Fiscal Sociologia do Trabalho Introdução Haroldo Guimarães Copyright. Curso Agora Eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor.
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1 Fiscal Sociologia do Trabalho Introdução Haroldo Guimarães 2012 Copyright. Curso Agora Eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor.
2 Professor Haroldo Guimarães (85) Material de apoio 1 SOCIOLOGIA DO TRABALHO AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO
3 EDITAL SOCIOLOGIA DO TRABALHO São 10 questões de peso 2 para Economia e Sociologia do Trabalho. Veja como foi em O CONCEITO DE TRABALHO. TRABALHO: AÇÃO, NECESSIDADE E COERÇÃO. EXPLORAÇÃO E ALIENAÇÃO. O TRABALHO NO PENSAMENTO CLÁSSICO. A DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO. 2. POPULAÇÃO E EMPREGO. POPULAÇÃO, POPULAÇÃO ATIVA E POPULAÇÃO OCUPADA. 3. TRABALHO E PROGRESSO TÉCNICO. DIVISÃO DO TRABALHO E DISTRIBUIÇÃO DE TAREFAS. PROCESSO DE TRABALHO E ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO. TRABALHO PARCIAL E INTEGRAL. TRABALHO ARTESANAL, MANUFATURA E GRANDE INDÚSTRIA. A CRISE DA SOCIEDADE DO TRABALHO. O DETERMINISMO TECNOLÓGICO. 4. TRABALHO E EMPRESA. PODER E DECISÃO NA EMPRESA. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DA EMPRESA. A CLASSE DIRIGENTE. 5. VALORES E ATITUDES. OS VALORES DO TRABALHO. TRABALHO E REMUNERAÇÃO. O SISTEMA DE ASSALARIAMENTO. A AÇÃO SINDICAL E SUA TIPOLOGIA. GREVES E CONFLITOS TRABALHISTAS.
4 Ponto 1 de Sociologia do Trabalho O Conceito de Trabalho Trabalho: ação, necessidade e coerção Exploração e alienação O trabalho no Karl Marx O trabalho é um processo no qual os seres humanos atuam sobre as forças da natureza, submetendo-as ao seu controle e transformando os recursos naturais em formas úteis à vida. Marx não aceita, como Hegel, que todo trabalho é positivo. Para Marx, só o trabalho útil seria positivo, ou seja, aquele no qual existe um caráter social. Quando alguém é obrigado a vender sua força de trabalho (a capacidade de executar o trabalho), muda o sentido do trabalho. O trabalhador põe sua energia no trabalho, mas o produto de seu esforço passa a não lhe pertencer mais. Quem o fez não o reconhece, pois não o concebeu. Giddens O trabalho é realização de tarefas que envolvem o dispêndio de esforço mental e físico, com o objetivo de produzir bens e serviços para satisfazer necessidades humanas. O conceito de trabalho como intervenção do homem no meio natural algo mais amplo e que sempre existiu não é o conceito trabalhado no concurso.
5 Vale, neste tema, buscar as lições de Hannah Arendt. Observando-se a experiência da sociedade antiga e medieval, conclui-se que o trabalho se divide em pelo menos três categorias: labor, trabalho e ação. O labor é vinculado diretamente à satisfação das necessidades primeiras do indivíduo, como alimentação, vestuário, moradia. Era exercido por quem era privado de sua liberdade, como os escravos, também para o proveito de alguns (que tinham poderes políticos e exerciam a chamada ação). A ação é exclusiva dos homens que não precisam exercem o labor, e exercida apenas no campo político. O trabalho seria um meio-termo, eis que o exercente do trabalho: 1. é homem livre mas não se limita a exercer a ação, e; trabalha, mas não tem sua liberdade reprimida, como no labor.
6 Existe um fim, um objeto diferente do trabalho: é um bem, com valor de troca, uma mercadoria, o que resulta em ser o trabalho um caminho entre a produção no ambiente privado e a comercialização no ambiente público. Com o surgimento do trabalho, na compreensão de Hannah Arendt, surge também a burguesia, a partir do Séc. XVIII. Há coerção no trabalho, entretanto: moral, social ou jurídica. Pode também ser interna, quando há um impulso do íntimo do próprio trabalhador, ou externa, quando a moral ou as condições econômicas impulsionam aquele. A pressão social é um tipo de pressão externa: quem trabalha, se dedica ao negócio; quem não trabalha, ao ócio. A sociedade atual, ademais, tem um perfil consumista, que impõe necessidades artificiais, apenas alcançáveis pelo trabalho.
7 Mais-valia: apesar de o trabalho ser o fato primordial de produção de riquezas, a remuneração por ele é sempre inferior ao preço que o capitalista obtém no mercado pela mercadoria. A exploração está na mais-valia. O conceito de alienação surge na filosofia hegeliana e é reconfigurado em Marx. A alienação para Marx se apresenta em sentido muito parecido com transferir a posse ou propriedade a outrem, vender, doar, como quem usa a expressão alienar um imóvel. É totalmente diferente do sentido de alienação mental, ou a submissão cega de uma pessoa a valores e instituições dadas. Dá-se em três níveis: - em relação ao produto do trabalho, - ao ato de produzir o trabalho e - em relação ao homem enquanto ser cultural.
8 Na alienação em relação ao produto do trabalho, o homem é alienado ( comprado ) para produzir um produto estranho a si, e que não lhe pertence. Exemplo é a canção Cidadão, mais conhecida na voz de Zé Ramalho. Cidadão Zé Geraldo Tá vendo aquele edifício moço? Ajudei a levantar Foi um tempo de aflição Eram quatro condução Duas pra ir, duas pra voltar Hoje depois dele pronto Olho pra cima e fico tonto Mas me chega um cidadão E me diz desconfiado, tu tá aí admirado Ou tá querendo roubar? Meu domingo tá perdido Vou pra casa entristecido Dá vontade de beber E pra aumentar o meu tédio Eu nem posso olhar pro prédio Que eu ajudei a fazer Tá vendo aquele colégio moço? Eu também trabalhei lá Lá eu quase me arrebento Pus a massa fiz cimento Ajudei a rebocar
9 Minha filha inocente Vem pra mim toda contente Pai vou me matricular Mas me diz um cidadão Criança de pé no chão Aqui não pode estudar Esta dor doeu mais forte Por que que eu deixei o norte Eu me pus a me dizer Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava Tinha direito a comer Onde o padre diz amém Pus o sino e o badalo Enchi minha mão de calo Lá eu trabalhei também Lá sim valeu a pena Tem quermesse, tem novena E o padre me deixa entrar Foi lá que cristo me disse Rapaz deixe de tolice Não se deixe amedrontar Tá vendo aquela igreja moço?
10 Fui eu quem criou a terra Enchi o rio fiz a serra Não deixei nada faltar Hoje o homem criou asas E na maioria das casas Eu também não posso entrar Fui eu quem criou a terra Enchi o rio fiz a serra Não deixei nada faltar
11 No segundo caso de alienação em relação ao ato de produzir -, o trabalhador não executa ação nenhuma que tenha significação para si. Tanto é assim que as suas atitudes, maior das vezes, só tem significação para o contexto do detentor do meio de produção, e só podem ter este significado se aliadas a atitudes de outros trabalhadores. Exemplo é a cena clássica do filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, onde o trabalhador se inebria de tanto repetir o mesmo movimento de rosquear um parafuso. Ademais, satisfaz necessidades de outros, e não as suas, bem como tem suas habilidades menosprezadas.
12 No terceiro caso a alienação do homem enquanto ser cultural - o homem é alienado para viver a vida do trabalho e do mercado, e não sua vida, o que furta o trabalhador de reproduzir a si mesmo no mundo cultural e impõe que se apresente num mundo estranho a si mesmo. Torna-se formalista e educado, comportando-se pelas aparências, de forma correta e educada, operacionaliza suas ações, cedendo a sua vontade de forma mecânica e sem julgamento. Deixa-se de ser o Haroldo para o ser o Professor, e tão somente o Professor. O Concurseiro estaria num limbo. Não é um exemplo perfeito, mas vale citar Gonzaguinha: E sem o seu trabalho, o homem não tem honra E sem a sua honra, se morre, se mata.
13 Adam Smith O valor de cada mercadoria deriva da quantidade de trabalho gasto em sua produção, e não pela sua utilidade. O autor reconhece o conflito das classes sociais, mas diz que deve haver cooperação dos mais pobres para o progresso da sociedade e da economia, e que, na medida em que os pobres trabalham, podem progredir pessoalmente. Defende a propriedade privada, a livre iniciativa e a livre concorrência, usando da expressão mão invisível para defender que os interesses da sociedade e da economia se acomodam por si só. Marx Criticou a ideias de Adam Smith, fundamentalmente, no que respeita a propriedade privada e a livre iniciativa, mas concorda com o mesmo no atinente ao tempo de trabalho como gerador de valor da mercadoria. Ricardo O valor do trabalho é obtido em razão da habilidade e dificuldade para realizá-lo, além da oferta de trabalho. Diz ainda que quando há aumento de produtividade pelo uso das máquinas pode ocorrer desemprego, revelando um pessimismo também encontrado em Malthus.
14 É a distribuição dos meios de produção, do capital e do trabalho ao longo das cadeias produtivas, ou, ainda, é o modo como se distribui o trabalho nas diferentes sociedades ou estruturas socioeconômicas. No aspecto técnico, se revela na distribuição de tarefas (horizontal). No aspecto social, se revela na hierarquização (vertical). Max Weber Implica necessariamente, a divisão social do trabalho, na implementação de normas impessoais para regular o trabalho e uma burocracia, com padronização, formalização, hierarquia, impessoalidade, especialização e centralização. Durkheim A divisão do trabalho não avilta capacidades individuais, mas perfaz vínculos sociais e reforça a consciência coletiva. Marx Não é, a divisão social do trabalho, calcada apenas na técnica. Mas há a separação entre o trabalho manual e o intelectual. O processo do trabalho é elaborado pelo detentor do meio de produção, e o trabalhador apenas executa, o que denota uma subordinação estrutural do trabalho também ao capital. Para Marx surge a distinção entre trabalho-morto e trabalho-vivo; este, realizado por homem, implica em mais-valia; aquele, realizado por máquina, incapaz de implicar em mais-valia.
15 Macete Entender que a divisão do trabalho vai mudando na história. Haroldo Guimarães
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