PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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1 PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA ACÓRDÃO Apelação Cível nq /001 Origem : 6 2 Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital Relatora : Juíza de Direito Convocada Maria das Graças Morais Guedes Apelante : Tim Nordeste S/A Advogados : Ernesto Johannes Trouw, Mariana Gonçalves Peres e outro Apelado : Município de João Pessoa Advogado : Neuzelito Cavalcanti Sobral TRIBUTÁRIO. AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. TAXA DE FISCALIZAÇÃO DE LOCALIZAÇÕES E FUNCIONAMENTO. INSTITUIÇÃO PELO CÓDIGO TRIBUTÁRIO DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA. UTILIZAÇÃO DO PODER DE POLÍCIA POR PARTE DO ENTE MUNICIPAL. INTERESSE LOCAL. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA MUNICIPAL CONFIGURADA. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO. INOCORRÊNCIA. COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE FISCALIZATOR IA, DISPENSABILIDADE. DESPROVIMENTO DO RECURSO. - Utilizando-se do Poder de Polícia conferido pela nossa legislação, é lícita a cobrança da Taxa de Fiscalização de Localizações e Funcionamento por Apela pio Ove! ir' /001

2 parte do município de João Pessoa, a qual está disciplinada no Código Tributário Municipal. - É dispensável a comprovação do efetivo exercício de tal poder, sendo suficiente a sua potencial existência. autos. VISTOS, relatados e discutidos os presentes ACORDA a Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, por unanimidade, desprover o recurso. Trata-se de APELAÇÃO interposta contra decisão proferida pelo Juiz de Direito da 6 2 Vara da Fazenda Pública da Comarca da Capital, fls. 87/90, que, nos autos da Ação Anulatória de Débito Fiscal, ajuizada por Tim Celular S/A, em face do Município de João Pessoa, julgou improcedente o pedido formulado, condenando, ainda, a parte promovente ao pagamento das custas judiciais, bem como, honorários advocatícios, estes a base de 10% (dez por cento) do valor da causa devidamente corrigidos. Inconformada, a Tim Nordeste S/A manejou recurso apelatório, fls. 117/129, aduzindo, em síntese, a falta de competência municipal para instituir e fiscalizar tributos incidentes sobre serviços de telecomunicações, assim como, a inexistência de atividade administrativa que legitime a cobrança da taxa de fiscalização. Contrarrazões, fls. 134/138, pela manutenção do decisum, devendo a apelação ser julgada totalmente improvida. A Procuradoria de Justiça, em parecer da lavra do Dr. José Raimundo de Lima, fls. 147/150, opinou pelo prosseguimento do recurso, sem manifestação do mérito. Apelação Cível /001

3 É o RELATÓRIO. VOTO Tim Nordeste S/A ajuizou Ação Anulatória de Débito Fiscal em desfavor do Município de João Pessoa, objetivando descons ti tuir débito fiscal decorrente da Taxa de Fiscalização de Localizações e Funcionamento, sob o argumento da ilegalidade da cobrança, entendendo, pois, não ser de competência do ente municipal a tributação de matéria concernente às telecomunicações. Ao sentenciar o Magistrado a quo, entendeu pela inexistência de invasão de competência em matéria da União, julgando, improcedente a presente demanda. Com efeito, a apelante exerce atividade no ramo de telecomunicações, utilizando-se de antenas de transmissão e recepção de ondas de rádio, denominadas Estações Rádio-Base (ERB), no perímetro urbano do território da apelada. Assim, o Município de João Pessoa, consubstanciado no seu Código Tributário Municipal, cobra uma taxa para funcionamento das torres e antenas de transmissão e recepção de dados. legislação: Vejamos o que dispõe o art. 213, da referida Art A Taxa de Fiscalização para Localização e Funcionamento tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia sobre o disciplinamento e ordenamento das atividades econômicas ou não-econômicas exercidas no território do Município. Apelação Cível

4 1-Q Considera-se ocorrido o fato gerador no momento em que o órgão municipal competente executa ato tendente a verificar a adequação da atividade às normas da legislação municipal. 2 Os órgãos envolvidos na fiscalização poderão realizar o ato referido no 1 9- exclusivamente por meio eletrônico, em se tratando de renovação de licenciamento, nos casos em que a visita física ao estabelecimento for julsaila dispensável. Destarte, consubstanciado na legislação municipal, entendo possível a cobrança por parte da Edilidade com amparo no Poder de Polícia conferido por nossa legislação, senão vejamos, também, o que preceitua o Código Tributário Nacional: Art. 78. Considera-se poder de policia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Nesse sentido, não constato nenhuma ilegalidade ou inconstitucionalidade na instituição e cobrança da Taxa de Fiscalização de Localizações e Funcionamento das antenas em apreço pelo apelado, pois instaladas dentro de seu limite territorial. Ora, inquestionável é o interesse do Município de João Pessoa em legislar sobre a matéria discutida nestes autos, uma vez que a instalação de ERB's é uma questão de interesse local, o que legitima a instituição da Apelação Cível )1' /001

5 cobrança da referida taxa pelo Município, dentro da competência legislativa que lhe é conferida constitucionalmente, nos termos do art. 30, I e VIII, da Constituição Federal. Saliente-se, ainda, que a ocupação do solo urbano com equipamentos que emitem ondas de radiação representa risco potencial ao meio ambiente, cabendo, pois, ao Município, promover o adequado ordenamento territorial mediante planejamento e controle do uso e ocupação do solo urbano. Indiscutível, pois, a admissibilidade da cobrança de taxa em razão do exercício do poder de polícia pelo Poder Público Municipal, frisese, ainda, que a comprovação do efetivo exercício de tal poder é dispensável, sendo suficiente a sua potencial existência, o que é confirmado pela jurisprudência, senão vejamos o posicionamento do STJ quando do julgamento do Recurso Especial n , em que se discutia a base de cálculo da taxa de fiscalização instituída pelo Município de Paranavaí: TRIBUTÁRIO -PROCESSO CIVIL -EXECUÇÃO FISCAL - TAXA DE FISCALIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES, EQUIPAMENTOS, INFRA- ESTRUTURA E OBRAS DE CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS, -BASE DE CÁLCULO EQUILÍBRIO ECONÓMICO-FINANÇEIRO DO CONTRATO - CDA -VALIDADE - PROCESSO ADMINISTRATIVO - EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA - DESNECESSIDADE - ACÓRDÃO - OMISSÃO - NÃO-OCORRÊNCIA -DISSÍDIO INTERPRETATIVO - MATÉRIA CONSTITUCIONAL - AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. I. Não ocorre ofensa ao art. 535,11, do CPC, se o Tribunal de origem decide, fundamentadamente, as questões essenciais ao julgamento da lide. 2. A jurisprudência cla 1 2. Seção desta Corte entende ser prescindível a comprovação do efetivo exercício do poder de polícia para Apelação Cível n'

6 viabilizar sua cobrança em juízo. Precedentes. 3. Validade da CDA que possibilita o exercício da ampla defesa pelo contribuinte. Precedentes. 4. É razoável a utilização da quilometragem da rede de telefonia como base de cálculo da Taxa de Fiscalização de Instalações, Equipamentos, Infra-estrutura e Obras de Concessionárias do Serviço Público de Telefonia. 5. A cobrança de taxas pelo exercício do poder de polícia é matéria pertinente à seara com reflexos nos contratos administrativos, que devem ser considerados em ação própria contra o poder concedente ou objeto de aditamento ao contrato de concessão. 6. Inviável conhecer de recurso especial peta divergência se ausente o cotejo analítico ou se utilizado paradigma que declara a inconstitucionalidade de ato normativo local, nos termos do art. 105, III, c, da Constituição Federal 7, Recurso especial conhecido em parte e, nessa parte, não provido. (Relatora Ministra Eliana Calmou, 2a Turma, j ). No que concerne a usurpação de competência privativa da União, reafirmo a sua inocorrência, visto que não se deve confundir a competência da União para legislar sobre telecomunicações e a municipal para legislar sobre matéria de seu particular interesse no tocante ao uso e ocupação do solo. Neste sentido: PROCESSO - Nunciação de obra nova - Liminar - Estação de Rádio - Base - Alvará de localização, instalação e funcionamento - A instalação e construção de estação de rádio-base, assim como toda atividade industrial e comercial, cuja legislação também é privativa da União, está sujeita ao poder de polícia municipal para construção, instalação e funcionamento no solo urbano Dado Apelação Cível a /001 6

7 provimento ao recurso. (Ti-SP Agravo de instrumento - rig2 9039U , Relatora: Teresa Ríamos Marques, 8 4 Câmara de Direito Público, j ). E, APELAÇÃO-AÇÃO ORDINÁRIA - Taxa de licença para fiscalização de funcionamento de estabelecimentos, exercício de Município de Santa Fé do Sul - Tributo gerado pelo exercício do poder de policia municipal representado por órgão fiscalizador - Competência da União não invadida, pois não se cuida de fiscalização atribuída ao ente federal - Sentença mantida - RECURSO IMPROV1DO. (TJSP + Apelação ng Câmara de Direito Público, Relator Des. Rodrigues de Aguiar, j ) 9.472/97 dispõe no art. 74: Ademais, à Lei Geral de Telecomunicações n" A concessão, permissão ou autorização de serviço de telecomunicações não isenta a prestadora do atendimento às normas de engenharia e às leis municipais, estaduais ou do Distrito Federal relativas a construção civil e a instalação de cabos e equipamentos em logradouros públicos", o que reforça a legitimidade municipal em fiscalizar e tributar atividades desenvolvidas em seu perímetro urbano. para o deferimento do pleito da apelante. Portanto, nota-se a inexistência de qualquer razão Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO AO Apelação Coe! n'

8 RECURSO, mantendo todos os termos da decisão a quo. É como VOTO. Presidiu a sessão, o Desembargador João Alves da Silva. Participaram do julgamento, a Juíza de Direito Convocada Maria das Graças Morais Guedes, como Relatora e o Desembargador Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. representando o Ministério Público. Presente o Dr. José Raimundo de Lima, Sala das Sessões da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, em 13 de dezembro de 2011 data do julgamento., M ia das Graças Morais Guedes Juiza de Direito Convocada Apelação Chiei n' /001 8

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