Cuidados familiares ao idoso dependente
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1 Cuidados familiares ao idoso dependente Daniela Figueiredo Universidade de Aveiro Envelhecimento demográfico Que desafios? A par do aumento da esperança de vida, ampliou-se o número de doenças crónicas, frequentemente incapacitantes (doenças cardiovasculares, cancro, doenças respiratórias, demência, diabetes mellitus, doenças musculo-esquelécticas). Estima-se que 80% das pessoas com 65 anos de idade padeçam de, pelo menos, uma doença crónica. O Idoso e a Família Que desafios? Transformações demográficas Alterações na estrutura familiar Como fica a disponibilidade familiar? Necessidade de reflexão sobre o desenvolvimento e adequação das formas de intervenção/apoio Promoção da saúde nos cuidadores familiares: pacientes ocultos
2 Cuidados familiares 1. Saúde física Sistema imunitário frágil Elevado consumo de fármacos Perturbações do sono Cansaço físico Maior prevalência de doenças crónicas Percepção negativa do estado de saúde 2. Saúde mental Depressão Ansiedade Baixa satisfação com a vida Elevada sobrecarga subjectiva Culpa Cuidados familiares 3. Relações familiares e sociais Conflitos familiares Isolamento social Perda de privacidade Redução das actividades sociais/lazer 4. Actividade profissional e situação financeira Produtividade afectada Menos tempo no trabalho Desempenho afectado Absentismo Abandono/recusa de promoções Aumento das despesas Cuidados familiares O cuidador secundário A literatura tem privilegiado análise dos impactos da prestação de cuidados no cuidador principal, bem como o seu papel e padrão de cuidados que presta. Apesar do reconhecimento crescente de que a prestação de cuidados é frequentemente uma tarefa partilhada, raramente se focalizam os cuidadores secundários.
3 Cuidados familiares O cuidador secundário Sobrecarga emocional (Orel e Dupuy, 2002; Gaugler et al., 2003; Saraiva, 2008; Barbosa, 2009) Baixa satisfação com a vida (Pereira, 2007; Rolo e Figueiredo, 2010) Percepção de saúde razoável (Saraiva, 2008; Pereira, 2008; Rolo, 2009) Cuidados familiares Saúde física e mental Relações familiares Situação financeira Actividade profissional Tempo livre e lazer Relações sociais Sobrecarga (Burden) Paciente no sistema de saúde (OMS, 2002) Recursos e intervenções formais Tipologia Serviços comunitários para idosos (SAD, Centros de dia) Serviços de alívio ao cuidador (respite) Serviços ao domicílio (in-home respite) Serviços/centros de dia (adult day care respite) Serviços de noite (overnight respite services) Serviços institucionais e de emergência (institutional and vacation/emergency respite) Intervenções psicossociais Programas psico-educativos Grupos de suporte Psicoterapia/Aconselhamento Intervenções combinadas/articuladas
4 Recursos e intervenções formais (Miller e Muskherjee, 1999; Acton e Kang, 2001; Kosloski et al., 2001; Sörensen, Pinquart e Duberstein, 2002; Dupuis, Epp e Smale, 2004; Brodaty et al., 2005; Visser-Meily et al., 2005; Figueiredo, 2009) Nenhuma intervenção por si só responde a todas as necessidades As intervenções psicossociais e articuladas têm impactos mais abrangentes e duradouros As intervenções psico-educativas revelam um efeito moderado no retardamento da institucionalização Recursos e intervenções formais (Miller e Muskherjee, 1999; Acton e Kang, 2001; Kosloski et al., 2001; Sörensen, Pinquart e Duberstein, 2002; Dupuis, Epp e Smale, 2004; Brodaty et al., 2005; Visser-Meily et al., 2005; Figueiredo, 2009) Os serviços de alívio potenciam a institucionalização Pouca evidência empírica em relação aos benefícios a longo prazo dos serviços para idosos e de alívio no bem-estar do cuidador Baixa taxa de utilização dos serviços para idosos e de alívio Sub-utilização dos serviços Motivos (Dupuis, Epp e Smale, 2004; Broday et al., 2005; Carretero, Garcés e Ródenas, 2007) Desconhecimento da existência dos serviços Perspectivados como desadequados face às necessidades Características dos serviços inflexibilidade (horário, vagas, custos) Complexidade nos processos de admissão Sentimentos de culpa e de dever para com o familiar Dúvidas/falta de confiança na qualidade dos cuidados formais Receio da imposição dos profissionais
5 Desenvolvimento de programas/serviços Implicações 1. Mudança de paradigma: da sobrecarga ao bem-estar 2. A importância de uma real avaliação das necessidades, expectativas e percepções dos cuidadores 3. Mudança no padrão de interacção profissionais cuidadores: reconhecimento de competências 4. Aceitabilidade dos serviços: simetria e sincronia 1. Mudança de paradigma: da sobrecarga ao bemestar Gratificações (Nolan et al., 1998; Brito, 2002; Kuuppelomäki, 2004; Andrén e Elmstahl, 2005; Figueiredo, 2007; Oliveira, 2009) Manutenção da dignidade da pessoa de quem se cuida; Proporcionar bem-estar e pequenos agrados; Prestar os melhores cuidados possíveis; Gosto por ver a pessoa bem cuidada; Evitar a institucionalização; Saber que se dá o melhor; Oportunidade de sentido de utilidade; Dar um sentido à vida; Ver a pessoa de quem se cuida feliz.
6 2. A importância de uma real avaliação das necessidades, expectativas e percepções dos cuidadores Potenciais domínios de avaliação Cuidados prestados e competências Saúde física e mental Suporte social Confiança e competência no papel de cuidador Forças e recursos Gratificações Estratégias de coping Coping (Nolan et al., 1998; Brito, 2002; Kuuppelomäki, 2004; Figueiredo, 2007; Barbosa, Oliveira e Figueiredo, 2009) Procurar toda a informação possível acerca do problema; Falar dos problemas com alguém em quem se confia; Confiar na própria experiência e competências entretanto adquiridas. Tomar medidas para evitar que os problemas surjam Pensar no problema e encontrar uma forma de lhe dar solução...
7 3. Mudança no padrão de interacção profissionais-cuidadores: reconhecimento de competências 4. Aceitabilidade dos serviços: Simetria e sincronia Assim As intervenções combinadas, visando várias necessidades são mais eficazes As circunstâncias específicas de cada situação de cuidados deverão ser avaliadas A intervenção é mais eficaz quando reconhece e valoriza as competências dos cuidadores, bem como a sua perspectiva sobre a situação (efeitos desejados, momento e frequência das intervenções)
8 Assim As intervenções que promovem no cuidador sentimentos de controlo e de auto-eficácia tendem a ser mais eficazes A adesão aos serviços/programas é maior quando os cuidadores perspectivam benefícios mútuos (próprio e receptor de cuidados daniela.figueiredo@ua.pt
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