Unidade: Níveis de Atenção em Saúde. Unidade I:
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- Ágatha Fonseca Figueiroa
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1 Unidade: Níveis de Atenção em Saúde Unidade I: 0
2 Unidade: Níveis de Atenção em Saúde História Natural da Doença Nessa unidade serão abordados os níveis de atenção e saúde, e sua inter-relação com a prevenção e intervenção de doenças. Dentro de uma seqüência lógica a história natural da doença deverá ser compreendida. A doença será determinada por uma inter-relação entre três itens: o hospedeiro, o ambiente e a idade. Deve existir um processo interativo entre os itens supracitados A organização mundial de saúde (OMS) define saúde como: Estado completo do bem estar físico, mental e social, e não simplesmente ausência de moléstia ou enfermidade. Essa definição do OMS é bem completa e dificilmente o equilíbrio físico, mental e social está plenamente satisfatório em um individuo, por isso, analisando essa definição de saúde da OMS ao pé da letra posso concluir que estamos sempre doentes. O hospedeiro consiste no homem ou outro animal vivo que ofereça em condições naturais, subsistência ou alojamento a um agente infeccioso estabelecendo interações variadas. O hospedeiro pode apresentar duas características importantes: - suscetibilidade: e quando à falta de defesa do hospedeiro para resistir a agressão de um determinado agente causal. Nessa situação o hospedeiro apresenta predisposição para contrair uma doença. - resistência: são conjuntos de defesas do hospedeiro contra ação agressiva do mesmo agente causal. Nessa situação o hospedeiro apresenta uma defesa eficaz contra um agente agressor ou agente etiológico. Chegou a hora de realizar uma abordagem mais detalhada sobre o segundo e terceiro item que se interrelacionam com o hospedeiro, que são o agente etiológico e o ambiente. É essa interação que produz o estímulo a doença, e a interação entre esses fatores provocam reações orgânicas objetivando um equilíbrio. 1
3 O agente etiológico ou agente agressor pode ser considerado qualquer substancia elemento, variável ou fator animado ou inanimado, cuja presença ou ausência pode, mediante contato efetivo com um hospedeiro susceptível, constituir estimulo para iniciar ou perpetuar um processo de doença e com isso afetar a freqüência com que uma doença ocorre numa população. A causa pode ser de natureza biológica, nutricional, física, química ou psicossocial. A agente pode ser apresentar as seguintes características: Infectividade: capacidade do agente de penetrar no hospedeiro susceptível e multiplicar-se; Patogenicidade: capacidade de um agente causar doença depois de penetrar em um hospedeiro susceptível; Dose infectante: quantidade de agente etiológico necessário para provocar uma infecção; Poder invasivo: característica do agente para atingir determinados órgãos ou sistemas, quanto maior o poder invasivo mais profundamente se encontrará o agente. Existem fatores individuais, portanto relacionados com o hospedeiro que favorecem a incidência de algumas doenças. São exemplos de fatores que estão relacionados com o hospedeiro: idade, sexo, constituição corporal, nível educacional, genética e imunológica, estado psicológico e humor, hábitos e costumes. Algumas doenças têm uma relação direta com a idade. Estamos habituados a correlacionar uma maior predisposição de doenças em pessoas mais velhas, porém existem doenças da infância como Artrite Reumatóide Juvenil (ARJ) e Distrofia Muscular de Duchenne (DMD). A ARJ é uma doença auto-imune de origem reumatológica que aparece em crianças menores que 16 anos, relativamente rara. A DMD é uma doença genética de herança recessiva, ligada ao cromossomo X, que pode ser também caracterizada como sendo uma distrofinopata. O gene da DMD está localizado no braço curto do cromossomo X, numa região denominada Xp21. Como na mulher existem dois cromossomos X, se um deles tiver defeituoso, o outro cromossomo X garantirá o bom funcionamento dois músculos. Assim sendo, a mulher pode ser portadora do gene da DMD, mas ela não tem a doença. Portanto a doença afeta apenas o sexo masculino porque nele só há um cromossomo X. 2
4 A DMD tem uma relação com o fator genético, assim como diversas síndromes decorrentes de alterações genéticas, e os sintomas começam aparecer a partir dos dois anos de idade. Nos dias atuais devem-se considerar hábitos, costumes e vícios como fatores que tem uma relação intima com o hospedeiro. O tabagismo, o sedentarismo, a alimentação, drogas e a prática de atividades físicas são exemplos de hábitos e costumes que podem favorecer o aparecimento e prevenir doenças. O estado psicológico e o humor são fatores que podem estar presente no hospedeiro. As alterações psicológicas como depressão e ansiedade diminuem a imunidade e aumentam a incidência de aparecimento de doenças. O termo prevenção significa o ato de prevenir, cautela, precaução, disposição previa. O ambiente predispõe a lesões e doenças por meio dos fatores físicos, biológicos, mecânicos e sociais e podem ser considerados fatores exógenos ao hospedeiro. Os fatores biológicos são exemplificados pelos vírus, bactérias e fungos. As translocações de cromossomos como a Síndrome de Down é exemplo de fatores genéticos. Os fatores químicos como nutrientes, drogas, gases, fumo e álcool também podem ser exemplo de agente das doenças. A radiação, o atrito, a vibração, os traumas e o som são exemplos de fatores físicos. E finalmente estresse, desemprego e amputações são exemplos de fatores psíquicos ou psicosociais. Os padrões de progressão das doenças podem acontecer de diversas maneiras: - aguda, rápida e fatal (ex: raiva e exposição doses de radiação) - aguda, clinicamente evidente e com rápida recuperação (ex: infecções respiratórias) - sem alcançar o limiar clínico necessita exames complementares (ex: fibrilação atrial e hepatite anictérica) - crônica, que se exterioriza e progride com êxito letal (ex: afecções cardiovasculares) - crônica, com períodos assintomáticos entremeados com exacerbações clínicas (ex: Artrite Reumatóide, Osteoartrite) 3
5 HOSPEDEIRO INTERAÇÃO AGENTE AMBIENTE Figura 1. A interação entre o hospedeiro, o agente e o ambiente irá caracterizar a história natural da doença. História Natural da Doença e Prevenção de Doenças Interrelação entre AGENTE, HOSPEDEIRO e AMBIENTE que produzem estímulo a doença HORIZONTE CLÍNICO Alterações de tecidos Alterações de tecidos Morte Defeito/Invalidez INTERAÇÃO HOSPEDEIRO/ESTÍMULO/REAÇÃO PERIODO PRÉ- PATOGENÊSE PERIODO PATOGENÊSE Figura 2. Esquema da História Natural da Doença modificado de Leavel & Clarke, 1976 A figura dois exemplifica a inter-relação entre o agente, o hospedeiro e o ambiente no período pré-patogenêse. Enquanto o hospedeiro esta susceptível ao agente e ao ambiente e a doença não desenvolveu o período é denominado de pré- patogênese. Esse período deve ser abordado por meio de ações que promovam saúde e por meio de proteção específica. 4
6 O nível de atenção em saúde no período pré-patogenêse e denominado nível de prevenção primária. Nesse nível encontram-se agrupadas as medidas ou ações especialmente destinadas ao período que antecede a ocorrência da doença, eliminando ou minimizando os fatores de risco. Caracteriza a promoção a saúde os seguintes exemplos: Educação sanitária; Nutrição adequada; Atendimento ao desenvolvimento da personalidade; Condições de moradias adequadas; Recreação e/ou lazer; Condições adequadas de trabalho; Educação sexual; Conhecimentos básicos de genética humana; Exames seletivos periódicos. Saúde pública é a ciência e a arte de promover, proteger e organizar saúde, por meio de medidas de alcance coletivo e de motivação da população. Dentre as funções da saúde pública estão a prevenção e a educação. Portanto as ações relacionadas à saúde pública são extremamente importantes para promoção a saúde. A otimização da promoção a saúde deve contemplar um conjunto de procedimentos, de natureza sistemática e permanente, por meio do qual tomase conhecimento dos eventos relacionados com a presença de doenças e respectivos meios de combate, em uma determinada área geográfica denominado vigilância epidemiológica. A vigilância epidemiológica é importante para especificar os problemas de determinada área geográfica. Para concluir as considerações sobre a promoção a saúde não deve ser esquecido o saneamento básico que é a condição essencial para o bem estar oferecendo situações de produtividade e melhor atuação na sociedade. A segunda característica da prevenção primaria é a proteção especifica que é caracterizada pelos seguintes itens: 5
7 Imunizações; Higiene pessoal; Saneamento básico; Proteção específica contra riscos ocupacionais; Proteção contra acidentes e substâncias carcinogênicas. Pode ser apontado como exemplos de ações clássicas de nível primário o uso de preservativo para evitar a infecção por doenças sexualmente transmissíveis, o uso de capacete pelo motociclista, o uso de cinto de segurança pelos motoristas e acompanhantes, o uso de luva para manipular material biológico, o controle de doenças por meio de campanhas de vacinação e a ginástica laboral e uso de equipamentos de proteção individual por parte dos trabalhadores. PREVENÇÃO PRIMÁRIA - CARACTERÍSTICAS PROMOÇÃO A SAÚDE Educação sanitária; Nutrição adequada; Atendimento ao desenvolvimento da personalidade; Condições de moradias adequadas; Recreação e/ou lazer; Condições adequadas de trabalho; Educação sexual; Conhecimentos básicos de genética humana; Exames seletivos periódicos. PROTEÇÃO ESPECÍFICA Imunizações; Higiene pessoal; Saneamento básico; Proteção específica contra riscos ocupacionais; Proteção contra acidentes e substâncias carcinogênicas. Tabela 1. Características do nível de prevenção primária 6
8 A prevenção secundaria e o nível de atenção a saúde que se caracteriza pelo diagnostico precoce e pronto atendimento, que por meio de medidas individuais e coletivas para descoberta de casos, triagem e exame seletivo procura investigar precocemente os problemas de saúde. Outra característica é a limitação da incapacidade por meio de tratamento adequado, visando interromper o processo mórbido. O nível secundário de prevenção incorpora uma série de medidas que visam a impedir a evolução de doenças já existentes e, em conseqüência, suas complicações. Podemos exemplificar a prevenção secundária um paciente HIV positivo, fazendo uso correto da medicação, dessa maneira ele diminui as possibilidades de complicações, melhora a qualidade de vida e garante uma maior sobrevida. Outra situação comum é um quadro de hipertensão previamente diagnosticada e monitorada por uma equipe de saúde, com prescrição de atividade física regular, dieta adequada e balanceada e com controle das situações de estresse, dessa forma o individuo terá uma evolução lenta da patologia, diminuindo as possibilidades de complicações da doença. O último nível de atenção em saúde engloba ações voltadas para a reabilitação do individuo após a cura ou controle da doença a fim de adaptá-lo a uma nova condição de vida. A reabilitação é o objetivo do terceiro nível de atenção a saúde, a prevenção terciária, por meio de prestação de serviços hospitalares e comunitários para reeducar e tratar, possibilitando a utilização máxima de capacidade funcional preservada, educação do público em geral e do mercado de trabalho objetivando empregar ou reintegra o individuo a sociedade. O nível de prevenção terciária é importante, pois o crescimento das doenças crônico-degenerativas favorece ao aparecimento de seqüelas em longo prazo. As doenças crônico-degenerativas são doenças progressivas e que interferem na qualidade de vida de seus portadores. Tendo em vista esse aspecto e o fato de ser a humanização das relações e do cuidado ao ser humano uma preocupação de profissionais de saúde e de cuidadores. São características das doenças crônico degenerativas não transmissíveis: História natural dos fatores de risco; Interação de fatores etiológicos conhecidos ou desconhecidos; 7
9 Ausência de participação ou participação duvidosa de migroorganismos; Longo período de latência e/ou curso assintomático; Curso clínico em geral lento, prolongado e permanente; Lesões celulares irreversíveis; Evolução para graus variados de incapacidade ou para morte. Atualmente a preocupação com as doenças crônico-degenerativa é comum e essencial, pois as doenças infecto-contagiosas estão controladas e necessitam de manutenção por meio de campanhas de vacinação e ações quando ocorrem grandes catástrofes como as enchentes. As recomendações para uma resposta adequada do setores de saúde seriam: reforma política e descentralização das responsabilidades para os governos locais; educação; reforma econômica; reforma agrícola; construção de estrada e obrigatoriedade de professores e médicos para falarem a língua da população. 8
10 Referências ROSEN, G. Uma história da Saúde Pública. Editora UNESP, 2ª edição, São Paulo, PAIM, J. S. Desafios para Saúde Coletiva no Século XXI. Bahia, UDUFBA, CAMPOS, G.W.S.C.; MINAYO, M.C.S.; AKERMAN, M; DRUMOND, M.; CARVALHO, Y.M. Tratado de Saúde Coletiva, Editora Hucitec, 2ª edição, São Paulo, BERTOLLI FILHO, C. Historia da Saúde Publica no Brasil. 4. ed. Sao Paulo: Atica,
11 10 Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Eduardo Filoni Lattes: Y7 Revisão Textual: Profª Ms João Paulo Magalhães. Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, São Paulo SP Brasil Tel: (55 11)
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