IV Seminário de Iniciação Científica

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1 EPIDEMIOLOGIA DOS ACIDENTES OFÍDICOS NA CIDADE DE ANÁPOLIS GO. Daniene Pimenta da Silva¹, Cynthia Arossa², Mary Joyce Ribeiro da Cruz³, Rafaela Pereira de Lima¹ ¹Bolsista PBIC/UEG ²Pesquisadora/orientadora ³Voluntário Iniciação Científica PVIC/UEG Universidade Estadual de Goiás - Unucet-Anápolis-Go RESUMO: AS SERPENTES VENENOSAS EXISTENTES NO BRASIL PERTENCEM AOS GÊNEROS BOTHROPS, CROTALUS, LACHESIS E MICRURUS, QUE SÃO RESPONSÁVEIS POR MAIS DE 2. ACIDENTES NOTIFICADOS ANUALMENTE AO MINISTÉRIO DA SAÚDE. O PRESENTE TRABALHO TEM POR OBJETIVO AVALIAR ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DOS ACIDENTES POR SERPENTES PEÇONHENTAS NA CIDADE DE ANÁPOLIS-GOIÁS ATRAVÉS DOS DADOS DAS FICHAS DE INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS, OBTIDAS NO CENTRO DE INFORMAÇÕES TOXICOLÓGICAS (C.I.T.), DE JANEIRO DE 2 À SETEMBRO DE 24. FORAM COLETADOS PARA ANÁLISE OS SEGUINTES DADOS: SEXO E FAIXA ETÁRIA DOS PACIENTES, DISTRIBUIÇÃO ANUAL E MENSAL DO ACIDENTE; GÊNERO DA SERPENTE ENVOLVIDA; REGIÕES ANATÔMICAS AFETADAS; CLASSIFICAÇÃO QUANTO À GRAVIDADE E LOCAL DE OCORRÊNCIA DO ACIDENTE. PALAVRA CHAVE: EPIDEMIOLOGIA, ACIDENTES OFÍDICOS, SERPENTES. I-Introdução O primeiro estudo epidemiológico de acidentes ofídicos foi realizado por Vital Brazil em 9, quando levantou o número de óbitos por picadas de serpentes peçonhentas no Estado de São Paulo, registrando 63, 88 e 4 óbitos em 897, 899 e 9, respectivamente (Brazil, 9). 286

2 Segundo Bochner & Struchiner (23), com o tempo surgiram modelos de fichas para a notificação desses acidentes como os utilizados pelo estado de São Paulo (Martinez et al., 995, Ribeiro et al., 993, 998), pelos Centros de Informação e Controle de Intoxicações (Carvalho & Nogueira, 998; Rodrigues et al., 988; Torres et al., 982), pelo estado do Rio de Janeiro (Gomes et al.,997), pelo estado de Roraima (Nascimento, 2) e pelo Programa Nacional de Ofidismo ( Barraviera, 993; MS/ FUNASA, 998; MS/SNABS, 989; Rezende et al., 989). Segundo a Coordenação Nacional de Controle de Zoonoses e Animais Peçonhentos (CNCZAP) do Ministério da Saúde, no período de 99 a 993 ocorreram 8.6 acidentes, cujo coeficiente de incidência foi de 3,5 acidentes/. habitantes, com a região Centro-Oeste contribuindo com o maior índice do país (33 acidentes/. habitantes).as serpentes venenosas existentes no Brasil pertencem aos gêneros Bothrops, Crotalus, Lachesis e Micrurus, que são responsáveis por mais de 2. acidentes notificados anualmente ao Ministério da Saúde. Aproximadamente 85% dos envenenamentos são causados por Bothrops (Resende et al., 989). Neste trabalho objetivamos avaliar aspectos epidemiológicos dos acidentes por serpentes peçonhentas na cidade de Anápolis-Goiás através dos dados presentes nas Fichas de Investigação de Acidentes por animais peçonhentos, onde são analisados e arquivados, já que nos é desconhecido um trabalho semelhante neste local. II-Materiais e Métodos Foram analisados informações sobre os acidentes ofídicos ocorridos na cidade de Anápolis no Estado de Goiás, no período de Janeiro de 2 à setembro de 24. Os dados foram obtidos através das Fichas de Investigação de Acidentes por Animais Peçonhentos, pertencentes ao sistema de notificação da Secretaria de Estado de Saúde/Goiás, que são analisadas e arquivados no Centro de Informação Toxicológica (C.I.T) da capital. Foram coletados para análise os seguintes dados: sexo e faixa etária dos pacientes, distribuição anual e mensal do acidente; gênero da serpente envolvida; regiões anatômicas afetadas; classificação quanto à gravidade e local de ocorrência do acidente. III-Resultados 287

3 Foram notificados ao Centro de Informação Toxicológica (C.I. T), nos anos de 2, 2, 22, 23 à setembro de 24, respectivamente 6 (2%), 2 (5%), 6 (7,5%), 3 (38,75%) e 5 (8,75%) casos de acidentes por serpentes peçonhentas ocorridos na cidade de Anápolis no Estado de Goiás, perfazendo um total de 8 casos (Gráfico ). Gráfico - Nº de acidentes causados por cobras em Anápolis-GO, 2/ janeiro fevereiro março abril maio junho julho agosto setembro outubro novembro dezembro janeiro fevereiro março abril maio junho julho agosto setembro outubro novembro dezembro 288

4 janeiro fevereiro março abril maio junho julho agosto setembro Fonte : C. I. T. GO A maioria dos pacientes era do sexo masculino com 67 casos (83,75%) sendo apenas 3 casos do sexo feminino (6,25%). As faixas etárias acometidas se encontram na tabela. Idade Número de casos % Total ,5% % 22,5% 23,75% 5% 3,75% 6,25%,25% % As regi ões anat ômi cas mai s aco met idas foram os pés com 39 casos (48,75%) e as mãos com 9 casos (23,75%), as outras áreas atingidas foram pernas com casos (2,5%), tornozelo com 5 casos (6,25%), braço com 2 casos (2,5%), punho com caso (,25%) sendo 4 casos ignorados (5%) como mostra a tabela 2. Tabela 2 - Nº de notificações quanto ao local da picada-anápolis-2-24 Região anatômica Nº % Membros inferiores 289

5 Pé/tornozelo 44 55% Perna 2,5% Joelho/coxa Subtotal 54 67,5% Membros superiores Mão 2 25% Antebraço Cotovelo/braço 2 2,5% Subtotal 22 27,5% Tronco Pescoço Cabeça Não especificado 4 4,9% Total 8 % As 8 notificações analisadas demonstraram que acidentes moderados aconteceram em 35 casos (43,75%), os leves em 8 casos (22,5%), os graves em casos (3,75%). Foram ignorados 6 casos (2%). O local onde houve maior notificação de acidentes foi na zona rural com 6 casos (75%), a zona urbana com 6 casos (2%) e 4 casos (5%) foram ignorados. IV-Discussão Os acidentes por serpentes peçonhentas ocorrem com muita freqüência nas regiões tropicais e neotropicais e constituem problema de Saúde Publica dada a incidência, a gravidade e as seqüelas deixadas nas vítimas (Barravieira et al., 99).Estes, de acordo com as estatísticas do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, ocupam o segundo lugar nas intoxicações humanas, sendo apenas ultrapassados pelos medicamentos (Pinho et al., 24). A maior parte dos acidentes ocorreu na faixa etária entre 3 a 4 anos (23,75%) seguido de 2 a 3 anos (22,5%) onde podemos associar com o sexo masculino (83,75%) afetou indivíduos do sexo masculino, a mesma situação observada por Martinez et al. (995) para o Vale do Ribeira, região sudeste do Estado de São Paulo, sugerindo que esta observação possa ter sido feita em razão da maior atividade do homem fora do lar. A ocorrência do acidente foi predominando a zona rural (75%) havendo uma relação direta com a época do plantio, tratos culturais e colheita 29

6 de safra agrícola. Nesta há um maior movimento de trabalhadores no campo e também de serpentes (Feitosa, et al., 997).Os pacientes foram quase sempre picados nas extremidades principalmente nas inferiores e nestas, sobretudo os pés (48,35%). Esta localização da picada está relacionada aos hábitos terrestres da maioria das serpentes peçonhentas brasileiras. V- Conclusão Assim como Belluomini (984) concluímos ser importante conhecer a epidemiologia regional dos envenenamentos ofídicos, a fim de possibilitar uma avaliação correta dos dados para formularmos estratégias de prevenção deste tipo de acidente e de suas complicações.além da importância médica e epidemiológica, algumas questões sociais e econômicas envolvem esse problema, já que atinge indivíduos jovens e do sexo masculino, que representam a população economicamente ativa do país (Pinho, 2).Concluímos também ser definitivo para uma boa recuperação no caso de acidente preencher corretamente a ficha de notificação. A inclusão de acidentes ofídicos na lista de acidentes ocupacionais com adequada vigilância poderia representar um avanço em saúde pública, já que foi visto como um dos problemas dentre tantos em saúde em nossa cidade, dada a quantidade de acidentes observados. VII-Bibliografia Brazil, V., 9. Contribuição ao estudo do veneno ophidico. Revista Médica de São Paulo, IV: Brazil, V., 9. A Defesa Contra o Ophidismo. São Paulo: Pocai & Weiss. Barravieira B. Acidentes por serpentes dos gêneros Bothrops, Lachesis e Micrurus. Arq Brás Méd 99; 65(4): Brasil.Ministério da Saúde. Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. Brasília: Fundação Nacional de Saúde; 2. 29

7 Cardoso, J.L.C, Brando, R.B. Acidentes por animais peçonhentos. São Paulo: Editora Santos; 982. Carvalho, M.A & Nogueira,F., 998. Serpentes da área urbana de Cuiabá, Mato Grosso. Aspectos ecológicos e acidentes ofídicos associados. Cadernos de Saúde Pública, 4: Feitosa, R.F.G., Melo I.M.L.A., Monteiro H.S.A. Epidemiologia dos acidentes por serpentes peçonhentas no Estado do Ceará - Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 3:295-3, jul-ago, 997. Fonseca, F., 949. Animais Peçonhentos. São Paulo: Empresa. Jorge, M,T, Ribeiro, L.A. Acidentes por serpentes peçonhentas do Brazil. Ver Ass Méd Brasil. 99; 36: Jorge, M.T, Ribeiro, L.A, Silva M.L.R, Kusano, E.J.U, Mendonça, J.S. Microbiological studies of abscesses complications Bothrops Snakebite in humans: a prospective study. Toxicon 994; 32: Pinho F.M.O., Pereira I.D. Ofidismo. Rev Assoc Med Bras 2; 47():24-9. Pinho, F.M.O., Oliveira, E.S., Faleiros, F., 24. Acidente Ofídico no estado de Goiás. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo; 5 (): Resende, C.C., Araújo F.AA, Sallenave, R.N.U.R. Análise epidemiológica dos acidentes ofídicos. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Ações Básicas de Saúde. Brasília, 982. Rodrigues, D.S., Teles, A.M.S.; Machado, M.A.M.L.; Vargens, M.M.L; Nascimento, I.M & Planzo, T.M.P., 988. Ofidismo na Bahia: Um problema de Saúde Pública. Revista da Sociedade Brasileira de Toxicologia, :

8 Rosenfeld, G. Animais peçonhentos e tóxicos do Brasil. In: Lacoz, C.S. ed. et al. Introdução à geografia médica do Brasil. São Paulo, Ed. USP, 972.p Rosenfeld, G. Acidentes por animais peçonhentos; serpentes, aranhas e escorpiões. In: Veronesi,R. Doenças infecciosas e parasitárias. 7º ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 982.p Torres,J.B & Carlotto, O.R., 982. Levantamento dos gêneros de ofídios e espécies de aracnídeos causadores de acidentes na casuística do centro de informação o Rio Grande do Sul. Memórias do Instituto Butantan, 46: Vaz, E., 95. Vital Brazil. Anais Paulistas de Medicina e Cirurgia, 6: