Acidente de Trabalho

Transcrição

1 Acidente de Trabalho

2 Objetivos da Aula Apresentar e discutir implicações de diferentes definições de AT Apresentar e discutir aspectos da epidemiologia de AT no Brasil Explicitar papéis do profissional de saúde no controle de acidentes e de suas consequências tardias Apresentar concepção sistêmica de acidentes e criticar a abordagem tradicional e desses eventos

3 O que se entende por A.T.? Senso comum: falta de sorte, azar, descuido do trabalhador Conhecimento científico: eventos bem configurados no tempo e no espaço com clara relação de nexo causal com trabalho Imprevisibilidade quanto ao momento de ocorrência e quanto à extensão de todas as consequências Os vários fatores capazes de desencadear o AT já existiam no processo de trabalho antes da ocorrência dos mesmos

4 Dimensões do Fenômeno Acidente 1. Dramática: Relativa à vivência das vítimas, familiares, pessoas próximas ou envolvidas na assistência e resposta de emergência ao evento 2. Sócio-Técnica: Relativa aos aspectos que explicam o que e como aconteceu. A rede de fatores e circunstâncias que interage para dar origem ao acidente propriamente dito e aos aspectos do pós acidente (resposta de emergência, consequências tardias etc) 3. Jurídica: Relativa à verificação de responsabilidades civis, criminais e à viabilização do acesso dos envolvidos a eventuais direitos reconhecidos na legislação pertinente

5 Definições de Acidente de Trabalho

6 Ministério da Saúde Acidente do trabalho é o evento súbito ocorrido no exercício da atividade laboral, independentemente da situação empregatícia e previdenciária do [...] acidentado, e que acarreta dano à saúde, potencial ou imediato, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que causa, direta ou indiretamente (concausa) a morte, ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

7 Previdência Social (empregados CLT) Acidente Típico Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. (Lei nº 8.213/91 - Art. 19)

8 Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas: I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. (Lei nº 8.213/91 - Art. 20)

9 ACIDENTE POR EQUIPARAÇÃO Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. (Lei nº 8.213/91 - Art. 21)

10 Tipos de acidentes TÍPICOS: ocorridos dentro do ambiente de trabalho da empresa DE TRAJETO: ocorridos nos percursos para refeições e casa-trabalho e vice-versa

11 Exemplos de situações de risco e impactos na saúde

12 MÁQUINA TIPO PRENSA, EM METALÚRGICA

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14 GUILHOTINA PERMITINDO ACESSO DE MÃOS

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16 Papel dos profissionais de saúde na abordagem de acidentes e incidentes relacionados ao trabalho

17 A Responsabilidade dos Médicos 1. DIREITOS SOCIAIS: acesso é mediado por atos médicos Médico que fez primeiro atendimento deve responder: a)existe dano à saúde? b)em caso positivo, qual? c)tem origem ou agravamento relacionado ao trabalho? Se o médico não responder, ninguém o fará. 2. TRATAMENTO E NOTIFICAÇÃO: Atestado médico com indicação ou não de afastamento e comunicação via CAT (Previdência) e SINAN (notificação compulsória).

18 Ação de Vigilância Concepção de acidente: Acidente como fenômeno sistêmico ou psico-organizacional (e não individual) Como conduzir a análise? Princípios da análise e técnicas derivadas Análise de mudanças Análise de barreiras Sistematização das descrições Aprender com os acidentes: aprendizado organizacional A Análise de um Acidente deve ter o objetivo de Compreender suas causas para que sejam tomadas medidas preventivas necessárias.

19 As Etapas de um Acidente (Llory) Período pré acidente: O acidente manda avisos! As falhas latentes e a incubação do acidente Migração do sistema para o acidente Degradação do sistema Período de acidente propriamente dito Gatilhos ou fatores desencadeantes Erros ativos dimensão humana mais visível Período pós acidente ou de crise social pós desastres. Resposta de emergência e seus riscos Consequências tardias, impactos ambientais e outros

20 Informações Epidemiológicas

21 A NOTIFICAÇÃO A notificação tem por objetivo o registro e a vigilância dos Acidentes, garantindo ao segurado os direitos previstos na legislação acidentária. Todos os casos devem ser objeto de emissão de CAT COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO pelo empregador. Na falta de comunicação por parte do empregador, pode formalizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico assistente ou qualquer autoridade pública. 25

22 Definição de Caso (Ficha SINAN) São considerados Acidentes de Trabalho aqueles que ocorram no exercício da atividade laboral, ou no percurso de casa para o trabalho e vice-versa (acidentes de trajeto), podendo o trabalhador estar inserido tanto no mercado formal quanto no informal de trabalho. São considerados Acidentes de Trabalho Graves aqueles que resultam em morte, aqueles que resultam em mutilações e aqueles que acontecem com menores de dezoito anos.

23 Acidente de trabalho fatal: é quando o acidente resulta em óbito imediatamente ou até 12 horas após sua ocorrência. Acidentes de trabalho com mutilações: é quando o acidente ocasiona lesão (poli traumatismos, amputações, esmagamentos, traumatismos crânioencefálico, fratura de coluna, lesão de medula espinhal, trauma com lesões viscerais, eletrocussão, asfixia, queimaduras, perda de consciência e aborto) que resulte em internação hospitalar, a qual poderá levar à redução temporária ou permanente da capacidade para o trabalho. Acidentes do trabalho em crianças e adolescentes: é quando o acidente de trabalho acontece com pessoas menores de dezoito anos.

24 Coeficiente de incidência anual (CI-ATx1.000) e número de acidentes de trabalho não-fatais entre trabalhadores segurados, por grupo de atividade econômica, , Brasil. Fonte: SUB, e AEPS, Extraído de BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO ACIDENTES DE TRABALHO NÃO-FATAIS INFORME DO CENTRO COLABORADOR UFBA/ISC/PISAT MS/DSAST/CGSAT JULHO/ 2011 Edição nº2, ano I

25 Coeficiente de incidência anual (CIx1.000) de acidente de trabalho não fatal, entre trabalhadores segurados, por Unidade Federada, Extraído de BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO ACIDENTES DE TRABALHO NÃO-FATAIS INFORME DO CENTRO COLABORADOR UFBA/ISC/PISAT MS/DSAST/CGSAT JULHO/ 2011 Edição nº2, ano I

26 Extraído de BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO ACIDENTES DE TRABALHO INFORME DO CENTRO COLABORADOR UFBA/ISC/PISAT MS/DSAST/CGSAT JULHO/ 2011 Edição nº1, ano I

27 Consequências Tardias de Acidentes do Trabalho

28 Consequências Tardias de Traumas 1. Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT) 2. Sequelas funcionais: amplitude de movimentos, função de órgão ou sistema etc. 3. Danos neurovasculares 4. Síndrome Complexa da Dor Regional (Distrofia simpático-reflexa) imobilizações prolongadas 5. Epilepsia pós traumática: convulsões (pp//e focais ou generalizadas) repetidas e não evento isolado. 6. Cefaleia pós traumática

29 POR QUE AS EMPRESAS NÃO NOTIFICAM OS ACIDENTES DE TRABALHO? Reconhecimento de culpa/responsabilidade Custos com direitos sociais Possibilidade da Previdência Social ajuizar Ação Regressiva para cobrar do empregador culpado os valores gastos com benefícios por incapacidade.

30 REFERÊNCIAS BINDER, Maria Cecília Pereira; ALMEIDA, Ildeberto Muniz. Acidentes do Trabalho: Descompasso entre o avanço dos conhecimentos e a prevenção. In Patologia do Trabalho. Org. Renê Mendes. BRASIL. Normas Regulamentadoras do M.T.E. BRASIL. Estatísticas Epidemiológicas da Previdência Social. BRASIL. Estratégicas. Notificação de acidentes do trabalho fatais, graves e com crianças e adolescentes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília : Editora do Ministério da Saúde, p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Saúde do Trabalhador ; 2. Protocolos de Complexidade Diferenciada) OLIVEIRA, Sebastião Geraldo. A Proteção Jurídica da Saúde do Trabalhador. LTr, São Paulo: 2013 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo. Indenizações por Acidente do Trabalho e Doenças Ocupacionais. LTr, São Paulo: 2013.

31 Prof. Ildeberto Muniz de Almeida Profª Maria Dionísia do Amaral Dias Colaboração José Otávio de Almeida Barros Junior Deptº de Saúde Pública Faculdade de Medicina de Botucatu UNESP