Aula 11. II - TEORIA GERAL DO DIREITO DOS CONTRATOS (Cont...) 14. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS. Turmas: 5º DIV, 5º DIN-1 e 5º DIN-2

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1 CURSO DE DIREITO - 1º SEMESTRE/ Prof a.: Helisia Góes Disciplina: DIREITO CIVIL III CONTRATOS Turmas: 5º DIV, 5º DIN-1 e 5º DIN-2 Aula 11 DIREITO DOS CONTRATOS II - TEORIA GERAL DO DIREITO DOS CONTRATOS (Cont...) 14. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS Os contratos podem ser classificados doutrinariamente em várias categorias, dependendo do ponto de vista do estudo a ser realizado. A própria legislação utiliza a classificação para determinar as conseqüências jurídicas de uma determinada relação contratual. Ex.: a regra da exceção de contrato não cumprido, prevista nos arts. 476 e 477 do CC, somente poderá ser aplicada aos contratos bilaterais; a regra da resolução por onerosidade excessiva, prevista nos arts. 478 a 480 do CC, somente poderá ser aplicada aos contratos de execução continuada ou diferida. Vale observar, ainda, que a classificação de um contrato deve levar em consideração o momento da formação do contrato, e não qualquer outro momento posterior. Assim, temos a seguinte classificação, com base nas doutrinas indicadas ao final: 1) Quanto à tipificação legal (Previsão Legal) 1.1) Típicos (Nominados) que estão tipificados (disciplinados) em lei (CC ou lei extravagante). Ex: Contrato de Locação de Imóveis (Lei n /91), de compra e venda, de doação. 1.2) Atípicos (Inominados) aqueles que não estão previstos na lei e, portanto, serão regidos pelas normas da teoria geral das obrigações, da teoria geral dos contratos e, por analogia, de outros contratos (art. 425, CC). Ex.: contrato de alienação fiduciária de imóveis. ATENÇÃO: As regras gerais estabelecidas no Código Civil, relativas à Teoria Geral das Obrigações e dos Contratos, devem ser aplicadas tanto nos contratos típicos, como nos atípicos. Entretanto, quando se produz um contrato atípico, em função da ausência de regras legais específicas, deve-se trabalhar de maneira bastante minuciosa, visto que sua interpretação será mais difícil, dependo sobremaneira das regras fixadas pelos próprios contratantes. 2) Quanto ao Aperfeiçoamento do Contrato 2.1) Consensuais são aqueles que estão perfeitamente concluídos no momento em que as partes entram em acordo, ou seja, com o mero consentimento (manifestação de vontade). São celebrados solo consensu. Não tem forma especial exigida na lei, portanto, podem ser verbais, escritos, mímicos, tácitos. Representam a maioria dos contratos (art. 108, CC). 2.2) Reais são aqueles que somente se aperfeiçoem com a entrega da coisa objeto do contrato (tradição). Somente com a entrega do objeto o contrato será tido como cumprido. Ex.: Depósito, Mútuo. 3) Quanto à forma 3.1) Não-Solenes quando a validade e a eficácia do contrato independem de forma determinada pela lei. Ex.: contratos com valor inferior ao décuplo do salário mínimo vigente no país (arts. 108, CC e 401, CPC).

2 CURSO DE DIREITO - 1º SEMESTRE/ ) Solenes são aqueles que dependem de forma prescrita em lei, para serem válidos e eficazes. Ex.: arts. 108, 109, 215, CC. ATENÇÃO: Pela disposição contida no art. 107 do CC verificamos que, em regra, os contratos poderão ser celebrados por qualquer forma mas, excepcionalmente, deverão obedecer a forma prescrita na lei. *Obs.1: Venosa (2009, p ) faz uma distinção entre contratos formais e contratos solenes. Nos contratos solenes a forma é da substância do ato e nos contratos formais serve apenas como meio de prova do mesmo. Nesse sentido, entende que se o contrato for solene, o desatendimento à forma gera nulidade absoluta. Enquanto que, se o contrato for tão somente formal, como nos casos em que a lei exige apenas forma escrita, a nulidade nem sempre será uma conseqüência do desatendimento ao ditame legal. 4) Quanto à reciprocidade das prestações (Benefício das Partes) 4.1) Onerosos são aqueles em que ambas as partes suportam um ônus correspondente à vantagem que obtêm. Aqui, uma prestação corresponde a uma contraprestação. Podem ser Comutativos ou Aleatórios. Tais contratos são distintos daqueles que impõem ao sujeito apenas um encargo ou condição. Existe reciprocidade de direitos e obrigações entre as partes. Ex.: Compra e venda, Troca, Locação e Empreitada. 4.2) Gratuitos ou Benéficos são aqueles que não existe previsão de ônus para a vantagem obtida por uma das partes. São chamados de atributivos, pois realizam apenas uma atribuição benéfica de uma das partes para com a outra, sem qualquer espera de retorno direto. Ex.: Doação Pura (sem encargo), Comodato, Mútuo (sem pagamento de juros), Depósito e Mandato Gratuito. *Obs.2: Para o doutrinador Fiúza, mesmo nas doações com encargo ou condição, não se pode falar em contraprestação, porque a vantagem não visa beneficiar o doador, nem tem uma correlação proporcional com a vantagem recebida pelo donatário. ATENÇÃO: Existem contratos que podem ser estabelecidos tanto na forma gratuita como na onerosa, dependendo de cada caso concreto. Ex.: mútuo, depósito, mandato, fiança. *Obs.3: O art. 114 do CC estabelece a regra da interpretação restritiva para os contratos benéficos. E o art. 552, da mesma lei, determina que o doador não fica sujeito à evicção e nem à reparação por vícios redibitórios, o que se aplica somente aos contratos onerosos. Ainda, a lei civil apresenta maior severidade para a revogação do negócio gratuito por fraude contra credores (arts. 158 e 159). *Obs.4: A onerosidade do contrato pode ser elemento relevante para a concessão ou não de direitos (usucapião, interpretação do contrato, responsabilização quanto a evicção ou por vícios ocultos). 5) Quanto às obrigações das partes (Deveres das Partes) 5.1) Bilaterais são aqueles em todas as partes assumem obrigações recíprocas. Também são chamados pela doutrina de sinalagmáticos ou de prestações correlatas, ou com prestações recíprocas. Ex.: Compra e Venda (o vendedor tem a obrigação de entregar a coisa, mas poderá exigir o pagamento do preço pelo comprador; da mesma forma o comprador tem a obrigação de pagar o preço, mas pode exigir a entrega da coisa pelo vendedor). São também, por tradição, bilaterais a cessão onerosa de direitos, a troca ou permuta, a locação de coisas, a empreitada, a sociedade, a doação com encargo, o mandato oneroso, a fiança onerosa, o jogo e a aposta. ATENÇÃO: O Código Civil estabelece regra específica para essa categoria de contratos, a chamada exceção de contrato não cumprido ( exceptio non adimpleti contractus ), onde uma parte não pode ser forçada a cumprir sua obrigação se a outra parte não cumpriu a sua (arts. 476 e 477). 5.2) Unilaterais são os contratos em que uma apenas uma das partes assume obrigações. Ex.: Depósito (somente o depositário assume a obrigação de cuidar do bem objeto do contrato), Doação

3 CURSO DE DIREITO - 1º SEMESTRE/ Pura e Simples (somente o doador assume a obrigação de transferir o domínio do bem objeto do contrato). São também, por tradição, unilaterais o mandato gratuito, a fiança, o comodato e o mútuo. *Obs.5: Para Stolze e Pamplona (2008, p ) existe uma terceira espécie, os chamados contratos Plurilaterais ou Multilaterais (quando existem mais de dois contratantes, com direitos e obrigações. Ex.: Contrato de Constituição de Sociedade. Preferimos adotar o entendimento de Venosa (2009, p ), para quem a distinção reside na carga de obrigação das partes, e não no número de contratantes. Ademais, este último autor observa que os Contratos Plurilaterais têm um aplicação diferenciada, visto que cada contratante poderá ter direitos e obrigações específicos, bem como a intenção de contratar pode ser convergente ou divergente (p ). ATENÇÃO: A análise legal da responsabilidade dos contratantes pelo risco do contrato ocorre de maneira diferente, caso este seja bilateral ou unilateral. Assim, segundo o art. 392 do CC, nos contratos benéficos (unilaterais), responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça; e nos contratos onerosos (bilaterais), responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei. *Obs.6: Em regra todo contrato oneroso é também bilateral; todo contrato gratuito é também unilateral. Entretanto, existem exceções. Ex.: Mútuo com pagamento de juros (unilateral e oneroso) O mutuante não tem a obrigação de repassar o numerário ao mutuário, mas o contrato somente produz efeitos depois deste ato; Mandato (bilateral e gratuito) o mandante pode até não remunerar o mandatário, mas tem que arcar com as despesas do serviço. *Obs.7: Apenas os contratos bilateriais admitem a execptio non adimpleti contratus (exceção do contrato não cumprido 476, CC), a exceptio non adimpleti rite contratus (descumprimento parcial, incompleto ou defeituoso 477,CC) e a resolução pela onerosidade excessiva (478 a 480, CC). *Obs.8: Em contratos paritários, as partes podem fixar cláusula renunciando à proteção do art. 476, CC. É a chamada Cláusula solve et repete (pague primeiro e reclame depois). 6) Quanto à previsibilidade das prestações (Riscos no Contrato) Aplicável apenas aos Contratos Onerosos 6.1) Pré-estimados ou Comutativos são aqueles em que a prestação, de ambas as partes, é determinada no momento da celebração contratual. Assim, os contratantes conhecem, desde o início, suas respectivas prestações. Ex.: Locação. 6.2) Aleatórios ou De Esperança (458/461, CC) são aqueles em que, pelo menos uma das prestações, é incerta, pois depende de acontecimento futuro e duvidoso. Uma, ou ambas, as partes assume o risco do fato não acontecer, ou da coisa não existir. Fundamenta-se pela sorte, para pelo menos um dos contratantes. Ex.: Seguro, Jogo e Aposta, Constituição de Renda, Cessão de Herança. *Obs.9: O Contrato Aleatório não pode ser confundido com a Cláusula Condicional, pois esta depende do exclusivo arbítrio das partes, como elemento acidental. Tal condição pode ser resolutiva ou suspensiva. Ex.: João, pretendendo viajar, deixa a cargo de outra pessoa a realização de um certo pagamento. Assim, a realização da condição imposta depende apenas da atuação de uma das partes, sem vínculo com o fator sorte. ATENÇÃO: A responsabilidade por vícios redibitórios (441, CC) somente poderá ser exigida nos contratos comutativos, não cabendo tal regra para os aleatórios. *Obs.10: O Contrato Aleatório é disciplinado pelo Código Civil, de maneira específica (458 a 461). 7) Quanto ao momento da execução

4 CURSO DE DIREITO - 1º SEMESTRE/ ) De execução imediata ou Instantâneo que devem ser executados no momento da celebração. Quando os direitos e obrigações das partes são realizados no mesmo momento da celebração do contrato. Ex.: Compra e Venda à vista. 7.2) De execução futura ou De Duração Podem ser: 7.2.1) De execução diferida que são executados em momento posterior à celebração. Ex.: Compra e venda à prazo ) De execução sucessiva (Trato Sucessivo) são os contratos em que a obrigação permanece, apesar dos pagamentos periódicos. Ex.: Contrato de locação. ATENÇÃO: A resolução por onerosidade excessiva, prevista nos arts. 478 a 480 do CC, somente se aplica aos contratos de execução futura. Ademais, a resolução por inexecução, no contrato instantâneo, deve restabelecer o status quo das partes. Diferentemente, no contrato de duração os efeitos já produzidos não devem ser alcançados pela referida resolução. 8) Quanto ao prazo 8.1) Por prazo determinado são aqueles contratos que possuem prazo certo, fixado pelas partes, para o termino da sua vigência. O simples decurso do prazo, ou seja, o advento da data encerra o contrato, sem a necessidade de que uma parte comunique a outra. Ex.: Compra e Venda à vista. 8.2) Por Prazo Indeterminado são aqueles que não possuem data certa para sua extinção, ou período para sua vigência. Uma parte precisará dar ciência à outra da sua intenção de encerrar o contrato. *Obs.11: Com fundamento nos arts. 46, 1º e 47 da Lei n /91 (Lei do Inquilinato), aplica-se, como regra geral, o entendimento de que os contratos por prazo determinado passarão a vigorar por prazo indeterminado, se após o término do prazo inicialmente fixado, as partes mantiverem a execução do seu objeto. *Obs.12: A regra contida no art. 473 do CC (Resilição Unilateral) deverá ser aplicada apenas aos contratos por prazo indeterminado. 9) Quanto à amplitude do vínculo 9.1) Individuais são os contratos que obrigam apenas as partes que tomam parte na celebração. Forma-se pelo consentimento de pessoas que tem sua vontade individualmente considerada. Ex.: Locação. 9.2) Coletivos ou Normativos quando os contratos se formam pela vontade de grupo organicamente considerado. Portanto, geram obrigação para todos que pertencem ao grupo, mesmo que não tenham participado diretamente da celebração. As pessoas que se obrigam são incertas e não determinadas em sua individualidade. Ex.: Convenção Coletiva de Trabalho. 10) Quanto à negocialidade (Discussão das Cláusulas) 10.1) Negociáveis ou Paritários quando as cláusulas contratuais forem fruto de discussões e debates entre ambas as partes. Também chamado de Contrato Paritário. 10.2) Adesão Este se celebra pela aceitação de uma das partes de cláusulas contratuais gerais propostas pela outra (ver art. 54, CDC). 10.3) Contrato-Tipo Contrato formulário, que decorre da vontade das partes, mas já apresenta um modelo padrão, que pode ter cláusulas inseridas à mão ou por procedimento mecânico. 11) Quanto ao conteúdo fiduciário (Confiança) 11.1) Impessoais são aqueles celebrados entre partes que não se importam com quem seja o outro contratante, desde que suas expectativas sejam satisfeitas. Ex.: Compra e venda.

5 CURSO DE DIREITO - 1º SEMESTRE/ ) Pessoais ou Intuito Personae são aqueles que se realizam com base na confiança recíproca entre as partes. Neste caso, a pessoa que vai contratar é extremamente importante. Também chamados de personalíssimos. Tais contratos somente podem ser realizados pelo próprio devedor. Ex.: contratação de uma pessoa para escrever um livro. 12) Quanto ao grau de interdependência (Reciprocidade): baseada na idéia do art. 92, do CC. 12.1) Principais são formados independentemente de qualquer outro negócio. São autônomos. 12.2) Acessórios se formam em função e em razão de outro negócio. Não são autônomos. Ex.: contrato preliminar, fiança. ATENÇÃO: A nulidade do contrato acessório não contamina, necessariamente, o contrato principal. Já a nulidade do contrato principal atinge, de maneira direta, o acessório. 13) Quanto à Definitividade: baseada na idéia do art. 92, do CC. 13.1) Preliminares antecedem os definitivos e têm por objeto a promessa de realização destes. 13.2) Definitivo que já tem como objeto uma obrigação principal. O contrato propriamente dito. 15. CONTRATO PRELIMINAR (arts. 462 a 466, CC) Este instituto já existia no âmbito jurídico, mas ainda não era disciplinado pelo Código Civil anterior. A Lei de Incorporações (4.591/64) e a Lei de Loteamentos (6.766/79) já reconheciam a possibilidade do Contrato Preliminar. Nesse sentido, o Código Civil de 2002 adaptou-se às mudanças sociais e inseriu o instituto em seu bojo. É aquele utilizado pelos contratantes para realização de um comprometimento, acerca da realização de outro contrato futuro. Especificamente, Contrato Preliminar é aquele pelo qual as partes comprometem-se a celebrar, posteriormente, outro contrato, denominado principal ou definitivo. Para Ricardo Pamplona o Contrato Preliminar é uma avenca através da qual as partes criam em favor de uma ou mais delas a faculdade de exigir o cumprimento de um contrato apenas projetado. Também pode ser chamado de Contrato Provisório, Contrato de Promessa, Compromisso, Contrato Preparatório ou Pré-Contrato. Objeto: a obrigação de fazer um contrato definitivo. Partes: serão identificadas como promitentes. Ex.: Promessa de Compra e Venda (Promitente- Vendedor e Promitente-Comprador); Promessa de Locação (Promitente-Locador e Promitente- Locatário). *Obs.1: Tal contrato é utilizado quando as partes, na impossibilidade de celebrar imediatamente o contrato principal, fixam compromisso para o futuro, a fim de garantirem a realização do negócio principal, bem como visando a vinculação obrigacional imediata. Natureza Jurídica: Primeiramente, é um negócio jurídico. obrigação acessória. *Obs.2: Apesar de haver certa oposição na doutrina, o entendimento mais aplicado atualmente é o de que o Contrato Preliminar é figura distinta do Contrato Principal (Definitivo), especialmente pelos seus objetos, visto que no primeiro será a obrigação de realizar o principal, e no segundo a própria obrigação substancial.

6 CURSO DE DIREITO - 1º SEMESTRE/ Exemplos: Contrato de Promessa de Compra e Venda de Imóvel - onde o objeto será a obrigação de realizar o Contrato de Compra e Venda de Imóvel (Contrato Principal que tem por objeto a própria compra e venda do imóvel). ATENÇÃO: Não pode ser confundido, em hipótese nenhuma, com as negociações preliminares, posto que já configura vínculo contratual entre as partes. Requisitos de Validade: deverá seguir os mesmos requisitos de validade exigidos para a realização do Contrato Principal. Exemplo: os sujeitos devem ser capazes (tanto genérica como contratualmente), o objeto deve ser possível (tanto material como juridicamente), forma livre (462, CC). Se o pré-contrato versar sobre venda de imóvel deverá constar a assinatura do cônjuge do promitente-vendedor, deve ser feito na forma escrita e pública, deve ocorrer o registro imobiliário (463, Parágrafo único, CC). Devem estar presentes os requisitos essenciais, também chamados de cláusulas comuns essenciais, tais como partes, objeto, prazo, preço, pagamento, obrigação de ambas as partes, rescisão e foro: a) Na identificação das partes deve constar a qualificação da pessoa física ou jurídica envolvida na relação contratual. b) Na cláusula do objeto deve ser incluído o objeto do contrato, mencionando qual a finalidade. c) Na cláusula do prazo deverá estar contido o período de vigência do instrumento contratual, ou seja, seu tempo de duração. d) Na cláusula de pagamento deverá se estipular o valor do contrato, e é com base nesse valor que deverá ser feita uma projeção para a cobrança de multa (cláusula penal), se for necessário. e) A cláusula que prevê as obrigações das partes deve detalhar os deveres e as responsabilidades a que cada uma se obriga. f) Na cláusula de rescisão deverão constar as condições para se rescindir o contrato e a eleição do foro competente. g) Finalmente, deve haver assinatura de testemunhas pois, com isso, temos a garantia de que nenhuma das partes foi coagida a assinar o contrato e que, ambas, firmaram o acordo através de um consenso. *Obs.3: Pablo Solze entende que o Contrato Definitivo pode conter mais cláusulas do que o Contrato Preliminar, afirmando que a regra legal deve ser interpretada com razoabilidade para se entender que a exigência é somente quanto aos requisitos essenciais (entenda-se, os elementos de existência e validade do negócio jurídico), e não quanto ao inteiro conteúdo do pactuado. Forma: em regra livre, excepcionalmente deve obedecer aos ditames legais (462, CC). *Obs.4: Destacamos que, nos termos do CC, a forma escrita somente será exigida se o Contrato Principal contiver tal requisito. Entretanto, o contrato devidamente formalizado é essencial para um eventual ajuizamento de ação, pois poderá constituir-se no único meio de prova da parte possui Existe divergência jurisprudencial. Para Venosa, o Contrato Preliminar não precisa atender às mesmas formalidades do principal (2009, p. 416). Classificação: seguindo a orientação doutrinaria de Stolze, temos os critérios abaixo. 1) Quanto à Exigibilidade: 1.1) Unilateral: a faculdade de exigir o cumprimento do contrato reserva-se, única e exclusivamente, a uma das partes. A outra parte contrai uma obrigação, sendo que seu adimplemento ficará subordinado à vontade da parte que pode exigi-lo. Ex.: promessa de doação e venda a contento. Ver art. 466, CC. 1.2) Bilateral: cada parte pode exigir da outra a execução do contrato, segundo sua extensão e efeitos. Ex.: promessa de compra e venda.

7 CURSO DE DIREITO - 1º SEMESTRE/ ) Quanto à Retratabilidade: somente se aplica aos contratos bilaterais. 2.1) Retratável: aquele que contém a Cláusula de Arrependimento. 2.2) Irretratável: não admite o arrependimento das partes, podendo ser considerado, inclusive, como um direito real. *Obs.5: Nesse sentido, se ocorrer a desistência injustificada de uma das partes, sem previsão contratual de tal arrependimento, poderá a outra parte exigir, coativamente, o adimplemento, sob pena de multa, que poderá ser fixada no próprio contrato ou pelo juiz. Além da multa caberá, ainda, a reparação por perdas e danos comprovados (463 e 464, CC). *Obs.6: Se o objeto do Contrato Principal for uma prestação de serviços, não haverá possibilidade real de realização coativa do mesmo. Entretanto, poderá o juiz, por provocação da parte prejudicada, fixa multa diária até a realização do serviço e, na sua efetiva inadimplência, determinar o pagamento de indenização por perdas e danos. 3) Quanto à onerosidade: 3.1) Oneroso: quando se pactua o pagamento de uma retribuição, como forma de contraprestação apenas do exercício de direito potestativo de realização do contrato. Ex.: unilaterais. 3.2) Gratuitos: quando se apresenta o direito subjetivo de exigir a contratação, independente dos efeitos pecuniários do contrato definitivo. Ex.: bilaterais. Transmissibilidade: O Contrato Preliminar é transmissível (tanto inter vivos, como causa mortis), salvo se for intuito personae ou se houver cláusula contratual impeditiva. Exigibilidade: A parte prejudicada pela desistência da outra parte, pode exigir o cumprimento da obrigação (639, CPC). Porém, a execução coativa do contrato depende da natureza da obrigação Não Obrigatoriedade: Resumidamente, podemos entender que o Contrato Preliminar legalmente formalizado e, quando o objeto exigir, regularmente registrado em cartório, tem força executiva para obrigar as partes a realizarem o Contrato Principal. Tal obrigação somente não será realizada se: a) Houver cláusula expressa prevendo o arrependimento das partes. Neste caso, caberá o pagamento de multa contratualmente prevista, bem como devolução de arras (ou sinal), nos termos do que for pactuado, ou na ausência de previsão contratual, nos termos da lei (463, CC). b) Não for possível obrigar o desistente a realizar o Contrato Principal, pela própria natureza do objeto. Neste caso, poderá o juiz determinar o pagamento de multa (contratual ou legal), bem como de indenização por perdas e danos, além de devolução de arras (se houver) 464, CC. c) O estipulante não der execução ao contrato e a outra parte considerá-lo desfeito, podendo exigir perdas e danos (465, CC). d) Ambas as partes desistirem, o que configurará um novo consenso. Viabilidade do Contrato Preliminar Entendemos que é recomendável firmar um contrato preliminar quando ainda não se definiu os detalhes que devem, efetivamente, constar no contrato final. Pode ser usado se as partes pretendem realizar, por exemplo, um Termo de Compromisso para autorização de veiculação de imagem, mas ainda não se tem o local definido para a gravação, ou a mídia autorizada para uma determinada campanha ou, ainda, por simples conveniência pessoal das partes. O fato é, independente do motivo, o contrato preliminar obriga as partes a contratar, exerce força vinculante. BIBLIOGRAFIA: FIUZA, César. Direito Civil Curso Completo. 10ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2007; GAGLIANO, Pablo Stolze. PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil. 4.ed. Tomo 1.V. IV. São Paulo: Saraiva, 2008; VENOSA, Sílvio de Salvo. Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. Vol ed. São Paulo: Atlas, 2009.