Instituto Politécnico de Beja. Escola Superior de Educação. Projecto de Intervenção. Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados

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1 Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados A interferência do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes na qualidade dos cuidados prestados aos mesmos Nádia Raquel Gonçalves da Cruz Beja 2014

2 Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária Projecto de Intervenção Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados A interferência do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes na qualidade dos cuidados prestados aos mesmos Elaborado por: Nádia Raquel Gonçalves da Cruz Orientado por: Professora Doutora Maria Cristina Campos de Sousa Faria Co-orientado por: Professora Doutora Ana Isabel Lapa Fernandes Beja 2014

3 Resumo O presente estudo incide sobre o tema da interferência do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais na qualidade da prestação de cuidados a pessoas idosas dependentes. O investigador pretende responder à seguinte questão de partida: De que forma o desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes interfere na qualidade dos cuidados prestados aos mesmos? Neste sentido foi realizado um estudo no Lar Anexo I, da Santa Casa da Misericórdia de Sines, com 13 Ajudantes de Lar e 30 utentes, que representaram uma amostra por conveniência do universo de 53 utentes. Os instrumentos de recolha de dados aplicados foram de natureza qualitativa e quantitativa, nomeadamente uma Entrevista semi-estruturada aplicada aos cuidadores formais e um Inquérito por Questionário para os utentes. Além disso utilizou-se o Índice de Barthel, para a avaliação da dependência dos utentes ao nível das Actividades Básicas da Vida Diária. Foram ainda aplicadas duas Escalas de Avaliação Psicológica: a Escala de Sobrecarga do Cuidador (adaptada por Sequeira) e a Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (adaptada por Pais-Ribeiro, Honrado e Leal). A nível dos resultados do desgaste físico verificou-se que, a maioria dos cuidadores formais sofre de sobrecarga intensa. Relativamente ao desgaste psicológico, o stress apresentou a média de resultados mais elevada. A maioria dos idosos é dependente e considera que o desgaste dos cuidadores interfere na qualidade dos seus cuidados. Face aos resultados adquiridos no processo investigativo propôs-se um Projecto de Intervenção. Palavras-Chave: Cuidador Formal, Idoso, Desgaste Físico e Psicológico, Cuidado

4 Abstract The present study focuses on the issue of physical and psychological wear and tear s interference of formal caregivers in the quality of care for dependent elderly people. The researcher intends to answer to the initial question: How does the physical and psychological wear and tear of formal caregivers of dependent elderly interferes with the quality of care provided to them? Regarding this a study was conducted at the institution Santa Casa da Misericórdia de Sines, in its rest house Lar Anexo I, with 13 employees of helper category and 30 of their service-users, which represented a convenience sample of an universe of 53 users. The instruments for data collection were applied in a qualitative and a quantitative way, including a semi-structured interview applied to formal caregivers, and a questionnaire for their service-users. Beyond that was used the Barthel Index, for evaluation of user s dependency regarding the Basic Activities of Daily Living. Were also applied two scales of Psychological Evaluation: Scale of Caregiver s Overload (adapted by Sequeira) and the Scale of Anxiety, Depression and Stress (adapted by Pais-Ribeiro, Honrado and Leal). Regarding the results of the physical wear and tear was found that most of the formal caregivers suffer from intense overload. Relatively to the psychological one, the stress showed the highest average results. Most seniors are dependent and consider that this wear and tear of caregivers interferes with the quality of their care. Given the results obtained in the investigative process was proposed an Intervention Project. Keywords: Caregiver, Elderly, Physical and Psychological Wear, Care.

5 Agradecimentos Agradeço a todos os que me apoiaram nesta etapa da vida, dando força para prosseguir e superar as diversidades encontradas. Aos meus pais Helena e Diamantino Ao meu irmão Rui Ao meu namorado Luís A toda a minha família À Nina Às minhas orientadoras Doutora Mª Cristina Faria e Doutora Ana Fernandes Às Ajudantes de Lar do Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines Aos utentes do Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines Tu serás aquilo que for o teu mais profundo e estimado desejo. Aquilo que for o teu desejo fará a tua vontade. Aquilo que for a tua vontade fará a tua acção. Aquilo que for a tua acção fará o teu Destino. Brihadaranyaka Upanischad (adaptado)

6 Índice Introdução 1 Parte I Enquadramento Teórico 3 1- O Envelhecimento: conceptualizações, causas e consequências Idoso, velho, sénior e geronte 8 2- A Dependência na Velhice 9 3- A Importância das redes de suporte social no envelhecimento Cuidar de Idosos: Cuidador Formal e Cuidador Informal A institucionalização de Idosos O cuidador principal - Ajudante de Lar A qualidade de vida do idoso: a importância dos cuidados prestados O desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos Os aspectos positivos de cuidar - Resiliência e Motivação dos cuidadores 10 - Psicogerontologia Comunitária: os contributos para a intervenção na velhice Parte II Estudo Empírico Metodologia Tipologia do Estudo Participantes Contexto Institucional dos Participantes Caracterização do Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia 53 de Sines Caracterização populacional do concelho de Sines Instrumentos Procedimentos 62

7 11.5- Tratamento de Dados Apresentação dos Resultados Caracterização dos Participantes Idosos Institucionalizados no Lar Anexo I Cuidadores formais no Lar Anexo I Escala de Sobrecarga do Cuidador Escala de Ansiedade, Depressão e Stress Entrevistas às Ajudantes de Lar da Santa Casa da Misericórdia de Sines (Lar Anexo I) Análise da Entrevista de E Análise da Entrevista de E Análise da Entrevista de E Análise da Entrevista de E Análise da Entrevista de E Análise da Entrevista de E Análise da Entrevista de E Análise da Entrevista de E Análise da Entrevista de E Análise da Entrevista de E Análise da Entrevista de E Análise da Entrevista de E Análise da Entrevista de E Análise global das Entrevistas às Ajudantes de Lar (SCMS) Índice de Barthel Actividades Básicas de Vida Diária Apresentação dos resultados dos questionários realizados aos utentes do Lar Anexo I, da Santa Casa da Misericórdia de Sines 138

8 11.7 Análise dos resultados 158 Parte III- Projecto de Intervenção Cuidar de quem Cuida Proposta de Projecto de Intervenção Enquadramento Análise das situações-problema Objectivos do Projecto Plano de acção do Projecto Avaliação do Projecto 179 Conclusões 181 Bibliografia 183 Webgrafia 189 Apêndices 190 Anexos 226

9 Índice de gráficos Gráfico nº1 - Género dos utentes do Lar Anexo I, SCMS 66 Gráfico nº 2- Idade dos utentes do Lar Anexo I, SCMS 67 Gráfico nº3- Estado Civil dos utentes do Lar Anexo I, SCMS 67 Gráfico nº4 - Profissão dos utentes do Lar Anexo I, SCMS 68 Gráfico nº5 - Escolaridade dos utentes do Lar Anexo I, SCMS 69 Gráfico nº6 - Suporte Social dos utentes do Lar Anexo I, SCMS 69 Gráfico nº7- Interacções sociais fora do Lar Anexo I, SCMS 70 Gráfico nº8- Interacções sociais dos utentes do Lar Anexo I, SCMS 70 Gráfico nº 9- Problemas de saúde dos utentes participantes 71 Gráfico nº 10- Dependência nas AVD s dos utentes participantes 72 Gráfico nº 11- Idades das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS 73 Gráfico nº 12- Estado civil das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS 74 Gráfico nº 13- Escolaridade das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS 74 Gráfico nº14 - Sobrecarga dos cuidadores formais do Lar Anexo I, SCMS 75 Gráfico nº15 - Total global da Sobrecarga de cada cuidador formal do Lar Anexo I, SCMS Gráfico nº16 - Impacto de Prestações de Cuidados de cada cuidador formal do Lar Anexo I, SCMS Gráfico nº 17 - Relação Interpessoal de cada cuidador formal do Lar Anexo I, SCMS Gráfico nº 18- Expectativas ao cuidar de cada cuidador formal do Lar Anexo I, SCMS Gráfico nº 19- Percepção de auto eficácia de cada cuidador formal do Lar Anexo I, SCMS Gráfico nº 20 - Escala de Ansiedade Depressão e Stress dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I, SCMS

10 Gráfico nº 21 - Níveis de Ansiedade dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I, SCMS Gráfico nº 22 - Níveis de Depressão dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I, SCMS Gráfico nº 23 - Níveis de Stress dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I, SCMS Gráfico nº 24- Nível de dependência- Item Alimentação 134 Gráfico nº 25- Nível de dependência - Item Vestir 134 Gráfico nº 26-Nível de dependência Item Banho 134 Gráfico nº 27-Nível de dependência Item Higiene Corporal 135 Gráfico nº 28- Nível de dependência Item Uso da Casa de Banho 135 Gráfico nº 29- Nível de dependência Item Controlo intestinal 135 Gráfico nº 30 - Nível de dependência Item Controlo Vesical 136 Gráfico nº 31- Nível de dependência- Item Subir escadas 136 Gráfico nº 32- Nível de dependência- Item Transferência cama-cadeira 137 Gráfico nº 33- Nível de dependência- Item Deambulação 137 Gráfico nº 34 Tempo de ingresso na Instituição 139 Gráfico nº 35 Escolha de entrada para o Lar 139 Gráfico nº 36 Vida na Instituição e expectativas iniciais 140 Gráfico nº 37- Classificação da vida no Lar Anexo I 141 Gráfico nº 38 Actividades sócio culturais no Lar Anexo I 142 Gráfico nº 39 Frequência das visitas aos utentes do Lar Anexo I 143 Gráfico nº 40- Relações com os familiares após a institucionalização 144 Gráfico nº 41 Relação com os restantes utentes do Lar Anexo I 144 Gráfico nº 42- Relação dos utentes do Lar Anexo I com as Ajudantes de Lar 145 Gráfico nº 43- Primeira qualidade valorizada nos cuidadores fornais 146 Gráfico nº 44- Segunda qualidade valorizada nos cuidadores formais 146

11 Gráfico nº 45- Terceira qualidade valorizada nos cuidadores formais 147 Gráfico nº 46- Grau de satisfação com os cuidados de higiene 148 Gráfico nº 47- Necessidade de apoio para tomar 148 Gráfico nº 48 Qualidade dos cuidados recebidos no banho 149 Gráfico nº 49 Cuidados ao nível da higiene diária 149 Gráfico nº 50 Grau de satisfação com os cuidados de alimentação 150 Gráfico nº51- Apoio na realização das refeições diárias 150 Gráfico nº 52- Grau de satisfação com os cuidados de vestuário 151 Gráfico nº 53- Cuidados ao nível do vestuário 152 Gráfico nº 54- Satisfação dos utentes com a roupa que vestem diariamente 153 Gráfico nº 55 Frequência da escolha de roupa diária 153 Gráfico nº 56 Apoio sócio emocional dos utentes do Lar Anexo I 155 Gráfico nº 57- Qualidade dos cuidados prestados pelas Ajudantes de Lar 155 Gráfico nº 58 Relação entre a qualidade dos cuidados e o desgaste dos cuidadores formais 157

12 Índice de quadros Quadro nº 1- Alterações nas questões da Escala de Sobrecarga do Cuidador para o contexto do cuidador formal 60 Quadro nº2 Análise de situações-problema do Projecto de Intervenção Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados 166 Quadro nº 3 Plano de Acção do Projecto de Intervenção Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados 174

13 Índice de Apêndices Apêndice I - Entrevista semi-estruturada 190 Apêndice II - Inquérito por questionário 195 Apêndice III - Solicitação de autorização para realização da Investigação 208 Apêndice IV - Solicitação de autorização para utilização da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Índice de Barthel 210 Apêndice V - Solicitação de autorização para utilização da Escala Ansiedade, Depressão e Stress (EADS -21) 212 Apêndice VI - Consentimento Informado 214 Apêndice VII - Autorização para registo áudio 216 Apêndice VIII - Ficha de auto-avaliação do Projecto 218 Apêndice IX Questionário de avaliação do Projecto 221 Apêndice X- Cronograma do Projecto 224

14 Índice de Anexos Anexo I - Autorização para a realização da investigação 226 Anexo II- Autorização para utilização da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Índice de Barthel Anexo III- Autorização para utilização da Escala Ansiedade, Depressão e Stress (EADS -21) Anexo IV Caracterização da Santa Casa da Misericórdia de Sines Anexo V - Caracterização sócio-demográfica de Sines 236 Anexo VI - Índice de Barthel 248 Anexo VII - Escala de Sobrecarga do Cuidador 250 Anexo VIII - Escala de Ansiedade, Depressão e Stress 252 Anexo IX - Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador 254 Anexo X - Resultados da Escala de Ansiedade, Depressão e Stress Anexo XI - Transcrições das Entrevistas das Ajudantes de Lar do Anexo I, SCMS Anexo XII - Análise de conteúdo das entrevistas 372 Anexo XIII - Resultados do Índice de Barthel 386 Anexo XIV - Análise de conteúdo dos Inquéritos por Questionário 389

15 Abreviaturas ABVD s - Actividades Básicas da Vida Diária EADS-21- Escala de Ansiedade, Depressão e Stress de 21 itens ESC- Escala de Sobrecarga do Cuidador EC Expectativas face ao cuidar Et al E outros INE Instituto Nacional de Estatística IPC Impacto da prestação de cuidados PA Percepção de auto-eficácia RI Relações interpessoais SCMS Santa Casa da Misericórdia de Sines S/d Sem data SPSS - Statistical Package for the Social Sciences (software aplicativo)

16 Introdução O documento seguidamente apresentado consiste num Projecto de Intervenção Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados, no âmbito do Mestrado de Psicogerontologia Comunitária, da Escola Superior de Educação de Beja, desenvolvido pela mestranda Nádia Cruz, sob orientação da Professora Doutora Maria Cristina Faria e co-orientação da Professora Doutora Ana Fernandes. O Projecto de Intervenção fundamenta-se na temática do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais e interferência do mesmo na qualidade da prestação de cuidados a pessoas idosas dependentes. Neste sentido a questão de partida é: De que forma o desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes interfere na qualidade dos cuidados prestados aos mesmos? O investigador pretende responder ao seguinte objectivo geral: compreender as interferências do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais na qualidade dos cuidados que prestam aos idosos dependentes. Os objectivos específicos do processo investigativo passam por: Avaliar os níveis de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais; Avaliar o nível global de dependência dos idosos, no que diz respeito às Actividades Básicas da Vida Diária; Verificar as causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes; Identificar as estratégias de coping utilizadas pelos cuidadores formais; Verificar o grau de satisfação dos utentes relativamente aos cuidados recebidos ao nível da higiene, alimentação e vestuário; Conhecer a visão dos utentes acerca da interferência do desgaste físico e psicológico dos seus cuidadores na qualidade dos cuidados que lhes são prestados. As razões para a escolha do tema investigativo remetem-se primeiramente para o gosto pela intervenção junto da população mais 1

17 envelhecida e dos seus cuidadores e o facto de constituir o campo de trabalho do investigador. Além disso o tema é bastante pertinente para a área da Psicogerontologia Comunitária, uma vez que, com o aumento da população envelhecida e consequentemente do número de dependentes é cada vez mais necessário olhar para quem cuida e cuidar não só dos receptores de cuidados mas também dos seus cuidadores. O documento apresentado é constituído por três partes fundamentais: o Enquadramento Teórico, o Estudo Empírico e o Projecto de Intervenção. No Enquadramento Teórico são desenvolvidos e correlacionados os conceitos chave da investigação e a pertinência do tema na área da Psicogerontologia Comunitária. No Estudo Empírico é apresentada a metodologia da investigação, os participantes, a caracterização da Instituição e do meio físico onde se realiza a intervenção, os instrumentos de recolha de dados, os procedimentos, as técnicas de tratamento de dados, a apresentação e análise dos resultados. A parte do Projecto de Intervenção inicia-se com o enquadramento do projecto e a caracterização das diferentes etapas, seguindo-se a apresentação da análise das situações-problema, a planificação das acções e da avaliação das mesmas. Na parte final do documento compilam-se os apêndices e anexos fundamentais à compreensão do processo de desenvolvimento do Projecto de Intervenção Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados. 2

18 Parte I Enquadramento Teórico Segundo Quivy e Campenhoudt (2003:89), a problemática é a abordagem ou a perspectiva teórica que decidimos adoptar para tratarmos o problema formulado pela questão de partida. A elaboração de uma problemática é [ ] realizada em dois momentos. Num primeiro momento trata-se de explorar leituras [ ] e fazer o balanço dos diferentes aspectos do problema que foram evidenciados. [ ] Num segundo momento pode-se escolher e definir a nossa própria problemática. (Quivy e Campenhoudt, 2003: 89). Para a concretização da problemática da investigação é necessário realizar uma revisão da literatura que tem como objectivo a consulta e recolha de informação pertinente relativa à área de investigação em geral e à problemática da investigação em particular. Basicamente tem como objectivo a aquisição de conhecimento científico na área da investigação, que seja relevante e permita ajudar a encontrar a (s) resposta (s) para a problemática em estudo. (Sousa e Baptista, 2011:33). A problemática a tratar neste Projecto de Intervenção incide em, estudar de que forma é que os níveis de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes, influenciam a qualidade dos cuidados prestados aos mesmos. Neste sentido, é necessário fazer uma exploração de leituras e revisão bibliográfica sobre a temática em estudo de forma a construir a própria problemática. Seguidamente apresenta-se a exploração de um conjunto de conceitos de modo a melhor compreender o problema em estudo. Os eixos de conhecimento a estudar são as seguintes: o envelhecimento, a dependência na velhice, as redes de suporte social; os cuidadores de idosos; a institucionalização de idosos; a qualidade de vida e a importância dos cuidados prestados aos idosos; o desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos; os aspectos positivos no acto de cuidar e os contributos da Psicogerontologia na intervenção junto dos mais velhos. 3

19 1 - O Envelhecimento: conceptualizações, causas e consequências Ao longo dos tempos, a sociedade portuguesa tem assistido a um fenómeno de crescente envelhecimento populacional, o que tem promovido diversas reflexões acerca desta problemática. As investigações de autores referenciados como a Constança Paúl, o António Fonseca, o Carlos Sequeira, entre outros, têm-se debruçado sobre questões acerca das diferentes conceptualizações do envelhecimento, dos factores que promovem um envelhecimento saudável e activo, das consequências do envelhecimento demográfico e a promoção da sustentabilidade de uma sociedade cada vez mais envelhecida. Em primeiro lugar, é preciso entender o que é isso de envelhecimento. Este conceito não é de modo algo unívoco. Existem diversas definições de envelhecimento, que o encaram como um processo gradativo e diferencial, que se altera de acordo com o indivíduo, os contextos económico, social e cultural, desenvolvendo-se em torno de diversas componentes. De acordo com Rocha (2009:43) citando Birren & Renner (1997:10) o envelhecimento refere-se às mudanças regulares que ocorrem em organismos maturos, geneticamente representativos, vivendo em condições ambientais representativas, na medida em que avançam com a idade cronológica. Quando se fala de envelhecimento referimo-nos inevitavelmente a uma fase do desenvolvimento do adulto. O envelhecimento pode ser definido como um processo de mudança progressiva da estrutura biológica, psicológica e social dos indivíduos que, iniciando-se mesmo antes do nascimento se desenvolve ao longo da vida. Este processo desenvolvimental é causado por alterações moleculares e celulares, que resultam em perdas funcionais progressivas dos órgãos e do organismo como um todo. (Guiomar, 2010:3). De acordo com Paúl (2005) existem três componentes que caracterizam os diferentes processos de envelhecimento. A componente biológica, a social e a psicológica. O processo de envelhecimento biológico resulta da vulnerabilidade crescente e de uma maior probabilidade de morrer, a que se chama senescência. Refere-se ainda, às modificações fisiológicas e anatómicas que surgem por volta da segunda década de vida e se tornam evidentes a partir da quarta década até à morte. 4

20 O processo de envelhecimento social remete-nos às expectativas da sociedade em relação ao que são os papéis sociais nesta faixa etária, às modificações na vida das pessoas ao nível do papel na sociedade. A passagem para a reforma é um exemplo dessas alterações. Esta acarreta uma diminuição de rendimentos económicos, a perda de identidade e ruptura com os laços estabelecidos no local de trabalho. A saída dos filhos de casa (ninho vazio) e a aquisição do papel de avós é outra alteração que surge com o envelhecimento. Além disso, as modificações começam a ser mais evidentes com o aumento da dependência e necessidade de apoio a nível familiar. Por último, o envelhecimento psicológico é definido como a capacidade do indivíduo de se adaptar às transformações resultantes do processo de envelhecimento. A este propósito Neugarten elaborou um estudo transversal onde concluiu que as pessoas mais velhas tendiam a preocupar-se mais com a sua vida do que com o mundo externo, justificando que as pessoas mais velhas tendiam a um afastamento do mundo exterior. (Rocha, 2009:51). Este mundo exterior é cada vez mais envelhecido, onde se verifica o chamado envelhecimento demográfico. Este designa, no essencial, a progressiva diminuição do peso das gerações mais jovens a favor das gerações mais velhas (Bandeira, et al, 2012:7). Segundo Rocha (2009: 60), as causas do envelhecimento demográfico não estão centradas na melhoria das condições de vida que fazem aumentar a esperança média de vida mas sim na nova conjuntura social que gera uma diminuição da natalidade. Esta conjuntura social justifica-se com os novos valores familiares, as exigências do mundo do trabalho, o individualismo e o casamento tardio. As consequências deste fenómeno do envelhecimento demográfico são evidenciadas em vários panoramas. A nível social, ocorre uma maior convivência de várias gerações, um aumento do número de famílias com idosos dependentes e o aumento do número de idosos em instituições. A nível da saúde tende a ocorrer mais exigência dos serviços e um aumento dos gastos com medicação. Ao nível económico verifica-se um maior gasto com as reformas e menos receitas para o estado. Além destas consequências existem ainda as políticas (peso de votos nos partidos conservadores), as culturais 5

21 (aumento de estruturas de lazer para seniores) e as científicas e laborais (aumento da formação e oferta de emprego na área da gerontologia). O facto de o envelhecimento acarretar muitas consequências ao nível das diferentes estruturas sociais, pode ter acentuado um sentido negativo de noção de risco do envelhecimento. No entanto, não é aceitável que o envelhecimento seja considerado como um risco. Pelo contrário, é um bem, resultado da melhoria generalizada das condições de vida, em larga medida induzida pelo sucesso de políticas sociais públicas como as da saúde, de redistribuição de rendimentos e de trabalho. (Capucha, s/d:338). O grande desafio que se coloca ao nível do envelhecimento populacional, é o de desenvolver medidas que incentivem um envelhecimento saudável, bem-sucedido e activo, que promova a qualidade de vida e bemestar dos mais velhos, tornando os mesmos interventores no desenvolvimento de uma sociedade sustentável. Envelhecer com saúde, autonomia e independência, o mais tempo possível, constitui hoje, um desafio à responsabilidade individual e colectiva, com tradução significativa no desenvolvimento económico dos países. (Guiomar, 2010:4). Neste sentido, hoje em dia, não se fala apenas em envelhecimento, mas sim em envelhecimento saudável e envelhecimento activo. O envelhecimento saudável depende do equilíbrio entre o declínio natural das diversas capacidades individuais, mentais e físicas e a obtenção dos objectivos que se desejam. (DGS, s/d:2). De acordo com a Direcção Geral de Saúde (s/d: 2) o envelhecimento saudável assenta em três grandes pilares: a autonomia, a aprendizagem ao longo da vida e a necessidade de se manter activo. A autonomia está relacionada com a capacidade de autodeterminação, da dignidade, integridade e liberdade de escolha. A aprendizagem ao longo da vida é um aspecto que contribui para envelhecer de forma saudável, uma vez que, favorece a conservação das capacidades cognitivas. Por último, ter uma vida activa é uma das formas de permitir a manutenção da saúde da pessoa idosa nas suas diversas componentes: física, psicológica e social. 6

22 O envelhecimento saudável assenta em determinantes como: esperança de vida, satisfação da vida e bem-estar, crescimento pessoal, novas aprendizagens, comunidade social, actividades de lazer, segurança económica, vizinhança, aspectos físicos, produtividade e sentido de humor. Além do envelhecimento saudável podemos falar em envelhecimento activo, que é de algum modo um conceito mais abrangente. A Organização Mundial de Saúde definiu envelhecimento activo como um processo de optimização de oportunidades para a saúde, participação, segurança, no sentido de aumentar a qualidade de vida durante o envelhecimento. (Guiomar,2010:4) Neste sentido, o envelhecimento activo implicará uma atitude pessoal de optimismo perante a vida mas também, a existência de medidas capacitadoras dos mais velhos e das suas famílias, de modo a prevenir a vulnerabilidade social. Segundo o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações - Programa de Acção (2012:6) as dimensões a ter em conta para a promoção do envelhecimento activo foram: o reforço do papel das famílias; o reforço das relações intergeracionais; a valorização do papel da pessoa idosa na sociedade por mecanismos que favorecessem a sua participação activa e o exercício dos seus direitos; a facilitação do acesso ao mercado de trabalho e permanência neste; o investimento na aprendizagem ao longo da vida; a promoção do voluntariado social; a permanência no meio habitual de vida, o mais tempo possível; uma maior e melhor prevenção e cobertura das situações de dependência. Compreender as diferentes concepções de envelhecimento é fundamental para a promoção de uma qualidade de vida e bem-estar dos mais velhos. 7

23 1.1 - Idoso, velho, sénior e geronte Com as transformações económicas, sociais, políticas e culturais adjacentes ao crescente envelhecimento populacional, têm surgido diferentes noções do que é ser mais velho, ter mais idade e viver mais anos. Se inicialmente havia uma maior tendência para falar em velho ou idoso, mais tarde, estas noções foram sendo substituídas por termos como sénior ou geronte. Mas afinal o que quer dizer cada um destes conceitos? Segundo o Dicionário Actual de Língua Portuguesa (2002), velho é aquele que tem uma idade avançada, que conta com muitos anos de existência, que tem mais anos de vida que o outro, que vem de um tempo mais antigo. Segundo a fonte citada anteriormente, o idoso é aquele que tem uma idade avançada, o sénior é mais velho que outra pessoa e o geronte exprime a ideia de velhice e velho. Neste sentido, percepciona-se que qualquer um destes termos nos remete para a ideia de alguém que vive mais anos, chegando à etapa da velhice. Nas diversas teses e investigações consultadas, verifica-se que, há uma tendência para que os termos idoso e velho surjam mais associados à ideia de dependência, de cuidados de terceiros e de institucionalização. Tal como a noção de sénior apareça mais relacionada com as concepções como Turismo Sénior, Empreendedorismo Sénior e Universidades Sénior. Do mesmo modo, o conceito de geronte surge mais relacionado às questões do estudo da Gerontologia e Psicogerontologia. Não existem os conceitos certos ou errados, existem sim formas adequadas ou inadequadas de os utilizar. Segundo Santos (2010:1036) a Organização das Nações Unidas estabeleceu duas concepções de idoso: uma para os países desenvolvidos e outra para os subdesenvolvidos. Nos primeiros, são consideradas idosas as pessoas com 65 e mais anos. Nos países subdesenvolvidos são idosas as pessoas com 60 ou mais anos. Ao longo do tempo e com o aumento da esperança média de vida, desenvolveram-se subcategorias do conceito de idoso: idosos jovens, idosos e muito idosos. Idosos jovens são todos aqueles que têm idade igual ou superior 8

24 a 65 anos e inferior aos 74 anos. Idosos têm idade igual ou superior a 75 anos e inferior a 84 anos. Muito idosos têm uma idade igual ou superior a 85 anos. (Guiomar, 2010:4). Estas definições são de algum modo limitadas, uma vez que utilizam predominantemente o critério cronológico para estabelecer o que é um indivíduo idoso. Actualmente sabemos que ser idoso é mais do que ter determinada idade, é um estado de espírito, um modo de vida, a forma como se encara o dia-a-dia. Neste sentido, o conceito de idoso ou de indivíduo com mais idade tem sido ampliado, considerando que a velhice não é um processo único mas sim definido por diversos factores específicos de cada indivíduo. Muitas são as formas de ser velho. Este período desenvolvimental carrega consigo a história de vida de cada indivíduo, determinada quer pelo património genético como pela herança psicossocial. (Guiomar, 2010:5). 2- A Dependência na Velhice As pessoas idosas apresentam um risco potencial no que diz respeito à perda de capacidades funcionais e/ ou mentais, que podem determinar a dependência parcial ou total para a realização das actividades da vida diária. A dependência é um estado em que as pessoas se encontram com uma perda ou falta de autonomia física, psíquica ou intelectual, têm necessidade de uma assistência e / ou de ajudas importantes a fim de realizar os actos correntes da vida ou actividades de vida diária. (MTSS, 2009:8). Segundo Miguel et al. (2007:786) podemos distinguir três tipos de dependência: dependência estruturada, física e comportamental. A dependência estruturada está ligada à ideia de que o valor do ser humano é determinado, em primeira instância, pela sua participação no processo produtivo. A perda do trabalho e/ou a aposentadoria são exemplos de dependência estruturada (parte da população trabalhadora disponível para sustentar os que estão fora da força de trabalho). (Miguel et al.207:786). 9

25 A dependência física diz respeito à incapacidade funcional que a pessoa apresenta para realizar actividades da vida diária. Pode variar em graus de acordo com idade, género, classe social, ocorrência de problemas psiquiátricos, porém é mais frequente entre os idosos. Em consequência da dependência física pode ocorrer a dependência comportamental. Esta explica-se por dois grandes paradigmas: um vê a dependência como resultado do desamparo e o outro considera-a como instrumento de controlo. No primeiro caso, a dependência é atribuída ao ambiente negligente ( ) e pode estar relacionada às experiências de perda de controlo, sendo a mais temida pelos idosos. No último caso, uma pessoa pode ser considerada incompetente para realizar determinadas tarefas e, mediante tal constatação, uma segunda pessoa assume a função de fazê-las em seu lugar, mesmo que isso não seja necessário ou que contrarie a sua vontade. Da mesma forma, ignorar as pessoas idosas, apressá-las ou tratá-las com desrespeito, são outros factores que podem induzir à dependência comportamental. (Miguel et al.207:786). Neste sentido, a dependência relaciona-se directamente com a perda brusca ou progressiva de autonomia a vários níveis: físico, psíquico e social, com a necessidade de outrem para dar resposta às dificuldades funcionais instaladas ou que se vão instalando, assim como com a reformulação da representação ou percepção individual acerca de qualidade de vida. A dependência não é específica da população mais envelhecida, tendo a sua origem em inúmeras e diversas situações, tais como: acréscimo de deficiências congénitas ou adquiridas, doenças psiquiátricas, doenças físicas e orgânicas debilitantes. No que respeita à dependência no envelhecimento verifica-se que esta implica um acréscimo de custos médicos e sociais, a necessidade de suporte familiar e comunitário, a probabilidade de cuidados de longa duração, o que se reflecte numa maior solicitação de apoios formais e informais pelo próprio cuidador. Em termos gerais, no que concerne ao País, os impactos fazem-se sentir nas dimensões política, económica, social e cultural. A diminuição abrupta da população activa e crescente aumento de reformados, com consequente menor produtividade e pressão sobre as gerações mais jovens e activas, potencia tensão intergeracional e o 10

26 aumento dos custos financeiros com os cuidados, com o agravamento dos encargos com dependentes. Relativamente aos dependentes, pensar nos impactos, implica focar e reflectir sobre as questões interligadas do sofrimento, dignidade e respeito. ( ) As principais fontes de sofrimento são a perda de autonomia e a dependência de terceiros, sintomas mal controlados, alterações da imagem corporal, a perda do sentido da vida, de dignidade, de papéis e estatuto sociais, de regalias económicas, alterações nas relações interpessoais, nas expectativas e planos futuros e o sentimento de isolamento e abandono. (Saraiva, 2011:25). Se a dependência implica a recepção de cuidados de terceiros, os impactos da mesma não serão só para os dependentes mas também para os seus cuidadores. Nestes, os impactos da dependência atingem um vasto leque de aspectos da vida familiar e potenciam o sofrimento em termos de aumento da sobrecarga e perda de qualidade de vida. 3 - A importância das redes de suporte social no envelhecimento À medida que se envelhece é normal que aumente o nível de dependência para a realização das Actividades Básicas e / ou Instrumentais da Vida Diária. Cabe às redes de suporte social prestar o apoio necessário aos mais velhos, às suas famílias e cuidadores, promovendo um envelhecimento com qualidade de vida. Actualmente, é amplamente aceite que as redes de suporte social contribuem para um desenvolvimento sócio-emocional dos indivíduos em todas as idades, sobretudo na infância e idade avançada. De acordo com Guiomar (2010:7) o conceito de redes de suporte social começou a ser desenvolvido por diversos autores, na década de 70, quando ocorreu um crescente movimento de desinstitucionalização. Não há uma definição única de suporte social. Existe uma tendência dos diferentes autores definirem o suporte social em termos do conteúdo funcional das relações que abrange o grau de envolvimento afectivo-emocional ou instrumental, a ajuda ou informação. ( ) Uma perspectiva global de suporte social deverá ter em conta, simultaneamente, os seguintes factores: 1. a quantidade de relações sociais; 2. 11

27 A sua estrutura formal, por exemplo, a densidade e a reciprocidade; e 3. O conteúdo destas relações no que se relaciona com o suporte social. (Ornelas, 2008:192). De acordo com Guiomar (2010:8) o conceito de suporte social tem sido definido como a união entre indivíduos ou entre indivíduos e grupos, do que resulta uma maior competência para enfrentar desafios, tensões e privações a curto prazo. ( ) As funções proporcionadas pelo suporte social incluem desde a integração social, a estima, os laços de confiança, a orientação, até à oportunidade de expressão de sentimentos positivos. Barrera (1986) citado por Ornelas (2008:193) subdividiu o suporte social em três categorias gerais: o Envolvimento Social, o Suporte Social Percepcionado e o Suporte Activo. O Envolvimento Social refere-se às ligações significativas que os indivíduos mantêm com os outros, no meio social, pelo que estar-se socialmente envolvido é um factor essencial no sentido psicológico de pertença a uma comunidade. (Ornelas, 2008:193). O Suporte Social Percepcionado caracteriza-se pela satisfação obtida nas relações com os outros. As medidas específicas de suporte social percepcionado incluem duas dimensões: a percepção do suporte disponível e a assertividade dos laços de suporte. Estas medidas diferem das do envolvimento social, porque não quantificam o número de contactos sociais de suporte, mas incidem na confiança do individuo sobre a existência de suporte disponível, sempre que necessário, ou na percepção da existência de um ambiente de coesão e de suporte. (Barrera:1981) citado por Ornelas (2008:193). Por último, o Suporte Activo consiste nas acções desempenhadas pelos indivíduos na prestação de apoio a outros. De acordo com Barrera (1981) citado por Ornelas (2008), normalmente os indivíduos prestam apoio aos outros quando se encontram em situações de stress. As relações sociais de suporte incluem diversas funções. Segundo Weiss (1974) citado por Ornelas (2008) existem seis funções proporcionadas pelas relações de suporte social: o Attachement, a Integração social, o Reconhecimento do Valor pessoal, as Alianças Estáveis, a Orientação e a Oportunidade de Prestação de Cuidados. O Attachement representa um sentimento de aprovação emocional e de segurança, normalmente proporcionado por um cônjuge ou parceiro amoroso. (Ornelas, 2008:194). 12

28 A Integração Social é o sentimento de pertença a um grupo, que partilha interesses comuns, actividades recreativas e é normalmente obtido através de amigos. (Ornelas, 2008:194). Segundo o autor citado, o Reconhecimento do Valor Pessoal advém dos colegas de trabalho, através do reconhecimento das competências individuais. As Alianças Estáveis subentendem-se através da garantia de que se pode contar com alguém em quaisquer circunstâncias, normalmente com os elementos da família. A Orientação inclui o aconselhamento e informação, normalmente obtidos através dos professores, mentores ou figuras parentais. Por último, a Oportunidade de Prestação de Cuidados implica o sentimento de responsabilidade pelo bem-estar de outra pessoa, normalmente obtido através dos filhos. (Ornelas, 2008:194). Além das categorizações apresentadas anteriormente acerca das funções das relações de suporte social, outros autores, tais como Barrera e Ainlay (1983) citados por Ornelas (2008), definiram diferentes funções do suporte social: A ajuda material, proporcionada por bens materiais ou dinheiro; a assistência, que pode consistir na partilha de actividades; a orientação, que abrange dar conselhos, informações ou instruções; o feedback em relação aos comportamentos, pensamentos ou sentimentos e a interacção social positiva, que se relaciona com situações de distracção convívio e bem-estar. (Ornelas, 2008:195). Segundo Guiomar (2010:8) estas funções podem dividir-se em duas dimensões: as funções instrumentais e as funções expressivas do suporte social. A dimensão instrumental refere-se às relações sociais como meio de alcançar objectivos e metas. A dimensão expressiva reporta-se às relações sociais como forma de satisfazer necessidades emocionais; ser amado, ser valorizado, compartilhar emoções e vivências. Quando se fala em redes de suporte social no envelhecimento remetese necessariamente para o tipo de apoio social prestado, nomeadamente durante a velhice. Vaz Serra (1999) define apoio social como a quantidade e coesão das relações sociais que rodeiam de modo dinâmico um indivíduo. (Martins, s/d:129) 13

29 Existem diversas análises das funções do apoio social que remetem para o papel protector sobre o homem e influência de bem-estar e qualidade de vida. De acordo com Martins (s/d), o autor Vaz Serra (1999) diferencia seis tipos de apoios das redes de suporte social: apoio afectivo, apoio emocional, apoio perceptivo, apoio informativo, apoio instrumental e apoio de convívio social. O apoio afectivo faz com que as pessoas se sintam estimadas e aceites pelos outros; o apoio emocional corresponde aos sentimentos de segurança que a pessoa pode receber para ultrapassar determinados problemas; o apoio perceptivo ajuda o indivíduo a reavaliar o problema e ultrapassá-lo; o apoio informativo constitui um conjunto de conselhos que ajudam as pessoas a perceber questões complexas, facilitando tomadas de decisões; o apoio instrumental ajuda o indivíduo a resolver problemas através da prestação concreta de bens e serviços. Por último, o apoio de convívio social é conseguido através de actividades de lazer ou culturais que ajudam a aliviar tensões e a fazer a pessoa sentir-se menos isolada e mais participante da rede social. O apoio social é prestado pelas diferentes redes de suporte social que, apesar das diversas funções que podem ter, devem considerar os seguintes factores para o bem-estar do indivíduo: o tamanho da rede social (número de pessoas que a constituem); a existência de relações sociais; a frequência dos contactos; a necessidade de suporte expressa pelo indivíduo; o tipo e quantidade de suporte disponibilizado pelas pessoas da rede social; a congruência relativa ao suporte disponível e as necessidades do indivíduo; o número de vezes que o indivíduo recorre à rede; a dependência expressa na extensão em que o indivíduo pode confiar nas redes de suporte quando necessita; a reciprocidade que exprime o equilíbrio entre o suporte social recebido e fornecido; a proximidade em relação aos indivíduos que disponibilizam o suporte social e a satisfação dos mesmos perante o suporte social. (Torrão, 2010:31). As diversas formas e funções do apoio social são obtidas através de diferentes redes de suporte social: o suporte social informal e formal. As fontes de suporte informal incluem, simultaneamente, os indivíduos (familiares, amigos, vizinhos, padre, etc.) e os grupos sociais (clubes, igreja, etc.), que 14

30 são passíveis de fornecer apoio, no dia-a-dia, em resposta a acontecimentos de vida normativos e não normativos. As redes de suporte social formal abrangem tanto as organizações sociais formais (hospitais, programas governamentais, serviços de saúde) como os profissionais (médicos, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos, entre outros) devidamente organizados para fornecer ajuda às pessoas necessitadas. (Torrão, 2010:33). Cabe às redes de suporte social formal e informal intervir conjuntamente, de modo a proporcionar uma prestação de cuidados adequados às necessidades apresentadas pelos mais velhos. 4 - Cuidar de Idosos: Cuidador Formal e Cuidador Informal O envelhecimento populacional, o aumento do número de idosos a viver em instituições a si destinadas e a necessidade da sociedade dar resposta à população idosa leva-nos a repensar sobre a tarefa de cuidar de idosos e sobre a necessidade de possuir profissionais competentes nas Instituições que prestem os devidos cuidados aos idosos, propiciando-lhes qualidade de vida. (Ferreira, 2012:19). Mas afinal o que é isso de cuidar? Segundo o Dicionário Actual de Língua Portuguesa (2002) cuidar é ter em mente alguém ou alguma coisa, tratando-a de modo apropriado. É ter cuidado, ou seja, dar uma atenção especial a alguém para que se evite um efeito prejudicial. De acordo com Ricarte (2009) cuidar é um conceito complexo e multidisciplinar, que de acordo, com as diferentes abordagens analisadas pelo autor, se apresenta com múltiplas vertentes, sendo estas: relacionais, afectivas, éticas, sócioculturais, terapêuticas e técnicas. Cuidar é manter a vida garantindo a satisfação de um conjunto de necessidades, é assistir alguém ou prestar-lhe serviço quando este necessita. Para que se preste cuidados a uma pessoa, independentemente da sua idade ou limitação que lhe provoque algum tipo de dependência, é necessário que exista um cuidador. O cuidador é toda a pessoa que assume como função a assistência a uma outra pessoa que, por razões tipologicamente diferenciadas, foi atingido por uma incapacidade ( ). (Cunha, 2011:5). 15

31 O cuidador pode ser principal ou secundário, sendo que o principal é aquele que tem maior responsabilidade nos cuidados diários do idoso dependente e o secundário é aquele que realiza, esporadicamente, algumas tarefas. Segundo Ferreira (2012: 20) o cuidador é aquele membro, ou não, da família, que, com ou sem remuneração, cuida do idoso no exercício das suas actividades diárias tais como alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de saúde, excluídas as técnicas ou procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas. Os cuidadores podem assumir duas denominações: cuidador formal e cuidador informal. Os primeiros caracterizam-se pela prestação de serviços com carácter profissional em instituições direccionadas para o cuidado, os segundos poderão ser familiares, amigos e, como tal, cuidam do idoso num ambiente familiar. Ferreira (2012:19) citando Sommerhalder (2001). Sequeira (2007) distingue dois tipos de cuidados que se relacionam com o cuidador em questão: cuidado formal (actividade profissional) onde a prestação de cuidados é por norma executada por profissionais qualificados, podendo estes ser médicos, enfermeiros, assistentes sociais, entre outros, que ganham a designação de cuidadores formais, pois existe uma preparação específica para a actividade profissional que desempenham, sendo esta actividade variada de acordo com o contexto onde se encontram (lares, instituições comunitárias ); e cuidado informal, com a prestação de cuidados executados por profissionais no domicílio e que por norma ficam sob a responsabilidade dos elementos da família, amigos, entre outros, designando-se assim de cuidadores informais. Estes últimos desempenham a sua actividade que não é remunerada e prestam os cuidados de uma forma parcial ou total. (Ferreira, 2012:20). Quando se assume um papel de cuidador (seja ele formal ou informal) estão subjacentes motivações para o desempenho desse papel. Os cuidadores formais assumem motivações mais relacionadas a factores remuneratórios, ao gosto pela profissão, à vocação para a mesma, às relações semelhantes a nível familiar. No cuidador informal salientam-se as motivações relacionadas com o dever moral e social, a solidariedade familiar, conjugal, filial, os factores religiosos, os sentimentos de amor e piedade, o evitar da institucionalização, a 16

32 coabitação de longa data, a proximidade geográfica, a obrigação devido a aspectos culturais e religiosos. De acordo com Saraiva (2011:17) são múltiplas as razões que levam alguém a cuidar de outrem em situação de dependência. A autora defende cinco razões principais: o amor, a gratidão (noção de dever, pressão social, modelo da família tradicional), a moralidade (dever moral, expectativas sociais, sentimento de reciprocidade), a solidariedade (laços afectivos) e a vontade própria. Acrescenta que a pessoa pode tornar-se cuidador por instinto, quando motivada inconscientemente a prestar auxílio a alguém que necessita dele; por capacidade, quando tem formação técnica; e por conjuntura quando se encontra numa situação extrema não havendo outra opção. Também pelas tradições de um país, pelas normas sociais, pelo estádio de evolução, relativamente às modificações da estrutura familiar, pela concepção da vida, pela história de cada individuo e por motivos religiosos. (Saraiva, 2011:17). Os motivos que levam os indivíduos a assumirem o papel de cuidador são semelhantes, tal como as características sócio-demográficas dos mesmos. Figueiredo (2007) reuniu vários estudos que permitiram resumir em traços gerais o perfil do cuidador informal. Predomina o sexo feminino; idade compreendida entre os 45 e 60 anos; o parentesco preferencial é o cônjuge ( ); o estado civil dos cuidadores tende a ser o casado ( ); vivem próximo do familiar dependente e ( ) existe uma tendência para quem já cuidou de alguém tenda a cuidar de outra pessoa, fenómeno este designado por cuidador em série. (Rocha, 2009:71). A tarefa de cuidar encontra-se associada à figura feminina devido às raízes históricas, culturais, sociais e afectivas. A prática das mulheres em cuidar dos filhos, do próprio marido e da casa levou a que a adaptação à tarefa de cuidar de idosos fosse de certa forma mais facilitada. No caso dos cuidadores formais também predomina a mulher como cuidadora de idosos em Instituição. Este facto deve-se a acontecimentos como a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho cujas causas foram: a deterioração dos salários impelindo a mulher de participar no orçamento da família e a crescente participação das mulheres em espaços públicos em especial na enfermagem. ( ) O nível de escolaridade dos cuidadores é outro aspecto relevante e que necessita de ser tido em conta, pois, a escolaridade pode ter influência no cuidado 17

33 através da realização de actividades como o auxílio na toma da medicação, acompanhamento do idoso a consultas médicas, capacidade para compreender e transmitir orientações médicas, entre outros aspectos. Sendo que a qualidade de vida do idoso se encontra em primazia no aspecto do seu cuidado, um cuidador com mais escolaridade poderá ser um factor positivo no melhor executar das actividades referidas. (Ferreira, 2012:21). Independentemente das motivações do acto de cuidar ou das características de quem cuida, é fulcral que exista união e inter-ajuda entre os cuidadores (formais e informais). Esta relação de ajuda associada a um bom ambiente profissional, propicia uma maior satisfação no cuidador melhorando a sua qualidade de vida o que se vai evidenciar numa melhor qualidade de vida também para os idosos. Neste sentido, torna-se imperativo cuidar de quem cuida e valorizar o papel dos cuidadores ( ) (Cunha, 2011:4). 5 - A institucionalização de Idosos No final do século XIX o apoio aos mais velhos era resolvido, na maioria dos casos, pelas famílias e redes de apoio social informal. Posteriormente a sociedade sofreu várias alterações que deram origem a um acréscimo de dificuldades para as pessoas idosas viverem em suas casas, surgindo assim instituições vocacionadas para o acolhimento de idosos. A institucionalização pode ser entendida como um duplo processo: como recurso a serviços sociais de internamento do idoso em lares, em casas de repouso, onde recebe assistência, por outro lado, pode entender-se a institucionalização como vivência de perda, simbolizada pela presença de estados depressivos, com sentimentos mais ou menos manifestos de abandono pela família (Cramês, 2012:28). Ferreira (2012) refere que se fala em institucionalização quando, por algum motivo, o idoso permanece durante o dia (ou parte dele) numa instituição a si destinada. Quando a sua permanência se prolonga pelas 24 horas passam a designar-se de idosos institucionalizados residentes. São diversas as razões que justificam um pedido de integração em lar. Torrão (2010) destaca as seguintes: o afastamento, o conflito nas relações familiares, a intromissão na privacidade de filhos/netos, a falta de condições habitacionais, o aumento do nível de dependência, a falta de tempo por parte 18

34 dos familiares devido a circunstâncias profissionais, a incapacidade dos familiares cuidarem dos seus familiares. Normalmente a família tem uma influência directa na tomada de decisão do internamento em lar, pois a pessoa de idade tende a pensar que representa um peso para a família, apresentando sentimentos de rejeição e tolerância. Levenson citado por Ferreira (2012) refere um conjunto de factores associados ao risco de institucionalização: as deficiências cognitivas; o facto de se viver só; a perda de apoios sociais; os problemas com as actividades de vida diária; a pobreza e as deficiências na rede de saúde informal. Por seu lado, Martins (s/d) evidencia o isolamento como causa mais comum para a entrada nas Instituições de Acolhimento, o que se explica pela inexistência de uma rede de interacções que facilitem a integração social e familiar dos idosos e que garantam um apoio efectivo em caso de maior necessidade. É de destacar que o processo de institucionalização também acarreta aspectos positivos, nomeadamente ao nível da qualidade de vida, saúde ou até relacionamentos sociais, podendo inclusive contribuir para o envelhecimento activo. É o acumular de vários factores que leva à entrada do idoso numa Instituição e não apenas a existência de um factor isolado. A entrada do idoso numa Instituição de acolhimento é, por norma, um momento difícil para o idoso, em especial quando este ainda possui alguma autonomia ou se a sua entrada se deveu a um acontecimento trágico (por exemplo, a morte de um cônjuge). ( ) Por mais qualidade que a Instituição possua, vai haver sempre um corte com o que se passava anteriormente, passando a existir um certo afastamento do convívio social e familiar. A pessoa institucionalizada precisa de se acostumar ao seu novo espaço, às suas novas rotinas, a novas pessoas que irão partilhar o seu espaço e toda esta nova realidade pode criar situações de angústia, medo, revolta e insegurança. (Ferreira, 2012:18). Diversos autores afirmam que os idosos institucionalizados possuem um auto-conceito mais baixo e um maior índice de depressão do que os idosos que vivem em suas casas. Assim é importante que os cuidados disponibilizados nestas instituições sejam especializados em qualidade valorizando a dignidade 19

35 do idoso, centralizando-se na pessoa, desenvolvendo cuidados apropriados a cada caso. ( ) O ambiente institucional deve ser adaptado às necessidades emocionais da pessoa idosa, onde esta possa demonstrar a sua própria personalidade e onde usufrua de uma base segura, evitando, deste modo, possíveis sentimentos de solidão. (Cramês, 2012: 28). O ambiente onde o idoso permanece é de extrema importância para que o mesmo se sinta seguro e confortável, e que possibilite preservar alguma autonomia. Os ambientes para idosos deveriam possuir as seguintes características: acessibilidade e uso; facilidade de circulação, especificamente no que diz respeito ao conforto, à conveniência e à possibilidade de escolha; conservação de energia; comunicação: aspectos sensoriais e interacção social; segurança: sem risco de lesão e acidentes; protecção: que não cause medo ou ansiedade e que seja previsível (confiável); e privacidade. Mais do que o ambiente físico da instituição, sobressai o aspecto relacional como condição fulcral para a qualidade de vida dos utentes. O cuidador formal em Instituição de Longa Permanência deve considerar factores no utente como: o estado de saúde, o estilo de vida anterior, a predisposição para a vida, a maneira como vai ocupar o seu tempo dentro da instituição. O cuidador deve assim adaptar os seus cuidados de modo a potencializar as qualidades do utente visando a sua máxima autonomia e bemestar. A qualidade do funcionamento de uma instituição depende da dinâmica criada pelos funcionários que intervêm no grupo de utentes. Daí a importância dos mesmos valorizem e impulsionem as potencialidades de cada personalidade, criarem comportamentos positivos, orientarem expectativas, respeitando que cada utente é diferente, criando condições para que estes rejeitem o síndrome institucional característico das instituições totais assente numa apatia e abandono crescente. (Torrão, 2010: 18). Segundo Ferreira (2012) citando Quintela (2001) todos os serviços que se regulam por ópticas institucionais, têm de evoluir, face às novas realidades demográficas e sociais, numa atitude proactiva, produzindo cuidados e apoio competentes nesta matéria, com sentido realista dos constrangimentos ainda existentes, mas intransigentes na promoção da qualidade de vida das pessoas idosas. 20

36 Ainda neste âmbito, a autora apresenta três desafios que as Instituições para a Terceira Idade necessitam de enfrentar, tendo presente a heterogeneidade do grupo etário dos idosos: conciliar a colectivização com a individualidade; satisfazer a população, apesar de, em princípio, a sua permanência neste local, ser imposta; e satisfazer, tanto quanto possível, a insuficiência de recursos. A institucionalização do idoso pode acarretar um grande sofrimento, visto que, se vê confrontado com a separação dos seus familiares e alguns receios da perda de liberdade, abandono pelos filhos, aproximação da morte e dúvidas acerca do tratamento que irão receber. No entanto, a institucionalização não deve ser encarada apenas pela negativa, pois existem idosos que podem sentir-se mais acompanhados, activos e mesmo mais felizes do que quando se encontravam sós em suas casas. Neste processo de mudança, o indivíduo pode criar os seus próprios mecanismos de adaptação e desenvolver uma sensação ou sentimento de satisfação pela sua nova situação. (Ferreira, 2012:19). Cabe aos profissionais das redes de apoio formal criar as condições para que os utentes sintam que a sua autonomia e participação social são tidas em consideração, factores determinantes para um envelhecimento activo. É neste aspecto que o modo de organização de uma Instituição, as actividades que oferece, a relação de inter-ajuda, o grupo de técnicos e colaboradores que possuem, entre outros aspectos, são de extrema importância para que o sentimento de satisfação ocorra perante a nova situação de vida do idoso. Considerando a crescente transformação da actuação dos profissionais cuidadores, é cada vez mais comum existirem idosos que tomam a decisão de entrar numa Instituição. Este facto deve-se a conhecerem bem as instalações, as pessoas a viver nas mesmas, acreditando que a Instituição lhes providência uma vida digna e activa. Neste sentido, Ferreira (2012:9) defende que embora continuem a ter uma conotação negativa associada ao abandono dos idosos por parte da família, as Instituições de Acolhimento para Idosos já começam a ser melhor encaradas por estes, devido em grande parte, à preocupação das instituições em terem presentes as 21

37 características individuais de cada cliente, de possuírem actividades que envolvem o convívio e de um maior envolvimento da família na vida da Instituição. De acordo com Fragoso (2008) as Instituições de Longa Permanência para Idosos devem pautar-se pelos seguintes princípios: privacidade; escolha, controlo e autonomia; orientação espacial; segurança; funcionalidade; estimulação; aspectos sensoriais; familiaridade; estética e aparência; personalização e adaptabilidade. A privacidade refere-se à necessidade individual de momentos de isolamento e de manutenção de espaço próprio, que não deve ser invadido sem autorização. A escolha, controlo e autonomia estão relacionados com a oportunidade de escolhas e controlo de eventos que influenciem sua própria vida (dos utentes). A orientação espacial refere-se à importância da implantação de mecanismos de orientação para fácil acesso a quartos, casas de banho, refeitório, áreas de uso colectivo. A segurança remete-se ao planeamento do edifício de forma adequada às necessidades dos utentes (ex: piso antiderrapante, rampas em substituição de escadas, entre outros), o que se relaciona com a funcionalidade. A estimulação deverá estar presente em todas as actividades da instituição contribuindo para o combate à depressão e passividade do idoso O ambiente institucional deve repensar a estética, aparência do edifício, adaptando-o (princípio da adaptabilidade) aos aspectos sensoriais. A instituição deve pautar-se pelo ambiente da familiaridade, personalizando-o de acordo com a identidade, as qualidades, as características e experiências únicas da pessoa idosa. Para que o idoso se adapte à instituição é imprescindível uma atenção especial no acolhimento do mesmo pois este é, por norma, o primeiro contacto directo que o utente tem com o local que vai ser o seu lar. Porém é necessário acompanhá-lo não apenas no acolhimento mas ao longo do seu dia-a-dia, promovendo os laços relacionais, pois a instituição é constituída por pessoas, sendo o factor humano fundamental. Para que a intervenção da instituição resulte devem-se desenvolver medidas de ajuda e suporte para com os seus trabalhadores/colaboradores, de forma 22

38 a proporcionar formação e actualização contínuas, deverão existir supervisores e orientadores das práticas de cuidado, a cooperação e aproximação das famílias deve ser estimulada. Os familiares devem ser entendidos como parceiros de cuidado, e quando ausentes, cabe à instituição o dever ético de encontrar medidas que permitam a re-aproximação e responsabilização da família para com o seu ente. (Fragoso, 2008:60). 6 - O cuidador principal - Ajudante de Lar Quando se fala em idosos institucionalizados, nomeadamente, em instituições de longa permanência (ex.: Lares), verifica-se que os mesmos são alvo de um conjunto de cuidados para a satisfação das suas necessidades básicas e instrumentais da vida diária, através dos mais diversificados cuidadores. Estes podem ser Enfermeiros, Médicos, Assistentes Sociais, Psicólogos, Animadores, Trabalhadores de Serviços Gerais, Cozinheiros, Ajudantes de Lar, entre outros. Apesar de existir uma grande diversidade de cuidadores, dentro das instituições, é perceptível que nem todos desempenham um papel principal na vida dos utentes. Cada cuidador tem um papel importante na vida do utente, no entanto, existem cuidadores que, pelos cuidados prestados, passam mais tempo com os utentes, realizam tarefas que os mesmos consideram de grande importância para a sua vida (apoio na alimentação, higiene, vestuário, apoio emocional, entre outros), sendo assim considerados cuidadores principais. No caso das instituições de longa permanência, como os Lares, o papel de cuidador principal é atribuído às Ajudantes de Lar. O Ajudante de Lar é o profissional a quem é atribuído um conjunto de tarefas ligadas ao trabalho com pessoas, na sua maioria idosas, que recorrem a estas instituições. Tudo o que fazem passa pelo contacto directo com o idoso, quer este se apresente individualmente ou em grupo tendo em vista o seu bem-estar. (Torrão,2010:19). De acordo com o Decreto de Lei nº 419/99 de 15 de Outubro, um Ajudante de Lar deve proceder ao acompanhamento diurno e nocturno dos utentes, dentro e fora dos serviços estabelecimentos, guiando-os, auxiliando-os 23

39 e estimulando-os através da conversação, detectando os seus interesses e motivações e participando na ocupação dos seus tempos livres. Segundo o Decreto de Lei referido anteriormente, as tarefas do Ajudante de Lar passam pelas seguintes: Receber os utentes e fazer a sua integração ao longo dos primeiros dias de estada, indicando-lhes os locais que estarão ao seu dispor na sua vivência diária (quarto, enfermaria, salas de estar, refeitório, espaços livres, jardins, etc.); Executar tarefas várias relacionadas com a alimentação, quer nos quartos, quer nas salas de refeição, recebendo os carros que previamente enviou para a cozinha, com as marmitas e outros apetrechos, empratando os alimentos segundo as dietas prescritas pelo dietista e tendo em atenção as quantidades face aos hábitos alimentares dos utentes; Assegurar a sua alimentação regular, auxiliando-os nos seus movimentos, incentivando-os directamente quando necessário, tendo em atenção factores vários, como a mobilidade e o cansaço; Após a refeição, recolher as marmitas e outros utensílios e, eventualmente lavá-los na copa de modo a manter as melhores condições de higiene e evitar transmissão de doenças; Prestar cuidados de higiene e conforto aos utentes, lavando-os, quer deitados, quer nas casas de banho, tendo em atenção o seu estado físico/psíquico e outras características individuais e sociais, podendo, eventualmente, aplicar cremes medicinais, pó de talco e executar pensos simples; Substituir as roupas de cama e o vestuário, acondicionando- os para posterior transporte em carro para a lavandaria; Controlar e entregar na lavandaria as roupas sujas; Fazer a gestão dos stocks das roupas de cama e da casa de banho dos utentes, requisitando-as com a devida antecedência, tendo em atenção as características destes, o tempo e outros factores; Receber e controlar na rouparia as roupas lavadas de acordo com a requisição e arruma-as devidamente nos roupeiros da respectiva enfermaria; Requisitar, receber, controlar e distribuir os artigos de higiene e conforto dos utentes; Proceder ao acompanhamento diurno e nocturno dos utentes, dentro e fora dos serviços e estabelecimentos; Acompanhar nas idas e vindas aos hospitais ou outros centros de tratamento; 24

40 Apoiar na montagem das exposições dos trabalhos dos utentes, na venda dos respectivos trabalhos, bem como nas decorações aquando de festas; Colaborar para a compra de vestuário, calçado e outros utensílios de uso, escolhendo ou dando informações sobre as características dos utentes (físicas, psíquicas e sociais). Mais do que ter capacidade para a realização das tarefas definidas anteriormente, um Ajudante de Lar deve ser um profissional com capacidades de comunicação e entrega ao idoso, promovendo uma relação com o mesmo. Para tal um Ajudante de Lar deve saber ser responsável, meigo, educado, atento, simpático, flexível, dedicado, paciente, bem-disposto, humilde, honesto, justo, bom ouvinte, competente, colocar-se no lugar do idoso, respeitá-lo, considerando-o um ser humano, com todas as suas necessidades. Mostrar disponibilidade para o idoso e desenvolver as suas aptidões físicas e intelectuais de modo a promover a sua autonomia, são um dos pontos fulcrais para uma melhoria no bem-estar e qualidade de vida dos utentes. É neste âmbito que se defende que o relacionamento que estes profissionais mantêm com o idoso além de ser uma dimensão muito valorizada pelos mesmos, permite-lhes um sentimento de segurança e confiança o que contribui para uma maior adaptação à mudança do seu modo de vida (integração). (Torrão, 2010:20). Fragoso (2008) citando Milton Mayeroff (1990) definiu as seguintes componentes básicas do cuidado: o conhecimento, a alternância dos ritmos (respeito pelo ritmo de cada um), a paciência; a honestidade; a confiança (para com o outro e na própria capacidade de cuidar); a humildade; a esperança (relacionada à confiança na melhoria do estado do utente com a prestação de cuidados) e a coragem (capacidade para enfrentar as situações adversas que encontram). O cuidado prestado pelos Ajudantes de Lar deve pautar-se pela humanização, a promoção do bem-estar, autonomia e qualidade de vida do utente. A perda de autonomia é uma das questões muito temidas pelos mais idosos aquando da entrada numa Instituição. O Ajudante de Lar tem um papel 25

41 preponderante na promoção de autonomia do idoso ainda que o mesmo se encontre dependente de si nas mais variadas actividades. O profissional deve centrar-se no que o idoso pode fazer; prestar atenção às suas capacidades; potenciar as possibilidades e habilidades; verificar quais as coisas que é capaz de fazer ou não na execução de uma determinada tarefa; ajudar nas tarefas que o utente não consegue executar e incentivar as que o mesmo consegue realizar sozinho; preparar a situação de modo a que seja fácil ser autónomo; ajudar a manter as capacidades à base de rotinas; entender que a segurança de uma pessoa cuidada é importante para promover a autonomia; promover a mudança de forma gradual, sem grandes pressas; favorecer que os idosos realizem actividades da vida diária por eles mesmos; reforçar e premiar a autonomia (através de incentivos e elogios); ser persistente e ter sempre presente que as mudanças são lentas. (Fragoso,2008:57). A profissão de Ajudante de Lar obriga a um perfil de grande estabilidade emocional e capacidade de gerar empatia com os utentes. Estes profissionais têm de acompanhar situações de grande dependência, sendo importante para os mesmos conhecer e compreender as várias fases do envelhecimento, principalmente quando estas evoluem para uma intensificação de problemas de saúde mental. É usual existirem poucos trabalhadores por cada instituição, o que faz com que tenham dificuldade de realizar o seu serviço com qualidade, sendo por sua vez privilegiada a quantidade em detrimento da qualidade. Assim, é imprescindível que ao escolher ingressar nesta profissão, terá que haver a consciência de que é um trabalho desgastante a nível físico e mental. Trabalhar um Lar de idosos pode originar frustrações, tais como trabalhar a horas não compatíveis com a sua vida familiar e social, presenciar o agravamento do estado físico e mental e mesmo a morte de pessoas a quem se dedicou e cuidou a ponto de criar laços afectivos fortes, e também que nos dias de hoje todo o seu esforço e dedicação nem sempre é devidamente reconhecido, social ou financeiramente, estão em constante avaliação quer por parte da instituição quer por parte de familiares. (Torrão,2010:21). Independentemente da consciência das problemáticas adjacentes à profissão será imprescindível para o sucesso da mesma, que os Ajudantes de Lar percepcionem que cuidar é um acto de amor, de se aproximar, de estar presente na vida do outro, de viver e de existir. 26

42 7 - A qualidade de vida do idoso: a importância dos cuidados prestados O conceito de qualidade de vida tem vindo a sofrer alterações ao longo do tempo, associado também às transformações das noções de saúde, doença, bem-estar físico e psicológico. A qualidade de vida engloba diversas componentes, sendo que por vezes, a sua definição é remetida para as questões de saúde, status funcional, incapacidade, deficiência, sendo outras vezes mais relacionada com os factores sociais e psicológicos como a satisfação, bem-estar e felicidade. Existem ainda definições centralizadas nos factores de origem económica. Segundo Bauab (2013) a conceptualização de qualidade de vida é uma inserção dos diferentes factores determinantes (físicos, psicológicos, sociais, económicos), sendo que, como os mesmos são difíceis de definir, torna-se complexo conceituar de forma adequada a qualidade de vida de um indivíduo. De acordo com Silva (2011) a qualidade de vida é um conceito abstracto e multidimensional, significando diferentes coisas em diferentes situações. Neste sentido, a OMS definiu qualidade de vida como a percepção pessoal de um indivíduo da sua situação de vida, dentro do contexto cultural e de valores em que vive, e a relação com os seus objectivos, expectativas, valores e interesses. (Silva,2011:19). Podemos falar em qualidade de vida objectiva (aquela que medimos perante padrões específicos para cada país ou região) e a qualidade de vida subjectiva ou percebida. Esta é a percepção que o indivíduo tem acerca da sua posição na vida de acordo com o contexto cultural e sistema de valores com os quais convive em relação aos seus objectivos, expectativas e preocupações. (Pacheco,2011:21). Na perspectiva de Oliveira (2011), a questão da qualidade de vida emerge com particular importância, no âmbito da gerontologia, uma vez que surgem questões de ordem ética e prática, em que está muitas vezes envolvida a legitimidade e oportunidade de prolongamento da vida dos idosos. Estes são, de certa forma mais frágeis do ponto de vista físico e mental, o que implica cuidados de equipas multiprofissionais. 27

43 Assim, a qualidade de vida em gerontologia está relacionada com a maneira como o sujeito experiencia o seu próprio envelhecimento e a sua velhice. (Oliveira,2011:20). A preocupação com a qualidade de vida na velhice ganhou relevância nos últimos anos 30, a partir do momento que houve um aumento do crescimento do número de idosos e de uma longevidade com boa qualidade de vida, passando esta a ser uma preocupação para as sociedades. Assim foramse levantando questões que dizem respeito ao bem-estar físico, psicológico e social dos idosos. De acordo com Silva (2011) para o idoso, a qualidade de vida subtende a autonomia e independência para as suas actividades, sendo esta uma tarefa complexa que dependente, unicamente, da conquista social. Neste sentido, pode-se verificar que a qualidade de vida envolve várias dimensões e não apenas a inexistência de doenças ou a alimentação básica. A qualidade de vida envolve, também, aspectos culturais, emocionais e relacionais. Segundo Lawtson citado por Oliveira (2011:23) a qualidade de vida na velhice é uma avaliação multidimensional referenciada a critérios socionormativos e interpessoais, a respeito das relações actuais, passadas e prospectivas entre o indivíduo maduro ou idosos e o seu ambiente. Ou seja a qualidade de vida na velhice depende de vários elementos que estão em constante integração ao longo da vida do indivíduo. Considerando a diversidade de factores que condicionam a qualidade de vidar, na década de 80, Lawtson construiu o modelo de qualidade de vida na velhice, respeitando a multiplicidade de aspectos e influências inerentes ao fenómeno. O modelo descreve quatro dimensões conceituais nomeadamente a competência comportamental, condições ambientais, qualidade de vida percebida e bem-estar subjectivo. (Oliveira,2011:23). Na perspectiva do autor, a avaliação da qualidade de vida incide sobre as áreas da competência comportamental, das condições ambientais, da qualidade de vida percebida e do bem-estar subjectivo, das quais depende a funcionalidade do idoso. 28

44 A competência comportamental representa a avaliação do indivíduo quanto à saúde, funcionalidade física, cognição, comportamento social e utilização do tempo. As condições ambientais referem-se à adaptação do idoso no ambiente que o rodeia sendo essencial para que se sinta bem. A qualidade de vida percebida reflecte a avaliação que o idoso tem da sua própria vida, influenciada pelos seus valores e expectativas. Nesta lógica, o bem-estar subjectivo significa o grau de satisfação do indivíduo com a sua própria vida. (Oliveira, 2011:23). Aquando da entrada de um idoso numa Instituição (ex. Lar), a sua qualidade de vida, tal como em qualquer cidadão, depende de vários factores (sociais, psicológicos, culturais, económicos) e determinantes pessoais. Quando nos referimos a idosos institucionalizados, na sua maioria dependentes ao nível das Actividades Básicas e Instrumentais da Vida Diária, a qualidade de vida depende grandemente da qualidade dos cuidados prestados pelos cuidadores formais (Médicos, Enfermeiros, Ajudantes de Lar) e informais (voluntários, amigos, vizinhos, familiares). Neste sentido, será fulcral para a qualidade de vida do idoso que este receba cuidados adequados às suas necessidades. Os cuidados aos idosos vão para além da satisfação das necessidades básicas de alimentação e higiene. É necessário e imprescindível que os cuidados tenham uma vertente mais humana, em que o apoio emocional, a atenção permanente e continuada às necessidades dos utentes, a relação de cooperação entre profissionais, utentes e familiares, estejam presentes e sejam fomentados no dia-a-dia institucional. Estes cuidados institucionais devem pautar-se por determinados princípios e valores. De acordo com o Manual de Boas Práticas- Um guia para o acolhimento residencial de pessoas mais velhas (2005) os valores e princípios do cuidar são: a dignidade (os cuidadores devem evitar comportamentos como utilizar expressões que diminuam o utente ou falar do mesmo na sua presença como se este não estivesse lá); o respeito (os cuidadores devem transmitir apreço por aquilo que os utentes são); a individualidade (os cuidadores devem respeitar a diferença e reconhecer a individualidade de cada utente); a autonomia (os cuidadores devem encorajar o 29

45 utente a ser responsável por si próprio e executar as suas tarefas); a capacidade de escolher (os utentes devem poder decidir o que querem vestir, o que querem fazer ao longo do dia); a privacidade e intimidade (os cuidadores devem ter especial atenção às questões da higiene, sexualidade); a confidencialidade (os cuidadores devem manter a confidencialidade em relação aos elementos privados e íntimos da vida do utente); a igualdade (os cuidadores não devem prejudicar ou beneficiar um utente face a outro); a participação (os cuidadores devem ter presente que os utentes têm o direito de participar na vida da estrutura institucional). No que diz respeito aos cuidados de alimentação e hidratação, os cuidadores devem ter presente que muitos dos utentes poderão necessitar de ajuda para alimentar-se convenientemente. Neste sentido, terão de averiguar que tipo de apoio necessitam, prestando-o de modo a que os utentes não se sintam diminuídos na sua dignidade. O momento da refeição deve ser um espaço relacional, onde existam cuidadores em quantidade suficiente para permitir que cada utente tenha um acompanhamento adequado e se alimenta ao seu ritmo. Segundo CID et al. (2005:57) a composição das refeições deve ter em consideração os gostos dos utentes e os seus hábitos alimentares, sem detrimento de ser cuidada, com uma ementa variada, concebida por um nutricionista. As refeições terão de ser adequadas às necessidades nutricionais dos utentes e às características dos mesmos (ex. comida para sonda, sopa passada com carne, peixe, dieta). A ingestão de líquidos na hora das refeições deve ser assegurada, uma vez que, os utentes têm tendência a esquecer-se da importância da água, referindo não sentir sede, o que poderá originar situações de desidratação. Os aspectos da higiene pessoal e estéticos são fundamentais à conservação ou melhoria da qualidade de vida e da auto-estima, não se resumindo por isso à limpeza e ao asseio. (CID et al,2005:58). Sempre que possível o utente deve responsabilizar-se pela sua higiene, no entanto, cabe aos cuidadores apoiar e supervisionar a higiene dos utentes tendo sempre presente a sua intimidade e promoção da autonomia. 30

46 Além do respeito pela privacidade e autonomia, outra das regras básicas nos cuidados aos utentes, é a utilização de utensílios de higiene (escova de dentes, lâmina de barbear, sabonete, entre outros) exclusivos e únicos para cada utente. Os utentes devem ter acesso a cabeleiro, barbeiro, manicure, pédicure, sejam estes serviços disponibilizados na instituição ou existentes na comunidade. Nestes aspectos, os familiares também terão um papel fundamental, apoiando os utentes nas deslocações fora da Instituição. Segundo CID et al (2005) os cuidadores devem encorajar os utentes a cuidarem do seu aspecto. Devem ser os mesmos a escolher o seu calçado e vestuário, sendo que cabe aos cuidadores adequá-los a eventuais limitações físicas e à estação do ano. Quando os utentes se encontram em elevado estado de dependência, os cuidadores têm um papel preponderante na realização da higiene dos mesmos. Se os utentes necessitarem de permanecer mais tempo na cama devido à sua situação de saúde, não devem ser descurados nos seus aspectos de higiene e cuidados com a apresentação e estética. Muito pelo contrário, nestes casos é importante ter especial atenção à prevenção de úlceras de pressão. Estas podem surgir, mesmo quando se usam equipamentos necessários como as camas articuladas e colchões anti escaras. Na maior parte das vezes, [as úlceras de pressão] resultam de uma prestação de cuidados inadequada relacionada, por exemplo, com a insuficiente mobilização ou mobilidade do residente, com as roupas e a forma como se fazem e mudam as camas, ou com maneiras inapropriadas de proceder à higiene. (CID et al,2005:60). Outro dos aspectos importantes ao nível dos cuidados de higiene diária dos utentes são as questões das necessidades fisiológicas. Sempre que se verificar necessidade de uso de fraldas, resguardos ou outros meios de protecção urinária e fecal, é necessário mudá-los regularmente para não favorecer o surgimento de complicações ou infecções e manter o respeito, conforto, dignidade e bem-estar do utente. Além dos cuidados ao nível da alimentação e higiene, os cuidadores devem prestar apoio aos utentes (a nível emocional, nas actividades que 31

47 realizam, na sua relação com a família e restante comunidade), favorecendo a sua integração na Instituição. Na perspectiva de Torrão (2010:20) uma das qualidades fulcrais das Ajudantes de Lar deve centrar-se na sua capacidade de comunicação e predisposição para a entrega no relacionamento interpessoal com os utentes. Para tal deve respeitar a identidade e individualidade do idoso, independentemente do seu grau de dependência; estabelecer uma comunicação clara, amável e carinhosa; ter uma linguagem adequada, simples e adulta (nunca infantil); ter uma conversação sustentada em assuntos do interesse do idoso; manter o equilíbrio entre o ouvir e o falar, valorizando o contacto visual. É muito importante conhecer os gostos e preferências dos utentes, as suas histórias de vida, as motivações do dia-a-dia, estimulando a sua participação e integração na Instituição. Os cuidados aos idosos têm de incluir as mais variadas dimensões para resultarem proveitosamente ao nível da qualidade de vida dos idosos, privilegiando-os enquanto seres humanos. 8 - O desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos A situação de prestação de cuidados parece poder afectar a saúde física dos prestadores, sendo que alguns estudos sugerem a ocorrência de alterações no sistema imunitário, para além de problemas de sono, fadiga crónica, hipertensão arterial e outras alterações cardiovasculares. Mas é sobretudo na área da saúde mental que os efeitos da prestação de cuidados [ ] mais se fazem notar, com níveis de depressão, ansiedade e stress superiores aos da população em geral. (Brito,2000:20). As consequências do trabalho dos cuidadores ocorrem a nível físico, psíquico, social e financeiro. ( ) O papel de cuidador exige muita responsabilidade, iniciativa, boa vontade, disponibilidade e a consciência da necessidade de compartilhar tarefas, por se tratar de um trabalho exaustivo, gerador de stresse físico e emocional, mesmo que seja realizado com amor e dedicação. (Bauab,2013:24). 32

48 É neste sentido que cada vez mais se fala em sobrecarga, burnout, burnot, burden, exaustão, claudicação, porque se exige aos cuidadores que passem para segundo plano ou negligenciem as suas próprias vontades e, ou as suas necessidades, vivendo em prol da satisfação das necessidades e da prestação de cuidados de e para outrem. Contextualizando-se a problemática do cuidador, tais conceitos definem um estado psicológico resultante da combinação do trabalho físico, da pressão emocional, das restrições sociais e das exigências económicas que surgem do cuidar (Saraiva,2011:26). De acordo com Barbosa et al. (2011) os cuidadores de idosos dependentes apresentam as seguintes dificuldades: a interacção com o doente, o desconhecimento acerca da sua doença, a falta de tempo e de recursos humanos, o impacto emocional e físico, a dificuldade de organização e planeamento de actividades e a interacção com a família dos utentes. Na perspectiva de Saraiva (2011) são diversas as necessidades ou dificuldades que se deparam ao cuidador na sua actividade de cuidar, sendo as mesmas de ordem física, social, emocional, económica, espiritual, estando desde logo relacionadas com o tipo e grau de dependência da pessoa ao seu cuidado, com factores externos e internos ao cuidador. Segundo Colomé et al. (2011) as dificuldades dos cuidadores de idosos dependentes subdividem-se em duas categorias: a sobrecarga de trabalho e exigência física e a necessidade de conhecimento para cuidar de idosos. As dificuldades dos cuidadores relacionam-se inteiramente com as necessidades que apresentam. De acordo com Ricarte (2009) as principais necessidades dos cuidadores são: necessidade financeira, devido às despesas com o idoso (no caso dos cuidadores informais); necessidade de ajudas a nível técnico (camas articuladas, cadeiras de rodas, andarilhos e bengalas), que facilitam a prestação de cuidados; necessidade de protecção e assistência (nos cuidadores informais que vem dificuldades em continuar a assumir uma actividade profissional e a prestação de cuidados dentro da família); necessidade de disponibilidade de tempo para si próprio e para a família; necessidade de informação e formação, de modo a permitir a ajuda mais adequada ao idoso dependente cuidado. Neste sentido, percepciona-se que as dificuldades e necessidades sentidas pelos cuidadores de idosos dependentes fomentam um 33

49 desenvolvimento do desgaste físico e psicológico, ao longo do tempo em que prestam os cuidados. Neste âmbito é necessário abordar o que significa o conceito desgaste. Segundo o Dicionário Actual de Língua Portuguesa (2002), desgaste é uma perda de força, vigor ou poder; um enfraquecimento. O desgaste pode ser físico quando se relaciona com a perda das capacidades físicas, o cansaço, a exaustão, devido à sobrecarga trabalho e falta de tempo. Pode ainda ser a nível psicológico quando afecta a saúde mental, devido ao stresse, ansiedade e depressão. Normalmente, o desgaste físico e psicológico encontram-se associados. Os impactos que os cuidados geram nos cuidadores, ao nível do desgaste físico, são descritos frequentemente como carga. Etimologicamente, carga significa o que pesa sobre uma pessoa, responsabilidade ou incumbência ou o que incomoda. Esta definição comporta duas dimensões: relativa e objectivamente ao trabalho, ao peso da tarefa em si, e outra dimensão que diz respeito ao normativo, à responsabilidade e ao dever. (Ricarte,2009:47-8). Pode-se distinguir dois tipos de carga: a objectiva e a subjectiva. De acordo com o autor a carga objectiva é definida como toda a alteração observável e verificável, e a subjectiva como o sentimento de uma obrigação originada pelas tarefas desempenhadas. A carga objectiva relaciona-se com a tensão própria do ambiente das relações interpessoais, e pode ser vivenciada de forma diferente pelos cuidadores, pois enquanto para alguns não é sentida como um fardo, para outros pode provocar sentimentos de grande intensidade. A carga subjectiva traduz-se como a percepção que o acto de cuidar possa envolver no que respeita à sua percepção emocional. Os impactos nos cuidadores de idosos dependentes, a nível do desgaste psicológico, estão normalmente associados ao stresse, ansiedade e depressão. É necessário compreender o que significa cada um destes conceitos. Etimologicamente, stresse é uma expressão que provém dos termos latinos stringo, stringere, strinxi, strinctum e que significam apertar, comprimir, restringir. Stress é uma expressão utilizada na língua inglesa que significa pressão ou tensão. Recentemente, no século XIX, o conceito de stresse alargou o seu significado às 34

50 pressões exercidas sobre um órgão corporal ou sobre a mente humana. Rocha (2009:20) citando Serra (1999). Segundo Rocha (2009) a primeira definição de stresse surgiu com o modelo estímulo-resposta de Selye, que definia o stresse como uma resposta do organismo a um estímulo externo. Nesta perspectiva, o stresse agia como uma resposta geral e automática do organismo a qualquer agente perturbador, no sentido de contribuir na sua adaptação. De acordo com Rocha (2009:21) a adaptação ao stress pode tomar dois rumos, o eustress, em que o sujeito se adapta no sentido de desafio, dinamizando o sujeito para a acção, funcionando como um stresse agradável e curativo, e o distress, quando existe uma má adaptação à situação perturbadora, podendo ser responsável por desencadear doenças. (Rocha,2009:21). Figueiredo (2007) citado por Rocha (2009) resume a diversidade de definições de stresse a três grandes linhas de investigação: a fisiológica, sociológica e psicológica. A linha fisiológica define stresse como um estado interno do organismo que surge em resposta a acontecimentos perturbadores. A linha sociológica interpreta o stresse como uma condição ambiental externa que perturba o normal funcionamento da pessoa. A linha psicológica analisa o stresse como a adaptação da pessoa às condições perturbadoras do meio ambiente. Fonseca (2005) referido por Rocha (2009:24) afirma que o stresse se verifica quando há um desequilíbrio entre as exigências ambientais e as capacidades de resposta do organismo, acrescentando que o stresse traduz esse desequilíbrio variando com o estado psicológico da pessoa situações e com as percepções individuais de cada um acerca das situações. Este autor refere ainda os principais sinais de stresse como sendo: Sinais emocionais (tensão, irritabilidade, desassossego, agitação, alterações de humor, sentimentos negativos, fragilidade emotiva, ressentimento, episódios de ansiedade ou depressão); Sinais físicos (incapacidade de relaxar, dores de cabeça, dores de costas, dores cervicais, tremores, sensação de ruptura física, fadiga, excesso de sono, maior incidência de pequenas doenças, más digestões, perda ou ganho de peso, problemas de pele e alterações menstruais); 35

51 Sinais comportamentais (pressa constante, negligência consigo próprio em refeições ou descanso, auto-sedação, ineficácia crescente, sensação de afastamento, pesadelos e perda ou excesso de apetite); Sinais cognitivos (fraca concentração, esquecimento, distracções frequentes, pensamentos negativos, sentimentos de desânimo, injustiça e ideias obsessivas); Sinais relacionais (perda de capacidade para lidar com as necessidades e exigências de outras pessoas, impaciência, intolerância, evitamento de companhia, controlo excessivo em relação a outros, desagradável nas relações sociais e familiares). (Rocha,2009:24) Quando se fala especificamente em stresse nos cuidadores de idosos dependentes pode-se sistematizar um conjunto de factores stressantes, tais como: cuidar contínua e intensivamente do idoso; desconhecer informação para o desempenho do cuidado; a sobrecarga de trabalho; os conflitos familiares aliados ao papel de cuidador; a dificuldade de adaptação às exigências da profissão. O stresse do cuidador (formal ou informal) poderá ser avaliado através da percepção que cada indivíduo tem acerca dos recursos que dispõe para lidar com os problemas resultantes dos cuidados. Os cuidadores poderão, neste sentido, criar estratégias que lhes permitam lidar e ultrapassar problemáticas decorrentes do processo de cuidar. A estas estratégias dá-se o nome de coping. Este pode ser definido como estratégias de confronto, formas de lidar com ou ainda mecanismos que habitualmente os indivíduos utilizam para lidar com os agentes indutores de stresse. (Rocha,2009:32) cita (Ramos & Carvalho (2007: 7). De forma mais sintética, o coping significa os esforços, tanto cognitivos como comportamentais para lidar com exigências internas e/ou externas específicas, que forçam ou transcendem os recursos pessoais. Rocha (2009:32) cita Lazarus & Folkman (1984) citado por Figueiredo (2007: 162). As estratégias de coping podem assumir duas funções distintas: o coping centrado na emoção e o coping centrado no problema. No caso do coping centrado na emoção, a estratégia consiste em regular os estados emocionais e está mais associado a situações avaliadas 36

52 como difíceis ou mesmo de mudança impossível. O coping centrado no problema procura agir sobre a perturbação com vista a solucionar o problema, estabelecendo planos de acção, tendendo a ser mais usado em situações percepcionadas pela pessoa como susceptíveis de mudança. (Rocha,2009:33). Figueiredo (2007) citado por Rocha (2009) salienta ainda a diferença entre estratégias de coping e os recursos de coping. As estratégias de coping são a forma como os indivíduos lidam com as situações. Os recursos de coping reflectem o tipo de recursos que cada um pode dispor para lidar com determinada situação. Estes recursos podem ser: pessoais (competências pessoais, experiência de vida, crenças ou valores); externos (rendimento, habitação, estatuto socioeconómico ou serviços formais) e sociais (redes sociais e o apoio que dispõem). Normalmente as estratégias de coping utilizadas pelos cuidadores centram-se essencialmente nas questões da emoção, tentando superar as grandes mudanças que a tarefa de cuidar implica nas suas vidas (sobrecarga, falta de tempo para si e para a família, a frustração de não conseguir apoiar mais). Diversos estudos mencionados por Rocha (2009:40) citando Sequeira (2007) referem que as estratégias de coping dos cuidadores portugueses passam por: cuidar do jardim, passear no campo, fazer renda ou cuidar da casa, conversar com pessoas amigas ou ir à missa rezar. Como já foi referido anteriormente, o desgaste psicológico dos cuidadores de idosos dependentes encontra-se, também, relacionado às questões da ansiedade. A origem etimológica da palavra ansiedade provém do termo grego anshein que significa oprimir e sufocar. De acordo com Goméz (2010:14) citando Datti (1997) a ansiedade pode ser definida como uma sensação de desconforto e apreensão experimentada pela antecipação (real ou imaginária) de situações que podem ser muito agradáveis ou muito difíceis, desagradáveis Segundo a autora é comum as pessoas experimentarem sentimentos de ansiedade, sendo que esta é uma característica biológica do ser humano, acompanhando-o ao longo da vida, e indo de encontro à sua própria 37

53 identidade. Todos os seres humanos vivenciam mudanças, experiências novas e, em determinado momento das suas vidas, ficam mais ou menos ansiosos. A ansiedade antecede momentos de pânico, de receio, de medo, de perigo ou de tensão. Pensa-se que ela aparece, muitas vezes, em pessoas que são cronicamente preocupadas, socialmente inseguras, pessimistas e cheias de dúvidas sobre si mesmas, que desconhecem as suas próprias capacidades. Quando se sente ansiedade activa-se o sistema nervoso vegetativo. Este executa a regulação das funções dos órgãos internos involuntariamente e autonomamente. É uma unidade fisiológica que integra dois sistemas distintos, o simpático e o parassimpático. Estes desempenham normalmente funções antagónicas. A divisão simpática do SNV é a principal responsável pelas respostas fisiológicas ao stresse, como o aumento da frequência cardíaca e respiratória, o aumento da degradação de reservas energéticas ou o aumento da actividade das glândulas sudoríparas. Já a divisão parassimpática do SNV é a principal responsável pela estimulação dos processos de digestão e absorção de nutrientes no tubo gastrointestinal. (Goméz,2010:14). Segundo Matos (2012:34) a ansiedade é um sintoma normal, tornandose patológico quando os sintomas ansiosos são frequentes e incapacitantes. Pode-se distinguir dois tipos de ansiedade: a normal e a patológica. A ansiedade normal transmite ao indivíduo uma sensação difusa, desaprazível, apreensiva, seguida de sensações físicas de mal-estar, palpitações, dores de cabeça, súbitas necessidades de evacuar, inquietações. A ansiedade patológica tem implicações no bem-estar e no desempenho do sujeito. Trata-se de uma resposta desajustada a um determinado estímulo, de intensidade ou duração variável. Ela pode paralisar a pessoa e impedir que esta se prepare para enfrentar situações que considera ameaçadoras ou de difícil resolução. Em termos gerais, os sintomas da ansiedade podem incluir agitação, incapacidade para estar no mesmo sítio, diarreia, tonturas, sincope, taquicardia, formigueiro nas mãos e pés, tremores, retenção ou aumento da frequência urinária. Para além disso, podem existir também efeitos sobre o pensamento, a percepção, a concentração, a memória e a associação de ideias. 38

54 A ansiedade patológica dos cuidadores de idosos dependentes encontra-se muitas vezes aliada à depressão. Segundo Matos (2012:34) o termo depressão, classicamente usado por Hipócrates como melancolia, significa inibição ou lentificação de uma ou várias funções psicofisiológicas, perda de iniciativa e de capacidade vital. A depressão é uma doença mental, normalmente caracterizada por um humor deprimido, baixa auto-estima, ausência de prazer e redução de energia. Evidências da neurociência, da genética e da investigação clínica demonstram que a depressão é uma doença que resulta de distúrbios ao nível cerebral. (Costa,2010:11). A depressão não pode ser confundida com períodos de tristeza, uma vez que faz parte do ser humano sentir-se infeliz em momentos de adversidade. Muitas vezes, os Médicos de Família/ Clínicos Gerais tendem a fazer diagnósticos errados de situações de depressão, uma vez que, a maioria dos pacientes apresenta sintomas ligeiros que podem levar a este erro. Segundo Costa (2010:12) os principais sintomas da depressão são: sentimentos de infelicidade, pessimismo, culpa, baixa auto-estima, inutilidade, perda de interesse em actividades que normalmente sentia prazer, sensação de fadiga, baixa energia, insónias, dificuldade de concentração, alterações no apetite, pensamentos recorrentes de morte e suicídio, sintomas físicos ou dores inexplicáveis. Os factores de risco de depressão sintetizam-se nos seguintes: idade, dependência de substâncias químicas, género feminino, historial pessoal ou familiar de depressão, momentos de stresse, doenças crónicas e medicação. (Francher e Kravitz, 2010) citados por Costa (2010:13). Não existe um consenso geral quanto à classificação dos diferentes episódios depressivos, o que muitas vezes dificulta a prescrição de tratamentos adequados. De acordo com Gelder et al. (2006) citados por Costa (2010) as várias abordagens levaram à diferenciação de quatro episódios depressivos, sendo estes: depressão unipolar ou bipolar (presença de episódios depressivos ou alternância de episódios depressivos com outros maníacos); depressão neurótica ou psicótica (ausência ou presença de alucinações, delírios e falta de contacto com a realidade); depressão endógena ou exógena (ausência ou 39

55 presença de factores precipitantes) e depressão ligeira, moderada ou grave (de acordo com a intensidade dos sintomas). O desgaste físico e psicológico dos cuidadores afecta-os no seu bemestar e qualidade de vida, interferindo também com todos os elementos que fazem parte do seu relacionamento (familiares, amigos, pessoas cuidadas). Cabe aos cuidadores e às redes de suporte social, nas quais estão inseridos, encontrar estratégias de combate às dificuldades do processo de cuidar de alguém dependente. 9 - Os aspectos positivos de cuidar - Resiliência e Motivação dos cuidadores As diversas investigações acerca das repercussões do acto de cuidar de pessoas dependentes têm enfatizado as consequências negativas da prestação de cuidados sobre a saúde e bem-estar físico, psicológico e social dos cuidadores. (Mendes,2010:21). No entanto, outros estudos têm-se debruçado sobre a satisfação e os aspectos positivos do acto de cuidar, que podem coexistir com as dificuldades e necessidades dos cuidadores. Na perspectiva de Ricarte (2009:51) os aspectos positivos ou benéficos vivenciados pelos cuidadores são: crescimento pessoal; aumento do sentimento de realização, do orgulho e da habilidade para enfrentar desafios; melhoria do relacionamento interpessoal (tanto com o idoso, como com as outras pessoas);aumento do significado da vida; satisfação consigo próprio; retribuição e bem-estar com a qualidade do cuidado oferecido. Segundo Ferreira (2012) os cuidadores referem aspectos de satisfação na prestação de cuidados relacionados com o facto da pessoa de quem se cuida estar bem tratada, preservar a sua dignidade e felicidade, assim como ter a noção de que se está a fazer o melhor que se pode por ela e que a mesma se encontra assim a ser tratada com amor e carinho. É neste âmbito que Ferreira (2007:27) defende que o acto de cuidar pode ser encarado como um acto de amor, uma relação de afectividade entre quem cuida e 40

56 quem recebe o cuidado, proporcionando, deste modo, ao cuidador um certo sentido de vida. (Ferreira,2012:27). De acordo com Laham (2003) citado por Ferreira (2012) um outro aspecto positivo do acto de cuidar é o facto de o cuidador encarar a prestação de cuidados como uma função. Outros autores referem ainda a possibilidade de se desenvolverem competências, habilidades, ocorrer uma retribuição de carinho e reconhecimento por parte de outros, o que, de algum modo, pode ser interpretado pelo cuidador como satisfatório. O aumento do bem-estar psicológico e o desenvolvimento de competências são outras duas repercussões positivas referidas pelos cuidadores. Assim, os aspectos positivos no cuidar são o resultado de uma mediação entre as tarefas desempenhadas pelo cuidador e o bem-estar sentido na execução das mesmas. No que se refere especificamente aos cuidadores formais de idosos em instituições verifica-se que estes vivenciam a sua profissão tendo por base experiências anteriores e identificando neles próprios a futura possibilidade de uma Institucionalização. Carvalho et al. (2006) citados por Ferreira (2012) apresentam um conjunto de questões que ajudam na prevenção do aparecimento de stresse nos cuidadores formais de idosos. São estes: a capacidade de acção, a percepção do apoio organizacional, o orgulho nos seus resultados e a competência pessoal. Os cuidadores formais de idosos que apresentam uma maior capacidade de resiliência e motivação para a profissão são mais propensos a ter uma maior qualidade de vida na sua profissão, levando também a um melhor cuidado tanto dos idosos como de si mesmos. (Ferreira,2012:30). O conceito de resiliência deu os primeiros passos na Psicologia na década de 70. Até então o termo resiliência era utilizado na física e na engenharia tendo em conta a capacidade que os materiais têm de suportar tensões e condições adversas sem se deformarem ou de se alterarem e voltarem à sua forma original. Muitos dos termos utilizados nas ciências exactas são posteriormente aplicados nas ciências psicossociais e humanas de modo a explicar 41

57 comportamentos que levam à formulação de modelos e teorias, a resiliência é assim também um controverso conceito que tem vindo a ser aplicado e estudado desde há três décadas tendo em conta as emergentes mudanças que ocorrem no dia-a-dia da sociedade exigindo constantes esforços de adaptação. Estes esforços de adaptação estão relacionados com a capacidade de resiliência. Segundo Torrão (2010:33) a palavra resiliência tem origem no latim resiliens, que significa saltar para trás, voltar, ser impelido, recuar, retirar-se sobre si mesmo, encolher, desdizer-se, romper. A autora define resiliência como a capacidade que os indivíduos têm de enfrentar e responder de forma positiva às experiências que possuem elevado potencial de risco para a saúde e desenvolvimento do indivíduo. É assim um fenómeno complexo, atrelado à interdependência entre os múltiplos contextos com os quais o sujeito interage e cuja presença é observada com maior clareza, quando o ser humano está a atravessar uma situação adversa, seja temporariamente ou constante na sua vida. Neste sentido, uma pessoa resiliente é aquela que tem habilidade para reconhecer a dor, perceber o seu sentido e tolerá-la até resolver os conflitos de modo construtivo. A capacidade de resiliência dos cuidadores formais de idosos pela mobilização e activação das suas capacidades de ser, estar, ter, poder e querer, ou seja, pela sua capacidade de auto-regulação e auto-estima. (Torrão,2010:35). Além da capacidade de resiliência para combater as dificuldades do acto de cuidar pode-se falar na importância da motivação para a realização dos cuidados. Segundo a autora a motivação é o conjunto de factores que determinam a conduta do indivíduo, sendo um processo que desencadeia uma actividade ou acção. A motivação pode ser intrínseca e extrínseca. A primeira assenta no interesse do indivíduo pela actividade enquanto que o resultado da segunda depende da recompensa externa pela realização da actividade. (Torrão,2010:43). A base da motivação dos cuidadores deve-se à sua autodeterminação, focalizando-se na autonomia e no desenvolvimento para uma contínua 42

58 aquisição de competências de forma a lidar eficazmente com as consequências e dificuldades do acto de cuidar. Em conclusão, a qualidade de vida e bem-estar dos cuidadores e dos restantes elementos que se encontram ao seu redor (principalmente das pessoas cuidadas) são influenciados pela capacidade de resiliência e a motivação dos cuidadores para ultrapassarem os aspectos negativos do acto de cuidar Psicogerontologia Comunitária: os contributos para a intervenção na velhice O crescente envelhecimento populacional, que se tem verificado ao longo do século XX, suscitou o interesse dos diferentes campos de investigação em ciências sociais e humanas, acerca do estudo do processo de envelhecimento e de tudo o que o mesmo acarreta. A Psicologia tem sido uma das ciências que mais tem dado contributos ao nível do estudo do processo de envelhecimento. Segundo Néri (2004:74) a Psicologia tem-se interessado pelo estudo das influências biológicas e sociais sobre o comportamento na velhice e pelos processos comportamentais, funções psicológicas e envelhecimento. Ao nível das influências biológicas e sociais sobre o comportamento na velhice destacam-se: a genética comportamental, a saúde e o comportamento, as mudanças cognitivas associadas à idade e as influências ambientais sobre o comportamento na velhice. No que diz respeito aos processos comportamentais, funções psicológicas e envelhecimento destacam-se: a emoção, a relação social, a diferença entre género, a sabedoria, a criatividade, a dependência e fragilidade, a actividade e o comportamento, a religião e espiritualidade, a qualidade de vida, o desempenho no trabalho, a saúde mental e psicopatologia, entre outras. Recentemente, aliado à investigação da Psicologia na área do envelhecimento, surgiu um novo campo de estudo que se encontra em expansão, a Psicogerontologia. Segundo Falcão et al. (2009) citados por Novo 43

59 (2003) os pesquisadores da área da Psicogerontologia procuram investigar os comportamentos ao longo do curso de vida. Um conceito ainda mais inovador é o de Psicogerontologia Comunitária. Este encontra-se relacionado à articulação do estudo da Psicologia Comunitária com a Gerontologia, dando o seu contributo para a investigação do envelhecimento numa perspectiva comunitária. A Psicologia Comunitária surge em meados da década de 60, numa atmosfera social de mudança e expectativa, inspirada pelos movimentos sociais emergentes e no decurso do período de grandes transformações na sociedade em geral e na área da saúde mental em particular. (Ornelas,2008:31). Segundo o autor um dos momentos decisivos da abordagem da Psicologia Comunitária foi a apresentação de um conjunto de propostas de mudanças, feita pelo presidente Kennedy, em 1963, onde se defendia a reintegração de doentes mentais na comunidade e se apelava à adopção duma perspectiva preventiva do sofrimento humano e à promoção de uma visão positiva da saúde mental. Estes conjuntos de propostas deram origem à Lei dos Centros de Saúde Mental Comunitária, verificando-se que, os contextos sociais têm grande importância ao nível da saúde mental e bem-estar psicológico das populações. Outros estudos ao nível da importância da comunidade e da participação social da mesma na luta contra a pobreza originaram o conceito de community control. Este conceito significa o controlo por parte da comunidade sobre os programas que lhe são dirigidos e pressupõe a participação activa dos seus membros na resolução dos próprios problemas. Deste modo, a comunidade assume a responsabilidade por todos os seus cidadãos, o que implica que os profissionais passam a ter essencialmente um papel de prestação do suporte necessário à comunidade e aos seus líderes, de modo a que esta funcione eficazmente, com o seu contributo como consultores para a resolução de situações-problema. (Ornelas,2008:33). O estudo da Psicologia Comunitária encontra-se também relacionado com as investigações em ecologia social. Kurt Lewin (1946) citado por Ornelas (2008) chamou a atenção para a importância das variáveis ambientais sobre o comportamento humano, avançando com uma fórmula inovadora, segundo a 44

60 qual o comportamento individual é função da personalidade e do meio ambiente. Para a compreensão da intervenção da Psicologia Comunitária é necessário retroceder ao desenvolvimento da Teoria da Crise. Esta explicita que o indivíduo perante uma situação de crise geradora de stresse necessita do apoio da comunidade para se adaptar à situação e encontrar estratégias de coping. Neste sentido, o suporte social é de extrema importância para os indivíduos que se encontram em situação de vulnerabilidade social. Nas últimas décadas, a Psicologia Comunitária tem-se debruçado sobre a criação de serviços adequados às populações socialmente marginalizadas, no desenvolvimento de técnicas inovadoras de prestação de serviços e estratégias de empowerment, no sentido de facilitar a participação destes grupos. (Ornelas,2008:37). A Psicologia Comunitária é orientada por valores nos quais fundamenta a sua intervenção junto da comunidade. Ornelas (2008:38) citando Dalton, Elias e Wandersman (2001) identificou setes valores fundamentais da Psicologia Comunitária: bem-estar individual, o sentimento de comunidade, a justiça social, a participação cívica, a colaboração e o fortalecimento comunitário, o respeito pela diversidade humana e a fundamentação empírica. O bem-estar individual refere-se à saúde física e psicológica, às competências socioemocionais para manter a saúde e o bem-estar pessoal, ao desenvolvimento da identidade e à prossecução de objectivos pessoais, como o sucesso académico ou a procura de um significado espiritual. (Ornelas, 2008:39) cita Dalton, Elias e Wandersman (2001). De acordo com os autores o sentimento de comunidade refere-se à percepção de pertença do indivíduo a uma unidade colectiva. O valor da justiça social encontra-se relacionado com a preocupação com as questões de igualdade, distribuição justa e equitativa dos recursos, oportunidades e poder na sociedade. O valor da participação cívica refere-se a processos colaborativos de tomada de decisão que permitam um envolvimento significativo de todos os membros da comunidade. Ornelas (2008:41) cita Dalton, Elias e Wandersman (2001). 45

61 O valor da colaboração e fortalecimento comunitário encontra-se relacionado com o papel decisivo dos profissionais, como facilitadores e colaboradores da comunidade na resolução de situações problema. O respeito pela diversidade é o valor que reconhece, valoriza e aprecia a diversidade de comunidades e identidades sociais. Em termos de prática, o respeito pela diversidade traduz-se na identificação de competências e recursos de todas as culturas e das populações frequentemente desvalorizadas pela sociedade em geral e na procura da melhoria do potencial e das capacidades de todos os cidadãos. (Serrano-Garcia, Costa, Perfecto e Quiros, 1980) citados por (Ornelas, 2008:43). Por último, o valor da fundamentação empírica refere-se à utilidade da investigação para responder de forma mais eficaz às questões e problemas das comunidades. No que diz respeito à área da Gerontologia constata-se que esta se dedica ao estudo do processo de envelhecimento na sua totalidade. Etimologicamente a palavra Gerontologia provém do termo geronto, do grego (geron), referindo-se aos mais velhos ou mais notáveis do povo grego e do termo logos que significa estudo e conhecimento. Segundo Prado et al. (2006) a Gerontologia apresenta vários ramos dos quais se destaca a Geriatria e a Gerontologia Social. A Geriatria encontra-se mais voltada para a prevenção e o tratamento das doenças na velhice, e a Gerontologia Social é constituída de diversas áreas como psicologia, serviço social, direito, entre outras. Apesar de abranger diversas áreas, o enfoque da Gerontologia centraliza-se na questão do envelhecimento. Nesta lógica, a Gerontologia é uma área de conhecimento específico acerca do envelhecimento, na qual, actuam várias áreas, até a integração recíproca de conceitos formuladores de um determinado conhecimento, bem como a organização da pesquisa e do ensino que com ela podem se relacionar. (Camacho, 2002:232) O profissional especializado em Gerontologia deve responder com competência teórica e prática aos desafios do envelhecimento individual e populacional. Sendo de extrema importância a realização de pesquisas e projectos de que abarquem as características dos idosos, na busca dos determinantes do envelhecer bem e, principalmente, na divulgação dos conhecimentos e das acções de promoção da saúde. As necessidades evolutivas dos idosos requerem um foco não 46

62 apenas sobre declínio e mudança, mas também sobre a manutenção do controle de sua vida. Falcão et al. (2009:50) cita Neri (2004). A formação em Gerontologia assenta em três pilares básicos: uma médica/cuidados de saúde; uma componente psicológica; e uma componente social/organizacional. O objecto da intervenção profissional do gerontólogo é a pessoa idosa, embora inserida no seu contexto familiar e societário. De acordo com Pereira (2009) citando Martin (2006) o gerontólogo está habilitado para realizar as seguintes actividades com os idosos e contexto envolvente: Prestação de cuidados de saúde básicos a idosos, tendo em vista a minimização de situações de debilidade psicológica e física, inerentes a processos do envelhecimento; Promoção de serviços de apoio a idosos que viabilizem a cidadania plena em termos de direitos, necessidades, integração e de valorização do papel social; Promoção do envelhecimento activo e produtivo; Investigação e desenvolvimento de políticas, programas e projectos sobre o envelhecimento e os idosos; Planeamento, concepção, implementação de programas de formação para cuidadores de idosos formais e informais. A Psicologia Comunitária e a Gerontologia constituem áreas promotoras da difusão da Psicogerontologia Comunitária, que tem como preocupação crescente a problemática do envelhecimento populacional considerando a pertinência da intervenção comunitária na mesma. Segundo Sequeira (2010:30) o crescente envelhecimento populacional tem acarretado transformações, no que diz respeito, à assistência familiar e apoio formal aos idosos, cada vez mais dependentes. Com as transformações familiares que se têm verificado ao longo dos anos (inexistência de família alargada, crescente emigração, dificuldades de emprego, nova posição da mulher na sociedade, entre outros) é necessário rever os programas de apoio aos idosos, evitando sobrecarregar as famílias com funções para as quais não têm capacidade para dar resposta adequada. (Sequeira, 2010:33). 47

63 Nesta perspectiva, áreas como a Psicogerontologia Comunitária contribuem em diversas vertentes para o estudo dos cuidados aos idosos dependentes. Através do estudo da Psicogerontologia Comunitária será possível conhecer as diferentes concepções do processo de envelhecimento, a importância das redes de suporte social para os idosos dependentes, o apoio dos diferentes cuidadores na prestação de cuidados aos mesmos, a necessidade de investir na qualidade de vida e bem-estar dos mais velhos e também dos seus cuidadores. A Psicogerontologia Comunitária intervém no sentido de contribuir para que a velhice seja vivida com bem-estar e que o idoso seja sinónimo de sabedoria/ conhecimento, enfim, uma pessoa de referência. (Sequeira, 2010:36). 48

64 Parte II Estudo Empírico Seguidamente apresenta-se a metodologia de investigação utilizada para a concretização do estudo, os seus objectivos, a tipologia de estudo, os participantes da investigação, a caracterização da instituição e do meio físico onde decorre a investigação, os instrumentos e procedimentos utilizados e as técnicas de tratamento de dados que permitiram a apresentação e análise dos resultados. 11- Metodologia A investigação empírica é um processo de aplicação de conhecimentos, mas também um processo de planeamento e criatividade que contribui para o enriquecimento do conhecimento na área em que se realiza a investigação. (Sousa e Baptista, 2011: 9). No decorrer da investigação utilizam-se diferentes estratégias para responder aos objectivos que se pretendem atingir. Ao processo utilizado dá-se o nome de metodologia de investigação. Esta consiste num processo de selecção da estratégia de investigação, que condiciona por si só, a escolha das técnicas de recolha de dados, que devem ser adequados aos objectivos que se pretendem atingir. (Sousa e Baptista, 2011: 52). A investigação realizada insere-se no tema: A interferência do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais na qualidade da prestação dos cuidados a pessoas idosas dependentes. Neste sentido a questão de partida é: De que forma o desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes interfere na qualidade dos cuidados prestados aos mesmos? O principal objectivo do estudo é compreender a interferência do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes na qualidade dos cuidados prestados aos mesmos Pelo que, os objectivos específicos do processo investigativo passam por: 49

65 Avaliar os níveis de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais; Avaliar o nível global de dependência dos idosos, no que diz respeito às Actividades Básicas da Vida Diária; Verificar as causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes; Identificar as estratégias de coping utilizadas pelos cuidadores formais; Verificar o grau de satisfação dos utentes relativamente aos cuidados recebidos ao nível da higiene, alimentação e vestuário; Conhecer a visão dos utentes acerca da interferência do desgaste físico e psicológico dos seus cuidadores na qualidade dos cuidados que lhes são prestados. No sentido de responder aos objectivos da investigação utilizou-se uma determinada tipologia de estudo, de técnicas de recolha de dados e instrumentos de análise dos mesmos, que serão apresentados seguidamente Tipologia de estudo No estudo referenciado foram usados métodos de investigação de natureza qualitativa e quantitativa, apelidando-se esta combinação de triangulação metodológica. [ ] Cada método revela diferentes aspectos da realidade e, por isso, devemos utilizar diferentes métodos para observar essa realidade. Por outro lado, a utilização de uma combinação de métodos pode permitir uma melhor compreensão dos fenómenos, e, assim, alcançar resultados mais seguros. (Sousa e Baptista,2011:63). O estudo realizado caracteriza-se por ser um estudo exploratório de carácter transversal, que no entanto, é também um estudo de caso da Instituição Santa Casa da Misericórdia de Sines. Segundo Sousa e Baptista (2011:57) citando Marshall e Rossman (1995:40-41), o estudo exploratório tem por objectivo proceder ao reconhecimento de uma dada realidade pouco ou deficientemente estudada e levantar hipóteses de entendimento dessa realidade. 50

66 Uma vez que a investigação foi realizada num dos lares de idosos (Anexo I) da Santa Casa da Misericórdia de Sines, poderá ser considerada um estudo de caso. Este é uma exploração de um único fenómeno, limitado no tempo e na acção, onde o investigador recolhe informação detalhada. É um estudo intensivo e detalhado de uma entidade bem definida [ ]. (Sousa e Baptista, 2011: 64). A investigação não tem só objectivo de conhecer a realidade em questão, mas também de agir sobre a mesma, culminando num projecto de intervenção. É de salientar o facto de o investigador ser funcionário da instituição, o que promoverá a realização do projecto. Neste sentido, foi também utilizada a metodologia de investigação-acção. Esta metodologia tem o duplo objectivo de acção e investigação, no sentido de obter resultados em ambas as vertentes. (Sousa e Baptista, 2011: 65). De acordo com Guerra (2000:52) qualquer acção que se pretenda de base científica inclui necessariamente uma dinâmica de investigação-acção, na medida em que apenas este tipo de processo, ao insistir nos processos de conhecimento do sistema de acção concreto, impede a rotinização e a repetição de receitas de acção importadas de outros contextos. Neste sentido, as metodologias de investigação-acção permitem, em simultâneo, a produção de conhecimento sobre a realidade, a inovação no sentido da singularidade de cada caso, a produção de mudanças sociais e, ainda, a formação de competências dos intervenientes. (Guerra,2000:52). Além da diversidade de metodologias foram também utilizadas diferentes técnicas de recolha de dados, de carácter qualitativo e quantitativo, com o objectivo de tornar o processo de investigação mais consistente e sólido. Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram: a entrevista, o inquérito por questionário, as escalas de avaliação psicológica (ESC e EADS- 21) e o índice de dependência (Barthel). As técnicas utilizadas para a análise dos resultados foram: a análise de conteúdo, a análise estatística do SPSS e as cotações das escalas e índice. 51

67 11.2 Participantes Qualquer investigação empírica pressupõe uma recolha de dados. Os dados são informação na forma de observações, ou medidas, dos valores de uma ou mais variáveis normalmente fornecidos por um conjunto de entidades. Em ciências sociais é vulgar designarmos estas entidades por casos da investigação. [ ] Ao conjunto total de casos sobre os quais se pretende retirar conclusões dá-se o nome de População ou Universo. [ ] Acontece porém que, muitas vezes, o investigador não tem tempo nem recursos suficientes para recolher e analisar dados para cada um dos casos do Universo pelo que, nesta situação, só é possível considerar uma parte dos casos que constituem o Universo. Esta parte designa-se por amostra do Universo. (Hill e Hill, 2005:41-42). No caso específico da investigação realizada (a influência do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes na qualidade dos cuidados prestados aos mesmos), os participantes constituíram dois grupos distintos: As 13 Ajudantes de Lar a exercer funções no Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines; Uma amostra dos 53 utentes institucionalizados no Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines. O número de Ajudantes de Lar e utentes institucionalizados no Lar Anexo I encontra-se ao acesso do investigador, uma vez que, o mesmo é profissional da instituição em causa. É possível ter acesso ao número de colaboradores do Lar Anexo I através de registos como os mapas e horários de pessoal e ao número de utentes através dos processos de admissão dos mesmos na instituição. Relativamente às Ajudantes de Lar foi utilizado todo o universo existente no local do estudo, à excepção de uma Ajudante de Lar que se encontrava de Baixa Médica prolongada. Já no que diz respeito aos utentes, participaram apenas aqueles que reuniram determinados critérios, tais como o interesse em participar na investigação e a capacidade (em termos físicos e psicológicos) para responder aos instrumentos de recolha de dados aplicados. 52

68 Neste sentido, participaram 30 utentes no estudo que constituem uma amostra por conveniência. Este tipo de amostragem ocorre quando a participação é voluntária ou os elementos da amostra são escolhidos por uma questão de conveniência. Deste modo não há uma garantia da amostra ser representativa, sendo este um dos grandes inconvenientes da mesma. No entanto, pode ser usada com êxito em situações nas quais seja importante captar ideias gerais e identificar aspectos críticos [ ]. (Sousa e Baptista,2011:77) Contexto Institucional dos Participantes Seguidamente apresenta-se a caracterização da Instituição onde se realizou a investigação e do meio físico/ espaço territorial onde a mesma está inserida Caracterização do Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines O Lar Anexo I foi criado no ano de 1984 para dar resposta a cerca de 60 utentes idosos com dificuldades de viver condignamente no seu domicílio. Presentemente a construção do seu edifício sofreu alterações, o que levou à diminuição da capacidade do número de utentes que pode acolher. Actualmente, o Lar Anexo I acolhe 53 utentes, 39 mulheres e 14 homens, sendo que a maioria se encontra em situação de dependência. Estes dados remetem-se à data de Abril de 2014, através da consulta dos registos da Instituição, sendo que os mesmos se encontram em constante alteração. No que diz respeito aos colaboradores que prestam serviço no Lar Anexo I podem-se subdividir em dois grupos: aqueles que prestam cuidados exclusivos aos utentes do Anexo I e aqueles que intervêm em todos os Lares da Santa Casa da Misericórdia de Sines (Prats, Anexo I e Anexo II). De acordo com os dados consultados no serviço de recursos humanos da Instituição (2014), os colaboradores que prestam serviço exclusivo no Anexo I são: catorze Ajudantes de Lar; cinco Auxiliares de Serviços Gerais (quatro no serviço de limpeza e uma responsável pela arrumação e 53

69 manutenção da roupa); um Auxiliar de Acção Médica e uma Encarregada de Sector. Esporadicamente, o número de trabalhadores oscila devido à admissão de profissionais através de projectos com o Centro de Emprego. Actualmente existem mais duas Auxiliares de Serviços Gerais a garantir a manutenção e limpeza dos edifícios. No que concerne aos colaboradores que prestam serviço no Lar Anexo I e nos restantes Lares da Santa Casa da Misericórdia de Sines destacam-se: todos os funcionários da cozinha; colaboradores da lavandaria/rouparia; funcionários do sector de transportes e dos serviços administrativos; um Médico; dois Enfermeiros; uma Cabeleireira; um Fisioterapeuta; uma Animadora Sociocultural; uma Técnica de Reabilitação Psicomotora; uma Psicóloga; uma Socióloga e um Assistente Social. O Lar Anexo I tem o seu edifício subdividido em diferentes espaços, sendo os principais denominados de Lado Grande e Lado Pequeno. No Lado Grande do Anexo I fica situado o posto médico, dezanove quartos (com casa de banho), duas salas de estar e refeição, duas casas de banho para deficientes (uma delas com duche), uma copa de apoio aos colaboradores, despensas para roupa, produtos de higiene, limpeza e alimentares, cacifos e casa de banho dos colaboradores. Este edifício acolhe 36 utentes, 22 do sexo feminino e 14 do masculino. Prestam serviço aos mesmos, duas Ajudantes de Lar nos turnos das 8 h às 16 h e 16 h às 24 h e uma Ajudante de Lar no turno das 00 h às 08 h. No Lado Pequeno do Anexo I estão 17 utentes, todos do sexo feminino. Existem sete quartos (sem casa de banho), uma sala de estar e refeição, duas casas de banho comuns, duas despensas para produtos de limpeza e higiene e uma casa de banho para colaboradores. Os cuidados aos 17 utentes são assegurados por uma Ajudante de Lar, ao serviço nos turnos das 8 h às 16 h; 16 h às 24 h e 00 h às 08 h. Apesar de existirem dois edifícios distintos, os utentes têm espaços de convivência comuns e circulam livremente por ambos os espaços, sendo que apenas na hora das refeições e de dormir, têm obrigatoriamente de se dirigir ao respectivo edifício (Lado Grande ou Lado Pequeno). 54

70 Além dos dois edifícios (Lado Grande e Lado Pequeno), o Lar Anexo I tem uma capela, sala de formação, gabinetes técnicos, copa, jardim, grelhador e esplanada. A cozinha e lavandaria são comuns aos diferentes lares (Prats, Anexo I e Anexo II), tal como os espaços onde se realizam diversas actividades, como o salão social, o cabeleireiro e a sala de Fisioterapia. Todos os colaboradores do Lar Anexo I trabalham rotativamente pelos dois edifícios, sendo prática comum, a colaboração entre os mesmos no que diz respeito à prestação de cuidados aos utentes, nomeadamente na hora das refeições e na realização da higiene pessoal diária. Ou seja, apesar de estar ao serviço uma Ajudante de Lar no Lado Pequeno e duas no Lado Grande, nada impede o trabalho em comum das mesmas, situação que predominantemente é promovida pelos Técnicos Responsáveis. De acordo com o Regulamento Interno da Santa Casa da Misericórdia de Sines (2013) a valência Lar tem como principais objectivos: contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e famílias; prestar cuidados individualizados e personalizados, no sentido do bem-estar dos utentes; proporcionar serviços permanentes e adequados à problemática biopsicossocial das pessoas idosas; privilegiar a interação com os familiares e com a comunidade; promover estratégias de auto estima, de valorização e de autonomia pessoal e social. O Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines assegura a prestação dos seguintes serviços: alojamento; alimentação; cuidados de higiene e conforto pessoal; cuidados médicos e de enfermagem; tratamento de roupas; limpeza e arranjo diário dos aposentos; apoio psicossocial; animação sociocultural; fisioterapia; assistência religiosa e outros serviços, nomeadamente transportes e acompanhamento a consultas no exterior. (Regulamento Interno da Santa Casa da Misericórdia de Sines, 2013). Segundo o Regulamento Interno (2013), os utentes da Santa Casa da Misericórdia de Sines têm direito ao reconhecimento da sua identidade pessoal, capacidade civil, cidadania, imagem, palavra e reserva da intimidade. Devem obter a satisfação das suas necessidades básicas, físicas, psíquicas, sociais e espirituais; participar em todas as actividades de acordo com os seus 55

71 interesses; gerir os seus rendimentos e bens e formularem sugestões e reclamações, sempre que o desejarem. Em suma, o Lar Anexo I constitui uma resposta social em constante mutação de forma a adaptar-se à realidade social, na qual os valores e missão convergem sempre no bem-estar e melhoria da qualidade de vida, não só dos seus utentes mas também de todo o seu suporte social, dos seus colaboradores e toda a população do concelho de Sines Caracterização populacional do concelho de Sines Sines é um concelho português do distrito de Setúbal que se localiza no Alentejo Litoral, a sul do concelho de Odemira e a norte e nordeste do concelho de Santiago do Cacém. (vide anexo V) O concelho de Sines abrange uma área geográfica de 202,7 km2, composta por duas freguesias: Sines e Porto Covo. Segundo os censos de 2011 o concelho de Sines tem uma população residente de habitantes. De acordo com o INE, a população idosa (com mais de 60 anos) apresenta tendência a aumentar, verificando-se que, em 2011 existiam 3336 pessoas com mais de 60 anos e em 2012 o valor era de 3412 pessoas. Segundo o INE, à data dos Censos de 2011, Sines contava apenas com 5 famílias institucionais comparativamente com as 4832 existentes no país. De acordo com a fonte citada anteriormente, em 2011, encontravam-se 237 indivíduos em famílias institucionais, com idades compreendidas entre os 60 e 89 anos. Do total de 237 indivíduos, 106 eram do sexo masculino e 131 do feminino. Ao nível do grupo etário e do sexo verifica-se que no sexo feminino existem mais indivíduos institucionalizados na faixa etária dos 85 aos 89 anos (36 indivíduos) sendo que nos homens é no grupo dos 80 aos 85 que predomina a institucionalização, com o valor de 18 indivíduos. No período entre 1991 e 2011 verificou-se um aumento do número de famílias unipessoais com mais de 65 anos. Segundo o INE, à data de 2011, existiam em Sines 1513 famílias unipessoais de indivíduos com 65 ou mais anos. 56

72 No que diz respeito ao número de óbitos (com mais de 60 anos) verificase que nas mulheres há um aumento do número de óbitos nas faixas etárias dos 75 aos 89 anos. Relativamente aos homens, a maioria dos óbitos é entre os anos, com o estado civil casado. Analisando os casamentos dissolvidos por morte entre os indivíduos com mais de 60 anos, verificou-se um aumento do número nos grupos etários mais elevados (75 e mais anos). Relativamente aos casamentos celebrados, em indivíduos com mais de 60 anos, verifica-se que são predominantemente os homens com 60 a 64 anos, a celebrar casamento. Os resultados demonstram que é pouco habitual as mulheres casarem-se a partir dos 60 anos. No que diz respeito aos profissionais a trabalhar na área da saúde, Sines apresenta um valor de 34 pessoas em relação ao total de 265 do Alentejo Litoral e de Portugal. Dos 34 indivíduos a trabalhar no centros de saúde de Sines (2011), 8 eram médicos, 10 enfermeiros e 16 pessoal auxiliar. Ao longo dos anos tem-se verificado um aumento do número de indivíduos dependentes, do índice de envelhecimento e do índice de longevidade. Entre 2011 e 2012, o índice de dependência aumentou de 24,7 para 25,4. O índice de envelhecimento aumentou de 119,5 e 121, 2, entre 2011 e O índice de longevidade também aumentou entre 2011 e 2012, dos 42,7 para 43,2. Por sua vez, o índice de renovação da população activa diminuiu de 84 em 2011 para 79,9 em Em termos gerais, verifica-se o aumento do número de população envelhecida, a viver só, com maiores dificuldades e dependência ao nível das AVD s, recebendo fracos apoios, com baixos números de instituições e profissionais na área dos serviços de saúde primários. 57

73 11.3 Instrumentos Segundo Quivy e Campenhoudt (2003:181) os instrumentos construídos para uma investigação devem ser capazes de recolher e produzir a informação necessária ao investigador. Os instrumentos de recolha de dados subdividem-se em dois tipos de natureza investigativa: instrumentos qualitativos e quantitativos. De acordo com Sousa e Baptista (2011:79) a investigação qualitativa caracteriza-se pela utilização de três grandes grupos de técnicas de recolha de dados: observação, entrevista e análise documental. A investigação quantitativa utiliza predominantemente o inquérito por questionário e a análise estatística. No decorrer da investigação foram utilizados ambos os tipos de instrumentos, com vista a uma maior diversidade e consistência de informação, adequando as técnicas às características dos participantes e ao tipo de informação que se pretende adquirir. Ao nível dos instrumentos de natureza qualitativa foi aplicada uma entrevista semi-estruturada às Ajudantes de Lar da Santa Casa da Misericórdia de Sines (Lar Anexo I). (vide apêndice I) De acordo com Sousa e Baptista (2011:79) a entrevista é um método de recolha de informações que consiste em conversas orais, individuais ou de grupos, com várias pessoas cuidadosamente seleccionadas, cujo grau de pertinência, fiabilidade e validade é avaliado na perspectiva dos objectivos de recolha de informações. A entrevista semi-estruturada consiste num guião com um conjunto de tópicos ou questões a abordar. [ ] Dá liberdade ao entrevistado, embora não o deixe fugir muito do tema. O guião pode ser memorizado ou não memorizado. Tem a vantagem de falar dos assuntos que se quer falar com maior liberdade e rigidez para o entrevistado. (Sousa e Baptista,2011: 80). Ao nível dos instrumentos de natureza quantitativa foi aplicado um inquérito por questionário, a uma amostra dos utentes do Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines. (vide apêndice II) Na perspectiva de Ghiglione e Matalon (1997) um inquérito é um instrumento amplamente utilizado pelos profissionais das ciências sociais para 58

74 interrogar um determinado número de indivíduos tendo em vista uma generalização. Além de permitir inquirir um elevado número de indivíduos, aplicação de um questionário permitir recolher uma amostra dos conhecimentos, atitudes, valores e comportamentos. Deste modo, é importante ter em conta o que se quer e como se vai avaliar, devendo haver rigor na selecção do tipo de questionário a aplicar de forma a aumentar a credibilidade do mesmo. (Sousa e Baptista,2011: 91). Existem três tipos de questionários: questionário aberto, fechado e misto. O questionário construído para a investigação em causa é do tipo misto, utilizando questões de resposta fechada e aberta que permitem uma maior profundidade nos assuntos abordados. Além da entrevista semi-estruturada e do inquérito por questionário foram aplicadas diferentes escalas de avaliação psicológica devidamente validadas. No que diz respeito aos utentes aplicou-se o Índice de Barthel (adaptado por Sequeira em 2010 na obra Cuidar de Idosos com Dependência Física em Mental) para a avaliação das actividades básicas da vida diária. (vide anexo VI) O Índice de Barthel é composto por 10 actividades básicas da vida diária: alimentação, vestir, banho, higiene corporal, uso da casa de banho, controlo intestinal, controlo vesical, subir escadas, transferência cadeira-cama e deambulação. Cada actividade apresenta entre dois a quatro níveis de dependência, em que a pontuação 0 corresponde à dependência total, sendo a independência pontuada com 5, 10 ou 15 pontos, em função dos níveis de diferenciação. No que concerne aos instrumentos de avaliação do cuidador (Ajudantes de Lar) foram utilizadas duas escalas diferentes: uma como o objectivo de avaliar o desgaste físico e sobrecarga de trabalho (Escala de Sobrecarga do Cuidador) e outra para analisar o desgaste psicológico (Escala de Ansiedade, Depressão e Stress). A Escala de Sobrecarga do Cuidador (ESC) foi adaptada por Sequeira em 2007 através da tradução de Burden Interview Scale de Zarit (1983). (vide anexo VII). A escala utilizada na investigação em causa é uma adaptação da Escala de Sobrecarga do Cuidador apresentada por Sequeira na obra Cuidar de Idosos com Dependência Física e Mental (2010). 59

75 Existiu necessidade de adaptar a escala, uma vez que a mesma foi formulada para os cuidadores informais e neste estudo será aplicada a cuidadores formais. Neste sentido, foram utilizados itens adaptados de acordo com o artigo Identificação dos sintomas comportamentais e psicológicos em idosos moradores de uma Instituição de Longa Permanência, de Canon e Novelli, publicado na Revista Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo em Janeiro/Abril de Dos 22 itens da escala original foram retirados dois considerados inadequados aos cuidadores formais. Foram excluídos os itens nº 11 e nº13 correspondendo às seguintes questões: Considera que não tem uma vida privada como desejaria devido ao seu familiar? e Não se sente à vontade para convidar amigos para irem lá em casa devido ao seu familiar? Foram ainda modificadas cinco questões para adaptação ao contexto do cuidador formal e nas 15 questões restantes a palavra familiar foi substituída por idoso ou utente. Seguidamente apresenta-se um quadro representativo das alterações nas cinco questões adaptadas ao contexto do cuidador formal. Quadro nº 1- Alterações nas questões da Escala de Sobrecarga do Cuidador para o contexto do cuidador formal Item da ESC de Sequeira 12 Pensa que as suas relações sociais foram afectadas negativamente por ter de cuidar do seu familiar? 2 Já não dispõe de tempo suficiente para as suas tarefas? 17- Sente que perdeu o controlo da vida depois da doença do seu familiar se ter manifestado? 6- A relação com familiares e amigos está afectada de forma negativa? 15- Considera que não dispõe de economias suficientes para cuidar do seu familiar e para o resto das despesas que tem? Item da ESC adaptada ao Cuidador Formal 12 - Sente que o idoso parece esperar que cuide dele como se fosse a única pessoa de quem pudesse depender? 2 - Sente que não tem tempo suficiente para realizar outras tarefas da sua função na instituição devido ao tempo que dedica aos utentes? 17 - Sente que deixou de realizar muitas actividades de lazer desde que iniciou este trabalho? 6 - Sente que o idoso afecta frequentemente de forma negativa, o seu relacionamento com os outros membros da equipa? 15 - Sente que o seu salário não equivale à sua dedicação neste trabalho? Fonte: Canon e Novelli,

76 Segundo Sequeira (2010:232) a Escala de Sobrecarga do Cuidador avalia a sobrecarga subjectiva e objectiva do cuidador através de quatros factores: o impacto da prestação de cuidados, a relação interpessoal, as expectativas face ao cuidar e a percepção de auto-eficácia. O impacto da prestação de cuidados (IPC) aglutina os itens que se referem à sobrecarga relacionada com a prestação de cuidados directos, dos quais se destacam: alteração no estado de saúde, elevado número de cuidados, alteração das relações sociais e familiares, escassez de tempo, desgaste físico e mental. Nesta categoria encontram-se os itens relativos ao impacto dos cuidados directos no contexto do cuidador. É constituída pelos itens número: 1,2,3,6,9,10,11,12,13,17,22 (os itens 11 e 13 foram excluídos da versão aplicada). A relação interpessoal (RI) aglutina itens associados à sobrecarga da relação entre o cuidador e a pessoa alvo de cuidados. É constituído por cinco itens: 5,16,18 e 19. O factor intitulado de expectativas face ao cuidar (EC) é constituído por 4 itens (7,8,14 e 15) relacionados com as expectativas que o cuidador tem relativamente à prestação de cuidados. Por último, o factor percepção de auto-eficácia (PA) é constituído por 2 itens (20 e 21) sobre a opinião do cuidador relativamente ao seu desempenho. Como foi referido anteriormente utilizou-se uma escala para a avaliação da ansiedade, depressão e stress adaptada por Pais-Ribeiro, Honrado e Leal, baseado no artigo Contribuição para o estudo da adaptação portuguesa das Escalas de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS) de 21 itens de Lovibond e Lovibond publicado na Revista Psicologia, Saúde & Doenças, 5 (2), em (vide anexo VIII) A escala é constituída por 21 itens organizando-se em três escalas: Ansiedade, Depressão e Stress. Cada item consiste numa frase, uma afirmação, que remete para sintomas emocionais negativos. Pede-se ao sujeito que responda se a afirmação se lhe aplicou na semana passada. Para cada frase existem quatro possibilidades de resposta, apresentadas numa escala tipo Likert. Os sujeitos avaliam a extensão em que experimentaram cada sintoma durante a última semana, numa escala de 4 pontos de gravidade ou frequência: não se aplicou nada a mim, aplicou- 61

77 se a mim algumas vezes, aplicou-se a mim de muitas vezes, aplicou-se a mim a maior parte das vezes. (Pais-Ribeiro, Honrado e Leal, 2004:232). Segundo os autores, cada escala inclui vários conceitos nomeadamente: Depressão Disforia (dois itens); Desânimo, (dois itens); Desvalorização da vida (dois itens); Auto depreciação (dois itens); Falta de interesse ou de envolvimento (dois itens); Anedonia (dois itens); Inércia (dois itens). Ansiedade Excitação do Sistema Autónomo (cinco itens); Efeitos Músculo Esqueléticos (dois itens); Ansiedade Situacional (três itens); Experiências Subjectivas de Ansiedade (quatro itens). Stress Dificuldade em Relaxar (três itens); Excitação Nervosa (dois itens); Facilmente Agitado/Chateado (três itens); Irritável/Reacção Exagerada (três itens); Impaciência (três itens) Procedimento Segundo Quivy e Campenhoudt (2003: 27-28) as etapas do procedimento num processo investigativo devem agrupar-se em três actos diferentes, seguindo uma sequência específica: a ruptura (romper com os preconceitos e falsas evidencias); a construção (erguer preposições explicativas do fenómeno a estudar) e a verificação (dar consistência aos resultados). No acto da ruptura estão incluídas três etapas do procedimento: a questão de partida, a exploração e a problemática. A construção inclui ainda a problemática e o modelo de análise. As etapas da observação, análise das informações e conclusões estão inseridas no acto da verificação. A primeira etapa de qualquer processo investigativo é a construção da questão de partida, ou seja, a escolha objectiva e clara da realidade que se pretende conhecer/estudar. Seguidamente é necessário iniciar a exploração do problema a estudar, através da revisão aprofundada da literatura. Neste sentido é possível construir a problemática (terceira etapa do procedimento) de modo a especificar o problema definido na questão de partida. 62

78 A quarta etapa do procedimento (construção do modelo de análise) resume-se na definição de conceitos e indicadores que orientem para as etapas da observação e análise das informações. A etapa da observação pretende responder às questões: observar o quê? Observar quem? Observar como? É nesta etapa que se define a população/ amostra a estudar, os instrumentos (entrevista, questionário) a utilizar e se concretiza a realização e aplicação dos mesmos. Os instrumentos construídos devem ser capazes de fornecer informações adequadas à investigação. Antes dos mesmos serem aplicados terão de ser testados através de um pré-teste que consistirá num conjunto de verificações feitas, de forma a confirmar que o instrumento é realmente aplicável com êxito, no que diz respeito a dar uma resposta efectiva aos problemas levantados pelo investigador. (Sousa e Baptista,2011:100). Há que ter o cuidado de informar todos os participantes do estudo acerca dos objectivos do mesmo e recolher a autorização dos participantes (através do consentimento informado) para a utilização das informações concedidas. Os instrumentos devem ser aplicados em dias distintos, em ambientes adequados, sem a presença de variáveis parasitas, com o cuidado do investigador se fazer entender, através de uma linguagem adequada aos participantes, para que os resultados sejam os mais fidedignos possíveis. Após a recolha dos dados através da aplicação dos diferentes instrumentos será realizada a sexta etapa do procedimento, a análise das informações. A forma como é realizada a análise depende do (s) instrumento (s) utilizado (s). Por exemplo: no caso da entrevista foi realizada a análise de conteúdo, no inquérito por questionário foi concebida uma análise estatística dos dados através do recurso ao SPSS. Por último, é possível retirar as conclusões (sétima etapa do procedimento) através da interpretação e análise dos resultados, o que permitirá a definição de prioridades de intervenção na realidade estudada. 63

79 11.5 Tratamento de dados Após a recolha de informação, o investigador terá necessidade de proceder à sua selecção. [ ] Terá de seleccionar aquela que tenha mais importância e que seja mais relevante para dar resposta às questões da investigação. [ ] Independentemente da abordagem escolhida, qualitativa, quantitativa ou mista, a análise dos dados recolhidos é uma etapa fundamental no processo de investigação. (Sousa e Baptista, 2011:107). No que diz respeito à entrevista aplicada às Ajudantes do Lar Anexo I, a análise dos dados foi realizada através da análise de conteúdo. Esta consiste na aplicação de um método que oferece a possibilidade de tratar de forma metódica informações e testemunhos que apresentam um certo grau de profundidade e complexidade. [ ] É uma fonte de informação a partir da qual o investigador tenta construir um conhecimento. (Quivy e Campenhoudt, 2003:227). Os resultados do inquérito por questionário aplicado aos utentes do Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines foram tratados estatisticamente através do programa SPSS. A análise estatística através do SPSS permite analisar uma grande diversidade e quantidade de dados, tal como correlacioná-los, testando assim hipóteses da investigação. Além da análise estatística realizada no SPSS foi também utilizada a análise de conteúdo para as questões abertas, de modo a estudar de forma mais profunda as respostas dadas pelos utentes. Relativamente às Escalas de Avaliação Psicológica, os resultados foram analisados de acordo com os procedimentos fornecidos pelos autores que validaram a escala em questão. O Índice de Barthel aplicado aos utentes do Lar Anexo I é constituído por 10 itens, cotados entre dois a quatros níveis de dependência (0,5,10 e 15). Este índice apresenta uma boa consistência interna avaliada através do coeficiente alfa de Cronbach (α =0,89). (Sequeira,2010:48). Segundo o autor (2010:46) a cotação global do Índice de Barthel oscila entre 0 e 100 pontos, variando de forma inversamente proporcional ao grau de dependência, ou seja, quanto menor for a pontuação maior é grau de dependência de acordo com os seguintes pontos de corte: é 64

80 independente; é ligeiramente dependente; é moderadamente dependente; é severamente dependente e <20 é totalmente dependente. A Escala de Sobrecarga do Cuidador (Sequeira, 2010) utilizada na investigação em causa foi adaptada ao contexto do cuidador formal, de acordo com os autores Canon e Novelli, Este instrumento apresenta uma boa consistência interna avaliada através do alfa de Cronbach (α =0,93). A escala é constituída por 20 itens, sendo que cada um dos mesmos é cotado de forma qualitativa/quantitativa da seguinte forma: nunca = 1; quase nunca = 2; às vezes = 3; muitas vezes= 4; quase sempre =5. Na versão utilizada a cotação global varia entre 20 e 100, em que a maior cotação corresponde a uma maior percepção de sobrecarga, de acordo com os seguintes pontos de corte: <46 sem sobrecarga; sobrecarga ligeira;> 56 sobrecarga intensa. (Sequeira, 2010:228). No que diz respeito à análise factorial, o impacto da prestação de cuidados (IPC) explica 41,2% da variância total e apresenta uma boa consistência interna de α =0,93. A relação interpessoal (RI) explica 8,96% da variância total da ESC e apresenta uma consistência interna de α= 0,83. As expectativas face ao cuidar (EC) explicam 7,15% da variância total e apresentam uma consistência interna de α = 0,80. Por último, o factor da percepção da auto-eficácia (PA) explica 4,90% da variância total da ESC e apresenta uma consistência interna de α =0,80. Segundo Sequeira (2010:232) existe uma correlação significativa de p <0,01 entre todos os factores (IPC, RI, EC e PA) e a escala global (ESC). A Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (EADS-21) aplicada aos cuidadores formais do Lar Anexo I, permitiu avaliar três escalas diferentes: a ansiedade, a depressão e o stress. Antes da aplicação da escala, os investigadores verificaram a consistência interna da mesma, com recurso ao alfa de Cronbach. Os resultados encontrados para a EADS foram respectivamente de 0,85 para a escala de depressão, de 0,74 para a de ansiedade e de 0,81 para a de stress. Os resultados de cada escala são determinados pela soma dos resultados dos sete itens. A escala fornece três notas, uma por sub-escala, em que o mínimo é 0 e o 65

81 máximo 21. As notas mais elevadas em cada escala correspondem a estados afectivos mais negativos. (Pais-Ribeiro, Honrado e Leal, 2004:233) Apresentação dos resultados Caracterização dos Participantes De seguida apresenta-se a caracterização dos idosos institucionalizados no Lar Anexo I, no que diz respeito ao género, idade, estado civil, profissão, escolaridade, suporte social, interacções sociais dentro e fora da instituição, patologias e nível de dependência nas actividades básicas da vida diária, É também apresentada a caracterização dos cuidadores formais dos idosos institucionalizados quanto ao género, idade, estado civil e escolaridade Idosos Institucionalizados no Lar Anexo I Dos 30 utentes participantes verifica-se que 25 são do sexo feminino e apenas 5 do masculino. Gráfico nº1 - Género dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de Sines Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,

82 As idades dos utentes inquiridos variam entre os 54 e os 96 anos, observando-se que existe uma grande diversidade de gerações na instituição. A média das idades é de 79 anos. Gráfico nº 2- Idade dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de Sines Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014 No que diz respeito ao estado civil, a maioria dos utentes é viúva (18 utentes),seguindo-se os solteiros (7 utentes), os casados (4 utentes) e por último, um divorciado. Gráfico nº3 - Estado Civil dos utentes do Lar Anexo I, SCMS Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,

83 Relativamente à profissão observa-se que a maioria dos inquiridos (15 utentes) é Trabalhador Rural, seguindo-se quatro utentes Domésticas, três pessoas sem profissão, dividindo-se os restantes oito utentes pelas profissões de Auxiliar de Geriatria, Comerciante, Construtor Civil, Costureira, Empregada Doméstica, Operária Fabril, Pescador e Vendedor Ambulante. Gráfico nº4 - Profissão dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de Sines N Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014 No que concerne à escolaridade dos utentes verifica-se que a maioria não tem escolaridade, dois utentes dizem saber ler e escrever, nove frequentaram a escola até à 4ª classe e apenas um utente tem o Ensino Secundário. 68

84 Gráfico nº5 - Escolaridade dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de Sines Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014 Relativamente à caracterização do suporte social dos utentes verifica-se que, do total de trinta participantes, oito referem não ter qualquer suporte social. Gráfico nº6 - Suporte Social dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de Sines Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,

85 No que diz respeito às relações sociais, quatro dizem não manter interacções sociais fora da instituição. Gráfico nº7- Interacções sociais fora do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de Sines Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014 Apenas um utente diz conviver com amigos e dois com vizinhos. Já no que diz respeito à convivência com os familiares, vinte e um do total de trinta utentes referem manter a convivência. Quanto à convivência com os colaboradores da instituição, a maioria (29 utentes) diz manter convivência com os mesmos. Gráfico nº8- Interacções sociais dos utentes do Lar Anexo I, Santa Casa da Misericórdia de Sines 29 55% 1 2% 2 4% 21 39% Amigos Vizinhos Familiares Colaboradores 70 Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

86 No que diz respeito ao estado de saúde verifica-se que os utentes apresentam uma multiplicidade de problemas, tais como: Hipertensão arterial (13 utentes), Acidente Vascular Cerebral (4 utentes), Doença psiquiátrica (3 utentes), Alzheimer (2 utentes), Parkinson (1 utente), Diabetes (6 utentes), Obesidade (4 utentes), Alcoolismo (1 utente), Doença Bipolar (1 utente), Problemas intestinais (2 utentes), Reumático (2 utentes), Problemas de audição (1 utente), Cancro (3 utentes), Problemas de amputação (1 utente), Problemas visuais (1 utente), Demência não diagnosticada (1 utente), Doença de Friderich s (1 utente), Insuficiência Renal (2 utentes), Paraplegia (2 utente) e Doença de Chiari com Siringomielia (1 utente). Gráfico nº 9- Problemas de saúde dos utentes participantes HTA AVC D. Psquiátrica Alzheimer Parkinson Diabetes Obseidade Alcoolismo D. Bipolar P. Intestinais Reumático Audição Cancro Amputação Invisual Demência D. Friderich's Ins. Renal Paraplegia Chiari e Siringomielia Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014 Relativamente ao nível de dependência nas AVD s dos trinta utentes inquiridos (avaliado através do Índice de Barthel) verifica-se que a maioria apresenta algum grau de dependência, sendo que apenas três utentes são independentes. 71

87 Dos vintes e sete utentes dependentes, cinco são ligeiramente dependentes, dez moderadamente dependentes, três severamente dependentes e nove totalmente dependentes. Gráfico nº 10- Dependência nas AVD s dos utentes participantes Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014 Em termos gerais, percepciona-se que os trinta utentes inquiridos no Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines apresentam uma grande diversidade de idades, profissões, escolaridade, percepções de suporte social e problemas de saúde. Apesar das características e vivências diversificadas a maioria dos utentes é dependente dos cuidados de terceiros, como se pode observar através dos resultados do índice de dependência nas AVD s. Neste sentido, confirma-se a importância e pertinência de intervir não só junto dos mesmos mas também dos seus cuidadores, dos quais dependem. 72

88 Cuidadores formais no Lar Anexo I No que diz respeito aos cuidadores formais de idosos dependentes, a investigação centralizou-se no universo de Ajudantes de Lar do Anexo I, da Santa Casa da Misericórdia de Sines. Este universo é constituído por 14 Ajudantes de Lar, das quais uma não pôde participar devido a se encontrar de baixa médica. Neste sentido, foram inquiridas 13 Ajudantes de Lar que intervêm directamente nos cuidados aos idosos dependentes do Lar Anexo I. No que diz respeito ao género verifica-se que a totalidade das inquiridas é do sexo feminino. Quanto às idades das cuidadoras, a mais nova tem 25 anos e a mais velha 65 anos. Na faixa etária dos 30 anos encontram-se duas Ajudantes de Lar com 35 e 37 anos respectivamente. Existem cinco Ajudantes de Lar na faixa etária dos 40 anos, sendo que duas têm 47. As restantes quatro Ajudantes de Lar têm idades compreendidas entre os 53 e 59 anos. A média das idades das Ajudantes de Lar inquiridas é de 43 anos. Gráfico nº 11- Idades das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS 1 8% 1 8% 1 8% 1 8% 1 8% 1 8% 1 8% 2 15% 1 8% 1 8% 1 8% 1 8% Fonte: Entrevista aos cuidadores formais, SCMS,

89 Relativamente ao estado civil observa-se que a maioria das participantes é casada (oito), seguindo duas divorciadas, uma viúva, outra solteira e uma a viver em união de facto. Gráfico nº 12- Estado civil das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS 2 15% 1 8% 1 8% 1 8% Solteira Casada 8 61% Divorciada Viúva União de Facto Fonte: Entrevista aos cuidadores formais, SCMS, 2014 A escolaridade das Ajudantes de Lar inquiridas situa-se entre o 4º ano e o 12º. Quatro das Ajudantes de Lar têm o 6º ano de escolaridade e as restantes nove dividem-se em número igual pelo 4º, 9º e 12º ano. Gráfico nº 13- Escolaridade das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS 3 23% 3 23% 3 23% 4 31% 4º ano 6º ano 9º ano 12º ano Fonte: Entrevista aos cuidadores formais, SCMS,

90 Escala de Sobrecarga do Cuidador A Escala de Sobrecarga do Cuidador (segundo Sequeira, 2010) utilizada na investigação foi adaptada à realidade dos cuidadores formais de idosos dependentes de modo a fornecer resultados, não só a nível geral mas também específico, no que diz respeito à sobrecarga do impacto da prestação de cuidados, a sobrecarga a nível da relação interpessoal, as expectativas face aos cuidados prestados e a percepção de auto-eficácia. No sentido de se apurar dados específicos sobre a sobrecarga dos cuidadores, foi aplicada a Escala de Sobrecarga do Cuidador a treze Ajudantes de Lar do Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines durante os meses de Novembro e Dezembro de (vide anexo IX) A nível geral verificou-se que das treze Ajudantes de Lar participantes na investigação, onze apresentavam sobrecarga intensa e apenas duas demonstravam sofrer de sobrecarga ligeira. Gráfico nº14 - Sobrecarga dos cuidadores formais do Lar Anexo I 2 11 Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013 Sobrecarga ligeira Sobrecarga Intensa Os resultados da Escala de Sobrecarga dos Cuidadores oscilaram entre os 46 e 73 pontos, sendo que a cotação da escala varia entre os 0 e 100 pontos. 75

91 No que diz respeito aos níveis de sobrecarga intensa verifica-se que os valores obtidos encontraram-se entre os 62 e 73 pontos, dando-se destaque à participante E2 com o valor máximo de 73. Quanto à sobrecarga ligeira observam-se valores entre os 46 e 55, das participantes E7 e E5, respectivamente. O valor médio da sobrecarga das Ajudantes de Lar participantes na investigação foi de 65 pontos, o que corresponde a uma sobrecarga intensa. Gráfico nº15 - Total global da Sobrecarga de cada cuidador formal do Lar Anexo I E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13 Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013 No que concerne à dimensão do Impacto da Prestação de Cuidados da Escala de Sobrecarga do Cuidador, verifica-se que o valor mínimo observado foi de 18 pontos (E7) e o máximo é de 33 pontos (E9). É de referir que as cotações da escala do IPC oscilam entre os 0 e 45 valores. O valor médio dos resultados foi de 28 pontos. 76

92 Gráfico nº16 - Impacto de Prestações de Cuidados de cada cuidador formal do Lar Anexo I Níveis de IPC E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13 Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013 Relativamente ao impacto da sobrecarga nas Relações Interpessoais dos cuidadores verifica-se que os níveis ficaram entre os 7 e 12 valores quando a cotação máxima para a escala é de 25. O valor mais alto (12) verificou-se nas Participantes E3 e E4 e o mais baixo esteve novamente na Participante E7. O valor médio da dimensao da sobrecarga nas Relações interpessoais foi de 9 pontos. Gráfico nº 17 - Relação Interpessoal de cada cuidador formal do Lar Anexo I Níveis de RI E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13 Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS,

93 No que diz respeito à dimensão das Expectativas Face ao Cuidar a maioria dos participantes obteve o nível de sobrecarga no máximo (20). Apenas quatro Ajudantes de Lar (E1,E5,E7,E10) apresentaram valores entre os 15 e os 19 pontos. O valor médio da sobrecarga nas Expectativas Face ao Cuidar foi de 19 valores o que demonstra os elevados níveis de sobrecarga nesta dimensão. Gráfico nº 18- Expectativas ao cuidar de cada cuidador formal do Lar Anexo I Níveis de EC E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13 Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013 A tendência para os resultados próximos da cotação máxima também se observou aquando da avaliação da Auto-eficácia. Apenas três participantes não apresentaram o valor máximo. Os níveis mais baixos variaram entre os 6 e 9 pontos. As participantes com os dois valores mais baixos (6 e 8) coincidem com as Ajudantes de Lar que apresentaram níveis ligeiros de sobrecarga (E5 e E7). O valor médio dos resultados da dimensão foi de 9 pontos. 78

94 Gráfico nº 19- Percepção de auto eficácia de cada cuidador formal do Lar Anexo I Níveis de PA 6 E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13 Fonte: Escala de Sobrecarga do Cuidador, SCMS, 2013 Em suma, os resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador aplicada às treze Ajudantes de Lar do Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines permitem verificar que a grande maioria das mesmas apresenta sobrecarga intensa, com uma média de 65 pontos. É possível verificar ainda que, as dimensões das Expectativas Face ao Cuidar e Percepção da Auto-eficácia apresentam resultados muito próximos das cotações máximas com valores médios de 19 e 9 pontos, respectivamente. 79

95 Escala de Ansiedade, Depressão e Stress A Escala de Ansiedade, Depressão e Stress avalia, tal como o nome indica, os diferentes níveis de ansiedade, depressão e stress dos inquiridos. A escala foi aplicada às 13 Ajudantes de Lar participantes na investigação, com o objectivo de avaliar o desgaste psicológico das mesmas. A cotação de cada subescala (a Ansiedade, a Depressão e o Stress) varia entre os 0 e 21 valores. Quanto mais próximo do valor máximo, maiores os estados afectivos negativos. (vide anexo X) Em termos gerais, verifica-se que os níveis de stress são os mais elevados. Existe mesmo uma Ajudante de Lar (E11) que apresenta o nível máximo, de 21 valores. A Ajudante de Lar E7 apresenta os níveis mais reduzidos, tendo apenas dois valores na depressão e zero na ansiedade e stress. É de salientar que a participante E7 também apresentou os níveis mais baixos de sobrecarga. No entanto, não se pode dizer que há uma relação directa entre os resultados de ambas as escalas (ESC e EADS-21). A Ajudante de Lar E5, que também apresentava sobrecarga ligeira, tem resultados de 11 valores na ansiedade e 8 no stress. Estes valores estão acima dos resultados de outras participantes que apresentaram sobrecarga intensa. Gráfico nº 20 - Escala de Ansiedade Depressão e Stress dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11 E12 E13 Ansiedade Depressão Stress Fonte: Escala de Ansiedade, Depressão e Stress, SCMS,

96 No que diz respeito aos níveis de ansiedade das Ajudantes de Lar participantes verifica-se que os valores variam entre os 0 e 15, sendo que a cotação máxima seria de 21. A Ajudante de Lar E11 tem o valor mais elevado e a participante E7 o mais baixo. O valor médio dos níveis de ansiedade foi de 9 pontos. Existem quatro participantes com os níveis de ansiedade abaixo da média, dois com o valor médio e sete Ajudantes de Lar com um valor acima da média. Gráfico nº 21 - Níveis de Ansiedade dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I E1 E2 E3 E4 E5 Ansiedade E6 E7 E E9 E10 E11 E E13 Fonte: Escala de Ansiedade, Depressão e Stress, SCMS, 2013 No que diz respeito às cotações da subescala da depressão verifica-se que os valores são bastante mais reduzidos do que os da ansiedade e stress. O resultado mais baixo é de 2 e o mais elevado de 9, enquanto a cotação máxima da subescala é de 21. A média dos resultados apurados para a subescala da depressão foi de 5 valores. 81

97 O estado depressivo é bastante complexo para se avaliar apenas através de uma simples escala de sete itens, no entanto, analisando os resultados obtidos pode-se referir que existe uma reduzida tendência, de pelo menos sete participantes (cotações entre os 2 e 4), para os estados afectivos mais negativos no que respeita à depressão. Os restantes seis participantes apresentam valores acima da média (5). Gráfico nº 22 - Níveis de Depressão dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I E1 E2 E3 E4 E5 Depressão E6 E7 E8 E E10 E E12 E13 Fonte: Escala de Ansiedade, Depressão e Stress, SCMS, 2013 Os níveis de stress das Ajudantes de Lar participantes apresentam os valores mais elevados da EADS-21. Os resultados obtidos variam entre a cotação mínima (0) e máxima da escala (21). O valor médio do nível de stress foi de 10 valores. A Ajudante de Lar E7 apresenta a cotação mínima, tal como nos níveis de ansiedade, depressão e sobrecarga. A participante E11 revela o valor mais elevado no stress (21), na ansiedade (15) e ainda uma cotação próxima do valor mais alto ao nível da depressão (teve 8 e o máximo foi de 9). 82

98 É de salientar que a Ajudante de Lar E 11 apresentou uma sobrecarga intensa na cotação da Escala de Sobrecarga do Cuidador. Neste caso específico verifica-se que há uma tendência para relacionar os níveis de desgaste físico (ESC) com o psicológico (EADS-21). Gráfico nº 23 - Níveis de Stress dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I E1 E2 E3 E4 E5 E6 Stress 21 E7 E E9 E E11 E12 0 E13 Fonte: Escala de Ansiedade, Depressão e Stress,SCMS,

99 Entrevistas às Ajudantes de Lar da Santa Casa da Misericórdia de Sines (Lar Anexo I) Durante o mês de Março de 2014, as 13 Ajudantes do Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines foram entrevistadas no âmbito da investigação acerca da interferência do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes na qualidade dos cuidados prestados aos mesmos. (vide anexo XI) Após a caracterização inicial dos cuidadores, a nível sociodemográfico e profissional, as questões realizadas durante a entrevista tinham como principais objectivos: Caracterizar as percepções de saúde dos cuidadores; Verificar as causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais; Identificar as motivações profissionais dos cuidadores formais; Verificar as estratégias de coping dos cuidadores formais; Caracterizar as relações institucionais dos cuidadores formais; Caracterizar os cuidados prestados aos utentes; Identificar os entraves à qualidade dos cuidados aos utentes; Definir estratégias de intervenção nos cuidados aos utentes e entidades promotoras. Os resultados das entrevistas foram analisados, no sentido de se responder aos objectivos previamente definidos. Primeiramente foi realizada uma análise individual de cada entrevista, definindo a caracterização sociodemográfica e profissional do entrevistado, tal como os resultados obtidos nas Escalas (ESC e EADS-21) às quais responderam previamente. Posteriormente foi elaborada uma análise global dos resultados dos entrevistados permitindo verificar a maior ou menor incidência de respostas nas diversas dimensões analisadas. 84

100 Análise da entrevista de E1 Caracterização sociodemográfica e profissional Idade: 37 anos Estado civil: Solteira Escolaridade: 12º ano Categoria profissional: Trabalhadora de Serviços Gerais Tempo de serviço: 2 anos Formação profissional na área: Não Outras formações profissionais: Técnica de Apoio à Gestão Horários: Dois turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h) Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E1 ESC: Sobrecarga Intensa (69) EADS- 21: Ansiedade 12, Depressão 7, Stress 15 Caracterização do estado de saúde do cuidador formal de idosos dependentes (E1) No que diz respeito ao estado de saúde a nível físico e mental a entrevistada (E1) referiu cansaço físico. - Não está mau, está estável normal. Um bocadinho cansada mas pronto. 85

101 Questionada em relação à sobrecarga profissional disse não se sentir sobrecarregada mas sim cansada. - Sobrecarregada não. Cansada sim. Destaca-se que apesar da entrevistada dizer que não sente sobrecarga profissional, os resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador a que respondeu demonstraram que tem uma Sobrecarga Intensa. A entrevistada concordou com o facto da sobrecarga profissional afectar a saúde, referindo que afecta não só a sua saúde mas a de todos os profissionais. - Afecta. A minha e a de toda a gente. No que concerne à existência de baixa médica por motivos profissionais ou extra profissionais, a entrevistada referiu que no último ano não se encontrou de baixa médica. Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E1) Relativamente às causas de desgaste físico do cuidador, a entrevistada referiu a ausência de técnicas de trabalho. A maneira como cuidamos, a maneira como levantamos as pessoas não é a mais correcta, tenho noção disso. Quanto às causas de desgaste psicológico destaca as dificuldades de comunicação com os utentes. Pedirem as coisas muitas, muitas vezes. Desmentirem tudo. A gente faz e elas dizem que a gente não faz. No que concerne às dificuldades do dia-a-dia a entrevistada refere a falta de pessoal como a maior dificuldade. Sinto falta de uma ajuda em certas alturas ( ). Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E1) No que diz respeito aos motivos pelos quais escolheu a profissão de Ajudante de Lar, a entrevistada referiu o gosto pela profissão e a necessidade económica. - Porque gosto muito do que faço e também porque preciso. 86

102 Quanto aos factores positivos da profissão destacou a aprendizagem, a amizade e a sustentabilidade financeira. - Muita coisa, as pessoas que a gente conhece, as amizades, o que se aprende. Para além das minhas condições tenho de trabalhar e me sustentar. Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E1) No que concerne às estratégias que utiliza para que a sobrecarga não afecte a qualidade dos cuidados que presta, a entrevistada referiu que a sua estratégia passa por manter a calma. Tento ter mais calma ( ) Quanto às sugestões que apresenta para a diminuição do desgaste físico e psicológico dos cuidadores, a entrevistada sugeriu que as Ajudantes de Lar fizessem uma melhor gestão do tempo no período de trabalho. Tentar usar o tempo da melhor forma. Porque a gente não divide o tempo da melhor maneira. ( ) Relações institucionais dos cuidadores formais (E1) A entrevistada é unânime nas respostas quanto às relações com as chefias, colegas de trabalho, familiares dos utentes e utentes cuidados. Aquando da entrevista, a participante diz ter um bom relacionamento com todos.- Boa, não tenho razões. Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E1) Quando lhe foi pedido que descrevesse o seu dia-a-dia profissional, a entrevistada referiu as actividades relacionadas com a higiene dos utentes e a alimentação, que realiza no quotidiano. No que diz respeito à qualidade dos cuidados prestados, a entrevistada referiu que existem cuidados a melhorar. Podiam ser melhores. 87

103 Relativamente às melhorias nos cuidados prestados, a entrevistada refere que devia ser dada maior atenção aos utentes. - Se tivesse uma ajuda naquelas horas mais apertadas, a atenção era outra para os utentes.. Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E1) Relativamente aos factores que afectam a qualidade dos cuidados prestados, a entrevistada destaca os factores intrínsecos dos cuidadores.- Falta de paciência, muita coisa vinda de fora. No que diz respeito à interferência do desgaste dos cuidadores nos cuidados aos utentes, a entrevistada considera que existe interferência, destacando a dificuldade de se separar o nível pessoal do profissional.- A gente trazendo as coisas de fora, chega aqui, não trata as pessoas da mesma maneira, não é. É verdade. Se a gente vier com a cabeça cheia, alguém diz alguma coisa a gente não é. Às vezes não é muito fácil separar uma coisa da outra nunca é muito fácil separar uma coisa da outra. Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos (E1) No que concerne às melhorias nos cuidados aos utentes, a entrevistada destaca a necessidade de se promoverem mais actividades sócio culturais. Se calhar mais algumas actividades porque há gente que anda e não sai daqui nunca. Quanto às pessoas ou entidades que devem estar inseridos nas melhorias dos cuidados prestados aos utentes, a entrevistada referiu a importância da família e de toda a sociedade. Toda a gente. A família, as pessoas da instituição. Sei lá, as pessoas que conhecem os utentes, que deviam visitá-los mais vezes. 88

104 Análise da entrevista de E2 Caracterização sociodemográfica e profissional Idade: 53 anos Estado civil: Casada Escolaridade: 9º ano Categoria profissional: Trabalhadora de Serviços Gerais Tempo de serviço: 2 anos Formação profissional na área: Não Outras formações profissionais: Primeiros socorros em geriatria Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00h às 08 h) Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E2 ESC: Sobrecarga Intensa (73) EADS- 21: Ansiedade 1, Depressão 2, Stress 8 Caracterização do estado de saúde do cuidador formal de idosos dependentes (E2) No que diz respeito ao estado de saúde a nível físico e mental a entrevistada (E2) não referiu problemas de saúde. - Agora muito bem graças a Deus e mental. muito bem 89

105 Questionada em relação à sobrecarga profissional disse sentir muita sobrecarga, o que se coaduna com os resultados obtidos na ESC onde apresentou os resultados mais elevados. A entrevistada concordou com o facto da sobrecarga profissional afectar a saúde, referindo que se sente mais cansada e com alguns problemas físicos.- Faz cansaço, a pessoa chega assim a uma certa hora está mesmo caidinha de cansaço, não é. Mais os rins! Também ataca mais a coluna e os rins. No que diz respeito à existência de baixa médica, a entrevistada referiu ter estado de baixa médica mas não por problemas de saúde profissional.- Não teve a ver com o trabalho mas sim com uma doença minha. Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E2) Relativamente às causas de desgaste físico do cuidador, a entrevistada referiu o esforço físico nas actividades quotidianas com os utentes. Quanto às causas de desgaste psicológico a entrevistada não refere quaisquer causas de desgaste.- Eu sinceramente, desgaste psicológico não tenho. No que concerne às dificuldades do dia-a-dia, a entrevistada refere a falta de pessoal e falta de espaço dos quartos como as maiores dificuldades. É a falta de pessoal. Os quartos são muito pequenos para a gente lidar com as cadeiras de rodas. Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E2) No que diz respeito aos motivos pelos quais escolheu a profissão de Ajudante de Lar, a entrevistada referiu o gosto pela profissão. Comecei na limpeza e não me sentia realizada porque eu gostava mesmo era de estar em contacto com os idosos e houve uma oportunidade. 90

106 Quanto aos factores positivos da profissão, a entrevistada referiu o gosto pelo trabalho e convivência com os utentes. É estar com eles e saber que faço bem o meu trabalho porque é para eles que eu o faço. Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E2) No que concerne às estratégias que utiliza para que a sobrecarga não afecte a qualidade dos cuidados que presta, a entrevistada referiu o convívio com os utentes.- Falar com eles, canto. Aquilo que eles me dizem acaba por ser uma estratégia. Quanto às sugestões que apresenta para a diminuição do desgaste físico e psicológico dos cuidadores, a entrevistada sugeriu que fosse colocado mais pessoal a trabalhar. Relações institucionais dos cuidadores formais (E2) No que diz respeito às relações com as chefias e familiares dos utentes a entrevistada refere ter uma relação muito boa. Na relação com as colegas não apresenta conflito, dizendo que tem uma boa relação. Quanto à relação com os utentes demonstra manter uma relação familiar. Como se fosse uma avó, uma mãe, um pai. Para mim os utentes são como se fossem familiares. Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E2) Quando lhe foi pedido que descrevesse o seu dia-a-dia profissional, a entrevistada destacou os cuidados que tem a nível do vestuário.- Gosto de escolher a roupa, não gosto de pôr uma camisola aos quadrados e um caso aos quadrados. 91

107 No que diz respeito à qualidade dos cuidados prestados, a entrevistada refere que os cuidados deviam melhorar, pois nem todas as colegas prestam bons cuidados. Relativamente às melhorias nos cuidados prestados, a entrevistada refere que se deveria melhorar os cuidados de higiene e vestuário. - O que poderia melhorar mais é a questão do vestuário, higiene. Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E2) Relativamente aos factores que afectam a qualidade dos cuidados prestados, a entrevistada destaca a pouca atenção dada aos utentes.- As pessoas não dão toda a atenção que devem de dar. No que diz respeito à interferência do desgaste dos cuidadores nos cuidados aos utentes, a entrevistada considera que no seu caso não existe essa interferência. Posso não vir muito bem e posso não estar bem comigo própria, mas eles não têm culpa. Eu sou a mesma para eles. Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos (E2) No que concerne às melhorias nos cuidados aos utentes, a entrevistada destaca a necessidade de existir mais pessoal ao serviço. Quanto às pessoas ou entidades que devem estar inseridos nas melhorias dos cuidados prestados aos utentes, a entrevistada referiu que devem ser todas as pessoas, a sociedade em geral Análise da entrevista de E3 Idade: 59 anos Estado civil: Casada Caracterização sociodemográfica e profissional 92

108 Escolaridade: 4º ano Categoria profissional: Ajudante de Lar Tempo de serviço: 13 anos Formação profissional na área: Sim Outras formações profissionais: Primeiros socorros e Higiene e Segurança no Trabalho Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00h às 08 h) Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E3 ESC: Sobrecarga Intensa (69) EADS- 21: Ansiedade 9, Depressão 7, Stress 12 Caracterização do estado de saúde do cuidador formal de idosos dependentes (E3) No que diz respeito ao estado de saúde a nível físico e mental a entrevistada referiu cansaço físico. um bocado cansada, afinal já são muitos anos disto. Questionada em relação à sobrecarga disse sentir que as Ajudantes de Lar são bastante sobrecarregadas. Os resultados da sua Escala de Sobrecarga evidenciaram uma Sobrecarga Intensa. A entrevistada concordou com o facto da sobrecarga profissional afectar a sua saúde. 93

109 No que concerne à existência de baixa médica por motivos profissionais ou extra profissionais, a entrevistada referiu que no último ano não se encontrou de baixa médica. Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E3) Relativamente às causas de desgaste físico do cuidador, a entrevistada destaca o esforço físico nas actividades quotidianas com os utentes. Quanto às causas de desgaste psicológico refere o trabalho por turnos.- É trabalhar por turnos. As noites dão-me cabo da cabeça. No que concerne às dificuldades do dia-a-dia a entrevistada refere a falta de espaço dos quartos, falta de pessoal e o trabalho à noite. Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E3) No que diz respeito aos motivos pelos quais escolheu a profissão de Ajudante de Lar, a entrevistada referiu o gosto pela profissão. Quanto aos factores positivos da profissão destacou o convívio com os utentes. Brinco muito com eles, de que eles gostam. Isso é muito bom. Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E3) No que concerne às estratégias que utiliza para que a sobrecarga não afecte a qualidade dos cuidados que presta, a entrevistada referiu que a sua estratégia passa por manter a calma e conviver com os utentes. Quanto às sugestões que apresenta para a diminuição do desgaste físico e psicológico dos cuidadores, a entrevistada refere a necessidade de 94

110 colocar mais pessoal. - As sugestões para haver menos desgaste era sermos mais trabalhadoras. Relações institucionais dos cuidadores formais (E3) A entrevistada refere que as relações com as chefias e utentes são muito boas, tal como a relação com os familiares dos utentes. Já a relação com as colegas de trabalho aparenta ser uma relação algo conflituosa. - Há muitas intrigas, diz que disse, coisas de mulheres. Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E3) Quando lhe foi pedido que descrevesse o seu dia-a-dia profissional, a entrevistada referiu as actividades relacionadas com a higiene dos utentes e a alimentação, que realiza no quotidiano. No que diz respeito à qualidade dos cuidados prestados, a entrevistada referiu que os cuidados são bons. Relativamente às melhorias nos cuidados prestados, a entrevistada diz que devia ser dada maior atenção aos utentes. - Melhorar era ter mais tempo para mais atenção. Fazer outras coisas que nem sempre podemos realizar diariamente. Falar com eles, passear, ouvi-los. Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E3) Relativamente aos factores que afectam a qualidade dos cuidados prestados, a entrevistada destaca a falta de pessoal e inexistência de condições ao nível das infra-estruturas. No que diz respeito à interferência do desgaste dos cuidadores nos cuidados aos utentes, a entrevistada considera que existe interferência, destacando a falta de paciência. 95

111 Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos (E3) No que concerne às melhorias nos cuidados aos utentes, a entrevistada destaca a necessidade de se melhorar as higienes dos utentes. Quanto às pessoas ou entidades que devem estar inseridos nas melhorias dos cuidados prestados aos utentes, a entrevistada referiu a importância da família, da instituição e toda a sociedade. Acho que devemos ser todos nós, não é? A instituição, a família, as pessoas que gostam deles Análise da entrevista de E4 Caracterização sociodemográfica e profissional Idade: 47 anos Estado civil: Casada Escolaridade: 6º ano Categoria profissional: Ajudante de Lar Tempo de serviço: 11 anos Formação profissional na área: Sim Outras formações profissionais: Jardinagem, cédula marítima, vendedora de peixe Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00h às 08 h) 96

112 Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E4 ESC: Sobrecarga Intensa (69) EADS- 21: Ansiedade 12, Depressão 7, Stress 12 Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E4) No que diz respeito à caracterização do estado de saúde a nível físico e mental, a entrevistada refere algum cansaço físico. Quanto à sobrecarga profissional, a entrevistada considera que esta é bastante. Este facto é confirmado pelos resultados que apresentou na ESC, onde obteve Sobrecarga Intensa. Relativamente à interferência da sobrecarga na sua saúde, a entrevistada disse que é afectada pela sobrecarga, principalmente, ao nível da saúde física. Afecta um bocadinho... na parte da coluna e dos ossos. Quanto a ter estado de baixa médica no último ano, a entrevistada confirmou que esteve de baixa médica mas por motivos extra profissionais. Causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E4) A nível das causas do desgaste físico dos cuidadores, a entrevistada destaca os esforços físicos a que são sujeitas no dia-a-dia de trabalho. Quanto ao desgaste psicológico refere que o trabalho por turnos é bastante desgastante. Eu para mim acho que é os turnos. Trabalhar por turnos acho que faz muito mal à cabeça. As principais dificuldades do dia-a-dia são a falta de espaço dos quartos e a falta de pessoal. 97

113 Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E4) No que diz respeito aos motivos que a levaram a escolher a profissão, a entrevistada referiu o gosto pela área em que exerce funções. Relativamente aos factores positivos da profissão, a entrevistada destaca o gosto pelo trabalho e convivência com os utentes. Eu acho que é estar em contacto com eles. Gostar de falar com eles. Gosto de dizer as minhas brincadeiras com eles. Gosto daquilo que faço. Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E4) A estratégia utilizada pela entrevistada para que o desgaste não afecte a qualidade dos cuidados prestados é realizar uma caminhada após o trabalho. Olha é assim quando vou daqui, vou fazer uma caminhadazinha ( ) Vou daqui, vou à minha caminhadazinha, tomo o meu banho, deito-me cedo e estou pronta para outro dia. As sugestões para a diminuição do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes passam por colocar mais pessoal. Relações institucionais dos cuidadores formais (E4) A entrevistada apresenta uma boa relação com todos, à excepção das colegas de trabalho onde se denotam alguns conflitos. - Claro que tenho de trabalhar com todas mas não gosto de todas. ( ) Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E4) Aquando da descrição das actividades do dia-a-dia a entrevistada deu relevância às questões da higiene. A entrevistada refere que presta bons cuidados mas que há coisas a melhorar, nomeadamente em relação às condições físicas e humanas.- Nós 98

114 não temos condições. Eu acho que é isso. Se a gente tivesse condições e pessoal havia outra maneira de trabalhar. Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E4) A entrevistada destaca a falta de condições como o factor potenciador do decréscimo da qualidade dos cuidados prestados. No que diz respeito à interferência do desgaste dos cuidadores nos cuidados prestados aos utentes, a entrevistada considera que não existe qualquer interferência.- Não. Consigo ultrapassar bem isso. Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos (E4) A nível das melhorias dos cuidados prestados, a entrevistada destaca as melhorias nas condições de higiene e a promoção de mais actividades sócio culturais. Quanto às entidades promotoras de intervenções junto dos utentes, a entrevistada refere que devem ser os mesmos, a equipa de trabalho, a família e os voluntários Análise da entrevista de E5 Caracterização sociodemográfica e profissional Idade: 46 anos Estado civil: Casada Escolaridade: 6º ano Categoria profissional: Ajudante de Lar Tempo de serviço: 12 anos Formação profissional na área: Sim 99

115 Outras formações profissionais: Primeiros socorros Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00h às 08 h) Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E5 ESC: Sobrecarga Ligeira (55) EADS- 21: Ansiedade 11, Depressão 2, Stress 8 Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E5) Relativamente ao estado de saúde físico a entrevistada queixa-se de problemas de coluna. Já no que diz respeito à saúde a nível mental refere situações de desgaste psicológico.- Estar sempre a ouvir as pessoas com aquela coisa assim afecta-me muito a cabeça.. Quanto à existência de sobrecarga profissional a entrevistada refere que considera a profissão com bastante sobrecarga. Os seus resultados ao nível da Escala de Sobrecarga do Cuidador demonstram que sofre de Sobrecarga Ligeira. No que concerne à interferência da sobrecarga no estado de saúde, e entrevistada considera que a sobrecarga afecta a sua saúde. No último ano esteve de baixa médica mas não foi por motivos profissionais. Causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E5) Relativamente às causas de desgaste físico e psicológico, a entrevistada refere o esforço físico e as pessoas com demência, como as principais causas. 100

116 As dificuldades do dia-a-dia estão associadas à falta de espaço dos quartos e condições para trabalhar. Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E5) O motivo que levou a entrevistada a escolher a profissão de Ajudante de Lar foi o gosto pela profissão. Destacando como factores positivos, o trabalho realizado com os utentes. Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E5) A estratégia que a entrevistada utiliza para que o seu desgaste não afecte a qualidade dos cuidados que presta é tentar esquecer os seus problemas. Como sugestão para diminuir o desgaste, a entrevistada refere que devia ser colocado mais pessoal. Relações institucionais dos cuidadores formais (E5) Quanto às relações que mantem dentro da instituição, a entrevistada refere que tem uma boa relação com as chefias e os familiares dos utentes. No que diz respeito à relação com a colegas de trabalho denotam-se alguns conflitos, afirmando que gosta mais de umas do que de outras. Em relação aos utentes, a entrevistada apresenta uma relação diferenciada com os mesmos, ou seja, demonstra boas e más relações consoantes os utentes. A gente gosta mais de uns do que outros. Uns são mais meiguinhos, outros mais agressivos. 101

117 Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E5) No que diz respeito à descrição que a entrevistada faz do seu dia-a-dia profissional verifica-se que a mesma valoriza os aspectos do quotidiano, como a higiene e alimentação. Considera que os cuidados prestados são razoáveis. Demonstra uma necessidade de melhorar em alguns aspectos, tais como as condições de adaptabilidade. Ter aquelas banheiras que se podem levar para os quartos. Entraves à qualidade dos cuidados prestados aos utentes (E5) No que concerne aos factores que afectam a qualidade dos cuidados prestados, a entrevistada destaca a falta de condições e de pessoal. Questionada em relação à interferência do desgaste dos cuidadores nos cuidados aos utentes, a entrevistada refere que no seu caso não há qualquer interferência. Possíveis intervenções dos cuidadores formais de idosos dependentes (E5) No que diz respeito às melhorias nos cuidados aos utentes, a entrevistada destaca o poder dar mais atenção, caso existisse mais pessoal e tempo. Quanto às pessoas envolvidas nas intervenções com os utentes, a entrevistada refere que deve ser a equipa de trabalho. 102

118 Análise da entrevista de E6 Caracterização sociodemográfica e profissional Idade: 25 anos Estado civil: União de facto Escolaridade: 12º ano Categoria profissional: Trabalhadora de Serviços Gerais Tempo de serviço: 1 ano Formação profissional na área: Não Outras formações profissionais: Técnica de informática Horários: Dois turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h) Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E6 ESC: Sobrecarga Intensa (69) EADS- 21: Ansiedade 12, Depressão 4, Stress 12 Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E6) No que diz respeito ao estado de saúde a nível físico e mental, a entrevistada refere sofrer de cansaço físico. Considera que o seu trabalho é sobrecarregado, facto que se confirma nos resultados da ESC onde apresenta Sobrecarga Intensa. Relativamente à interferência do desgaste na sua saúde diz concordar com o facto de o trabalho afectar a sua saúde. 103

119 No último ano não esteve de baixa médica. Causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E6) A entrevistada destaca como principais causas do desgaste físico, a falta de pessoal e o esforço físico realizado. É tratar das pessoas pesadas, lavá-las, sermos poucas a trabalhar. No que diz respeito ao desgaste psicológico refere as demências e os problemas dos utentes, como as principais causas. As principais dificuldades do dia-a-dia profissional são lidar com os problemas dos utentes. Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E6) A entrevistada referiu a necessidade de emprego como motivo da escolha da profissão, no entanto refere que também gosta daquilo que faz. Os factores positivos da profissão são trabalhar com os utentes, gostar do que faz e do convívio com os mesmos. Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E6) As estratégias utilizadas pela entrevistada para que o desgaste não afecte a qualidade dos cuidados que presta são gostar de trabalhar com os utentes e trabalhar em equipa. As sugestões para a diminuição do desgaste físico e psicológico passam por colocar mais pessoal e trabalhar em equipa. As sugestões são trabalharmos em equipa, sermos mais pessoas. 104

120 Relações institucionais dos cuidadores formais (E6) A entrevistada refere que tem uma boa relação com as chefias e colegas de trabalho. Quanto à relação com os utentes e familiares dos mesmos, classifica-a como muito boa. Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E6) A entrevistada destaca as actividades do quotidiano (lavar, vestir, alimentar) no seu dia-a-dia profissional, referindo que considera prestar bons cuidados. Aquilo que gostava de melhorar nos cuidados que presta passa por poder dar mais atenção. Era dar mais atenção, falar mais, ter mais tempo. Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E6) A entrevistada refere a falta de pessoal e condições como os principais factores que afectam a qualidade dos cuidados aos utentes. Quanto à interferência do desgaste nos cuidados prestados, a mesma considera que o desgaste afecta a força, destreza e paciência. Possíveis intervenções dos cuidadores formais de idosos dependentes (E6) No que diz respeito à melhoria nos cuidados aos utentes, a entrevistada refere que deviam existir melhores condições e que as Ajudantes de Lar deveriam dar mais atenção aos utentes. Devíamos ter mais condições falar mais com eles. Ser diferente ( ) Quanto às pessoas inseridas nas intervenções com os utentes destaca a família e a equipa de trabalho, como interventores fulcrais. 105

121 Análise da entrevista de E7 Caracterização sociodemográfica e profissional Idade: 49 anos Estado civil: Divorciada Escolaridade: 9º ano Categoria profissional: Trabalhadora de Serviços Gerais Tempo de serviço: 4 anos Formação profissional na área: Sim Outras formações profissionais: Primeiros socorros Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h) Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E7 ESC: Sobrecarga Ligeira (46) EADS- 21: Ansiedade 0, Depressão 2, Stress 0 Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E7) A entrevistada refere problemas de saúde física a nível das pernas. Acha sobrecarregada a nível profissional, afectando a sua saúde.- Este problema das pernas tem muito a ver com o trabalho. No último ano não esteve de baixa médica. 106

122 Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E7) O esforço físico e as demências dos utentes são apresentados como as principais causas de desgaste físico e psicológico, respectivamente. As dificuldades do dia-a-dia estão relacionadas com a falta de pessoal e o pouco tempo para dar atenção aos utentes. Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E7) A entrevistada refere que sempre gostou da profissão de Ajudante de Lar, motivo que a levou a escolher este caminho. O convívio com os utentes é o factor que destaca como mais positivo. Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E7) A estratégia que a entrevistada utiliza para que o desgaste não interfira nos cuidados que presta é manter a calma. Acho que é uma pessoa manter a calma. Como sugestão para a diminuição do desgaste dos cuidadores apresenta a colocação de mais pessoal. Relações institucionais dos cuidadores formais (E7) A entrevistada refere que tem uma boa relação com os utentes, chefes e colegas de trabalho. No que diz respeito aos familiares dos utentes refere que a relação é exigente, uma vez que, os mesmos são poucos compreensíveis e exigem mais do que as Ajudantes de Lar conseguem dar. 107

123 Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E7) A entrevistada refere o dia-a-dia profissional revelando o conhecimento das actividades quotidianas realizadas. Considera que presta bons cuidados mas questionada acerca das melhorias diz que se poderia dar mais atenção. Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E7) Os factores que considera afectarem a qualidade dos cuidados é a falta de tempo que não permite dar a atenção e prestar os cuidados necessários. A entrevistada considera que o seu desgaste não interfere na qualidade dos cuidados que presta. Consigo ultrapassar bem isso. Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E7) Quando questionada em relação às melhorias nos cuidados aos utentes, a entrevistada refere que se deviam melhorar as condições de trabalho e ter mais pessoal. Quanto às entidades que devem estar envolvidas nas intervenções com vista às melhorias dos cuidados, a entrevistada refere a equipa técnica e de trabalho, os voluntários e diz que a família por vezes perturba as intervenções. Os psicólogos os voluntários, as pessoas que trabalham aqui. A família por vezes complica a situação Análise da entrevista de E8 Caracterização sociodemográfica e profissional Idade: 43 anos Estado civil: Casada 108

124 Escolaridade: 6º ano Categoria profissional: Ajudante de Lar Tempo de serviço: 4 anos Formação profissional na área: Não Outras formações profissionais: Auxiliar de Acção Médica Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h) Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E8 ESC: Sobrecarga Intensa (62) EADS- 21: Ansiedade 6, Depressão 2, Stress 5 Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E8) A entrevistada refere que sofre de problemas de saúde ao nível da coluna. A coluna está uma desgraça. Considera que o seu trabalho é sobrecarregado e que influencia o seu estado de saúde. Os resultados da ESC demonstram que a entrevistada sofre de Sobrecarga Intensa. No último ano não esteve de baixa médica. 109

125 Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E8) Questionada relativamente às causas de desgaste físico dos cuidadores, a entrevistada refere o esforço físico realizado diariamente como a principal causa. No que diz respeito ao desgaste psicológico, a entrevistada refere que quando não existe motivação para o trabalho com idosos é que há desgaste psicológico. Caso contrário esse desgaste não existe. Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E8) A entrevistada refere que não escolheu ser Ajudante de Lar, foi a necessidade financeira e o desemprego que a levaram a tal. Eu não escolhi. Na altura precisava de trabalhar e vim aqui parar. Os factores mais positivos da profissão são o convívio com os utentes. Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E8) A entrevistada refere que a sua estratégia, para que o desgaste não afecte a qualidade dos cuidados que presta, é manter a calma. Como sugestão para diminuir o desgaste dos cuidadores considera pertinente colocar mais pessoal. Relações Institucionais dos cuidadores formais (E8) A entrevistada demonstra ter uma boa relação com os utentes, as chefias e colegas de trabalho. Com os familiares dos utentes tem uma relação cordial e profissional.- Aqueles que falam, que são poucos, às vezes entram aí e não conhecem ninguém 110

126 Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E8) No que diz respeito à descrição do dia-a-dia profissional, a entrevistada refere-se às actividades quotidianas de forma rotineira e quase mecanizada. Considera que presta bons cuidados mas que se poderia dar mais atenção caso houvesse mais pessoal- Se fossem mais podia dar mais atenção aos utentes. Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E8) No que diz respeito aos factores que afectam a qualidade dos cuidados prestados, a entrevistada destaca a falta de tempo e de pessoal. Diz que não sente que o seu desgaste interfira nos cuidados que presta. Uhm não sinto isso. Possíveis Intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E8) Relativamente às melhorias a fazer nos cuidados prestados, a entrevistada diz que se deveria colocar mais pessoal para se poder dar mais atenção. Quanto às pessoas incluídas nas intervenções e melhorias a fazer nos cuidados aos utentes, considera que deve ser toda a equipa da Instituição Análise da entrevista de E9 Caracterização sociodemográfica e profissional Idade: 47 anos Estado civil: Casada Escolaridade: 9º ano 111

127 Categoria profissional: Ajudante de Lar Tempo de serviço: 8 anos Formação profissional na área: Sim Outras formações profissionais: Primeiros socorros Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h) Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E9 ESC: Sobrecarga Intensa (70) EADS- 21: Ansiedade 2, Depressão 3, Stress 8 Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E9) No que diz respeito ao estado de saúde física e mental a entrevistada refere cansaço físico e desgaste psicológico. No que concerne à sobrecarga de trabalho a entrevistada diz que se considera sobrecarregada e que essa sobrecarga afecta a sua saúde. É de referir que a entrevistada obteve a pontuação de 70 valores na ESC, o que significa uma Sobrecarga Intensa. Relativamente à baixa médica, a entrevistada referiu que não esteve de baixa médica no último ano. 112

128 Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E9) No que diz respeito às causas de desgaste físico dos cuidadores, a entrevistada destacou a falta de pessoal, de espaço dos quartos e o esforço físico. Relativamente às causas de desgaste psicológico, a entrevistada refere como principal causa, a falta de descanso do cuidador. - Acho que falta de descanso é uma das causas porque a gente também as nossas férias andam muito atrasadas e acho que isso também vai prejudicar o nosso desgaste emocional. As principais dificuldades destacadas são o esforço físico, a falta de pessoal e espaço para se poder trabalhar em equipa. Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E9) Quando questionada dos motivos que a levaram a escolher a profissão de cuidadora, a entrevistada referiu que não escolheu mas que estava numa situação de desemprego que a levou a ingressar na área. No entanto, destaca aspectos positivos da profissão, como os cuidados prestados aos idosos que, de acordo com a mesma, necessitam de quem cuide de si. Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E9) A entrevistada aponta como estratégia para que o desgaste não interfira na qualidade dos cuidados que presta, a sua boa-disposição. Como sugestões para a diminuição do desgaste dos cuidadores considera que deveriam ser feitas alterações nas infra-estruturas de modo a proporcionar o trabalho em equipa. 113

129 Relações institucionais dos cuidadores formais (E9) A entrevistada refere que tem uma boa relação com as chefias e os utentes. Refere alguns problemas com as relações entre colegas de trabalho e diz ter uma boa relação com os familiares dos utentes, que se denota algo cordial e profissional. A gente não tem grande afinidade às vezes entram aí e nem dizem nada. Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E9) Questionada em relação aos cuidados que presta, a entrevistada diz que poderiam ser melhores, nomeadamente a nível da higiene- Eu acho que uma pessoa tomar banho uma vez na semana é pouco. Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E9) No que diz respeito aos factores que afectam a qualidade dos cuidados, a entrevistada destaca como principal factor a falta de condições. Quanto à interferência do desgaste dos cuidadores nos cuidados aos utentes, a entrevista diz que tenta que o seu estado de espírito não afecte os cuidados que presta aos utentes. Quando entro para cá tento não transmitir o meu estado de espírito. Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E9) Questionada acerca das melhorias nos cuidados aos utentes, a entrevistada refere que deveriam ser implementados outros cuidados de saúde. No que diz respeito às entidades inseridas nos projectos de intervenção com os utentes destaca a importância da autarquia local. 114

130 Análise da entrevista de E10 Caracterização sociodemográfica e profissional Idade: 65 anos Estado civil: Viúva Escolaridade: 4º ano Categoria profissional: Ajudante de Lar Tempo de serviço: 28 anos Formação profissional na área: Sim Outras formações profissionais: Primeiros socorros Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h) Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E10 ESC: Sobrecarga Intensa (71) EADS- 21: Ansiedade 11, Depressão 3, Stress 13 Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E10) A entrevistada destaca como principais problemas de saúde, a falta de força numa perna e o sistema nervoso alterado. Considera que o seu trabalho tem muita sobrecarga, principalmente para sua idade. Apresentou sobrecarga intensa nos resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador. 115

131 Acha que o seu problema na perna é afectado pela sobrecarga de trabalho, sendo por isso que considera que a sobrecarga interfere na sua saúde. No último ano esteve de baixa médica devido ao problema da perna. Causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E10) A entrevistada destaca a falta de pessoal como o principal factor para o seu desgaste físico. Quanto ao desgaste psicológico considera ser afectado pelo trabalho por turnos. Eu por mim por enquanto é mais a noites. Trabalhar de noite. Questionada acerca das dificuldades do dia-a-dia diz não apresentar quaisquer dificuldades. Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E10) A entrevistada refere que não escolheu esta profissão, viu-se obrigada por vicissitudes da vida, a ingressar nesta área. No entanto refere que gosta muito de trabalhar com idosos. Eu adoro a minha profissão porque gosto de trabalhar com pessoas. Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E10) No que diz respeito às estratégias que utiliza para que o desgaste não afecte a qualidade dos cuidados que presta, a entrevistada refere que tenta esquecer os problemas. Considera que se colocassem mais uma pessoa haveria uma diminuição do desgaste dos cuidadores. 116

132 Relações Institucionais dos cuidadores formais (E10) A entrevistada refere que tem uma boa relação com as chefias, as colegas de trabalho e os familiares dos utentes. Quanto à relação com os utentes verifica-se que a mesma tem uma relação quase indiferente. - A minha relação é os possíveis para me dar bem com eles porque somos obrigados a nos dar bem. Obrigados não devemos fazer o nosso dever. Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E10) A entrevistada diz prestar uns bons cuidados aos utentes sendo que poderia melhorar no tempo disponibilizado aos mesmos. - Melhorar era haver um bocadinho mais de tempo. Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E10) Os factores que considera afectarem a qualidade dos cuidados é a falta de material e condições, juntamente com a falta de tempo. A entrevistada refere que o desgaste na interfere nos cuidados que presta aos utentes. Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E10) Relativamente às melhorias nos cuidados, a entrevistada refere que deviam existir melhores condições e infra-estruturas. Quanto aos responsáveis pelas intervenções e melhorias nos cuidados aos utentes, de acordo com a mesma deveria ser a provedoria e as chefias da Instituição. 117

133 Análise da entrevista de E11 Caracterização sociodemográfica e profissional Idade: 59 anos Estado civil: Casada Escolaridade: 4º ano Categoria profissional: Ajudante de Lar Tempo de serviço: 25 anos Formação profissional na área: Sim Outras formações profissionais: Primeiros socorros Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h) Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E11 ESC: Sobrecarga Intensa (67) EADS- 21: Ansiedade 15, Depressão 8, Stress 21 Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E11) Questionada em relação ao seu estado de saúde, a entrevistada referiu que se sente mal fisicamente mas bem psicologicamente. É de realçar que a nível da Escala de Sobrecarga apresentou Sobrecarga Intensa. Ao nível da 118

134 Escala de Ansiedade, Depressão e Stress teve os valores mais altos a nível do stress, a cotação máxima de 21. Considera que o seu trabalho tem bastante sobrecarga a nível do esforço físico e que essa sobrecarga afecta a sua saúde. No último ano esteve de baixa médica devido a questões relacionadas com a profissão. Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E11) Relativamente às causas do desgaste físico, a entrevistada destaca a falta de pessoal. As causas de desgaste psicológico são o trabalho por turnos, trabalhar à noite. As principais dificuldades do dia-a-dia estão relacionadas com o esforço físico para a realização da higiene diária dos utentes mais pesados.- É como eu já disse com o levantar, a nível da coluna o levantar, o baixar a coluna. As forças, as forças que a gente tem de fazer ao deitar a pessoa ou a levantar a pessoa ( ). Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E11) No que diz respeito aos motivos que levaram a escolher a profissão, a entrevistada diz que sempre gostou e que mesmo tendo outras oportunidades, nunca ponderou mudar. Quando foi questionada acerca dos factores positivos da sua profissão, a entrevistada referiu que não se encontra verdadeiramente realizada, uma vez que, gostaria de trabalhar com idosos mas em regime de voluntariado. Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E11) Questionada acerca das estratégias que utiliza para que o desgaste não interfira na qualidade dos cuidados que presta, a entrevistada disse que tenta trabalhar em equipa para colmatar as suas lacunas. 119

135 Sugere que deveria ser colocado mais pessoal para facilitar a diminuição do desgaste dos cuidadores. Relações Institucionais dos cuidadores formais (E11) A entrevistada refere que tem uma boa relação com os utentes, os familiares dos mesmos e as colegas de trabalho. Segundo a entrevistada, a relação com as chefias é inexistente. Eu não tenho relação nenhuma com chefias, única pessoa que conheço das chefias é a Encarregada mais nada. ( ) Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E11) A entrevistada descreveu o seu dia-a-dia profissional demonstrando conhecer bem as actividades quotidianas. Considera que os cuidados poderiam melhorar, nomeadamente a nível da higiene. A nível dos banhos deviam ser dados mais vezes a nível da higiene, nas unhas, no cabelo, em tudo. Entraves à qualidade dos cuidados prestados aos utentes (E11) Questionada acerca dos factores que afectam a qualidade dos cuidados aos utentes, a entrevistada referiu a falta de pessoal e de tempo. Quanto à interferência do seu desgaste nos cuidados que presta, a entrevistada diz que faz de tudo para que os utentes não percebam as suas dificuldades físicas. Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E11) A entrevistada referiu que os cuidados deveriam ser prestados para que fosse dada maior atenção ao utente. Se não houver esses cuidados também 120

136 não há atenção. Você enquanto está a arranjar as unhas, os cabelos, está a cuidar deles, está a dar atenção. É uma atenção que estão a receber, é um carinho. Quanto aos principais interventores junto dos utentes para que se promovam melhorias nos cuidados prestados aos mesmos, a entrevistada destaca a importância de uma equipa técnica atenta às necessidades e conhecedora dos problemas do dia-a-dia Análise da entrevista de E12 Caracterização sociodemográfica e profissional Idade: 55 anos Estado civil: Divorciada Escolaridade: 6º ano Categoria profissional: Ajudante de Lar Tempo de serviço: 25 anos Formação profissional na área: Sim Outras formações profissionais: Primeiros socorros Horários: Três turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h/ 00 h às 08 h) Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E12 ESC: Sobrecarga Intensa (69) EADS- 21: Ansiedade 9, Depressão 8, Stress 7 121

137 Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E12) A entrevistada diz apresentar cansaço físico e considera que a sobrecarga de trabalho depende da equipa com a qual esteja a trabalhar. No que diz respeito à sobrecarga verifica-se que a mesma sofre de sobrecarga intensa, como se observou através dos resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador. Considera que a sobrecarga afecta a sua saúde, principalmente a nível físico. No último ano esteve de baixa médica por motivos profissionais, uma vez que fez uma distensão muscular no trabalho. Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E12) Como causas de desgaste físico, a entrevistada destaca a falta de condições das infra-estruturas e a idade do cuidador. - E os anos, os na os também contam muito. Quando vim para aqui era diferente, era mais nova. Quanto ao desgaste psicológico considera que é causado pela dificuldade de comunicação com os utentes. A principal dificuldade do dia-a-dia é o trabalho em equipa. Às vezes não há uma boa parceria. Por exemplo: somos duas mas se tiverem a duas mais ou menos ao mesmo nível o mesmo jeito de trabalhar. Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E12) Relativamente aos motivos que levaram à escolha da profissão, a entrevistada referiu que não foi uma escolha mas sim uma opção face à situação de desemprego que vivia. No entanto, a entrevistada gosta de trabalhar com os utentes e gosto daquilo que faz. Sempre gostei do serviço que faço. 122

138 Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E12) No que diz respeito às estratégias dos cuidadores formais para que o desgaste não afecte a qualidade dos cuidados, a entrevista refere que tenta sempre não penalizar o outro. - Quando tenho coisas que me preocupam acho que ninguém fica prejudicado com esse problema. Calo-me mais, tento não sobrecarregar muito as outras pessoas com os meus problemas. Quanto às sugestões para que o desgaste dos cuidadores diminua, a entrevista refere que seria necessário colocar mais pessoal. Relações Institucionais dos cuidadores formais (E12) No que diz respeito à relação com as chefias, a entrevistada apresenta uma relação quase de indiferença. Ah desde que não me chateiem eu dou-me bem com toda a gente. Refere uma relação conflituosa com as colegas de trabalho e diz que mantem uma boa relação com os familiares dos utentes, uma relação cordial e profissional. Quanto à relação com os utentes, classifica-a de boa, sendo que é diferenciada consoante os feitios dos utentes. Uns que mesmos sem a gente querer cativam mais, são mais carinhosos para a gente. Outros não têm aquela delicadeza de terem um feitio bonito. Caracterização dos cuidados prestados (E12) No que diz respeito aos cuidados prestados, a entrevistada refere que os cuidados podiam ser melhores, podia haver uma maior atenção para com os utentes. Podíamos dar mais atenção conversar mais. 123

139 Entraves à qualidade dos cuidados aos utentes (E12) Relativamente aos factores que interferem na qualidade dos cuidados aos utentes, a entrevistada destaca a falta de pessoal, as más condições das infra-estruturas e a falta de espaço nos quartos. Quanto à interferência do desgaste dos cuidadores nos cuidados aos utentes, a entrevistada destaca as alterações que sente no seu estado de espirito. - ( ) Talvez não seja com aquela alegria, aquela exuberância. Sem tantas palhaçadas. Se eu estiver bem-disposta, vou conversando e brinco e não sei quê. Se eu tiver uma coisa que me apoquente eu faço as mesmas coisas mas mais pensativa. Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E12) No que diz respeito às melhorias a fazer nos cuidados prestados, a entrevistada refere que as mesmas se relacionam com as melhorias das infraestruturas. Quanto às entidades que devem promover essas melhorias, a entrevistada destaca a importância da equipa que conheça o dia-a-dia profissional. É assim uma encarregada, uma pessoa que dê valor ao tipo de trabalho que é ou uma pessoa que saiba fazer para saber mandar. Mandar é fácil mas a pessoa experimentar a fazer assim sabia dar o valor ao trabalho que é Análise da entrevista de E13 Caracterização sociodemográfica e profissional Idade: 35 anos Estado civil: Casada Escolaridade: 12º ano Categoria profissional: Trabalhadora de Serviços Gerais Tempo de serviço: 2anos 124

140 Formação profissional na área: Sim Outras formações profissionais: Primeiros socorros Horários: Dois turnos (08 h às 16 h / 16 h às 24 h) Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador e Escala de Ansiedade, Depressão e Stress da E13 ESC: Sobrecarga Intensa (68) EADS- 21: Ansiedade 11, Depressão 9, Stress 15 Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes (E13) No que diz respeito ao estado de saúde, a entrevistada refere bastante cansaço físico. Diz que o seu trabalho exige muito de si, tem bastante sobrecarga que afecta a sua saúde. Nos resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador, a entrevistada apresentou sobrecarga intensa. Relativamente à baixa médica, a participante diz ter estado de baixa no último ano, por motivos de doença profissional. Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes (E13) A entrevistada refere que a principal causa para o desgaste físico é a falta de pessoal, enquanto o desgaste psicológico se deve aos problemas de saúde dos utentes, nomeadamente as demências. As dificuldades apresentadas pela entrevistada são a falta de condições de adaptabilidade, a falta de tempo aliada à falta de pessoal. 125

141 Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes (E13) A entrevistada refere que escolheu a profissão porque sempre gostou de ajudar as pessoas que necessitam de si, destacando este aspecto como o mais positivo da sua profissão. Gosto de ser útil para aquelas pessoas que sinto que precisam de nós. Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes (E13) A entrevistada refere a empatia para com os utentes como a sua estratégia para que o desgaste não afecte a qualidade dos cuidados que presta. - ( )E depois fico a pensar sempre e será que um dia mais tarde eu também vou chegar ao mesmo, de precisar ou de alguém me apoiar? E pronto olha passa-me logo e tenho de tratar e trato e faço e pronto mais nada.. Como sugestão para diminuir o desgaste dos cuidadores, a entrevistada propõe a admissão de mais pessoal especializado. Relações institucionais dos cuidadores formais de idosos (E13) No que diz respeito às relações com os utentes, familiares dos mesmos e chefias, a entrevistada refere manter uma boa relação. Quanto à relação com as colegas de equipa demonstra alguns problemas. É como tudo. Há pessoas más, pessoas boas de toda a classe. Caracterização dos cuidados prestados aos utentes (E13) No que diz respeito à descrição do dia-a-dia profissional, a entrevistada foi a única que referiu as actividades sócio culturais dos utentes, além das actividades quotidianas da higiene e alimentação. Considera que presta bons cuidados aos utentes, apesar de se poder melhorar na atenção que se disponibiliza aos mesmos. 126

142 Entraves à qualidade dos cuidados prestados aos utentes (E13) No que diz respeito aos factores que afectam a qualidade dos cuidados aos utentes, a entrevistada refere a falta de tempo como o principal factor. Quanto à interferência do desgaste dos cuidadores na qualidade dos cuidados prestados, a entrevistada considera que existe interferência e que os cuidadores acabam por ter menos paciência para os utentes. Acabo por ficar baralhada com menos paciência. Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes (E13) Relativamente às melhorias nos cuidados aos utentes, a entrevistada refere que é importante melhorar os cuidados de saúde e fomentar a participação dos utentes nas actividades sócio culturais. No que diz respeito aos intervenientes nos projectos de intervenção para a melhoria dos cuidados aos utentes, a entrevistada refere que deve ser toda a equipa que pertence à Instituição, independentemente da função que desempenhe.- Há tanto pessoal que trabalha aí deviam ajudar e envolver outras pessoas. ( ) Deviam ajudar pelo bem do utente Análise global das entrevistas às Ajudantes de Lar (vide anexo XII) Caracterização profissional dos cuidadores formais de idosos dependentes Apesar da totalidade das participantes (13) desempenharem a função de Ajudante de Lar, nem todas têm essa categoria. Cinco do total das participantes têm a categoria de Trabalhador de Serviços Gerais. No que diz respeito à formação profissional verifica-se que, quatro Ajudantes de Lar não têm formação profissional na área da Geriatria. 127

143 Relativamente a outras formações profissionais obtidas, dez Ajudantes de Lar referem ter frequentado a formação de Primeiros Socorros e três a formação de Higiene e Segurança no Trabalho. Existe ainda uma Ajudante de Lar com formação na área de Informática, outra na área de Gestão, uma na área de Acção Médica e outra participante com formações nas áreas de Jardinagem, Venda de Peixe e Navegação Marítima. Quanto às formações profissionais que ambicionam frequentar, a maioria (10) refere formações na área das Geriatria, duas entrevistadas destacam as formações em Enfermagem e uma na área da Infância. Relativamente aos horários de trabalho, apesar de a totalidade trabalhar por turnos, três realizam apenas dois turnos, das 08 h às 16 h e das 16 h às 24 h, ou seja, não realizam o turno da noite. Questionadas sobre o exercício de horas extra, todas referiram realizar quando necessário. O motivo apresentado pela maioria (9) foi a falta de pessoal, sendo ainda que quatro pessoas referiram que realizam horas extra por pedido da Encarregada e duas por doença de colegas. Caracterização do estado de saúde dos cuidadores formais de idosos dependentes No que diz respeito ao estado de saúde a nível físico e psicológico, a totalidade de entrevistadas refere problemas de diversas tipologias. A maioria (7) refere cansaço físico, em ex-aequo, duas entrevistadas mencionaram os problemas de coluna, problemas nas pernas e o desgaste psicológico. Uma Ajudante de Lar referiu alterações no sistema nervoso. Quanto à existência de sobrecarga profissional, a maioria das entrevistadas (12) referiu sentir sobrecarga profissional. Houve uma entrevistada que disse não se sentir sobrecarregada mas sim cansada. Esta entrevistada apresentou Sobrecarga Intensa na Escala de Sobrecarga do Cuidador. Relativamente à interferência da sobrecarga no estado de saúde dos cuidadores, as respostas foram unânimes. A totalidade das entrevistadas considerou que a sobrecarga afecta a sua saúde. 128

144 No que diz respeito à existência de baixa médica no último ano, verificou-se que sete entrevistadas tiveram de baixa médica. Três dessas setes baixas médicas foram por problemas de saúde profissional. Causas de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes Relativamente ao desgaste físico dos cuidadores formais, as entrevistadas referiram diversas causas. Nove entrevistadas destacaram o esforço físico nas actividades quotidianas com os utentes, cinco referiram a falta de pessoal, duas em ex-aequo mencionaram a falta de espaço e a falta de condições para trabalhar em equipa. Uma entrevistada referiu a ausência de técnicas de trabalho e outra a idade da Ajudante de Lar como factor potenciador do desgaste físico. No que concerne às causas do desgaste psicológico verifica-se que seis entrevistadas referiram o facto de trabalharem com pessoas com demência, quatro destacaram o trabalho por turnos, três a dificuldade de comunicação com os utentes, uma entrevistada referiu a falta de descanso do cuidador e outra a ausência de motivação para o trabalho. Houve ainda uma entrevistada que não referiu causas de desgaste psicológico. No que concerne às dificuldades apresentadas, da totalidade de 13 entrevistadas, apenas uma não refere dificuldades. Das 12 entrevistadas que apresentam dificuldades, sete destacaram em ex-aequo a falta de pessoal e falta de espaço nos quartos. Seis entrevistadas referiram a higiene diária dos utentes mais pesados, três mencionaram a falta de tempo para dar atenção aos utentes, uma referiu dificuldades em lidar com os problemas dos utentes, outra em trabalhar à noite. Houve ainda uma entrevistada a referir a dificuldade de trabalhar em equipa e outra a destacar a falta de condições de adaptabilidade. 129

145 Motivações profissionais dos cuidadores formais de idosos dependentes No que diz respeito às motivações que levaram à escolha da profissão de Ajudante de Lar, nove entrevistadas referiram o gosto pela profissão e cinco, a necessidade económica e o desemprego. Relativamente aos factores positivos da profissão, apenas uma Ajudante de Lar não destacou qualquer factor positivo. A maioria (11) referiu o gosto pelo trabalho e convivência com os utentes e uma entrevistada destacou a aprendizagem, a amizade e a sustentabilidade financeira. Estratégias de coping dos cuidadores formais de idosos dependentes No que concerne às estratégias que os entrevistados utilizam para que o desgaste não afecte a qualidade dos cuidados que prestam, destaca-se que quatro entrevistadas responderam que mantêm a calma, em ex-aequo, duas entrevistadas referiram que esquecem os problemas, convivem com os utentes e trabalham em equipa. Uma entrevistada diz que a sua estratégia é gostar dos utentes, outra refere a sua boa disposição, uma a empatia com os utentes e outra diz que a sua estratégia é tentar não penalizar o outro. Uma entrevistada menciona a caminhada diária que faz após o trabalho como a sua estratégia de coping. Relativamente às sugestões para a diminuição do desgaste físico e psicológico dos cuidadores, onze entrevistadas referiram que deveria ser colocado mais pessoal, duas mencionaram o trabalho em equipa, uma as melhorias nas infra-estruturas, outra a gestão do tempo e uma entrevistada referiu ainda que deveria existir mais pessoal especializado. Relações institucionais dos cuidadores formais de idosos dependentes No que diz respeito às relações com as chefias, a maioria dos entrevistados (7) diz ter uma relação muito boa com os chefes. Três entrevistadas mencionam uma boa relação com as chefias, duas dizem ter uma 130

146 relação indiferente e uma entrevistada refere não ter qualquer relação com as chefias. Quanto às relações com a equipa de trabalho verifica-se que sete apresentam uma boa relação e seis demonstram ter uma relação conflituosa. Relativamente às relações com os familiares dos utentes, a maioria (5) diz ter uma relação cordial e profissional, quatro entrevistadas referem uma boa relação, duas uma relação muito boa e outras duas mencionam uma relação exigente por parte dos familiares. No que concerne às relações com os utentes cuidados, a maioria das entrevistadas (5) diz ter uma boa relação, quatro referem uma relação muito boa, duas dizem que as relações com os utentes são diferenciadas, no sentido de se alterarem consoante as características dos mesmos. Uma Ajudante de Lar demonstra manter uma relação indiferente com os utentes cuidados. Caracterização dos cuidados prestados aos utentes A totalidade das entrevistadas descreveu o seu dia-a-dia profissional, dando enfase às actividades do quotidiano (lavar, vestir, deitar, levantar, dar alimentação). Duas entrevistadas destacaram-se por referirem mais do que as actividades quotidianas. Uma mencionou detalhadamente o trabalho desenvolvido com o vestuário e outra, as actividades sócio culturais dos utentes. No que diz respeito à classificação dos cuidados prestados, a maioria (7) diz que os cuidados prestados devem melhorar. As restantes seis entrevistadas referem prestar bons cuidados Quanto às melhorias nos cuidados prestados, sete entrevistadas referem que se deve dar mais atenção aos utentes, três destacam a importância da higiene e uma entrevistada refere a necessidade de melhorar o vestuário dos utentes. Em ex-aequo, uma entrevistada destaca a importância das condições físicas e humanas e outra a necessidade de material adaptado. 131

147 Entraves à qualidade dos cuidados prestados aos utentes As entrevistadas mencionaram cinco factores que consideram afectar a qualidade dos cuidados prestados aos utentes: a falta de condições, a pouca atenção, a falta de tempo, a falta de pessoal e os factores intrínsecos aos cuidadores. A falta de condições (material e infra-estruturas) foi o factor mais vezes referido, em seis entrevistadas. Quatro entrevistadas mencionaram a pouca atenção dada aos utentes e a falta de tempo. Três entrevistadas apresentaram a falta de pessoal como factor do decréscimo da qualidade dos cuidados e uma ressaltou os factores intrínsecos aos cuidadores, nomeadamente a pouca motivação para o trabalho. Relativamente à interferência do desgaste do cuidador na qualidade dos cuidados que presta, do total de treze entrevistadas, seis afirmaram que o seu desgaste não interfere na qualidade dos cuidados que prestam aos utentes. As restantes sete entrevistadas admitem que o desgaste do cuidador acarreta alterações na prestação dos cuidados. Três entrevistadas referem que ficam mais impacientes, duas destacam a falta de força e destreza, uma ressalta a dificuldade que apresenta em separar os problemas pessoais da vida profissional, outra admite que o seu estado de espirito se altera aquando da prestação dos cuidados. Duas entrevistadas, apesar de admitirem que o desgaste interfere nos cuidados que prestam, afirmam tentar alhear-se dos seus problemas enquanto exercem funções. Possíveis intervenções com os cuidadores formais de idosos dependentes Questionadas acerca das melhorias que gostariam de ver nos cuidados aos utentes, as entrevistadas referiram: a necessidade de se dar mais atenção, de melhorar as condições da instituição, de haver mais pessoal, mais tempo para conversar com os utentes, melhores cuidados de saúde e cuidados de higiene e incremento das actividades sócio culturais. 132

148 Quatro entrevistadas, em ex-aequo, mencionaram a necessidade de se dar mais atenção e de melhorar as condições da instituição. Três entrevistadas, em ex-aequo, referiram a necessidade de colocar mais pessoal e de se fomentar as actividades sócio culturais. Em ex-aequo, duas entrevistadas destacaram as melhorias nos cuidados de saúde e de higiene. Uma entrevistada afirmou haver necessidade de ter mais tempo para conversar com os utentes. Relativamente às pessoas e entidades que gostariam de ver afectas às melhorias dos cuidados aos utentes, cinco entrevistadas (em ex-aequo) referiram a provedoria/ equipa técnica, os familiares dos utentes e a equipa de trabalho (Ajudantes de Lar). Quatro entrevistadas destacaram a Instituição (SCMS) e três a sociedade em geral. Em ex-aequo, duas entrevistadas mencionaram os voluntários e os utentes. Uma entrevistada destacou a importância da autarquia local Índice de Barthel Actividades Básicas da Vida Diária O Índice de Barthel foi aplicado no sentido de avaliar o nível de dependência dos utentes inquiridos, relação às Actividades Básicas da Vida Diária como: alimentação, vestir, banho, higiene corporal, uso de casa de banho, controlo intestinal, controlo vesical, subir escadas, transferência camacadeira e deambulação. Este índice foi aplicado aos 30 utentes do Lar Anexo I, representando a amostra do universo de 53 utentes. (vide anexo XIII) Tal como já foi referido na caracterização dos participantes, a nível global verificou-se que, apenas três participantes são independentes. Dos vinte e sete utentes dependentes, a maioria (10) é moderadamente dependente, seguindo-se nove utentes totalmente dependentes, cinco ligeiramente dependentes e três severamente dependentes. No que diz respeito ao item da alimentação observou-se que, a maioria dos utentes inquiridos (26) necessita de ajuda para a realização das refeições diárias, um utente é dependente e apenas três são independentes. 133

149 Gráfico nº 24- Nível de dependência- Item Alimentação 1 3% 3; 10% 26 87% Independente Necessita de ajuda Dependente Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013 Relativamente à actividade de vestir, dezasseis utentes necessitam de ajuda, nove utentes são dependentes e cinco independentes. Gráfico nº 25- Nível de dependência - Item Vestir 9 30% 16 53% 5 17% Independente Necessita de ajuda Dependente Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013 No que concerne ao banho, a maioria dos utentes (26 do total de 30 inquiridos) é dependente. Tal situação de dependência também acontece ao nível da higiene corporal, onde apenas cinco utentes são independentes. Gráfico nº 26-Nível de dependência Item Banho 4 13,3% 26 86,7% Independente Dependente 134

150 Gráfico nº 27-Nível de dependência Item Higiene Corporal 25 83% 5 17% Independente Dependente Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013 Quanto ao uso da casa de banho, oito utentes são independentes e onze participantes, em ex-aequo, necessitam de ajuda e são dependentes. Gráfico nº 28- Nível de dependência Item Uso da Casa de Banho % 37% Independente 11 36% Necessita de ajuda Dependente Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013 Relativamente ao controlo intestinal, a maioria dos inquiridos é incontinente ocasional, seguindo-se dez utentes independentes e sete incontinentes fecais. Gráfico nº 29- Nível de dependência Item Controlo intestinal 7 23% 13 43% 10 34% Independente Incontinente ocasional Incontinente fecal Fonte: Índice de Barthel, SCMS,

151 No que diz respeito ao controlo vesical, oito utentes são independentes, quinze incontinentes ocasionais e sete incontinentes ou algaliados. Gráfico nº 30 - Nível de dependência Item Controlo Vesical 7 23% 15 50% 8 27% Independente Incontinente ocasional Incontinente ou algaliado Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013 Quanto à capacidade para subir escadas, a maioria (17) revela ser dependente, seguindo-se oito utentes que necessitam de ajuda e cinco independentes. Gráfico nº 31- Nível de dependência- Item Subir escadas 17 56% 5 17% 8 27% Independente Necessita de ajuda Dependente Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013 Relativamente à transferência da cama para a cadeira, em ex-aequo, dez utentes necessitam de ajuda mínima e grande ajuda. Também em exaequo, cinco utentes são independentes e dependentes. 136

152 Gráfico nº 32- Nível de dependência- Item Transferência cama-cadeira 10 33% 5 17% 5 17% 10 33% Independente Necessita de ajuda mínima Necessita de grande ajuda Dependente Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013 No que diz respeito à capacidade para deambular, a maioria dos inquiridos necessita de ajuda mínima, nove utentes são dependentes, sete independentes e quatro conseguem ser independentes com o apoio da cadeira de rodas. Gráfico nº 33- Nível de dependência- Item Deambulação 9 30% 4 13% 10 34% 7 23% Independente Necessita de ajuda Independente com cadeira de rodas Dependente Fonte: Índice de Barthel, SCMS,2013 Em síntese, a maioria dos utentes é: dependente ao nível do banho, higiene corporal e subir escadas; necessita de ajuda na alimentação, vestir e deambulação; é incontinente ocasional a nível intestinal e vesical. Em relação ao uso da casa de banho e da transferência para a cama-cadeira, o número de utentes dependentes é igual ao número dos que necessitam de ajuda. 137

153 Apresentação dos resultados dos questionários realizados aos utentes do Lar Anexo I, da Santa Casa da Misericórdia de Sines Os utentes do Lar Anexo I (amostra de 30 idosos) da Santa Casa da Misericórdia de Sines foram inquiridos através de um Questionário, onde se pretendia caracterizar o idoso, conhecer a sua vida na Instituição e avaliar a qualidade dos cuidados prestados pelas Ajudantes de Lar. A maioria das perguntas do questionário eram perguntas fechadas, para facilitar a compreensão por parte dos utentes. Para desenvolver o tema da qualidade dos cuidados aos idosos dependentes foi necessário realizar algumas questões abertas que foram posteriormente codificadas através da análise de conteúdo, permitindo a sintetização dos resultados. (vide anexo XIV) Os resultados da Caracterização do idoso (Parte I do Questionário) foram apresentados aquando da caracterização dos participantes. Os utentes foram caracterizados ao nível do sexo, estado civil, idade, escolaridade, profissão, problemas de saúde, suporte social e nível de dependência nas Actividades Básicas da Vida Diária. Neste sentido, posteriormente serão apresentados os resultados que correspondem à Vida do Idoso na Instituição e à Qualidade dos Cuidados prestados pelas Ajudantes de Lar (Parte II e III do Questionário). Vida no Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines Questionados em relação ao tempo em que vivem na Instituição, os utentes referiram uma diversidade de datas, entre os 5 meses e os 24 anos. Há um utente a viver no Lar há apenas 5 meses enquanto outros dois já residem no mesmo há 24 anos. A maioria dos utentes (5) encontra-se há dois anos na instituição, quatro utentes residem no Lar há 1 ano e em ex-aequo, três utentes vivem no Lar há 6 e 9 anos. Em ex-aequo há dois utentes a viver no Lar há 5, 8 e 24 anos e um utente a viver há 5 meses, 9 meses, 3, 4, 5, 7, 10, 13, 16 e 20 anos. 138

154 Gráfico nº 34 Tempo de ingresso na Instituição Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,2014 Relativamente à opção de entrada para o lar verifica-se que a maioria dos inquiridos (22) disse ter sido um familiar a tomar a decisão. Os restantes oito utentes referem terem sido os próprios a decidir entrar para o Lar. Gráfico nº 35 Escolha de entrada para o Lar Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,

155 No que diz respeito às expectativas de vida aquando do ingresso no Lar, vinte utentes referiram que a vida no lar não foi ao encontro das suas expectativas iniciais. Os restantes dez utentes inquiridos afirmaram que a vida na instituição corresponde às suas expectativas. Os vinte utentes que afirmaram ter uma vida na Instituição aquém das expectativas iniciais apresentaram como justificações o aumento da dependência (5 utentes); a admissão na instituição de forma contrariada (3 utentes); as saudades da família e da vida em casa (3 utentes); os problemas com a qualidade da comida (2 utentes); o desconhecimento da realidade institucional (2 utentes); o facto de terem vivido noutras instituições (2 utentes); as dificuldades de convívio com os restantes utentes (1 utente) e a solidão sentida (1 utente). Os utentes que referiram que a vida na instituição ia ao encontro das expectativas iniciais, apresentaram diversos aspectos que justificam esse facto. Quatro utentes referiram já terem conhecimento da realidade institucional antes de ingressarem no lar; uma utente afirmou ter frequentado a valência do Centro de Dia; outra utente destacou as boas condições da instituição face à sua habitação; uma utente afirmou grande satisfação na realização das actividades sócio culturais; um utente destacou a vida independente que tem na instituição e três utentes demonstraram satisfação com a vida no Lar. Gráfico nº 36 Vida na Instituição e expectativas iniciais Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,

156 Questionados relativamente à classificação da sua vida na instituição, 60% dos utentes inquiridos referiram ter uma vida razoável, 30% consideraram ter uma vida boa e 10% dizem viver mal no Lar Anexo I. Nenhum utente considerou viver muito bem no Lar. Gráfico nº 37- Classificação da vida no Lar Anexo I Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014 No que diz respeito à melhoria do bem-estar, os utentes mencionaram factores que contribuem para o mesmo. Esses factores podem ser intrínsecos aos utentes ou factores relacionados com a qualidade dos cuidados prestados. Cinco utentes referiram que o seu bem-estar depende da melhoria do estado de saúde relacionado com a diminuição da dependência; três idosos destacaram a necessidade de convívio com os utentes e restante comunidade; um utente não conseguiu explicitar factores que contribuam para o seu bemestar e três utentes afirmaram que o bem-estar depende da vida em família e do regresso a casa. 141

157 No que concerne aos factores relacionados com a qualidade dos cuidados prestados, os utentes destacaram a melhoria dos cuidados de higiene (1 utente); dos cuidados de alimentação (1 utente); das condições de infraestruturas (6 utentes); o incremento das actividades sócio culturais (5 utentes) e a importância de bons cuidadores (11 utentes). Relativamente às actividades que realizam na instituição, a maioria dos utentes inquiridos referiu que vê televisão e conversa com os restantes utentes. Há ainda utentes que destacaram actividades tais como: fazer renda; participar no loto; ir ao cinema; frequentar o atelier de costura; jogar dominó; fazer actividades físicas (ginástica, fisioterapia, sessões de relaxamento, bocia), escrever poesia; fazer palavras cruzadas; entre outras. Gráfico nº 38 Actividades sócio culturais no Lar Anexo I Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,

158 No que diz respeito à frequência com que recebem visitas na Instituição (num período semanal), a maioria dos utentes (40%) disse que raramente recebe visitas; 33% afirmou que nunca recebe visitas; 16,67% recebem visitas frequentemente e apenas 10% (3 utentes do total de 30) mencionaram receber sempre visitas. Gráfico nº 39 Frequência das visitas aos utentes do Lar Anexo I Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014 Relativamente às relações sociais dos utentes, verifica-se que 40% do total de inquiridos disse ter uma boa relação com os familiares após a institucionalização; 26,67% referiram que têm uma relação razoável e 33,33% uma má relação. 143

159 Gráfico nº 40- Relações com os familiares após a institucionalização Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014 Quanto às relações com os restantes utentes da Instituição, 80% dos idosos inquiridos (24 utentes) afirmou ter uma boa relação e seis utentes disseram manter uma relação razoável. Nenhum utente referiu manter uma má ou muito boa relação com os restantes. Gráfico nº 41 Relação com os restantes utentes do Lar Anexo I Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,

160 Qualidade dos cuidados prestados pelas Ajudantes de Lar No que diz respeito às relações com as Ajudantes de Lar, vinte cinco utentes (83% dos inquiridos) afirmaram manter uma boa relação; quatro utentes (13%) referiram uma relação razoável e apenas um utente disse ter uma relação muito boa. Destaca-se que nenhum utente considerou manter uma má relação com as Ajudantes de Lar. Gráfico nº 42- Relação dos utentes do Lar Anexo I com as Ajudantes de Lar Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014 Relativamente às qualidades que mais valorizam nos cuidadores, os utentes inquiridos apresentaram resultados para a qualidade que valorizam, em primeiro, segundo e terceiro lugar. No que concerne à primeira qualidade valorizada nas Ajudantes de Lar, quinze utentes (50% dos inquiridos) afirmaram valorizar a simpatia; seis utentes destacaram a atenção; três utentes valorizaram o profissionalismo e dois utentes realçaram a importância do carinho. A motivação, a calma, os conhecimentos e a educação foram referidos pelos restantes quatro utentes. 145

161 Gráfico nº 43- Primeira qualidade valorizada nos cuidadores fornais Q Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014 Quanto à segunda qualidade que valorizam nas Ajudantes de Lar cuidadoras, a maioria dos utentes inquiridos destacou o carinho (13 utentes), seguindo-se a simpatia (7 utentes) e a atenção (4 utentes). Os restantes utentes inquiridos mencionaram, ainda, o profissionalismo (2 utentes), a empatia (1 utente), o cuidado (2 utentes) e a motivação (1 utente). Gráfico nº 44- Segunda qualidade valorizada nos cuidadores formais 146 Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014

162 Por último, quando questionados sobre a terceira qualidade valorizada nos cuidadores, nove utentes referiram a atenção, seguindo o carinho e simpatia com cinco utentes em ex-aequo. Também foram mencionados o profissionalismo (3 utentes), a empatia (2 utentes), o cuidado (3 utentes), a motivação (1 utente) e os conhecimentos (2 utentes). No geral, as três qualidades mais valorizadas nas Ajudantes de Lar, pelos utentes inquiridos, foram a simpatia (27 utentes), o carinho (20 utentes) e a atenção (19 utentes). Gráfico nº 45- Terceira qualidade valorizada nos cuidadores formais Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014 No que concerne à satisfação com os cuidados de higiene recebidos, a maioria dos utentes (22) referiram estar satisfeitos; sete utentes dizem-se nem insatisfeitos nem satisfeitos e um utente afirmou encontrar-se insatisfeito com os cuidados de higiene recebidos. Nenhum utente mencionou estar muito insatisfeito ou muito satisfeito. 147

163 Gráfico nº 46- Grau de satisfação com os cuidados de higiene Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014 Questionados em relação aos cuidados do banho, quatro utentes disseram que não necessitam de apoio para os realizar. Gráfico nº 47- Necessidade de apoio para tomar Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014 Dos vinte e seis utentes que necessitam de apoio para tomar banho, quinze mencionaram receber bons cuidados e onze afirmaram que lhe são prestados cuidados razoáveis. 148

164 Gráfico nº 48 Qualidade dos cuidados recebidos no banho Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS, 2014 No que diz respeito aos cuidados de higiene diária, oito utentes afirmaram que não recebem os cuidados de higiene que necessitam. As justificações dadas pelos utentes foram: a insatisfação com os banhos (seis utentes referem o facto de só haver um banho semanal); a desvalorização da higiene oral (um utente); o tempo de espera na mudança das fraldas (um utente) e os poucos cuidados com o cabelo e as unhas, referidos por uma utente que também destacou a insatisfação com o banho. Gráfico nº 49 Cuidados ao nível da higiene diária Fonte: Inquérito por Questionário, SCMS,

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