Psicopatologia no Trabalho: aspectos contemporâneos

Transcrição

1 Psicopatologia no Trabalho: aspectos contemporâneos Artigo: Edith Seligmann -Silva A economia moderna afastou-se da ética ( Amartya Sem economista)

2 Psicopatologia no Trabalho : considera que quem sofre e/ ou adoece é o ser humano que trabalha Transtornos psíquicos que se manifestam na vida do indivíduo, não são individuais como um fato privado, contingente como vinha sendo. Hoje é necessário que da questão particular passemos à tomada de consciência do dano coletivo, e a partir deste, a das condições sociais que o geraram O reconhecimento da existência de uma psicopatologia no trabalho, existe desde os anos 20 -> publicações do que inicialmente era denominado - Psiquiatria Ocupacional e depois- de Psicopatologia do Trabalho.

3 Mecanismos psicológicos de defesa que são acionados quando existe sofrimento mental, para evitar a ansiedade, o medo, a depressão, ameaças - repressão / recalque - exclui da consciencia os pensamentos ou impulsos ou sentimentos perturbadores e/ou socialmente censurados -negação da realidade - impotência para o enfrentamento de certas situações ameaçadoras -sublimação (+) - transforma o sofrimento em prazer. indivíduo lança mão de sua força criativa para transformar o trabalho e torná-lo significativo. É preciso, entretanto existência de liberdade / exterior

4 Jacques (1950 em uma fábrica inglesa ) : mecanismos de defesa nas situações de trabalho podem assumir caráter coletivo Dejours (1993) analisou os mecanismos de defesa psicológicas individuais e as estratégias coletivas defensivas: se prestam a amenizar o sofrimento e protelar a eclosão de transtornos mentais E. Roudinesco ( hist. psic) -> analisou o reducionismo dos critérios com que a Classificação de doenças e causas de morte oficialmente adotado na CID- 10 Nos transtornos mentais -> ausência da subjetividade, a natureza social dos agravos, encontra-se igualmente abstraída

5 Fenômeno complexo : expansão das depressões em todas as faixas etárias tem merecido muitas tentativas de interpretação. A depressão ocupa o primeiro lugar em freqüência no cenário mundial dos transtornos mentais (OMS). Contexto internacional -> afetando a estrutura e a dinâmica social em suas várias esferas provocando reflexos na vida cotidiana, na sociabilidade e na vida mental em pessoas de todas as idades Globalização: reestruturação produtiva das empresas nacionais e transacionais -> exclusao social dos considerados excedentes Grandes mudanças : socioambientais, demográficas,aumento da população idosa, urbanização desordenada, poder da midia, aumento da violência, expansão tecnológica tem causado impactos sobre a sociogênese dos disturbios mentais.

6 Processos de subjetivação criam novas condutas e novas culturas permeados pelos valores e verdades impostas, pressoes sociopsicologicas. Ex: A disseminação do medo: cotidiano de trabalho cada vez mais impregnado por violência -> explícita ou predominantemente sutil e perversa. Acidentes, desemprego, novas técnicas, de não corresponder ao modelo de super (midia, familia, organizações ) Insegurança e incerteza.: quanto ao futuro, desemprego de longa duracao ( trabalho informal) Apagamento da justiça como valor fundamental : competir para sobreviver -> sugere fragilização de um princípio tão essencial Individualismo que se sobrepõe à solidariedade: gestão tayloristafordista controle dos trabalhadores

7 A ideologia e a cultura da Excelencia nos contextos organizacionais Competitividade, Flexibilidade, Culto a velocidade (tempo é atingido: o passado é desvalorizado, presente fugaz, sem reflexoes, compromentimento ) Sindrome da insensibilidade: a evitação dos sentimentos: apagamento da etica - a violentação da dignidade de subordinados (assédio moral) polivalencia - trabalhador especializado é forçado a passar à condição de polivalente -> vivencia uma perda importante, quefere seu amor-próprio e sua identidade.

8 Episódio depressivo relacionado ao trabalho Roudinesco -> sociedade atual pode ser caracterizada como uma sociedade depressiva à a depressão domina a subjetividade contemporânea Não é propriamente uma doença, mas um estado. Torna-se necessário, assim, distinguir tal estado dos quadros clínicos (individuais) onde uma ação terapêutica se possa fazer útil Medicalização da sociedade uso indiscriminado de produtos psicotrópicos - na tentativa de amenizar um mal-estar que é de natureza sobretudo social.

9 Alcoolismo crônico relacionado ao trabalho Alcoolismo compromete 20% força de trabalho (2003) - 2a maior magnitiude de morbidades psiquiatricas ( 1a. depressão) -> anestesiar o sofrimento ligado a uma depressao relacionada ao trabalho Condicionantes sócio-culturais - a propaganda de bebidas alcoólicas, carregada de apelos sedutores, reforçada pela crença na associação entre bebida, virilidade e coragem que é usada para tentar neutralizar sensações de desalento e fracasso Expressão de violência à auto-destrutiva, contra outros - Lesões e mortes (colisões) -Atividades socialmente desprestigiadas atos/materiais considerados desagradáveis ou repugnantes: coveiros, atividades em esgotos, trabalho com lixo à trabalho sujo autodesvalorização -Situações de tensões constante e elevada, trabalho perigoso, monotono, repetitivo, que promovem afastamento prolongado do lar ( marinheiros) Diagnóstico de alcoolismo para muitos ainda tem o sentido de um rótulo ultrajante A exacerbação do consumo alcoólico pode conduzir, nestas circunstâncias, ao agravamento do quadro mental ou ao coma alcoólico. Agravos: psicose alcoólica e o delirium tremens

10 Sindrome do Esgotamento Profissional ( Burn Out) queimado até o final, - estar acabado, incendio interno Freudenberger idenaficou que especialmente dois Apos de pessoas predispostas: 1) indivíduos paracularmente dinâmicos e propensos a assumir papéis de liderança ou de grande responsabilidade 2) idealistas que colocam grande empenho em alcançar metas freqüentemente impossíveis de serem aangidas. Os profissionais que desenvolvem o burn- out são em sua maioria aqueles que prestam serviços a outras pessoas, es- pecialmente os denominados cuidadores educadores, medicos, enfermeiras Quadro clínico da síndrome de esgotamento profissional apresenta como manifestação central uma exaustão que eclode de modo aparentemente brusco, sob forma de uma crise, sennsação de tédio que subsatui o habitual entusiasmo pelo trabalho aparecendo, também, irritabilidade e mau- humor. Tudo o que, anteriormente, movia a alma passa a ser indiferente ou irritan te, sobrevém a dificuldade de concentração nas aavidades e queda do desempenho, Uma tonalidade depressiva caracteriza o humor e perda de disposição