HISTÓRIAS, MÚSICAS, POESIAS, AUTORES E PERSONAGENS: UMA POSSIBILIDADE DE TRABALHO EDUCATIVO COM CRIANÇAS E PROFESSORES

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1 HISTÓRIAS, MÚSICAS, POESIAS, AUTORES E PERSONAGENS: UMA POSSIBILIDADE DE TRABALHO EDUCATIVO COM CRIANÇAS E PROFESSORES Marta Chaves (DTP-UEM) Heloisa Toshie Irie Saito (DTP-UEM) Janice Carina Groth (PG Educação/UEM) Minicurso INTRODUÇÃO Temos como propósito neste texto e proposta de curso, apresentar a possibilidade do enlace do referencial teórico nominado Teoria Histórico-Cultural com as intervenções pedagógicas afetas à Literatura Infantil. Intencionamos efetuar estudos, reflexões e apresentar sugestões de procedimentos e recursos didáticos que valorizem a ação dos professores e reafirmem a capacidade de aprendizagem e desenvolvimento das crianças. Assumiremos nesta proposta de trabalho a perspectiva acima citada por considerarmos que este referencial teórico, seja em seus autores clássicos (L. S. Vigostski; A. R. Luria; A. N. Leontiev) ou por meio dos pesquisadores contemporâneos (Duarte, 2004; Facci, 2004; Mello, 1999; Lima, 2005; Martins, 2001) apresenta investigações e proposições acerca do processo ensino e aprendizagem. Consideramos que esta relação (referencial teórico e intervenção educativa) contribui para que se reflita sobre a prática pedagógica efetuada nas escolas e Centros de Educação Infantil. Se nos atentarmos à rotina escolar, por inúmeras vezes observamos a secundarização do trabalho com Literatura Infantil ou ainda uma associação dos textos literários a conteúdos escolares, numa perspectiva de dependência da Literatura para com os conteúdos específicos e, nesta lógica, músicas, histórias e poesias serviriam tão somente para auxiliar o ensino. Ressaltamos, oportunamente, que somos favoráveis à associação de conteúdos às vivências com autores e personagens, desde que o trabalho educativo esteja organizado de Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM,

2 forma a motivar os escolares para suas atividades de estudo. Avaliamos que a secundarização do trabalho com literatura também se dá quando as histórias, músicas e poesias são requisitadas ao final do período escolar, quando se espera ou nos intervalos de uma atividade considerada mais importante. Nestas circunstâncias, por alguns instantes, as crianças ficam mobilizadas, por vezes até se acalmam, mas como este tipo de intervenção não se sustenta, a motivação inicial se anula. Apresenta-se então uma questão: qual a contribuição do trabalho com Literatura Infantil para a aprendizagem e desenvolvimento das crianças? INTERVENÇÕES EDUCATIVAS COM AUTORES E PERSONAGENS: UMA POSSIBILIDADE DE ENCANTO E APRENDIZAGEM Para refletirmos sobre a contribuição de intervenções afetas à Literatura Infantil, fazese necessário pontuarmos qual função da escola no processo formativo dos escolares. Consideramos que a função da escola é promover o desenvolvimento numa perspectiva de humanização. O que em outras palavras significa dizer que educar só se justifica caso potencialize as capacidades humanas desenvolvidas ao longo da História da humanidade. Para tal afirmação recorremos a autores como Saviani (2000), Duarte (2001) e os estudos clássicos de Marx (1993), Leontiev (1978) e Vigostski (1999; 2009). Assim, a organização pedagógica da escola se fortalece quando os procedimentos didáticos e a organização da rotina escolar são expressão do desenvolvimento humano, ou seja, quando em todo o espaço e tempo de permanência dos escolares nas instituições educativas formais é tomado por circunstâncias que potencializam capacidades humanas como a memória, atenção, abstração e a linguagem. Para isto é fundamental que o ponto de partida das intervenções e propostas de trabalho com as crianças, expressem o que há de mais avançado em diferentes áreas do conhecimento regra que se aplica também ao universo da arte, portanto, à Literatura Infantil. Ressaltamos que nesta perspectiva se firma a importância da Literatura Infantil e sua tríplice condição para a realização de trabalhos escolares. Isto significa dizer que a Literatura Infantil é ao mesmo tempo conteúdo, estratégia e recurso didático-pedagógico, como afirma Chaves (2011) ao tratar desta temática. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM,

3 Queremos dizer com isto que, para apresentar às crianças músicas do compositor russo Tchaikovsky, poesias de Mario Quintana, histórias de Ana Maria Machado, adivinhas e parlendas populares, trata-se de uma decisão que tem como antecedência a necessidade de estudos e atenção a um determinado referencial teórico, que ampare as escolhas e encaminhamentos teórico-metodológicos. O quê e como ensinar então, deve estar em consonância com a função da escola que precisa ser definida pelo referencial teórico eleito para fundamentar os trabalhos diários. Os estudos de Blagonadezhina (1969), Mukhina (1995) e Vygotsky (2009) reafirmam a importância do ensino e do ensino da arte. Para estes estudiosos a condição humana do educando poderá ser potencializada tanto quanto sua criatividade; o que ocorrerá se for atribuída a devida atenção ao trabalho educativo realizado com as crianças. Nesta perspectiva, significa que deve-se retomar a essencialidade da organização prévia, do planejamento de atividades nas quais não se descuide do tempo e do ambiente de permanência das crianças. Neste sentido vale lembrar os estudos de Saito (2010), ao tratar da importância do cotidiano para a aprendizagem e desenvolvimento das crianças. Esta pesquisadora lembra que cantar, ler para as crianças, solicitar a leitura e elaborar coreografia são demonstrativos de ações que se justificam, desde que tenham sido anteriormente planejadas e programadas, como defende a autora. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando o exposto e amparados nas elaborações da Teoria Histórico-Cultural, salientamos que as instituições escolares devem possibilitar a apropriação, por parte da criança, da cultura desenvolvida e acumulada social e historicamente pela humanidade. Com esta compreensão, a Literatura Infantil, firma-se como possibilidade de apresentar e ensinar às crianças elaborações humanas significativas e assim contribuir decisivamente para ampliar o universo de conhecimento dos escolares. Nesta perspectiva, a sensibilidade, a curiosidade, a atenção, a memória e a percepção podem ser desenvolvidas com conteúdos, estratégias e recursos de ensino adequados e a Literatura Infantil apresenta-se como fundamental no processo educativo humanizador. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM,

4 REFERÊNCIAS BLAGONADEZHINA, L. V. Las emociones y los sentimientos. In: SMIRNOV, A. A.; LEONTIEV, A. N.; RUBINSHTEIN, S. L.e TIEPLOV, B. M. Psicologia. Trad. Florencio Villa Landa. 3. ed. México: Editorial Grijalbo, 1969., p CHAVES, M. Enlaces da Teoria Histórico-Cultural com a literatura infantil. In: CHAVES, M. (Org.). Práticas pedagógicas e literatura infantil. Maringá: Eduem, 2011, p (Col. Formação de Professores, EAD, n. 44). DUARTE, N. Educação escolar, teoria do cotidiano e a escola de Vigotski. 3. ed. Campinas-SP: Autores Associados, (Col. Polêmicas de nosso tempo, 55). Vigotski e o aprender a aprender : crítica às apropriações neoliberais e pósmodernas da teoria vigotskiana. 3. ed. Campinas, SP: Autores Associados, Coleção Educação contemporânea. FACCI, M. G. D. Valorização ou esvaziamento do trabalho do professor?: um estudo crítico-comparativo da teoria do professor reflexivo, do construtivismo e da psicologia vigotskiana. Campinas, SP: Autores Associados, LEONTIEV, A. O desenvolvimento do psiquismo. 1. ed. São Paulo: Moraes, LIMA, E. A. Infância e Teoria Histórico-Cultural: (Des) Encontros da Teoria e da Prática. 2005, Tese (Doutorado em Ensino na Educação Brasileira). Faculdade de Filosofia e Ciências, UNESP, Marília, MARTINS, L. M. Análise sócio-histórica do processo de personalização de professores Tese (Doutorado em Educação) Faculdade de Filosofia e Ciências, UNESP, Marília, MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã (Feuerbach). 9. ed. Trad. José Carlos Bruni e Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Hucitec, (Pensamento Socialista, 12) MELLO, S.A. Algumas implicações pedagógicas da Escola de Vygotsky para a educação infantil, Pro-posições/Faculdade de Educação-Unicamp, Campinas, v.10, n. 1 (28), mar MUKHINA,V. Psicologia da Idade Pré-escolar. Trad. Claudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, SAITO, H. T. I. Aproximações entre a legislação da Educação Infantil brasileira, seus pressupostos teóricos e a prática pedagógica: o processo de reflexão sobre a ação docente como meio de aprimoramento da atuação do professor Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM,

5 SAVIANI, D. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 7. ed. Campinas, SP: Autores Associados, Coleção Polêmicas de nosso tempo, 40. VIGOTSKI, L. S. Psicologia da arte. 1. ed. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, Imaginação e criação na infância. Trad. Zoia Prestes. São Paulo: Ática, Coleção Ensaios comentados. Anais da Semana de Pedagogia da UEM. Volume 1, Número 1. Maringá: UEM,