Superior Tribunal de Justiça

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1 RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN EMENTA TRIBUTÁRIO. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO POSITIVA DE DÉBITO COM EFEITO DE NEGATIVA. SÓCIO FIADOR NA EMPRESA. EXPEDIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. O art. 4º, II, da Lei 6.830/1980 dispõe que a execução fiscal poderá ser promovida contra o fiador. 2. É incontroversa a violação do referido artigo da lei de execução fiscal porque a responsabilidade do recorrido decorre de sua presença como fiador no contrato de parcelamento não adimplido. Não podem ser expedidas, portanto, as certidões dos artigos 205 e 206 do CTN. 3. Recurso Especial provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA Turma do Superior Tribunal de Justiça: "A Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques (Presidente), Assusete Magalhães e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Og Fernandes. Brasília, 13 de maio de 2014(data do julgamento). MINISTRO HERMAN BENJAMIN Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/05/2014 Página 1 de 5

2 RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN RELATÓRIO EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator): Trata-se de Recurso Especial interposto, com fundamento no art. 105, III, "a", da Constituição da República, contra acórdão assim ementado: TRIBUTÁRIO. CERTIDÃO POSITIVA DE DÉBITO COM EFEITO DE NEGATIVA (CPD-EN). SÓCIO FIADOR NA EMPRESA. INEXISTÊNCIA DE REQUISITOS À SUA RESPONSABILIZAÇÃO. EXPEDIÇÃO. PRECEDENTE DO STJ. 1. A sentença concedeu a segurança para garantir à parte impetrante o direito à Certidão Positiva de Débito com Efeito de Negativa. 2. O colendo STJ, sob os auspícios do recurso repetitivo (REsp nº /SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki), decidiu que é "pacífica a jurisprudência do STJ no sentido de que a simples falta de pagamento do tributo não configura, por si só, nem em tese, circunstância que acarreta a responsabilidade subsidiária do sócio, prevista no art. 135 do CTN. É indispensável, para tanto, que tenha agido com excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato social ou ao estatuto da empresa (EREsp /RS, 1ª Seção, DJ )". 3. A legislação tributária que regula a responsabilidade dos sócios (CTN) deve se sobrepor ao Termo de Confissão de Dívida no qual o sócio figurou como fiador. 4. Se o contribuinte não praticou nenhum ato que lhe impusesse a condição de responsável fiscal, não é o fato de ter sido fiador que lhe impedirá o direito líquido e certo de obter a certidão de regularidade fiscal, pois as normas do CTN são de aplicação imperativa, sobrepondo-se ao contrato de fiança avençado. 5. Apelação e remessa oficial não providas. (fl. 254, e-stj) Os Embargos de Declaração foram rejeitados (fl. 267, e-stj). A recorrente sustenta que ocorreu violação do art. 535, II, do CPC, do art. 4º, II, da Lei 6.830/1980 e dos arts. 205 e 206 do CTN. Não foram apresentadas contrarrazões. É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/05/2014 Página 2 de 5

3 VOTO EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator): Os autos foram recebidos neste Gabinete em O acórdão recorrido consignou: Eis, em síntese, o pleito do impetrante. Decido: Ao realizar uma análise perfunctória, deneguei a medida liminar requestada por entender que a garantia pessoal prestada pelo impetrante o impede de obter Certidão Negativa de débitos fiscais. No entanto, analisando melhor a questão, verifico que assiste razão ao impetrante. De fato, a legislação tributária e jurisprudência consolidada dos Tribunais Pátrios prescrevem que os sócios serão responsáveis pelos débitos tributários da sociedade apenas quando agirem com excesso de poderes, infração à lei, contrato social ou estatutos, de sorte que somente quando o sócio se enquadrar em tais hipóteses é que haverá a sua responsabilidade fiscal. O digno Procurador-Chefe da Fazenda Nacional, em suas informações, aduziu, em suma, que a responsabilidade do impetrante decorreria do fato de o mesmo ter assumido a condição de fiador no contrato de confissão de dívida firmado em e não em razão de ter sido sócio-cotista da pessoa jurídica devedora. Ora, se o impetrante não praticou nenhum ato que lhe impusesse a condição de responsável fiscal, não é a condição de fiador que lhe impedirá o direito líquido e certo de obter a certidão de regularidade fiscal, pois as normas do Código Tributário Nacional são de aplicação imperativa, sobrepondo-se, desta feita, ao contrato de fiança outrora avençado. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região já teve a oportunidade de apreciar o assunto em análise, decidindo que a legislação tributária que regula a responsabilidade dos sócios deve se sobrepor ao Termo de Confissão de Dívida no qual o sócio figurou como fiador, cujo principal trecho do acórdão se transcreve abaixo: (...) Por tais razões, reconsidero a decisão prolatada às fls. 167/169, para conceder a medida liminar requestada, determinando-se às dignas autoridades coatoras que forneçam ao impetrante, imediatamente, Certidão Positiva com efeitos de Negativa em relação ao débito questionado (CDA ). Intimem-se. Após conceda-se vista ao Ministério Público Federal. Expedientes necessários com urgência. Fortaleza, data supra. Em sendo assim e por conta das razões expostas, tendo em vista que por ocasião do deferimento da liminar restou evidenciado que a parte Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/05/2014 Página 3 de 5

4 impetrante não praticou nenhum ato que tivesse o condão de lhe atribuir responsabilidade fiscal, concedo a segurança requestada, ratificando a liminar de fls. 174/176. (fls ,e-STJ) O art. 4º, II, da Lei 6.830/1980 assim dispõe: Art. 4º - A execução fiscal poderá ser promovida contra: (...) II - o fiador; Assim sendo, é incontroversa a violação do referido artigo da Lei de Execução Fiscal porque a responsabilidade do recorrido decorre de sua presença como fiador no contrato de parcelamento não adimplido, portanto não pode ser expedida as certidões dos artigos 205 e 206 do CTN. Ante o exposto, dou provimento ao Recurso Especial. É como voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/05/2014 Página 4 de 5

5 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2014/ PROCESSO ELETRÔNICO REsp / CE Números Origem: PAUTA: 13/05/2014 JULGADO: 13/05/2014 Relator Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. ELIZETA MARIA DE PAIVA RAMOS Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI AUTUAÇÃO ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Crédito Tributário - CND / Certidão Negativa de Débito CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques (Presidente), Assusete Magalhães e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Og Fernandes. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/05/2014 Página 5 de 5