POLÍTICAS PÚBLICAS Aula 02. Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua

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2 POLÍTICAS PÚBLICAS Aula 02 Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua

3 O processo de elaboração de políticas públicas no Estado capitalista moderno BUROCRATAS E DISCRICIONARIEDADE NO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DISCRICIONARIEDADE CONCEITO AMPLO é a disponibilidade de um espaço de poder que permite ao agente público escolher entre diferentes alternativas de ação ou não-ação. Importante na formulação e na implementação de políticas. CONCEITO RESTRITO distingue julgamento que burocratas fazem quando apenas têm que interpretar normas versus a margem de autonomia que possuem para tomarem as decisões convenientes ao interesse público. Pode se referir a a) arbitrariedades ou personalismos na atuação dos agentes públicos, b) margem de liberdade que agente público possui no exercício das funções, c) margem de liberdade dos agentes públicos na periferia, aplicando normas da administração central.

4 BUROCRATAS E DISCRICIONARIEDADE NO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS. DISCRICIONARIEDADE inclui situações que vão desde o poder discricionário propriamente dito, que consiste na orientação legal que inclui a extensão da norma, o titular da sua competência e a finalidade pretendida; passa pelos conceitos jurídicos indeterminados que geram vazios legais a serem preenchidos por interpretações judiciais sempre à luz da finalidade da norma; remete à capacidade de juízo ou julgamento, referindo-se à flexibilidade do agente público para exercer uma prática criativa e positiva com relação à norma, sem violação das suas finalidades; e chega à violação correspondente ao afastamento da finalidade da norma. Em todas as concepções e situações, é preciso examinar a influência das regras do jogo político sobre os comportamentos dos atores.

5 BUROCRATAS E DISCRICIONARIEDADE NO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS. QUATRO ABORDAGENS DA DISCRICIONARIEDADE C. HAM & M. HILL (1993) Literatura traz quatro principais abordagens: (a) (b) (c) (d) a da Sociologia (sobretudo da Teoria das Organizações), que verifica como é realizado o controle hierárquico da autonomia e como os subordinados em situação de baixa confiabilidade a exercem; a das políticas públicas da área social, que focaliza as distorções que a burocracia mais próxima ao cidadão pode produzir na implementação dessas políticas; a do Direito Administrativo (ou Lei Administrativa), que discute a flexibilidade das regras, que tem sido vista como preferível à rigidez legal; e a do cumprimento da lei, que observa que os vieses dos agentes do Estado podem alterar as políticas e discute em que medida seria desejável que esses atores fossem mais rigorosos, ou menos flexíveis, frente à norma legal.

6 BUROCRATAS E DISCRICIONARIEDADE NO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS. QUATRO ABORDAGENS DA DISCRICIONARIEDADE 1) SOCIOLOGIA E TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES 1) SOCIOLOGIA E TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES discricionariedade permeia todos os processos e atividades governamentais, até os mais supervisionados, influenciando os sistemas organizacionais. Quando há delegação de atribuições e de responsabilidades como ocorre usualmente no âmbito das decisões públicas, o nível de discricionariedade se eleva, porque há numerosos atores intermediários operando num ambiente político complexo. SIMON (1947) As burocracias dispõem de uma margem de liberdade de decisão e a suposição de controle completo não encontra amparo no mundo real. Como as organizações são baseadas na autoridade e na hierarquia, e como é rotineira a delegação de atividades e de responsabilidades, a discricionariedade produz acentuados impactos sobre os sistemas organizacionais e sobre os resultados de suas atividades, especialmente nas políticas públicas.

7 BUROCRATAS E DISCRICIONARIEDADE NO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS. QUATRO ABORDAGENS DA DISCRICIONARIEDADE 1) SOCIOLOGIA E TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES ETZIONI (1967) As decisões públicas têm status diferenciado. Há decisões ordinárias (tomadas na base da pirâmide hierárquica organizacional) que estão subordinadas às decisões estruturantes (tomadas no topo da organização). Mas as decisões ordinárias podem não ser executadas conforme os parâmetros estruturantes devido à discricionariedade da burocracia. Ao implementar ações específicas de políticas públicas, as burocracias o fazem no nível microinstitucional, lidando com tarefas e problemas diferentes daqueles notados pelos políticos, e que são percebidos mais facilmente pela sociedade. Embora a lógica do sistema suponha controle e subordinação, na realidade, o que há é interdependência entre superiores e subordinados: os primeiros chegam até a ser dependentes dos segundos, porque sem eles será inviável a implementação das políticas públicas.

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