ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa

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1 ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Des. José Di Lorenzo Serpa ACÓRDÃO Relator: Dra Maria das Graças Morais Guedes, Juíza de Direito Convocada erri substituição ao Des. José Di Lorenzo Serpa Agravante: Alexandre Gomes de Sousa Advogados: Paulo Romero Feitosa Sobral Def. Público Agravada: Elizabeth de Oliveira Advogados: Marcio Henrique de Carvalho Garcia e outro Agravo de Instrumento. Imissão de posse. Concessão e posterior revogação da liminar. Preliminar. Unicidade recursal. lnaplicabilidade. Rejeição. Ordem de desocupação do imóvel. Objeto do recurso. Consequência da perda da posse. Retorno ao status quo ante. Manutenção da decisão agravada. Desprovimento do recurso. - A decisão que revogou a liminar de imissão de posse não determinou a desocupação do imóvel discutido, tampouco fixou prazo para cumprimento dessa ordem, pontos explicitados na decisão agora agravada, da qual cabe novo recurso e, portanto, afasta a vedação rezada pelo princípio da unicidade recursal. - Se o agravante estava na posse do bem por força de uma liminar, ou seja, de forma precária, a revogação dessa medida impõe a

2 desocupação do imóvel. Assim, na espécie, deve ser mantida a decisão recorrida. Vistos, relatados e discutidos estes autos, antes identificados, ACORDA a Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por unanimidade, em rejeitar a preliminar, e, no mérito, por igual votação, negar provimento ao agravo de instrumento. Alexandre Gomes de Sousa interpôs Agravo de Instrumento contra decisão do Juízo da 2 a Vara da Comarca de Patos (fls. 706), que, nos autos da Ação de Imissão de Posse movida pelo agora agravante em desfavor de Elizabeth de Oliveira, determinou que aquele desocupasse o imóvel objeto do litígio. Insatisfeito, o promovido interpôs o vertente recurso, alegando que a sentença proferida na Ação Ordinária n , movida por Elizabeth de Oliveira e que tramita na Justiça Federal, apesar de ter anulado a arrematação feita pelo recorrente, não transitou em julgado e, portanto, não poderia produzir efeitos como, por exemplo, a desocupação do imóvel, máxime porque a apelação interposta contra a mencionada sentença foi recebida nos efeitos devolutivo e suspensivo. Com isso, requereu a atribuição de efeito suspensivo ao recurso, o que foi indeferido através da decisão de fls. 720/722. No mérito, busca o provimento da insurgência e a consequente reforma da decisão recorrida. Informações prestadas às fls. 728/730. A parte agravada respondeu ao recurso (fls. 732/735), aduzindo, em sede de preliminar, a ocorrência de coisa julgada, em virtude de a decisão agravada já ter sido objeto de outro agravo de instrumento. No mérito, pugna pelo desprovimento do recurso, em face da anulação da arrematação. O Ministério Público, em parecer de fls. 740/743, opinou pelo desprovimento do agravo de instrumento. Agravo de Instrumento n /

3 É o relatório. Voto: Alexandre Gomes de Sousa moveu a Ação de Imissão na posse de um imóvel residencial localizado na Rua Né Marinho, n 120, bairro Jardim Lacerda, em Patos PB, que foi por ele arrematado na Ação de Execução Fiscal n , movida pelo INSS na Justiça Federal. A liminar requerida pelo promovente/agravante foi deferida (fls. 108), imitindo-o na posse do bem. Na Justiça Federal, Elizabeth de Oliveira moveu a ação tombada sob o n , de modo a anular a referida arrematação e, conforme sentença de fls. 686/691, seu pedido foi julgado procedente. Diante dessa sentença, a Juiza da causa originária deste recurso revogou a liminar. Contra essa decisão foi interposto o Agravo Interno n /003, a que foi negado seguimento em virtude da deficiência na instrução. Com a revogação da liminar, Elizabeth de Oliveira tentou notificar Alexandre Gomes de Sousa para que este desocupasse o imóvel, mas não obteve sucesso, oportunidade em que atravessou a petição acostada às fls. 695/696, requerendo a expedição de mandado para desocupação do imóvel. Atendendo ao pedido da promovida/agravada, a Magistrada determinou a intimação do autor para desocupar o imóvel, no prazo de dez dias. E, contra essa decisão, se insurge o recorrente. Pois bem. parte recorrida. Inicialmente, passo à análise da preliminar arguida pela 4, 3 Agravo de Instrumento n 025, / 004

4 DA PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO SUSCITADA PELA AGRAVADA Elizabeth de Oliveira, agravada, suscitou que o recurso não merece ser conhecido porque a decisão agravada já teria sido objeto de agravo de instrumento anteriormente manejado. É verdade que o princípio da unicidade recursal veda que a parte interponha dois recursos contra uma mesma decisão. Mas, em virtude das peculiaridades do caso em comento, entendo que não se aplica essa vedação. Isso porque a decisão que revogou a liminar de imissão de posse, objeto do agravo de instrumento n /003, não determinou a desocupação do imóvel discutido, tampouco fixou prazo para cumprimento dessa ordem, pontos explicitados na decisão agora agravada. Importa observar que, da mesma maneira que não se admite pedido genérico e abstrato, também não se pode aceitar uma decisão que deixou implícitos os seus efeitos. Assim, rejeito a preliminar. MÉRITO Quanto ao mérito, registre-se que este deve se limitar à determinação judicial de desocupação do imóvel, no prazo de dez dias. Ou seja, a matéria referente à revogação da liminar já foi objeto de outro agravo e, portanto, encontra-se preclusa. Assim, considerando que houve revogação da liminar que garantia o agravante Alexandre Gomes de Sousa na posse do imóvel, a desocupação deste bem é, a princípio, uma consequência lógica da perda da posse. Frise-se, por oportuno, que uma medida liminar, como a concedida nos autos originários, pode ser revista a qualquer tempo. e que uma decisão revogada não pode continuar surtindo efeitos. Na espécie, o agravante estava na posse do bem por força de uma liminar, ou seja, de forma precária, 4

5 e, diante da revogação dessa decisão, impõe-se a perda desse direito inicialmente assegurado. A jurisprudência é firme ao asseverar que, cassada a liminar ou cessada sua eficácia, voltam as coisas ao status quo ante, senão vejamos: AGRAVO DE INSTRUMENTO. BUSCA E APREENSÃO. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. REVOGAÇÃO DA MEDIDA LIMINAR. RETORNO AO STATUS QUO ANTE. LEGITIMIDADE. A extinção do processo cautelar em virtude do não-ajuizamento da ação principal no trintídio legal, na forma do art. 808, I, do Código de Processo Civil, implica a necessária revogação de eventuais liminares antes concedidas, com o retorno das partes ao status quo ante. Dessa forma, é legítima a expectativa de restituição do objeto litigioso, que deve ser postulada, contudo, por quem detinha o bem antes da efetivação da medida cautelar. Negado seguimento. (Agravo de Instrumento N , Décima Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Katia Elenise Oliveira da Silva, Julgado em 01/12/2008) O entendimento da Dra Janete Maria Ismael da Costa Macedo, Procuradora de Justiça, não destoa, conforme se pode observar do parecer de fls. 740/743, do qual extraio o trecho a seguir e adoto como razões de decidir: "A decisão merece ser mantida. (...) Ocorre que, mesmo após a revogação que o imitia na posse, o recorrente permaneceu na ocupação do imóvel, razão pela qual a Juíza de primeiro grau prolatou a retro decisão recorrida." (fls. 742) ao recurso. Ante o exposto, rejeito a preliminar e nego provimento Presidiu os trabalhos o Exm. Des. José Ricardo Porto. Participaram do julgamento, além da Relatora, Exma. Sra Maria 4 5

6 das Graças Morais Guedes, Juíza de Direito Convocada para substituir o Exm. Des. José Di Lorenzo Serpa, o Exm. Des. José Ricardo Porto e o Exm. Sr. Ricardo Vital de Almeida, Juiz convocado para substituir o Exm. Des. Manoel Soares Monteiro. Presente à sessão a Dra. Otanilza Nunes de Lucena, Procuradora de Justiça. Sala de Sessões da Egrégia Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, aos 24 dias do mês de maio do ano de , Maria das Graças Morais Guedes Juíza de Direito Convocada Relatora 6