PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA

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1 APELREEX Nº SE ( ) APELANTE: ANTONIO CARLOS DOS SANTOS ADVOGADOS: CARLOS EDUARDO REIS CLETO e outro APELADO: INSS INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL REPRESENTANTE: PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE ORIGEM: JUÍZO FEDERAL DA 1ª VARA - SE RELATOR: DES. FEDERAL LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA EMENTA PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA. ATRASADOS DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO CONCEDIDO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PARCELAS VENCIDAS A PARTIR DO AJUIZAMENTO DO WRIT. FALTA DE INTERESSE. VALORES COMPREENDIDOS ENTRE A DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO E A IMPETRAÇÃO. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. PAGAMENTO. DIREITO. 1. A cobrança das parcelas decorrentes de benefício previdenciário concedido em mandado de segurança vencidas a partir da data do ajuizamento do writ deve ser efetivada no bojo da referida ação mandamental, de modo que inexiste interesse processual, por inadequação da via eleita, para executá-las através de ação ordinária. 2. Considerando que a propositura da presente actio ocorreu em 07/03/2012, antes do transcurso do lapso quinquenal previsto no Decreto nº /32, que começou a fluir a partir do trânsito em julgado do mandamus, em 12/04/2007, constata-se a não ocorrência da prescrição da pretensão executória quanto às parcelas vencidas a partir da data do requerimento administrativo (24/10/2003) até a impetração do writ (11/05/2004), devendo ser assegurado o pagamento de tais valores. 3. Correção de erro material contido no dispositivo sentença, a fim de conste a data de 11/05/2004 em vez que 11/04/ Apelação e remessa oficial desprovidas. Erro material corrigido de ofício. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos em que figuram como partes as acima identificadas,

2 DECIDE a Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação e à remessa oficial e corrigir, de ofício, erro material contido no dispositivo sentencial, nos termos do Relatório, do Voto do Relator e das Notas Taquigráficas constantes dos autos, que passam a integrar o presente julgado. Recife, 13 de dezembro de 2012 (data de julgamento). LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA Desembargador Federal Relator 2

3 APELREEX Nº PE RELATÓRIO DESEMBARGADOR FEDERAL LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA (RELATOR): Trata-se de ação ordinária de cobrança de parcelas vencidas no interregno de 24/11/2003 e 31/03/2005, referentes de benefício de aposentadoria especial, concedido ao autor nos autos do Mandado de Segurança nº A sentença não conheceu da presente ação quanto ao pedido de pagamento dos valores vencidos no período posterior ao ajuizamento do referido mandamus, de 12/05/2004 a 31/03/2005, reconhecendo a coisa julgada e a falta de interesse processual, e julgou procedente o pleito no tocante ao período de 24/10/2003 a 11/05/2004, ou seja, da data do requerimento administrativo até a anterior à propositura da ação mandamental, considerando, neste último caso, que não ocorreu a prescrição da pretensão executória. Apela o autor, alegando, em suma, a inexistência de coisa julgada e a presença do interesse de agir, uma vez que esta Corte, nos autos do AGTR /SE, entendeu que seria possível o pagamento, naquele mandado de segurança, apenas das parcelas vencidas a partir de abril/2005, quando o INSS, intimado, deixou de cumprir a sentença ali proferida. Existência de remessa oficial. Sem contrarrazões. É o relatório. 3

4 APELREEX Nº SE VOTO DESEMBARGADOR FEDERAL LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA (RELATOR): reforma a sentença. No exame da questão devolvida a esta Corte, penso que não merece Com relação às parcelas vencidas após o ajuizamento do Mandado de Segurança nº , não subsiste o interesse processual do autor, por inadequação da via eleita, uma vez que devem ser executadas no bojo da ação mandamental os valores devidos a partir da sua propositura, devendo as quantias vencidas em período pretérito serem reclamadas administrativamente ou pela via judicial própria. Tal posicionamento decorre da interpretação da Súmula nº 271 do STF, bem como do art. 1º da Lei nº 5.021/66, vigente à época do trânsito em julgado do writ, texto este reproduzido no art. 14, 4º, da atual lei do mandado de segurança, Lei nº /09, in verbis: Súmula 271. Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria. Art. 1º O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias asseguradas, em sentença concessiva de mandado de segurança, a servidor público federal, da administração direta ou autárquica, e a servidor público estadual e municipal, sòmente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial. (grifei) Sobre o tema, colaciono os seguintes julgados desta Corte: PROCESSO CIVIL, ADMINISTRATIVO E CIVIL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. CANCELAMENTO INDEVIDO. RECONHECIMENTO JUDICIAL ANTERIOR. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS PARCIALMENTE ABRANGIDA PELO TÍTULO JUDICIAL ANTERIOR. FALTA DE INTERESSE DE AGIR PARCIAL EM SUA COBRANÇA NESTE FEITO. DANOS MATERIAIS REMANESCENTES. CABIMENTO. DANOS MORAIS. OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVA. SUCUMBÊNCIA MÍNIMA. 1. A ilicitude do ato administrativo de cancelamento do benefício previdenciário da Apelante (pensão por morte como menor designada) restou reconhecida, 4

5 através de título judicial transitado em julgado (fls. 57/60 e 74/87), no mandado de segurança n.º por ela proposto contra a autoridade impetrada vinculada ao INSS, tendo naquela ação sido determinado o restabelecimento de seu benefício a contar de seu ajuizamento (fl. 60). 2. A suspensão indevida do benefício previdenciário da Apelante gera-lhe, sem dúvida, o direito à recomposição de seu patrimônio atingido pelo ato administrativo ilegal com o pagamento das parcelas devidas não pagas na época própria. 3. O título judicial proferido no mandado de segurança acima indicado já lhe garante o pagamento dos valores a partir do ajuizamento daquela ação, sendo, portanto, passível de execução quanto a essa parcela dos danos materiais a ela devidos, razão pela qual há falta de interesse de agir da Apelante nessa parcela de sua pretensão inicial, devendo ser extinta esta ação, em parte, sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, inciso VI e parágrafo 3.ºm do CPC e cabendo a ela proceder à execução daquele título judicial nos próprios autos do mandado de segurança para sua percepção. 4. Quanto ao período em que seu benefício previdenciário ficou suspenso indevidamente anteriormente à impetração daquele mandado de segurança, impõe-se o acolhimento da pretensão inicial para condenar o INSS à reparação respectiva, com o pagamento das parcelas devidas não pagas, com atualização monetária e juros de mora na forma do Manual de Cálculos da Justiça Federal. 5. Em relação aos danos morais vindicados, embora caracterizado o ato ilícito do INSS, não restou comprovada nos autos a ocorrência de danos diversos daqueles de natureza material vinculados à privação financeira imposta pelo INSS, razão pela qual não é cabível a sua indenização, vez que, na hipótese, a ofensa à imagem, à honra e a ocorrência de dor moral não se presumem. 6. Em face da sucumbência mínima do INSS em relação à dimensão da pretensão inicial da Apelante (art. 21, parágrafo único, do CPC), impõe-se a manutenção da condenação sucumbencial imposta pela sentença apelada, vez que por ela aplicada, corretamente, a suspensão de sua exigibilidade, nos termos da Lei n.º 1.060/ Reconhecimento da falta de interesse de agir da Apelante em relação à pretensão de indenização dos danos materiais posteriores ao ajuizamento do mandado de segurança por ela anteriormente impetrado, declarando a extinção do processo sem resolução do mérito nessa parte (art. 267, inciso VI e parágrafo 3.º, do CPC), e julgamento como prejudicada de sua apelação nessa parte, dando-lhe provimento parcial no restante para reformar, em parte, a sentença apelada, condenando o INSS ao pagamento das parcelas devidas não pagas de seu benefício previdenciário entre a data de sua suspensão indevida e a impetração do mencionado mandado de segurança, com atualização monetária e juros de mora na forma do Manual de Cálculos da Justiça Federal. (1ª Turma, AC356058/RN, rel. Des. Federal Convocado Emiliano Zapata Leitão, DJE 28/10/2009, p.160) (grifei) PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. APELAÇÃO. RAZÕES RECURSAIS SOBRE MATÉRIA ESTRANHA AO FEITO. NÃO CONHECIMENTO. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO OBRIGATÓRIO. 5

6 ANÁLISE. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. PROCEDÊNCIA. EFEITOS FINANCEIROS RETROATIVOS LIMITADOS À DATA DO AJUIZAMENTO DO MANDAMUS. SÚMULA 269, DO STF. AÇÃO ORDINÁRIA PARA PAGAMENTO DAS PARCELAS VENCIDAS DESDE O REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO ATÉ A DATA DA IMPETRAÇÃO. INTERESSE PROCESSUAL. CARACTERIZADO. JUROS MORATÓRIOS DE 0,5% AO MÊS. CORREÇÃO MONETÁRIA. SEGUNDO O MANUAL DE CÁLCULOS DA JUSTIÇA FEDERAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 20, parágrafo 4O, DO CPC. PARCIAL PROVIMENTO. 1. Não merece conhecimento a apelação que trata de matéria diversa da discutida nos autos e, portanto, não vergasta os fundamentos e a conclusão apresentados na sentença. Deve ser analisada, contudo, a remessa obrigatória. 2. O interesse processual se configura pela resistência da autarquia previdenciária à postulação do particular. 3. O autor impetrou mandado de segurança, em , contra o Chefe do Serviço de Benefícios da Gerência Executiva do INSS de Mossoró - RN, a fim de ver concedida aposentadoria por tempo de contribuição, não obtida administrativamente. Foi confirmada a sentença concessiva da segurança em sede de julgamento da remessa oficial, perfazendo-se o trânsito em julgado, em , consolidando-se o dispositivo sentencial que determinou a implantação a partir da notificação da autoridade e o pagamento dos atrasados (assim consideradas as prestações devidas desde a data da impetração até a implantação), via precatório. Considerada a limitação temporal da retroação dos efeitos financeiros do decisum exarado em sede de remédio heróico (data do ingresso em juízo), o autor promoveu, em outubro de 2003, ação ordinária de cobrança dos valores devidos entre o requerimento administrativo ( ) e o início do pagamento judicialmente determinado no mandamus (leia-se: data da impetração). Evidente a inocorrência de prescrição. 4. A possibilidade de percepção da aposentadoria por tempo de contribuição é matéria protegida pelo manto da coisa julgada. 5. Em vista da restrição dos efeitos financeiros da concessão da segurança, que retrotraem apenas até a data da impetração do mandado de segurança, procede o pedido, formulado em sede de ação ordinária, de pagamento dos valores devidos desde a data do requerimento administrativo ( ) até a data de impetração do writ ( ), pois, a partir de então, os valores são passíveis de execução no âmbito do mandamus. 6. Juros de mora arbitrados em 0,5% (meio por cento) ao mês, conforme o art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, computados a partir da citação. 7. A correção monetária deve ser feita segundo o Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal. 8. Honorários advocatícios que merecem ponderação, considerada a regra do art. 20, parágrafo 4o, do CPC, devendo ser fixados em R$ 800,00 (oitocentos reais). 9. Pelo não conhecimento da apelação. 10. Pelo parcial provimento da remessa necessária, para reduzir o percentual de juros de mora e para diminuir a condenação em honorários advocatícios. (1ª 6

7 Turma, AC417989/RN, rel. Des. Federal Francisco Cavalcanti, DJ 17/09/2007, p. 984) (grifei) Ademais, observo ser descabida a alegação do autor de que este Tribunal, ao julgar o AGTR /SE, teria expressado o posicionamento de que apenas as parcelas vencidas em período posterior a 1º de abril de 2005 poderiam ser executadas no mandado de segurança. O que se depreende da leitura do julgado, cuja cópia repousa às fls. 89/98 destes autos, é que o autor/impetrante estava questionando, naquele recurso, somente os valores devidos a partir de abril/2005, conforme o relatório de fls. 89/90. Não há documentos que demonstrem ter sido requerida e discutida a possibilidade de pagamento das verbas devidas no período de 12/05/2004 (data da impetração) a 31/03/2005. No tocante as parcelas vencidas antes do ajuizamento do mandamus, de 24/10/2003 (data do requerimento administrativo) a 11/05/2004 (data anterior ao ajuizamento do writ), constata-se a não ocorrência da prescrição da pretensão executória, uma vez que o trânsito em julgado daquele feito ocorreu em 12/04/2007 (fl. 74), tendo a presente ação de cobrança sido ajuizada em 07/03/2012 (fl. 03), antes, portanto, do transcurso do lapso quinquenal previsto no Decreto nº /32, em conformidade com a orientação da Súmula nº 150 do STF: prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação. Vale ressaltar que a sentença do writ concedeu a segurança da forma como requerida na inicial daquele feito (fls. 88 e 26), ou seja, assegurou ao impetrante o direito à aposentadoria especial postulada administrativamente em 24/10/2003. Desse modo, deve ser mantida a sentença ora analisada, que garantiu ao autor o pagamento dos atrasados relativos ao período de 24/10/2003 a 11/05/2004 e extinguiu o processo sem apreciação do mérito quanto às parcelas vencidas após a impetração do mandamus, por falta de interesse processual. Por fim, há de ser corrigido, de ofício, erro material contido no dispositivo sentencial, no item 1 (fl. 156), a fim de que conste a data de , em vez de , pois, de acordo com a fundamentação de fls. 145/146, o juiz não conheceu da demanda quanto aos valores vencidos a partir da data da impetração, que ocorreu em 12/05/2004, segundo ele próprio afirma à fl Com essas considerações, NEGO PROVIMENTO À APELAÇÃO E À REMESSA OFICIAL e CORRIJO, DE OFÍCIO, erro material contido no dispositivo da sentença, a fim de que conste, no item 1, a data de , em vez de É como voto. 7