TRABALHO EM TURNOS, NOTURNO E A SAÚDE E SEGURANÇA DOS TRABALHADORES. Rosylane Rocha Médica do Trabalho Médica Perita
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- Raíssa Palha Santos
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1 TRABALHO EM TURNOS, NOTURNO E A SAÚDE E SEGURANÇA DOS TRABALHADORES Rosylane Rocha Médica do Trabalho Médica Perita
2 A TERRA À NOITE Credit: C. Mayhew & R. Simmon (NASA/GSFC), NOAA/ NGDC, DMSP Digital Archive Cedido pela Profa. Frida Fischer 76
3 Sociedade 24 horas Aberto 24 horas: Serviços eletricidade/tratamento água/ segurança pública/ hospitais TV/radio/ internet Serviços telemarketing Compras Transporte urbano/interurbano/ internacional Viagens Lazer/ restaurantes...etc Cedido pela Profa. Frida Fischer 77
4 Conceitos sobre o trabalho em turnos e noturno Trabalho em turnos: refere-se a uma forma de organização do trabalho na qual equipes (2 ou mais) se sucedem nos postos de trabalho, para manter a produção ou a prestação de serviços numa empresa, ou instituição, durante um período superior ao de 8 horas por dia. Os horários de trabalho podem ser fixos ou rodiziantes. As empresas ou serviços que mantêm turnos de trabalho, geralmente o fazem por períodos que variam de 12 a 24 horas por dia, podendo dar continuidade ou não por toda semana mês e ano. Noite: É definida como um período de tempo cuja duração é de pelo menos 7 horas consecutivas incluindo o intervalo entre 00:00 horas e 5:00 horas da manhã. Trabalho Noturno: refere-se geralmente aquele realizado exclusivamente ou principalmente no período noturno. (OIT, Convenção Sobre o trabalho noturno nº171 e Recomendação 178). Cedido pela Profa. Frida Fischer 78
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6 O homo sapiens é uma espécie diurna, adaptada para exercer suas atividades na fase clara do ciclo claro/escuro e repousar na fase escura. O desenvolvimento de nosso sistema visual e nossa dependência da informação luminosa nos caracterizam como espécie diurna. O período principal de sono na nossa espécie situa-se, portanto, na fase escura, mas podem ocorrer outros momentos de repouso ao longo do dia. A repetição regular dos episódios de sono noturno caracteriza o que chamamos de ciclo sono.
7 Apesar da relativa flexibilidade dos horários de dormir e acordar, o ser humano tende a manter os períodos de sono-vigília com durações em torno de 24 h por ciclo. Desvios dessa regularidade ocorrem, usualmente, nos finais de semana, férias e mudanças de fuso horário. No entanto, há alterações desse ciclo que ultrapassam os limites da normalidade, presentes, sobretudo, em condições crônicas como aquela evidenciada em trabalhadores em turnos alternantes ou noturnos. Essas alterações são identificadas como transtornos dos ritmos circadianos do sono secundários e merecem tratamento específico, após o correto diagnóstico.
8 Cedido pela Profa. Frida Fischer 82
9 Sistema de Temporização Ritm Bioló os gico s O tempo entra pelos olhos!!!
10 Sistema Nervoso Central Osciladores centrais endógenos Os ciclos ambientais claro/escuro, os horários de trabalho, a vida social são pistas temporais SISTEMA DE TEMPORIZAÇÃO CIRCADIANA Osciladores periféricos Variações rítmicas observáveis Cedido pela Profa. Frida Fischer
11 Mudanças fisiológicas durante o Ciclo Vigília-Sono em humanos Meio dia Meia noite Atividade Tempo de reação a estímulo sonoro Temperatura Pulsação média Fonte: LEHR & KUHN, 1985
12 Alerta Hormônio de crescimento Cortisol Potássio (Adaptado de Bear et al., 2002)
13 Demonstração em forma de relógio, da hora de máxima atividade de alguns ritmos circadianos humanos, em pessoas sadias Glóbulos TSH Brancos Secreção Ácida Gástrica Linfócitos Prolactina Melatonina Eosinófilos Meia-Noite Fosfatase Ácida ACTH FSH, LH Ácido Úrico Plaquetas Triglicérides 18 horas 6 horas Colesterol Insulina Cortisol Aldosterona Testosterona Aumento de catecolamina Meio-Dia Temperatura Corpórea Agregação plaquetária Viscosidade sangüíea FEV Glóbulos Vermelhos Atividades das células NK Hemoglobina Fonte: MH Smolensky e ML Bing, 1997 in Smolensky et al., Cronobiologia e cronoterapia,. J. Bras. Nefrol., 1998
14 Diagrama em forma de relógio, para demonstrar a hora aproximada durante as 24 horas, quando alguns sintomas ou condições médicas são mais prováveis de ocorrer, em relação às rotinas de vigília e sono. Exacerbação da úlcera péptica Insuficiência cardíaca congestiva Epilepsia Dor intratável Apnéia Meia-Noite Reação cutânea Angina Osteoartrite Asma Epistaxe 18 horas 6 horas Epilepsia Hospitalização por úlcera péptica perfurada Bronquite/Enfisema Meio-Dia Epistaxe Artrite reumatóide Rinite alérgica/enxaqueca/ Angina/Infarto do miocárdio Morte cardíaca súbita Acidente vascular cerebral hemorrágico/trombótico Fonte: MH Smolensky, 1997 in Smolensky et al., Cronobiologia e cronoterapia,. J. Bras. Nefrol., 1998 Crises de anemia de célula falciforme
15 O que ocorre com as pessoas quando trabalham em horários não diurnos?
16 Estresse resultante da perturbação dos ritmos biológicos causados pelo trabalho em turnos e da lenta ressincronização destes ritmos às mudanças do ciclo vigília-sono Estressores Stress Estresse Strain mudanças de fase das horas de trabalho e de repouso potencial: - ineficiência - saúde - prejudicada bem-estar prejudicado - relações prejudicadas Variáveis intervenientes - características individuais - fatores relacionados ao trabalho - condições - ambientais circunstâncias domésticas Cedido pela Profa. Frida Fischer Fonte: Colquhoun & Rutenfranz,
17 Doenças e riscos com maior prevalência/gravidade, entre a população que trabalha em turnos associadas a perturbações nos ritmos biológicos 1. Doenças gastrointestinais 2. Problemas psíquicos, dificuldades para dormir e manter o sono; 3. Doenças crônicas: distúrbios metabólicos, doenças cardiovasculares, câncer 4. Exacerbação de doenças pré-existentes (Ex. hipertensão, diabetes, distúrbios de sono). 5. Distúrbios reprodutivos (Ex. maiores dificuldades para engravidar, parto prematuro, interrupção gestacional) 6. Variações circadianas na eficácia de medicamentos. 7. Riscos toxicológicos (variações circadianas na xenobióticos e nos mecanismos de desintoxicação) 8. Incidentes/Acidentes de trabalho sensibilidade a
18 Riscos à saúde associados ao trabalho noturno e em turnos, comparado com o trabalho diurno insônia e privação de sono acidentes de trabalho doença cardíaca coronariana câncer de mama úlcera péptica síndrome metabólica obesidade aborto espontâneo artrite reumatóide infarto cerebral diabetes tipo II Risco Evidência elevada média média média cerca de 2 média média média cerca de 2 baixa cerca de 2 baixa? baixa? baixa Fonte: Mikko Härmä/ Finnish Institute of Occupational Health, 2009
19 Erros no trabalho Cedido pela Profa. Frida Fischer 93
20 Duração do trabalho Relative risk Desempenho diminui rapidamente durante o trabalho contínuo sem pausas (max 46 h) Turnos longos aumentam o risco de acidentes (>10-12 h) Hours since start Cedido pela Profa. Frida Fischer Hamelin, 1987
21 Risco de acidentes nos diversos turnos às 6:00, 14:00 e 22:00 horas Fonte: HÄNECKE et al., Scand J Work Environ Health 1998, vol24, suppl3
22 Risco relativo de doença cardíaca coronariana em trabalhadores em turnos *
23 Modelo dos mecanismos de doença em trabalhadores em turnos Trabalho em turnos (a) (b) Desajuste dos ritmos biológicos Perturbações nos padrões sócio temporais Perturbações do ciclo vigília/sono Aumento na suscetibilidade (c) Dificuldades sociais Modificações do comportamento ex.: dieta, fumo Estresse Dessincronização interna DOENÇAS Fonte: KNUTSSON, A. Shiftwork and coronary disease. National Institute for Psychosocial Factors and Health. Institute Karolinska, 1989
24 Câncer de mama: Risco relativo- trabalhadores em turnos noturnos, segundo anos de exposição. N= mulheres. Casos de câncer: 2441
25 PREVENÇÃO DE RISCOS INTERVENÇÃO
26 Procedimentos Preventivos. Rastreamento (avaliações preliminares, periódicas) das condições de trabalho e de saúde da população- alvo.. Diagnósticos (individuais e estudos epidemiológicos). Intervenções (individuais e coletivas)
27 Gerenciamento de riscos: Identificando riscos individuais no trabalho em turnos 1. Contraindicações absolutas Disfunções gastrointestinais severas Doenças hepáticas e do pâncreas Diabetes, especialmente se insulino- dependente Irregularidades hormonais severas Epilepsia e outros tipos de doenças do sistema nervoso Fatores de risco cardiovascular e respiratório presentes Doenças degenerativas (lupus, câncer) Depressão ou psicose; Distúrbios crônicos de sono Koller (1996)
28 2. Vigilância Médica Periódica Informações sobre saúde a respeito de: estratégias de sono, nutrição, exercícios físicos; gerenciamento de fadiga e estresse; Anamnese médica abrangendo: sintomas gastrointestinais, cardiovasculares e circulatórios; obesidade; abuso de drogas, incluindo consumo de álcool e estimulantes, calmantes; distúrbios de sono, incluindo sonolência excessiva durante a vigília (no trabalho e fora dele). Koller (1996)
29 Prevenção dos riscos coletivos
30 Organização de escalas de trabalho baseada em critérios ergonômicos Desenvolvimento de ferramentas de gerenciamento de escalas segundo: Carga de trabalho Tipo de tarefas Necessidade de produção
31 Controle dos riscos específicos Arranjos de tempo de trabalho Ações gerenciais relacionadas com a saúde e segurança Jornadas reduzidas Maior flexibilidade Menor número de noites de trabalho Maior número de dias de folga Rodízio rápido Períodos de descanso durante jornada diária Transferência para turnos diurnos Equipes capacitadas para múltiplas tarefas Trabalho socialmente valorizado Possibilidades de aprimoramento técnico Kogi, 2003 Qualidade de vida no trabalho Trabalho de equipe Carga noturna de trabalho reduzida Eficiente comunicação entre equipes Pausas frequentes inter-jornadas Locais de descanso intrajornadas adequados
32 Medidas de apoio para minimizar os efeitos do trabalho em turnos Legislação sobre trabalho em turnos e noturno Organização Internacional do Trabalho Sobre trabalho noturno: 77th sessão, em A recomendação proposta definiu : noite, trabalho noturno, trabalhador noturno, horas de trabalho e descanso, compensação financeira, medidas de segurança e saúde, medidas sociais. Outras medidas relacionam-se com: treinamento, transferência para o turno diurno, aposentadoria mais precoce, consulta aos trabalhadores e seus representantes sobre: esquemas de trabalho, efeitos à saúde, entre outros. Convenção sobre trabalho noturno(no. 171) Recomendação (no. 178) Protocolo de 1990 sobre trabalhadoras noturnas.
33 Legislação brasileira de saúde ocupacional específica para trabalhadores em turnos a) Constituição Federal: as horas diárias de trabalho para trabalhadores em turnos ininterruptos de revezamento serão de 6 horas por dia, ou maiores se acordado por negociações coletivas. b) Um grupo de leis da época da década de 1940 estabeleceu: b1. As horas noturnas de trabalho (entre 22:00 e 05:00) são reduzidas para 52 minutos e 30 segundos a cada hora de trabalho. b2. Pagamento adicional de 20 % para trabalho realizado entre 22:00h e 5: 00h da manhã seguinte.
34 Legislação Brasileira específica de saúde ocupacional para trabalhadores em turnos (cont.) c) Decreto Federal no.3048, 1999: agentes etiológicos e fatores de risco de saúde ocupacional são agora reconhecidos pelo Ministérios da Saúde e Previdência Social como causas de doenças como classificadas pela Classificação Internacional de Doenças (CID- 10). Entre eles : 1. Problemas mentais (grupo V, CID- 10) inclui distúrbios nãoorgânicos do ciclo do sono-vigília (F51.2) causados por má adaptação aos horários de trabalho (trabalho em turnos e noturno) ; 2. Distúrbios do ciclo vigília-sono são reconhecidos (G47.2) sob o título Doenças do sistema nervoso (Grupo VI, CID-10) causado por má adaptação aos horários de trabalho (trabalho noturno e em turnos).
35 Obrigada!
Frida Marina Fischer
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