AS RECEITAS TRIBUTÁRIAS MUNICIPAIS EM 2014
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- Francisco Furtado Carneiro
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1 AS S TRIBUTÁRIAS MUNICIPAIS EM 2014 François E. J. de Bremaeker Rio de Janeiro, janeiro de 2016
2 AS S TRIBUTÁRIAS MUNICIPAIS EM 2014 François E. J. de Bremaeker Economista e Geógrafo Gestor do Observatório de Informações Municipais Membro do Núcleo de Estudos Urbanos da Associação Comercial de São Paulo (bremaeker@gmail.com) O presente estudo tem por finalidade a elaboração de uma análise sobre a composição das receitas tributárias dos Municípios brasileiros, evidenciando as diferenças que ocorrem em função do seu quantitativo demográfico. Estudos anteriores sobre o panorama das finanças municipais já deixavam evidente a fragilidade das finanças municipais, motivada pelas diferentes realidades encontradas nos Municípios, relacionadas a uma série de fatores, tais como: o quantitativo demográfico, o grau de urbanização e a sua vocação econômica. O que se observa é o fato de que a estrutura tributária brasileira sempre deixou sob a competência municipal os impostos tipicamente urbanos, tais como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Estes dois impostos foram responsáveis, em 2014, por 81,65% do montante da receita tributária municipal. Em 2014 foram consideradas as receitas do ITR para os Municípios que aderiram ao convênio com a Receita Federal. Em 2013 esta participação era de 81,55%, em 2012 de 81,89%, em 2011 de 81,99%, em 2010 de 82,47%, em 2009 de 82,85%. Em 2008 era de 82,43% e em 2007 de 82,60%. Em 2006 era de 82,7%, em 2005 de 82,2% e em 2004 de 81,6%. A importância da receita tributária dos governos locais cresce na medida em que aumenta o quantitativo demográfico dos Municípios, pelo fato de ser uma variável intimamente relacionada com o grau de urbanização.
3 A receita tributária municipal + A receita tributária municipal vigente em 2014 ] é constituída pelas seguintes espécies tributárias: impostos taxas o imposto predial e territorial urbano (IPTU) o imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS) o imposto sobre a transmissão de bens imóveis intervivos (ITBI inter vivos) o imposto territorial rural (ITR), desde que atendidos os requisitos da Lei nº , de 27/12/2005. o taxas pela utilização de serviços públicos o taxas pelo exercício do poder de polícia contribuição de melhoria A importância das receitas tributárias Em 2014 as receitas tributárias representavam 17,36% da receita orçamentária municipal. A única região que apresentava uma participação acima da média nacional era a Sudeste, que concentrava 64,91% de toda a receita tributária municipal do País. As demais regiões apresentavam participações abaixo da média brasileira. Em segundo plano aparecia a região Sul, que já se situava um pouco abaixo da média nacional e que concentrava 13,73% de toda a receita tributária municipal. Os Municípios da região Nordeste concentravam 12,35% de toda a receita tributária municipal do País, enquanto que os da região Centro-oeste concentravam 5,13% e os da região Norte 3,88%.
4 TABELA 1 DISTRIBUIÇÃO DA ORÇAMENTÁRIA E DA TRIBUTÁRIA, SEGUNDO AS GRANDES REGIÕES. BRASIL 2014 (*) (em R$ 1,00) BRASIL E GRANDES REGIÕES ORÇAMENTÁRIA TRIBUTÁRIA % BRASIL ,36 Norte ,26 Nordeste ,03 Sudeste ,67 Sul ,80 Centro-oeste ,30 FONTES: Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação / SIOPE ORGANIZAÇÃO FINAL DOS DADOS: François E. J. de Bremaeker (*) Dados para o universo de Municípios. Não são considerados os dados referentes ao Distrito Federal e Fernando de Noronha. Obs.: Para a recuperação da base de dados FINBRA da internet, o autor contou com a colaboração de José Roberto Affonso e Kleber P. Castro, da Fundação Getúlio Vargas. Posteriormente, o autor complementou os levantamentos com dados de 483 Municípios da base do MEC / FNDE / SIOPE; utilizou dados de anos anteriores de 122 Municípios das bases de dados da STN e do SIOPE, corrigindo-os para valores de 2014; e, por fim, o autor ainda necessitou efetuar ajustes e complementações para 938 Municípios da base de dados da STN a partir de dados do SIOPE. Em seguida foram deduzidos das receitas de transferências correntes de 544 Municípios os valores negativos correspondentes às outras receitas, ficando esta conta com valor zero. Não contando as duplicidades de operações, foram efetuados conjuntos de ajustamentos para chegar a uma base de dados aceitável para o autor. Os itens trabalhados foram apenas: a receita total, corrente, de capital, a receita tributária e seu detalhamento, as transferências correntes e o FPM, ITR, ICMS e IPVA, a dívida ativa e a transferência de capital. Desta forma foi possível montar esta base de dados para o universo de Municípios. Com o objetivo de se aproximar da real situação, em razão do desigual número de Municípios encontrados em cada região, os dados foram transformados em valores médios (tabela 2). Os resultados apresentados pela região Sudeste são bastante diferentes daqueles apresentados pelas demais regiões, tanto em relação à média da receita orçamentária, quanto à média da receita tributária, principalmente em relação a esta última. Muito embora os resultados médios da receita tributária registrados pela região Sudeste sejam influenciados por aqueles dos Municípios das capitais de São Paulo e Rio de Janeiro, responsáveis por 29,93% do montante da receita tributária municipal, mesmo sem eles os resultados regionais ainda seriam os maiores de todos, pelo fato de ser a região mais urbanizada e que concentra a maior parcela da atividade econômica do País.
5 Em segundo plano, em relação à receita tributária, aparece a região Sul, seguida pelas regiões Centro-oeste, Norte e Nordeste. O diferencial entre a média da região Sudeste e Nordeste é de 5,65 vezes. Em relação à receita orçamentária média, a região sudeste é a única que se posiciona acima da média, seguindo-se em importância as regiões Norte, Sul. Centro-oeste e Nordeste, com um relativo equilíbrio entre elas. O diferencial entre a média da região Sudeste e Nordeste é de 2,50 vezes. TABELA 2 DISTRIBUIÇÃO DA ORÇAMENTÁRIA MÉDIA E DA TRIBUTÁRIA MÉDIA, SEGUNDO AS GRANDES REGIÕES. BRASIL 2014 (*) (em R$ 1,00) BRASIL E GRANDES REGIÕES ORÇAMENTÁRIA MÉDIA TRIBUTÁRIA MÉDIA %..BRASIL ,36 Norte ,26 Nordeste ,03 Sudeste ,67 Sul ,80 Centro-oeste ,30 FONTES: Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação / SIOPE ORGANIZAÇÃO FINAL DOS DADOS: François E. J. de Bremaeker (*) Dados para o universo de Municípios. Não são considerados os dados referentes ao Distrito Federal e Fernando de Noronha. Obs.: Para a recuperação da base de dados FINBRA da internet, o autor contou com a colaboração de José Roberto Affonso e Kleber P. Castro, da Fundação Getúlio Vargas. Posteriormente, o autor complementou os levantamentos com dados de 483 Municípios da base do MEC / FNDE / SIOPE; utilizou dados de anos anteriores de 122 Municípios das bases de dados da STN e do SIOPE, corrigindo-os para valores de 2014; e, por fim, o autor ainda necessitou efetuar ajustes e complementações para 938 Municípios da base de dados da STN a partir de dados do SIOPE. Em seguida foram deduzidos das receitas de transferências correntes de 544 Municípios os valores negativos correspondentes às outras receitas, ficando esta conta com valor zero. Não contando as duplicidades de operações, foram efetuados conjuntos de ajustamentos para chegar a uma base de dados aceitável para o autor. Os itens trabalhados foram apenas: a receita total, corrente, de capital, a receita tributária e seu detalhamento, as transferências correntes e o FPM, ITR, ICMS e IPVA, a dívida ativa e a transferência de capital. Desta forma foi possível montar esta base de dados para o universo de Municípios.
6 Através da receita tributária per capita têm-se uma mais precisa idéia da realidade. Verifica-se que a receita per capita dos Municípios da região Sudeste é a única que supera a média nacional (e com bastante folga). Os Municípios da região Sul aparecem em segundo plano e são os que mais se aproximam da média brasileira, vindo em seguida aqueles da região Centro-oeste, bem abaixo da média. Quanto às regiões Norte e Nordeste, estas apresentam as receitas tributárias per capita mais modestas, num patamar pouco mais de duas vezes menor que a média dos Municípios do País. TABELA 3 DISTRIBUIÇÃO DA ORÇAMENTÁRIA PER CAPITA E DA TRIBUTÁRIA PER CAPITA, SEGUNDO AS GRANDES REGIÕES. BRASIL 2014 (*) (em R$ 1,00) BRASIL E GRANDES REGIÕES ORÇAMENTÁRIA PER CAPITA TRIBUTÁRIA PER CAPÍTA % BRASIL ,36. Norte ,26 Nordeste ,03 Sudeste ,67 Sul ,80 Centro-oeste ,30 FONTES: Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação / SIOPE ORGANIZAÇÃO FINAL DOS DADOS: François E. J. de Bremaeker (*) Dados para o universo de Municípios. Não são considerados os dados referentes ao Distrito Federal e Fernando de Noronha. Obs.: Para a recuperação da base de dados FINBRA da internet, o autor contou com a colaboração de José Roberto Affonso e Kleber P. Castro, da Fundação Getúlio Vargas. Posteriormente, o autor complementou os levantamentos com dados de 483 Municípios da base do MEC / FNDE / SIOPE; utilizou dados de anos anteriores de 122 Municípios das bases de dados da STN e do SIOPE, corrigindo-os para valores de 2014; e, por fim, o autor ainda necessitou efetuar ajustes e complementações para 938 Municípios da base de dados da STN a partir de dados do SIOPE. Em seguida foram deduzidos das receitas de transferências correntes de 544 Municípios os valores negativos correspondentes às outras receitas, ficando esta conta com valor zero. Não contando as duplicidades de operações, foram efetuados conjuntos de ajustamentos para chegar a uma base de dados aceitável para o autor. Os itens trabalhados foram apenas: a receita total, corrente, de capital, a receita tributária e seu detalhamento, as transferências correntes e o FPM, ITR, ICMS e IPVA, a dívida ativa e a transferência de capital. Desta forma foi possível montar esta base de dados para o universo de Municípios.
7 A distribuição dos Municípios segundo os grupos de habitantes mostra que existe um significativo diferencial em relação à participação da receita tributária frente à receita orçamentária. Como seria de se esperar a participação da receita tributária em relação à receita orçamentária se eleva à medida em que aumenta o porte demográfico dos Municípios. Interessante observar que apenas o grupo dos Municípios com população acima de 200 mil habitantes supera a participação relativa da média nacional de receita tributária. Isto significa dizer que apenas 2,59% dos Municípios brasileiros (144 unidades) se encontram nos grupos que apresentam uma participação de receita tributária acima média nacional. GRUPOS DE HABITANTES (por mil) TABELA 4 DISTRIBUIÇÃO DA ORÇAMENTÁRIA E DA TRIBUTÁRIA, SEGUNDO OS GRUPOS DE HABITANTES. BRASIL 2014 (*) (em R$ 1,00) ORÇAMENTÁRIA TRIBUTÁRIA BRASIL ,36 até ,93 2 I ,32 5 I ,74 10 I ,53 20 I ,83 50 I , I , I , I , I , e mais ,61 FONTES: Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação / SIOPE ORGANIZAÇÃO FINAL DOS DADOS: François E. J. de Bremaeker (*) Dados para o universo de Municípios. Não são considerados os dados referentes ao Distrito Federal e Fernando de Noronha. Obs.: Para a recuperação da base de dados FINBRA da internet, o autor contou com a colaboração de José Roberto Affonso e Kleber P. Castro, da Fundação Getúlio Vargas. Posteriormente, o autor complementou os levantamentos com dados de 483 Municípios da base do MEC / FNDE / SIOPE; utilizou dados de anos anteriores de 122 Municípios das bases de dados da STN e do SIOPE, corrigindo-os para valores de 2014; e, por fim, o autor ainda necessitou efetuar ajustes e complementações para 938 Municípios da base de dados da STN a partir de dados do SIOPE. Em seguida foram deduzidos das receitas de transferências correntes de 544 Municípios os valores negativos correspondentes às outras receitas, ficando esta conta com valor zero. Não contando as duplicidades de operações, foram efetuados conjuntos de ajustamentos para chegar a uma base de dados aceitável para o autor. Os itens trabalhados foram apenas: a receita total, corrente, de capital, a receita tributária e seu detalhamento, as transferências correntes e o FPM, ITR, ICMS e IPVA, a dívida ativa e a transferência de capital. Desta forma foi possível montar esta base de dados para o universo de Municípios. %
8 Este fato mostra que existe uma forte concentração da receita tributária nos Municípios de maior porte demográfico, que são aqueles mais urbanos. Estes poucos Municípios, com população superior a 200 mil habitantes, concentram nada menos que 73,51% de toda a receita tributária do conjunto dos Municípios do País. Em oposição, verifica-se que 68,98% dos Municípios, que possuem população abaixo de 20 mil habitantes, detém apenas 4,80% do total da receita tributária do conjunto dos Municípios brasileiros. Vale à pena registrar que os 2 Municípios mais populosos (São Paulo e Rio de Janeiro) concentram 29,93% de toda a receita tributária arrecadada pelo conjunto dos Municípios do País. Com o objetivo de se aproximar da real situação, em razão do desigual número de Municípios encontrados nos diversos grupos de população, os dados foram transformados em valores médios (tabela 5). Como seria de se esperar, os valores médios da receitas orçamentária e tributária crescem mais à medida em que aumenta o quantitativo demográfico dos Municípios, sendo que o diferencial é maior do lado das receitas tributárias, vez que para os Municípios de menor porte demográfico suas receitas orçamentárias são mais influenciadas pelas transferências constitucionais, notadamente pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O diferencial entre os valores médios das receitas tributárias dos Municípios do grupo com população até 2 mil habitantes e aqueles com população acima de 5 milhões de habitantes chega a vezes, enquanto que o diferencial da receita orçamentária média é de vezes. A receita tributária média para o País é superada apenas pelos Municípios com população superior a 50 mil habitantes, praticamente triplicando seu valor a cada grupo de habitantes superior ao anterior, sendo que entre os dois últimos grupos de habitantes, o diferencial é de 12,59 vezes, fato este que mostra como é elevada a concentração da receita tributária nos Municípios de maior porte demográfico.
9 TABELA 5 DISTRIBUIÇÃO DA ORÇAMENTÁRIA MÉDIA E DA TRIBUTÁRIA MÉDIA, SEGUNDO OS GRUPOS DE HABITANTES. BRASIL 2014 (*) (em R$ 1,00) GRUPOS DE HABITANTES (por mil) ORÇAMENTÁRIA MÉDIA TRIBUTÁRIA MÉDIA % BRASIL c até ,93 2 I ,32 5 I ,74 10 I ,53 20 I ,83 50 I , I , I , I , I , e mais ,61 FONTES: Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação / SIOPE ORGANIZAÇÃO FINAL DOS DADOS: François E. J. de Bremaeker (*) Dados para o universo de Municípios. Não são considerados os dados referentes ao Distrito Federal e Fernando de Noronha. Obs.: Para a recuperação da base de dados FINBRA da internet, o autor contou com a colaboração de José Roberto Affonso e Kleber P. Castro, da Fundação Getúlio Vargas. Posteriormente, o autor complementou os levantamentos com dados de 483 Municípios da base do MEC / FNDE / SIOPE; utilizou dados de anos anteriores de 122 Municípios das bases de dados da STN e do SIOPE, corrigindo-os para valores de 2014; e, por fim, o autor ainda necessitou efetuar ajustes e complementações para 938 Municípios da base de dados da STN a partir de dados do SIOPE. Em seguida foram deduzidos das receitas de transferências correntes de 544 Municípios os valores negativos correspondentes às outras receitas, ficando esta conta com valor zero. Não contando as duplicidades de operações, foram efetuados conjuntos de ajustamentos para chegar a uma base de dados aceitável para o autor. Os itens trabalhados foram apenas: a receita total, corrente, de capital, a receita tributária e seu detalhamento, as transferências correntes e o FPM, ITR, ICMS e IPVA, a dívida ativa e a transferência de capital. Desta forma foi possível montar esta base de dados para o universo de Municípios.
10 A observação dos valores per capita da receita tributária municipal mostra que a média nacional somente é ultrapassada pelos Municípios do grupo com população superior a 200 mil habitantes. Os Municípios com população até 20 mil habitantes apresentem valores médios de receita tributária muito próximos, sendo que a partir deste ponto os valores começam a se elevar. TABELA 6 DISTRIBUIÇÃO DA ORÇAMENTÁRIA PER CAPITA E DA TRIBUTÁRIA PER CAPITA, SEGUNDO OS GRUPOS DE HABITANTES. BRASIL 2014 (*) (em R$ 1,00) GRUPOS DE HABITANTES (por mil) ORÇAMENTÁRIA PER CAPITA TRIBUTÁRIA PER CAPITA % BRASIL ,36 até ,93 2 I ,32 5 I ,74 10 I ,53 20 I ,83 50 I , I , I , I , I , e mais ,61 FONTES: Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação / SIOPE ORGANIZAÇÃO FINAL DOS DADOS: François E. J. de Bremaeker (*) Dados para o universo de Municípios. Não são considerados os dados referentes ao Distrito Federal e Fernando de Noronha. Obs.: Para a recuperação da base de dados FINBRA da internet, o autor contou com a colaboração de José Roberto Affonso e Kleber P. Castro, da Fundação Getúlio Vargas. Posteriormente, o autor complementou os levantamentos com dados de 483 Municípios da base do MEC / FNDE / SIOPE; utilizou dados de anos anteriores de 122 Municípios das bases de dados da STN e do SIOPE, corrigindo-os para valores de 2014; e, por fim, o autor ainda necessitou efetuar ajustes e complementações para 938 Municípios da base de dados da STN a partir de dados do SIOPE. Em seguida foram deduzidos das receitas de transferências correntes de 544 Municípios os valores negativos correspondentes às outras receitas, ficando esta conta com valor zero. Não contando as duplicidades de operações, foram efetuados conjuntos de ajustamentos para chegar a uma base de dados aceitável para o autor. Os itens trabalhados foram apenas: a receita total, corrente, de capital, a receita tributária e seu detalhamento, as transferências correntes e o FPM, ITR, ICMS e IPVA, a dívida ativa e a transferência de capital. Desta forma foi possível montar esta base de dados para o universo de Municípios.
11 A partir do grupo de 20 mil a 50 mil habitantes os crescimentos são crescentes em valores per capita, diminuindo nos grupos de 500 mil a 5 milhões de habitantes e dando um salto de 2,26 vezes no grupo de mais de 5 milhões de habitantes. O diferencial entre o maior e o menor valor per capita da receita tributária é de 11 vezes. Este valor é relativamente modesto se comparado ao diferencial dos valores da receita tributária média. O detalhamento das receitas tributárias O principal tributo municipal é o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Ele representava 54,61% do montante da receita tributária do conjunto dos Municípios. Dos R$ 50,399 bilhões arrecadados em 2014 com o ISS, nada menos que 64,95% está concentrado na região Sudeste. A segunda região em importância é a Nordeste, onde foi arrecadado 13,84% de todo o ISS do País, seguindo-se em importância a região Sul (11,39%) e bem abaixo as regiões Norte (5,17%) e Centro-oeste (4,65%), observando-se que não são computados os dados referentes a Brasília (Distrito Federal). O segundo tributo municipal em importância é o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Ele representava 27,04% do montante da receita tributária do conjunto dos Municípios. Dos R$ 24,956 bilhões arrecadados em 2014, nada menos que 71,31% estão concentrados nos Municípios da região Sudeste. A segunda região em importância é a Sul, onde foi arrecadado 13,35% de todo o IPTU no País, seguindo-se em importância a região Nordeste (8,49%) e bem abaixo as regiões Centro-oeste (5,12%) e Norte (1,73%). O terceiro tributo municipal em importância é o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis inter vivos (ITBI). Ele representava 10,66% do montante de receita tributária do conjunto de Municípios. Dos R$ 9,834 bilhões arrecadados em 2014, a região Sudeste concentrava 57,12% deste montante. A região que aparecia em segundo plano é a Sul, onde foi arrecadado 19,98% de todo o ITBI no País, seguindo-se em importância a região Nordeste (13,16%) e bem abaixo as regiões Centro-oeste (7,17%) e Norte, 2,56%. O quarto tributo em importância são as taxas. Elas representavam 7,25% do montante da receita tributária do conjunto dos Municípios.
12 Dos R$ 6,694 bilhões arrecadados em 2014, a região Sudeste concentra 52,67% de todas as taxas arrecadadas no País, vindo em segundo plano a região Sul (22,78%), seguida pelas regiões Nordeste (14,67%), Centro-oeste (5,61%) e Norte (4,27%). Tanto o Imposto Territorial Rural (ITR), cobrado pelos Municípios que aderiram ao convênio com a União para a fiscalização e cobrança, quanto a Contribuição de Melhoria apresentavam uma arrecadação residual, representando, respectivamente, 0,24% e 0,19% do montante das receitas tributárias do conjunto dos Municípios. TABELA 7 DISTRIBUIÇÃO DA S TRIBUTÁRIAS MUNICIPAIS, SEGUNDO AS GRANDES REGIÕES. BRASIL (R$ 1,00) BRASIL E GRANDES REGIÕES ISS IPTU ITBI ITR TAXAS CONTRIBUI- ÇÃO DE MELHORIA BRASIL Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste FONTES: Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação / SIOPE ORGANIZAÇÃO FINAL DOS DADOS: François E. J. de Bremaeker (*) Dados para o universo de Municípios. Não são considerados os dados referentes ao Distrito Federal e Fernando de Noronha. Obs.: Para a recuperação da base de dados FINBRA da internet, o autor contou com a colaboração de José Roberto Affonso e Kleber P. Castro, da Fundação Getúlio Vargas. Posteriormente, o autor complementou os levantamentos com dados de 483 Municípios da base do MEC / FNDE / SIOPE; utilizou dados de anos anteriores de 122 Municípios das bases de dados da STN e do SIOPE, corrigindo-os para valores de 2014; e, por fim, o autor ainda necessitou efetuar ajustes e complementações para 938 Municípios da base de dados da STN a partir de dados do SIOPE. Em seguida foram deduzidos das receitas de transferências correntes de 544 Municípios os valores negativos correspondentes às outras receitas, ficando esta conta com valor zero. Não contando as duplicidades de operações, foram efetuados conjuntos de ajustamentos para chegar a uma base de dados aceitável para o autor. Os itens trabalhados foram apenas: a receita total, corrente, de capital, a receita tributária e seu detalhamento, as transferências correntes e o FPM, ITR, ICMS e IPVA, a dívida ativa e a transferência de capital. Desta forma foi possível montar esta base de dados para o universo de Municípios.
13 Conclusão Como o sistema tributário concede aos Municípios impostos cuja base de tributação mais expressiva é relacionada ao meio urbano, este fato faz com que haja uma elevada concentração das receitas tributárias nos Municípios de maior porte demográfico, que são os que apresentam a maior parcela de população urbana do País. Isto faz com que os Municípios de pequeno porte e até mesmo os menores dentre aqueles de médio porte demográfico tenham uma baixa participação quanto à receita tributária, ou seja, que em média, para o conjunto de 68,98% dos Municípios do País a sua participação, não ultrapasse os 4,80% da sua receita orçamentária. Verifica-se que o atual sistema tributário leva a esta situação, e que, infelizmente, não se vislumbra uma perspectiva diferente, mesmo que se promova uma profunda alteração no sistema tributário nacional, vez que o grande problema destes Municípios é, além da relativamente pequena quantidade de contribuintes, a baixa capacidade ou mesmo a incapacidade contributiva da sua população, devido não apenas à enorme desigualdade na distribuição da renda de sua população, mas também da enorme concentração de pobreza nestes Municípios. Por este motivo os únicos Municípios que têm conseguido ampliar de maneira significativa suas receitas tributárias são aqueles de grande porte demográfico, através da arrecadação do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, não apenas em decorrência da ampliação da lista de serviços, como também pelo aperfeiçoamento do seu aparato de fiscalização.
14 François E. J de Bremaeker Economista e Geógrafo Gestor do Observatório de Informações Municipais Membro do Núcleo de Estudos Urbanos do Conselho de Política Urbana da Associação Comercial de São Paulo Membro do Conselho Municipal do Ambiente de Paraíba do Sul (RJ), desde 2010, sendo eleito Presidente em 2012 Colaborador da Universidade de São Paulo (USP) na elaboração do Atlas do Brasil Membro da Rede de Diálogo do Observatório da Equidade do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (CDES-PR) Consultor da Associação Brasileira de Câmaras Municipais (ABRACAM) Consultor da Associação Brasileira de Prefeituras (ABRAP) Consultor-palestrante da Oficina Municipal Sócio-Benemérito da Associação Brasileira de Câmaras Municipais, recebendo os prêmios de DESTAQUE ABRASCAM em 2002 pelo trabalho em prol dos legislativos municipais e em 2003, pelo trabalho desenvolvido em defesa do Serviço Público Municipal É colunista da Revista Painel de Compras Municipais É articulista da Revista Correio dos Estados e Municípios É articulista do Jornal do Interior, da União dos Vereadores do Estado de São Paulo (UVESP) Tem artigos publicados em diversos veículos de comunicação e sítios na Internet Participou em reunião do Fórum sobre Federalismo do Comitê de Articulação Federativa da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (CAF/SRI-PR) Foi assessor técnico do Instituto Brasileiro de Administração Municipal por 38 anos, de 1971 a 2008 (aposentado) Foi membro do extinto Conselho de Desenvolvimento das Cidades da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (FECOMERCIO-SP) e jurado do 2º Prêmio de Sustentabilidade Foi Membro do Conselho de Desenvolvimento Territorial de Paraíba do Sul (RJ) de 2010 a 2012, quando foi desativado Foi consultor da Associação Transparência Municipal de agosto de 2008 a outubro de 2013 Foi Conselheiro-suplente do Fórum de Consórcios e do Federalismo da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), representando a Transparência Municipal Foi Membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Municípios - seccional Rio de Janeiro (ABM-RJ)
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