Seminários Digitais Parte VI. Do universo, da amostra e da delimitação do corpus na pesquisa

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1 Seminários Digitais Parte VI Do universo, da amostra e da delimitação do corpus na pesquisa Curso de Comunicação em Mídias Digitais Pesquisa Aplicada em Comunicação e Mídias Digitais Marcos Nicolau

2 Do universo, da amostra e da delimitação do corpus na pesquisa Qualquer pesquisa que envolva quantificação de dados ou pessoas, levantamento de perfil, amostragem, quer seja para criação de produto direcionado a um público, planejamento de marketing e publicidade, campanha política, consulta por questionários, aplicação de formulários etc., exige que o pesquisador faça delimitação correta de universo da pesquisa, da amostra retirada desse universo. E no caso das pesquisas acadêmicas, é comum que se precise definir um corpus, que, em princípio é o material ou conjunto de material que vai ser analisado, como representação do universo e da amostra.

3 Do universo, da amostra e da delimitação do corpus na pesquisa Porém a definição dos percentuais e das proporções de amostragens exige uma definição racional e bem justificada das escolhas, de modo a garantir a cientificidade dos resultados, para que estes tenham credibilidade. Definições incorretas são facilmente contestáveis e a pesquisa perde o seu valor científico, abalando a reputação do pesquisador. Essa etapa da pesquisa ocorre depois que o pesquisador definiu o tema, identificou a questão de pesquisa a partir do objeto de estudo e estabeleceu os objetivos.

4 Conceitos e termos adotados nesta etapa População ou universo: é o conjunto de elementos que possuem uma ou mais características em comum. Pode ser finita (ex: capas de uma revista) ou infinita (ex: usuários de um game). Censo: estudo de toda a uma população (ex; censo do IBGE) Amostra: subconjunto da população ou do universo (ex: percentual dos usuários do game ou capas de um determinado ano da revista). Unidade: cada elemento da população (cada capa ou cada usuário) Variável: característica da população ou universo que o pesquisador considera relevante.

5 Conceitos e termos adotados nesta etapa Variável qualitativa: sexo, raça, classe social, grau de instrução etc. ou capas que abordaram determinado assunto. Variável quantitativa: número de filhos, estatura, peso etc. ou número de edições da revista com esta ou aquela abordagem. Dados primários: são aqueles coletados especificamente para uma determinada pesquisa. Dados secundários: dizem respeito às informações existentes em órgãos governamentais, entidades de classe, pesquisas etc. e que podem ser utilizadas como argumentos no estudo ou mesmo para elaborar uma amostra.

6 Definições de pesquisa Nesse momento da pesquisa, oportunidade em que o pesquisador já definiu o contexto de sua análise, este deve decidir pelas seguintes possibilidades: - Coletar os dados e aplicar suas análises sobre a totalidade da população ou universo; - Delimitar uma amostra que represente a população ou universo; - Analisar componentes específicos a partir de suas peculiaridades. A totalidade da população (censo) ou do universo é o conjunto representativo de um todo, como: todos os alunos de uma universidade, todos os exemplares de uma revista, todos os livros de uma biblioteca. A amostra representativa, por sua vez, é necessária quando a população é muito grande. O IBOPE não faz pesquisa sobre política com todos os brasileiros, mas com uma amostra de habitantes espalhados pelo país.

7 Como definir as amostras Primeiro precisamos saber que existem dois tipos de amostra: - Probabilística: significa que todos os integrantes da população ou unidades do universo têm igual possibilidade de ser escolhidos. - Não probabilística: é quando as unidades da amostra são selecionadas de acordo com a conveniência do pesquisador. Na amostra probabilística, cada um dos elementos da população ou do universo apresenta a mesma chance de ser escolhido. Nesse caso, trata-se de uma amostra representativa da população. No caso da amostra não probabilística, nem todos os elementos têm a mesma chance de ser selecionados, uma vez que a amostra é definida a partir de critérios definidos pelo pesquisador. Nesse caso, os resultados não podem ser generalizados para a população

8 Como definir as amostras As amostras probabilísticas podem ser divididas basicamente em: - Amostra aleatória simples ou casual simples: definida ao acaso ou probabilisticamente por sorteio em uma tabela de números; - Amostra casual estratificada: divide-se a população visada em sub-grupos ou estratos, de modo proporcional ou desproporcional. Nesse caso, cada estrato constitui uma amostra aleatória simples.

9 Como definir as amostras - Amostra sistemática: parte-se de uma listagem do universo de interesse. Sorteia-se um número inicial, a partir do qual haverá um intervalo entre uma unidade selecionada e a próxima. Este intervalo é obtido dividindose o número de unidades do universo pelo tamanho da amostra pretendida (ex: estudo de 30 de 100 revistas com intervalo de 3 entre uma e outra). - Amostra por estágios múltiplos: faz-se um sorteio em diversas etapas, a primeira delas considerando a população, e as etapas seguintes considerando segmentos definidos desse universo, preservando-se sua representatividade. Dessa maneira, chega-se à unidade amostral (ex: 1º estágio: sorteio dos municípios; 2º estágio: sorteio dos bairros; 3º estágio: sorteio dos quarteirões; 4º estágio: sorteio dos domicílios; 5º estágio: sorteio dos entrevistados).

10 Como definir as amostras As amostras não probabilísticas podem ser divididas basicamente em: - Amostra por conveniência: pode ser definida pela disponibilidade dos elementos ou porque atendem a necessidades de importância do pesquisador. - Amostra intencional: escolhida por critérios intencionais do pesquisador, por saber da representação daqueles elementos. - Amostra por cota: os elementos são sorteados com base nas características previamente conhecidas e consideradas importantes para o estudo em questão.

11 Definindo o tamanho da amostra Com base na problemática da pesquisa e nos objetivos declarados, a amostra deve ser suficiente para: - Representar a população ou o universo; - Contemplar as variáveis consideradas importantes; - Contemplar as perguntas a serem respondidas.

12 Delimitação do corpus da pesquisa A partir da população ou universo, tendo estabelecido a amostra, o pesquisador deve delimitar, de forma justificada, o conjunto de pessoas ou elementos que estarão à sua disposição para análise. Portanto, o corpus é o recorte de elementos que o pesquisador define para que, ao aplicar sobre eles um procedimento de pesquisa, possa alcançar o objetivo. Para saber se o corpus é apropriado ou suficiente pergunta-se: - De quantas unidades preciso para que os resultados tenham validade? - Quantas unidades posso coletar e analisar, no período de tempo de que disponho? - O tempo que deve abranger a amostra está de acordo com o cronograma a cumprir?

13 Delimitação do corpus da pesquisa Critérios de construção do corpus O pesquisador deve estabelecer um padrão de análise que contemple a homogeneidade do corpus. Não deve, por exemplo, misturar textos com imagens, pois cada um exige uma metodologia apropriada, conforme suas características.

14 Delimitação do corpus da pesquisa Os critérios essenciais de definição do corpus são: - Relevância: conteúdos importantes, materiais coletados sob um ponto de vista, de acordo com a temática ou a problematização; - Sincronicidade: os elementos devem ser recolhidos dentro de um ciclo de tempo determinado; - Homogeneidade: materiais não devem ser misturados, meios e suportes devem ser distintos, entrevistas individuais não podem se confundir com entrevistas de grupos etc.

15 Delimitação do corpus da pesquisa Regras básicas para a construção de um corpus: - Selecionar preliminarmente os elementos; - Analisar a variedade da seleção; - Ampliar o corpus até que não haja mais variedades.

16 Referências BAUER, Martin W.; AARTS, Bas. A construção do corpus: um princípio para a coleta de dados qualitativos. In: BAUER, martin; GASKELL, George (org.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Petrópolis: Vozes, PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas de pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo/RS: Feevale, Disponível em: me/eqvxf