Corpo, Gênero e Sexualidade: reflexões para o campo Educacional.
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- Ana Igrejas Lage
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1 Corpo, Gênero e Sexualidade: reflexões para o campo Educacional. de. 3 FERNANDES, Luís A. Bitante 1 ; QUEIROZ, Valéria M. 2 ; ALMEIDA, Neil F P Palavra-Chaves: Gênero, Corpo, Sexualidade, Educação. Introdução: A proposta deste projeto foi a criação de um Grupo de Extensão e de caráter de Pesquisa em que se propôs debater, junto à comunidade (interna e externa a universidade), em que numa primeira etapa assumiu como embasamento teórico, as categorias analíticas de corpo, gênero e sexualidade, propiciando assim elementos para a construção de reflexões críticas da organização social e de ações pedagógicas dentro e fora da escola, que contemple um conjunto de ações processuais contínuas, de caráter social, educativo, cultural, científico e tecnológico. Para segunda etapa do projeto, implementou-se estratégias de atuações junto à comunidade escolar do Médio Araguaia, enfocando as temáticas acima citadas, como forma de vivenciar a relação teoria-prática desses conteúdos, assim proporcionando à comunidade em geral o acesso aos conhecimentos construídos ao longo do primeiro semestre de Das discussões teóricas, sobre corpo, gênero e sexualidade, criou-se um conjunto de estratégias para atuação na docência, tanto, no interior da escola, bem como no exterior da escola, por meio das vivências e práticas do professores que participaram do projeto. Justificativa: Justifica-se a relevância deste projeto de extensão pela complexidade e multiplicidade emergente da temática de corpo, gênero e sexualidade na sociedade contemporânea, sendo, a escola, um dos lócus principais para a contextualização dessas temáticas. O tema presente, no âmbito escolar, foi legitimado desde 1997, do século passado, com a criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) 1 ICHS/CUA/UFMT bitante67@hotmail.com.br 2 ICHS/CUA/UFMT v.m.queiroz@uol.com.br 3 ICBS/CUA/UFMT neilfranco010@hotmail.com 1
2 destacando o volume dez Pluralidade Cultural e Orientação Sexual o qual remete a ações que são reproduzidas nas relações dentro e fora da escola. Sendo assim, justifica-se também pela importância de se discutir e debater com professores(as) da educação básica e alunos(as) em formação acadêmica questões de corpo, gênero e sexualidade, bem como, desconstruir ideias formadas e enraizadas em valores tradicionais que sustentam uma ordem social de poder e privilégios de uns em detrimentos de outros, possibilitando com essa discussão implementar estratégias de ações que viabilizem possibilidades de mudanças nas práticas educacionais. Base Teórica: É muito comum, ainda nos dias de hoje, atribuir determinar modos de vida de homens e mulheres a partir de suas características biológicas, fazendo com que haja um modo típico e diferenciado de pensar, agir e sentir para cada um deles, sobretudo no que se refere às formas de vivência da sexualidade e construção do gênero. Ao pensarmos no modelo essencialista que desde o século XVII vem influenciando as concepções de sujeito humano, fundamentado principalmente no referencial biológico, estamos falando em sexo e, portanto, nos referindo aos aspectos físicos, biológicos de macho e fêmea. São essas algumas diferenças que se encontram em nossos corpos, homens possuem uma genitália masculina, representado pelo pênis e, mulheres possuem uma genitália feminina representada pela vulva. Após certa idade, mudanças serão distintamente enfatizadas nos corpos; meninos irão ejacular e as meninas menstruar, a voz engrossará nos primeiros e afinará nos segundos; os pelos serão distribuído de maneira diferente pelo corpo e, dentre outras, só à menina caberá a condição de gestação. Esses efeitos biológicos diferenciadores das estruturas culturais de cada gênero, impõem historicamente hierarquias de saberes e poderes que incidem na forma como vidas de homens e mulheres se constituem socialmente, desencadeando distintas formas de valorização do masculino e do feminino em função da multiplicidade de maneira que, através de seus corpos, homens e mulheres constituem suas identidades sociais. 2
3 Subsidiados nos estudos de Guacira Louro (1997) compreenderam como identidades sociais o entrelaçar das diversas dimensões identitária na composição do sujeito humano, quais sejam: o gênero, a sexualidade, a raça, a etnia, a classe social, etc. Portanto, essas composições nem sempre sustentam o discurso da linearidade e legitimidade abarcado pela modernidade, afinal, como descreve Louro (2003), o sujeito humano ocidental é determinado a partir do modelo heterossexual, adulto, de cor branca, cristão e classe média, o que implica na desvalorização social de todos/as aqueles/as que não se adéquam a essa estrutura. Tipo/Descrição do Público Atingido: O projeto de extensão destinou-se em criar um vínculo entre universidade e comunidade, no Médio Araguaia, contemplando professores(as) da rede de ensino pública e privada e alunos(as) de graduação da Universidade do Federal do Mato Grosso CUA e representantes da comunidade organizada, pois a discussão do tema envolve vários setores e instituições desta comunidade. Desta forma, o projeto procura atingir um público que, possivelmente, se constituirá como retransmissores de conhecimentos e ações. Objetivos: Objetivos Gerais: Propor um espaço de estudo e reflexão enfocando as temáticas de corpo, gênero e sexualidade e suas implicações no cotidiano escolar. Objetivos Específicos: - compreensão dos aspectos histórico-sócio-culturais da construção do corpo, do gênero e da sexualidade; - analisar como as temáticas corpo, gênero e sexualidade são propostas pelos documentos de orientação educacional (PCNs; Brasil sem Homofobia) - contextualizar as questões de corpo, gênero e sexualidade no âmbito escolar e das relações fora da escola; - propor estratégias de intervenção na escola com relação às temáticas; 3
4 Objetivos Alcançados: De acordo com os objetivos propostos no projeto, os debates desenvolvidos proporcionaram uma apropriação das categorias estudadas, que deram suporte para os participantes iniciarem uma leitura crítica de seus espaços de atuação, tanto nas escolas de origem, no que diz respeito as docentes da rede pública de ensino, bem como os discente do Campus do Araguaia - UFMT. Assim, os objetivos foram alcançados em quase sua totalidade, pois verificou-se que em se tratando de uma heterogeneidade dos participantes em relação ao conhecimento teórico do tema proposto, alguns aprofundamentos não se deram por completo. Metodologia Metodologicamente o projeto realizou-se no primeiro semestre do corrente ano por meio de encontros temáticos, quinzenais, com temas previamente orientados de acordo com a bibliografia sugerida para o desenvolvimento das atividades. Cabe ao coordenador e colaboradores a orientação dos debates e seminários temáticos a serem desenvolvidos. O grupo foi avaliado pela participação e pela produção de artigos que serão publicados em semanários municipais e estaduais, como parte dos resultados da elaboração de estratégias de práticas pedagógicas. Conclusões e Perspectivas: Ao propormos trabalhar temas que ainda se apresentam como tabus sociais, a resposta da comunidade demonstrando interesse pelo assunto se mostrou significativo. A expectativa inicial era preenchermos as vagas propostas inicialmente. Verificou-se que, por parte da comunidade externa, a procura inicial foi muito grande, tendo uma procura interna dentro dos padrões esperados. Desta forma, as discussões acerca de experiências de práticas educativas se fizeram mais presentes, o que, por um lado, foi muito interessante para pensarmos em novas propostas de atividades com esse público. Por outro lado, notamos que há 4
5 a necessidade de se fazer um trabalho mais efetivo junto aos jovens para que possa acrescentar em suas formações formas de reflexão que os levem a ter uma visão menos preconceituosa das relações em sociedade. As perspectivas de trabalhos futuros deste grupo é de aprofundarmos as discussões com o público inicial (participantes da primeira etapa) e propormos atividades para outros grupos mais específicos, desenvolvendo atividades nas unidades escolares que atendam a professores(as). Referência Bibliográfica: ALMEIDA, Miguel Vale de. Senhores de Si: uma interpretação Antropológica da Masculinidade. 2.ed. Lisboa: PT, BOURDIEU, Pierre. A dominação Masculina. Trad. Maria Helena Kühner. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, BRASIL. Com toas as Mulheres, por todos os seus direitos. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Brasília, DF: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde e prevenção nas escolas: guia para a formação de profissionais de saúde e educação. Brasília, DF: Ministério da Saúde, p. BRASIL. Orientação sexual. In:. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade nacional e orientação sexual. Rio de Janeiro: DP&A, v. 10, p BRUSCHINI, Cristina. Gender Inequalities in the Brazilian Labor Market: femele labor in Brazil in the 1980s. In: BARRETO, E. S. de S. e ZIBAS, D. M. L. (orgs.). Translatedby Jonathan Hannay. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, BRUSCHINI, C. e UNBEHAUM, S. (orgs.). Gênero, democracia e sociedade brasileira. São Paulo: Fundação Carlos Chagas: Ed. 34, BRUSCHINI, C. & PINTO, Céli R. (org.). Tempos e Lugares de Gênero. São Paulo: ed. 34, BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: Feminismo e subversão da identidade. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
6 CHODOROW, Nancy. Psicanálise da Maternidade: uma crítica a Freud a partir da mulher. Trad. Nathanael C. Caixeiro. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, FOUCAULT Michel. História da Sexualidade. 13a ed. Rio de Janeiro: Graal, (Volume 1) FRASER, Nancy. Políticas feminista na era do reconhecimento: uma abordagem bidimensional da justiça de gênero. In: BRUSCHINI, C. e UNBEHAUM, S. (orgs.). Gênero, democracia e sociedade brasileira. São Paulo: Fundação Carlos Chagas: Ed. 34, HEILBORN, Maria Luiza. Sexualidade: o olhar das ciências sociais. RJ: Zahar, LOURO, Guacira L. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pósestruturalista. 5 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, Currículo gênero e sexualidade: O normal, o o diferente e o excêntrico. In: LOURO, Guacira Lopes, FELIPE, Jane; GOELLNER, Silvana V. (Org.). Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. Petrópolis, RJ: Vozes, p Gênero: questões para a educação. In: BRUSCHINI, C. e UNBEHAUM, S. (orgs.). Gênero, democracia e sociedade brasileira. São Paulo: Fundação Carlos Chagas: Ed. 34, (org.). O corpo educado: pedagogia da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica: Pedagogias da sexualidade. In: LOURO, Guacira L. (org.). O Corpo Educado: pedagogias da sexualidade. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, LOURO, G. L.; NECHEL, Jane F.; GOELLNER, Silvana V. (orgs.). Corpo, Gênero e Sexualidade: um debate contemporâneo na educação. Petrópolis, RJ: Vozes, MACHADO, Lia Zanotta. Masculinidades e violências Gênero e mal-estar na sociedade contemporânea. In: SCHPUN, Mônica R. (org.). Masculinidades. São Paulo: Boitempo; Santa Cruz do Sul: Edunisc, Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pósestruturalista. 5. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, p. MOITA LOPES, Luiz P. da (org.). Discursos de Identidades: discurso como espaço de construção de gênero, sexualidade, raça, idade e profissão na escola e na família. Campinas, SP: Mercado das Letras,
7 . Identidades Fragmentadas: a construção discursiva de raça, gênero e sexualidade em sala de aula. Campinas, SP: Mercado das Letras, (Col. Letramento, Educação e Sociedade). MOITA LOPES, Luiz P. da e BASTOS, Liliana C. (orgs.). Identidades: recortes multi e interdisciplinares. Campinas, SP: Mercado das Letras, MONTEIRO, Marko. Sujeito, Gênero e Masculinidade.In: ALMEIDA, Heloisa B. de (et. all). Coleção Estudos CDAPH Série História e Ciências Sociais. Bragança Paulista SP, OIT. Igualdade de gênero raça no trabalho: avanços e desafios. Brasília, DF: OIT, p. 7
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