SÍNDROME DE BURNOUT: FATORES OCUPACIONAIS PREDISPONENTES EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

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1 SÍNDROME DE BURNOUT: FATORES OCUPACIONAIS PREDISPONENTES EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM Aline Emanuela Lopes Costa Paulilo¹ Mariana Martins Baptista Vieira² Cristiane Dias³ 1 RESUMO Objetivos: Realizar uma sumarização dos estudos da literatura nacional quanto à Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem publicados no período de 2002 a 2012, a fim de estabelecer um panorama sobre a investigação da temática. Método: pesquisa bibliográfica relativa aos fatores ocupacionais que predispõem a Síndrome de Burnout nos profissionais de enfermagem. Consultaram-se as bases de dados disponíveis das Ciências da Saúde em Geral, como a Lilacs, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e SciELO, tendo sido selecionados 10 artigos que se adequavam às especificações temáticas. Resultado: A análise demonstrou que a classe mais atingida pela SB na área de saúde é a dos profissionais em enfermagem, e que entre os fatores mais destacados estão a sobrecarga de trabalho, atritos no relacionamento entre membros das equipes e usuários, desvalorização profissional, entre outros. Conclusão: Existe atualmente uma carência de estudos sobre a SB direcionados à enfermagem, haja vista a quantidade mínima de pesquisas relacionadas especificamente a este assunto, encontradas nos principais índices de saúde no Brasil, o que demanda uma maior atenção dos pesquisadores e da academia para este tema. Palavras-Chave: Enfermagem. Síndrome de Burnout. Esgotamento Profissional. INTRODUÇÃO A Síndrome do esgotamento profissional, também conhecida pelo nome inglês de Burnout, tem sido cada vez mais identificada em trabalhadores da área de saúde. Está intimamente associada à incapacitação e a vários problemas sociais, econômicos e individuais, causando absenteísmo, redução da produtividade, extrema rotatividade de profissionais, uso de tranquilizantes em excesso, bem como alcoolismo e uso de drogas. Geralmente, os profissionais dos serviços de saúde são tão afetados devido à convivência diária com 1 Artigo apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Enfermagem do Trabalho, da Atualiza Cursos - Salvador - BA - Brasil, alinemanuela@hotmail.com 2 Artigo apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Enfermagem do Trabalho, da Atualiza Cursos - Salvador - BA - Brasil, mariana_mbv@yahoo.com.br 3 Professora de Metodologia de Pesquisa. Mestre em Medicina e Saúde Humana - EBMSP. cristianedias7@yahoo.com.br

2 um sistema de saúde desumanizado, especialmente quando se trabalha com saúde mental. A origem do termo é inglesa, formada pela composição das palavras burn = queima e out = exterior, sugerindo assim que a pessoa com esse tipo de estresse consome-se física e emocionalmente, passando a apresentar um comportamento agressivo e irritadiço [1]. Não se trata apenas do stress normal do dia a dia das profissões, pois o próprio Ministério da Saúde reconhece a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional como um tipo de resposta prolongada a estressores emocionais e interpessoais crônicos no trabalho, que afeta principalmente profissionais da área de serviços ou cuidadores, quando em contato direto com os usuários, como os trabalhadores da educação, da saúde, policiais, assistentes sociais, agentes penitenciários, entre outros [2]. De fato, eliminar totalmente o estresse do cotidiano das pessoas é impraticável e até mesmo perigoso para a saúde, pois fisiologicamente falando, a ausência total de estresse equivale à morte. Contudo, os efeitos danosos do estresse proporcionados pela sociedade moderna devem ser combatidos, de forma a evitar que fatores estressantes terminem por comprometer o desempenho pessoal, a saúde e a felicidade dos indivíduos [3]. Quando o trabalhador sofre de um estresse ocupacional crônico, pode-se ter como resultado a Síndrome de Burnout, cujo processo é muito particular, podendo sua evolução levar anos e até mesmo décadas, surgindo paulatina e cumulativamente, e apenas quando os sintomas se agravam é que o indivíduo começa a perceber algo errado, mesmo que haja, a princípio, a negação pessoal de estar doente. Contudo, é impossível não perceber várias implicações graves que podem vir a afetar a pessoa acometida pela Burnout, como o abuso de drogas e do álcool, depressão, tentativas de suicídio, ou mesmo a morte causada pelo agravamento de males cardíacos ou vasculares [4]. No entanto, pesquisas envolvendo a relação entre a Burnout e os trabalhadores da área de enfermagem ainda são escassas, a ponto de Ramminger afirmar que o Burnout é um tema pouco estudado na literatura especializada, mas que julgamos de pertinência, especialmente frente a todo processo de reformulação da política de saúde mental no Brasil [5]. Considerando este relato e mediante a experiência profissional das autoras, foi possível observar a difícil dinâmica no processo de trabalho destes profissionais, o que justifica a escolha por uma revisão da literatura nacional relativa à Síndrome de Burnout em trabalhadores da área de enfermagem através das pesquisas

3 publicadas em um período de aproximadamente dez anos, visando perceber a condição dos estudos mais atuais sobre a temática. Como questionamento básico para este estudo, tem-se: Qual a atual configuração dos estudos relativos à Síndrome de Burnout em profissionais da enfermagem, especificamente enfocando os seus fatores desencadeantes, sintomas e estratégias de enfrentamento adotadas para o tratamento? Como objetivo, pretende-se sumarizar os estudos da literatura nacional quanto à Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem, a fim de estabelecer um panorama sobre a investigação da temática. Buscando caracterizar a produção nacional sobre a Síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem; identificar os instrumentos utilizados para investigar o Burnout, encontrados em estudos nacionais; verificar, por meio da revisão de literatura, quais os fatores que desencadeiam a Síndrome de Burnout em enfermeiros, os principais sintomas encontrados, bem como as estratégias de enfrentamento que podem ser adotadas para o tratamento e prevenção deste transtorno mental. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de pesquisa bibliográfica que relata os fatores ocupacionais que predispõem a Síndrome de Burnout nos profissionais de enfermagem. Para tanto, foram analisados artigos científicos publicados no período de 2002 até O princípio metodológico do trabalho é a pesquisa exploratóriadescritiva, a qual se realiza caso seja incipiente o conhecimento sobre o assunto a ser pesquisado. Por isso, o pesquisador deve buscar informações de aprofundamento, as quais servirão como um arcabouço para posteriores pesquisas. Além disso, os estudos descritivos permitem o conhecimento de uma determinada realidade, suas características, problemas, fatos e fenômenos específicos que contribuem para a determinação do objeto de trabalho [7; 8]. Adotou-se o procedimento da pesquisa do tipo revisão de literatura, buscando reunir e sintetizar os principais estudos de acordo com o tema específico, havendo a devida especificidade e filtragem de critérios previamente estabelecidos. Trata-se de um procedimento cuja metodologia precisa ser rigorosa e sistemática, discutir os métodos e estratégias utilizados, avaliar as fontes e sintetizar o resultado. Conforme Souza, Silva e Carvalho, a ampla amostra, em conjunto com a multiplicidade de

4 propostas, deve gerar um panorama consistente e compreensível de conceitos complexos, teorias ou problemas de saúde relevantes para a enfermagem [9-11]. Para o levantamento dos artigos considerados na revisão de literatura, foi realizada uma busca nas bases de dados disponíveis das Ciências da Saúde em Geral, como a Lilacs (Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e SciELO (Scientific Electronic Library Online). Foram utilizadas as seguintes palavras-chave em português: Enfermagem, Síndrome de Burnout e Esgotamento Profissional. Os critérios de inclusão na seleção dos artigos foram: idioma da publicação (português); artigos cuja temática fosse a relação entre a Síndrome de Burnout ou a grave estafa profissional e sua causa ou efeito em profissionais de saúde, mas especificamente o enfermeiro; cujo período de publicação contemplasse apenas os anos entre 2002 e Os critérios de exclusão foram: artigos que não contemplassem de forma plena a temática, material em outros idiomas, ou seja, que não refletissem a realidade brasileira, textos disponibilizados de forma parcial, apenas com resumo ou indicativos de leitura. Na Tabela 1 é possível visualizar a síntese de achados desta pesquisa. As buscas nas bases de dados totalizaram 17 artigos; após a realização da leitura dos títulos e resumos dos trabalhos, considerando-se aqueles cujo objetivo estivesse voltado para o assunto referido neste estudo, procedeu-se, então, a triagem e conseguinte organização dos artigos. Tabela 1: Síntese de achados da pesquisa Base de dados Artigos selecionados Artigos incluídos Bireme/BVS 9 5 Lilacs/SciELO 8 5 Total Fonte: Elaboração das autoras. A amostra final, após a pesquisa exaustiva e conforme o preenchimento dos critérios estabelecidos acima, constou de 10 (dez) artigos. Para esta revisão, utilizouse apenas a abordagem de análise de dados de cunho qualitativo, o qual integra e classifica os dados com a utilização das normas discursivas, que ainda são as mais amplamente utilizadas pela Enfermagem, justificando a tomada de decisão [9]. RESULTADOS A partir da análise dos artigos incluídos no presente estudo, foram encontrados os resultados, presentes no Quadro 1. Os artigos analisados demonstraram que o estresse ocupacional e a SB

5 constituem-se em uma experiência extremamente desagradável, atingindo nas instituições de saúde preferencialmente aqueles que lidam com o atendimento direto com os pacientes e com o público. Por isso, os profissionais em enfermagem, tanto técnicos como enfermeiros, são aqueles que mais apresentam o quadro de SB, conforme largamente evidenciado nos estudos analisados [12]. Qualquer profissional que tenha como objeto de trabalho o cuidado e o contato pessoal direto e intenso com outras pessoas corre o risco frequente de ter vários sentimentos e atitudes negativas em relação ao trabalho, tais como, a frustração, o estresse, a reação de impotência e a sensação de que poderia ter feito algo mais, todos eles envolvidos no processo de aquisição da Síndrome de Burnout. As autoras apontam estudos que relacionam a SB como tendo por fatores desencadeadores exaustão emocional (sentimento de perda de energia e indisponibilidade para responder às demandas afetivas no dia a dia de trabalho); a despersonalização da atenção (expressa no atendimento massificado e na reificação do relacionamento) e a falta de compromisso com o trabalho [13]. Foi possível perceber diversos predisponentes que desencadeiam a referida síndrome, sendo os mais citados: sentimentos de hostilidade, tensão, ansiedade, frustração e depressão, desencadeados por estressores localizados quase que exclusivamente no ambiente de trabalho. Além disso, os fatores contribuintes para o surgimento da SB vão desde as características individuais de cada trabalhador, passando pelo estilo de relacionamento social no ambiente de trabalho e pelo clima organizacional, até as condições gerais nas quais o trabalho é executado [14; 15]. No que tange ao exercício ocupacional, identificaram-se os seguintes fatores que predispõem à SB: sobrecarga de trabalho, pressão em forma de cobrança excessiva, pouca valorização do trabalho, reduzido tempo para atendimentos, condições de trabalho inadequadas tanto materiais quanto técnicas, falta de treinamento e de capacitação de pessoal, falta de reconhecimento e incentivo, baixa remuneração, falta de diálogo com as chefias, chefes imediatos sem capacitação técnica para a função e pouca preocupação com a qualidade dos serviços prestados; a ambiguidade de função, conflitos na equipe, doença do usuário e falta de tempo [14; 16-20].

6 6 Quadro 1: Síntese dos Estudos Encontrados sobre Enfermagem e Fatores de predisposição à SB Nº Base de Dados Periódico / ano Resultados Conclusões Apresentam-se como fatores predisponentes ao Burnout em 1 BVS / Bireme enfermeiros: serviços de atenção à saúde que guardam especificidades relativas ao trato com a dor, ao sofrimento e ao mal-estar orgânico, Rev. Univ. Vale do Rio Verde, Três Corações-MG, emocional e social das v. 9, n. 1, p , jan./jul pessoas; limitação do número de profissionais; conflitos entre membros da equipe; trabalho em turnos; elevado número de plantões assistenciais; um ambiente extremamente estressor. 2 LILACS / Scielo Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 14, n. 1, fev. 2006, p Os resultados possibilitaram apreender que o paciente psiquiátrico é visto como excluído socialmente. Em relação às cargas de trabalho, os trabalhadores estão expostos a todos os tipos, mas essas são potencializadas pelas O estudo conclui que ainda é incipiente a literatura encontrada nos bancos de dados em relação ao Burnout e sua prevalência. A maior parte do referencial encontra-se em língua inglesa. Conclui-se que o desgaste tanto físico como mental potencializa o estresse dos enfermeiros. Os trabalhadores apresentam intenso desgaste mental pelas condições de trabalho vivenciadas e não, especificamente, pelo convívio com o objeto de trabalho.

7 7 cargas psíquicas. A análise dos dados demonstrou que 54 (33,8%) trabalhadores da amostra possuem um alto grau de exaustão emocional, 43(26,9%) possuem alto grau de despersonalização e 3 BVS / Bireme 48(30%) demonstraram baixa realização O estudo constatou que, entre os trabalhadores profissional. Para a envolvidos diretamente com a assistência ao dimensão exaustão paciente, foram os da enfermagem que emocional, não foi demonstraram os maiores índices de exaustão encontrado um valor emocional, despersonalização e baixo nível de Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 4, p. significativo, porém a realização profissional; lembrando que estes são 524-9, out./dez vivência do processo de maioria na instituição. Percebeu-se também que trabalho na instituição funcionários lotados no laboratório, nos serviços possibilita encontrar gerais e na cozinha apresentaram índices sinais e sintomas significativos no que se refere às três dimensões referentes à exaustão da síndrome de Burnout. emocional condizentes com a literatura. Em todas as etapas, os profissionais envolvidos com a enfermagem e os do laboratório foram de longe os mais predispostos ao estresse. Nº Base de Dados Periódico / ano Resultados Conclusões

8 8 4 5 LILACS / Scielo LILACS / Scielo Texto contexto - enferm., Florianópolis, v. 20, n. 2, p , jun Prevalência da síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem de um hospital de grande porte da Região Sul do Brasil. O estudo relatou a exaustão emocional, despersonalização e realização profissional da SB com os fatores ocupacionais como predispositores à SB. O estudo encontrou pontuações médias em enfermeiros no que tange ao cansaço emocional (17), despersonalização (7,79) e em realização pessoal (36,6). Segundo o critério de Ramirez et al., não houve diagnóstico da síndrome. De acordo com os critérios de Grunfeld et al., 35,7% dos entrevistados apresentaram Burnout. A pesquisa mostra que a SB decorre de altos níveis de tensão e desgaste no trabalho, os quais, por sua vez, conduzem a inadequadas atitudes de enfrentamento das situações de conflito. A maioria dos profissionais identificou tanto a sobrecarga de trabalho quanto a existência de conflitos entre os valores pessoais e laborais como fatores geradores de estresse laboral, e a possibilidade de progresso e recompensas como fator de proteção contra o estresse, o que merece atenção dos gestores. O estudo apresentou um perfil padrão do trabalhador com Burnout como sendo: cargo de técnico de enfermagem, sexo feminino, entre 26 e 35 anos, casado, sem filhos e com mais de cinco anos de profissão. Os locais de trabalho que concentraram maior número de trabalhadores com Burnout foram os setores agrupados (42,6%), a UTI (25,9%) e a UTI Neonatal (18,5%). Não houve associação estatística entre local de trabalho e Burnout.

9 6 9 LILACS / Scielo Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto-SP, v. 13, n. 2, p , abr O estudo trouxe elementos discursivos presentes em pesquisas variadas, vindo a diferenciar Estresse e Burnout e estabelecer a relação desses com o trabalho da enfermagem, a fim de subsidiar a compreensão sobre o sofrimento psíquico no trabalho. Nº Base de Dados Periódico / ano Resultados Conclusões O texto trata da saúde mental dos cuidadores de pessoas acometidas por transtorno mental, 7 BVS / Bireme refletir sobre o trabalho BRASIL, Ministério da Saúde. Caderno de Textos de cuidar e indicar as da III Conferência Nacional de Saúde. Brasília: principais implicações Ministério da Saúde, p da prestação de cuidado aos portadores de transtorno mental entre os trabalhadores de saúde mental. Os autores concluem que estresse refere-se a um esgotamento pessoal que interfere na vida do individuo, mas não necessariamente na relação com o trabalho. Burnout é uma síndrome que envolve atitudes e condutas negativas com os usuários, clientes, organização e trabalho. É um processo gradual, de experiência subjetiva, que resulta em problemas práticos e emocionais no trabalhador e na organização. O trabalho da enfermagem propicia tanto uma quanto outra situação e causa sofrimento e adoecimento A autora sugere algumas estratégias a serem tomadas para visando a cuidar dos próprios cuidadores, especialmente no que tange aos problemas de estafa profissional e desistência do trabalho.

10 10 8 BVS / Bireme 9 LILACS / Scielo Síndrome de Burnout e satisfação no trabalho em profissionais da área de enfermagem do interior do RS. Estud. psicol. Campinas-SP, v. 27, n. 1, jan.-mar., 2010, p Os participantes da pesquisa responderam, em pequenos grupos no local de trabalho, a um questionário sociodemográfico, a uma escala de Burnout e a uma escala de satisfação no trabalho. Os resultados apontaram que a maioria dos profissionais apresentou risco baixo para o Burnout, mas o índice de risco médio é preocupante. Quanto à satisfação, houve impacto de variáveis como setor, gênero e turno de trabalho nos níveis de satisfação. A pesquisa mostrou que 36% dos participantes apresentaram manifestação de stress, 44% avaliaram-se como muito estressados e 60% apresentaram alto esgotamento emocional. Para 60%, o trabalho foi avaliado como muito estressante. As dimensões esgotamento emocional e despersonalização apresentaram O estudo indica a importância de ações preventivas ao estresse crônico no ambiente de trabalho e também a observação dos grupos de acordo com suas especificidades ocupacionais. O Estudo concluiu que há necessidade de intervenções de suporte ao trabalhador, principalmente aos mais jovens, direcionadas ao desenvolvimento de estratégias de enfrentamento às situações estressantes do trabalho.

11 11 correlações negativas com a variável idade. Nº Base de Dados Periódico / ano Resultados Conclusões O estudo apontou como fatores de predisposição ao Burnout na população estudada: pouco tempo de 10 BVS / Bireme profissão, baixa Burnout SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE O remuneração, falta de TRABALHO NA ENFERMAGEM, 3, Anais reconhecimento pelo Eletrônicos... Bento Gonçalves-RS: ABEn, trabalho realizado, sobrecarga de atividades, desequilíbrio entre o tempo para trabalho e lazer. Os autores concluíram que os profissionais de enfermagem da UTI Pediátrica do Hospital analisado indicaram níveis baixos ou médios para em quase todas as dimensões pesquisadas pelo MBI - Maslach Burnout Inventory - General Survey. Torna-se importante o conhecimento acerca de Burnout e sua prevenção para que a equipe de Enfermagem saudável realize a excelência do cuidado com qualidade.

12 12 Observou-se que a SB em profissionais de enfermagem está comumente acompanhada por altos níveis de tensão e desgaste no trabalho, o que leva invariavelmente a atitudes inadequadas de enfrentamento das situações de conflito [17]. Alguns autores constataram que o aspecto mais citado como fonte do estresse esteve associado às condições de trabalho, à sobrecarga de trabalho e à gestão do trabalho. Explicam que a falta de recursos no trabalho (pessoal, materiais, físicos), bem como condições precárias de atendimento, são itens estressantes importante para estes profissionais, visto que podem limitar a atuação destes, influindo diretamente na qualidade do serviço [16; 19]. Outro fator apontado como estressante tem a ver com a categoria relacionamento no trabalho, ou seja, a dificuldade no relacionamento interpessoal entre os profissionais e as dificuldades no relacionamento com os usuários. Nisso, salienta-se que muitos profissionais se referem à falta de confiança no colega, diferenças de valores, atribuição de valores negativos aos outros membros da equipe e depreciação de sua conduta, evidenciando a dificuldade em se trabalhar em um esquema de coordenação de atividades na qual se considera o trabalho partilhado por todos os integrantes da equipe [20; 21]. A ausência de suporte ao profissional é uma queixa também evidenciada, o que indica a falta de estratégias como supervisão ou psicoterapia, demandando investimento nesta forma de suporte como estratégia organizacional e individual voltada à saúde do trabalhador [15; 16; 18]. Como forma de enfrentamento, o ideal é adotar medidas preventivas em relação à SB. Para isso, as instituições precisam priorizar a constituição e multiplicação de espaços em que os cuidadores possam também ser cuidados no próprio horário de trabalho. Entre os mecanismos sugeridos estão os grupos de apoio para cuidadores, que propiciem lazer, jogos, confraternizações, festas, que possam elevar o moral dos envolvidos e manter um ambiente de menos pressão; São de imensa necessidade as reuniões de equipe ou supervisão, em que haja oportunidade para desabafar, principalmente se já existem casos de depressão, tentativas de suicídio, consumo de drogas, falta de empatia no relacionamento, entre outras pressões maiores. O importante é estar atento à necessidade de intervenções de suporte ao trabalhador em enfermagem que contemple o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento às situações estressantes do trabalho [13; 16; 21]. De fato, no ambiente profissional da enfermagem, os sucessos e vitórias devem

13 13 ser compartilhados, bem como os sofrimentos diários que cada cuidador passa. É claro que as medidas institucionais terão pouca validade se os próprios trabalhadores não estiverem atentos a sua própria saúde, deixando a tensão psíquica escapar através de uma atividade prazerosa, como um esporte ou um lazer, destinando um tempo na semana para se recarregar as energias [20; 21]. CONCLUSÃO A partir das análises observadas durante esta revisão de literatura, foi possível perceber que o campo de estudos referente à Síndrome de Burnout e sua ocorrência em profissionais de enfermagem é ainda incipiente. Apesar de a enfermagem ter sido classificada pela Health Education Authority como a quarta profissão mais estressante, existe uma carência de estudos sobre a SB direcionados à enfermagem, e menos ainda em língua portuguesa, haja vista a quantidade mínima de pesquisas relacionadas especificamente a este assunto, encontradas nos principais índices de saúde no Brasil. Mesmo com tão parca evidência publicada, pode-se concluir que existe de fato um alerta a ser relativo à forma como a Síndrome de Burnout vem se alastrando entre estes profissionais. Não é raro eles se depararem com condições de trabalho precárias, equipes desunidas e/ou desestruturadas, desvalorização de seu trabalho pelos órgãos responsáveis e supervisão inadequada. Os baixos salários, o excesso de trabalho, os plantões contínuos e longos e as pressões por resultados, bem como a fragilidade dos relacionamentos interpessoais com os colegas, aliado à falta de tempo para o lazer e a convivência social, fazem com que o profissional em enfermagem acumule problemas, fomente o estresse e descambe num processo que o conduz aos males causados pela Síndrome de Burnout. Assim, espera-se que esta pesquisa venha a se juntar às demais que buscam dispor sobre a incidência da Síndrome de Burnout em profissionais em enfermagem, agregando conhecimento ao assunto e permitindo que outros pesquisadores acrescentem mais subsídios à temática em questão. ABSTRACT Objectives: To conduct a summarization on the studies of national literature about burnout syndrome among nursing published between 2002 to 2012, to establish an overview of the research topic. Method: literature research on occupational risk factors that predispose the burnout syndrome

14 14 in nurses. It was consulted the available databases of the Health Sciences in General, as Lilacs, Virtual Health Library (VHL) and SciELO, and have been selected suitable 10 articles to specification issues. Results: The analysis showed that the class most affected by SB in the health area is that of professional nursing, and among the most prominent are the work overload, frictions in the relationship between team members and users, professional devaluation, among other. Conclusion: There is a scarcity of studies on SB directed to nursing, given the minimal amount of research related specifically to this subject found in the main health indicators in Brazil, which demands greater attention from researchers and academia to this topic. Keywords: Nursing. Burnout Syndrome. Professional Burnout. _ REFERÊNCIAS 1. Codo, W. Educação: carinho e trabalho. Petrópolis, RJ: Vozes / Brasília: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação: Universidade de Brasília. Laboratório de Psicologia do Trabalho, Brasil. Portaria n.º 1.339/GM, de 18 de novembro de Dispõe sobre lista de doenças relacionadas ao trabalho. Diário Oficial da União, Brasília, 19 nov. 1999, Seção I, p Carvalho, A. V.; Serafim, O. C. G. Administração de recursos humanos. Vol. II. São Paulo: Pioneira, Mazon, V.; Carlotto, M. S.; Câmara, S. Síndrome de Burnout e estratégias de enfrentamento em professores. Arq. bras. psicol. Rio de Janeiro, v. 60, n. 1, abr. 2008, v. 60, n.1, pp Ramminger, T. A saúde mental do trabalhador em saúde mental: um estudo com trabalhadores de um hospital psiquiátrico. Bol. da Saúde, Porto Alegre, v. 16, n. 1, Costa, S. Monografia: Definição e elementos constitutivos. Apresentação de Slides em Power Point for Windows. Material de aula do Curso de Especialização em Contabilidade Pública, Universidade Federal da Bahia. Salvador: UFBA, Triviños, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. 4. ed. São Paulo: Atlas, Mendes, K. D. S.; Silveira, R. C. C. P.; Galvão, C. M. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto contexto - enferm. Florianópolis, v. 17, n. 4, dez Galvão, C. M.; Sawada, N. O.; Trevizan, M. A. Revisão sistemática: recurso que proporciona a incorporação das evidências na prática da enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 12, n. 3, p , jun., Souza, M. T.; Silva, M. D.; Carvalho, R. Revisão integrativa: o que é e como fazer.

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