Devido processo legal, etc.
12 Equidade Art. 108, IV, CTN - a equidade. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO. SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TAXA SELIC A incidência da Taxa SELIC nas execuções fiscais é a concretização do princípio da eqüidade no direito tributário, na medida em que tal índice também é aplicado nas ações de compensação e de repetição de indébito tributário. 3. Recurso parcialmente provido (TRF-2 - APELAÇÃO CIVEL AC RJ Pub. 18/12/2008)
13 Equidade 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. 2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido.
14 Integração Art Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários.
15 Interpretação Art A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.
16 Interpretação Hoje já não se pode ter dúvida de que o art. 110 do CTN é simples explicitação da supremacia constitucional, posto que desta é que na verdade resultado da inalterabilidade dos conceitos utilizados pela Lei Maior. Inalterabilidade que evidentemente não está restrita à matéria tributária. Nenhum conceito utilizado em norma da Constituição pode ser alterado pelo legislador ordinário para, por via oblíqua, alterar a nora de superior hierarquia (Hugo de Brito Machado. Não incidência do ISS no afretamento de embarcações. RDDT 173/85, fev/2010)
17 Interpretação Imposto de renda... Saber se indenização é, ou não, renda, para o efeito do artigo 153, III da Constituição é questão constitucional, como entendeu o acórdão recorrido, até porque não pode a Lei infraconstitucional definir como renda o que insitamente não o seja (...) (STF, 1ª Turma, RE /SP, Min. Moreira Alves, abril 2002)
18 Interpretação Art Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I - suspensão ou exclusão do crédito tributário; II - outorga de isenção; III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.
19 Interpretação Art Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I - suspensão ou exclusão do crédito tributário; Extinção do Crédito por meio da Dação em Pagamento. Por Analogia, podemos aplicar aos bens móveis? Art. 156, CTN. Extinguem o crédito tributário: (...) XI - a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.
20 Interpretação PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. A EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO NÃO É SUSPENSA POR FORÇA DE PENHORA. PRECEDENTES. 1. A jurisprudência dessa Corte já se manifestou no sentido de que o oferecimento de penhora em execução fiscal não configura hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, nos termos do artigo 151 do CTN (RMS /SE, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 7/4/2011; RMS /SE, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJe 2/2/2010) 2. Agravo interno não provido. (AgInt no REsp /RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/02/2019, DJe 08/02/2019)
21 Interpretação Art Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: II - outorga de isenção; Art. 176, CTN A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Art. 97, CTN Somente a lei pode estabelecer: VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.
22 Interpretação Art Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Imunidades Isenções Anistias Não estão dispensadas das obrigações acessórias, sem que haja lei
23 Interpretação Deve-se... Realizar uma filtragem constitucional.. Do art. 111 do CTN, editado em tempos bem diferentes (1965) dos atuais. Se a legalidade, para fins de cobrança de tributos, vai passando por uma certa abertura (como quer o próprio Fisco), também isto deve ocorrer no que se refere à legalidade das isenções. Os atuais valores constitucionais se sobrepõem. Pode-se entender, inclusive, que o Poder Judiciário tem competência para impor uma interpretação mais adequada à Constituição sem ser tachado de ativista. (...) O Legislador deve ter para si que não podem ser adotadas ações afirmativas tributárias que, no seu próprio conteúdo, atentem contra o princípio da igualdade, provocando efeitos colaterais indesejados. (FISCHER, Octavio Campos. Tributação, ações afirmativas e democracia. In: GRUPENMACHER, Betina Treiger (coord.). Tributação: democracia e liberdade. São Paulo: Noeses, 2014, p )
24 Decisões sobre a regra do Art. 111, CTN (...) 4. É firme o entendimento do STJ, no sentido de que a busca do real significado, sentido e alcance de benefício fiscal não caracteriza ofensa ao art. 111 do CTN (STJ, 2ª T. REsp /DF, Rel. in Eliana Calmon, abril/2010) 1. A isenção tributária, como espécie de exclusão do crédito tributário, deve ser interpretada literalmente e, a fortiori, restritivamente (CTN, art. 11, II) não comportando exegese extensiva (...) (STJ. 1ª T., REsp /SP, Rel. Min. Luiz Fux, maio/2010)
25 Interpretação Art A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I - à capitulação legal do fato; II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.
26 Interpretação Art A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I - à capitulação legal do fato; Deve se interpretar da maneira mais benéfica ao contribuinte
27 Interpretação Art A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; Exemplo: Se há duvida se determinado valor é ou não é renda, a interpretação deve ser mais favorável ao sujeito passivo
28 Interpretação Art A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; Se há dúvida quanto à autoria da infração, in dubio pro contribuinte
29 Interpretação Art A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Exemplo: importação de mercadorias
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