Check list de couto: avaliação simplificada do fator biomecânico em uma oficina artesanal de móveis
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- Fátima Carmona Antunes
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1 Check list de couto: avaliação simplificada do fator biomecânico em uma oficina artesanal de móveis Rafael Izidoro Martins Neto (1) ; Patrícia Reis (1) ; Beatriz Garibaldi Rodrigues (2) ; Bárbara Andrino Campos Silva (3) ; Cleiton Magela Luz (4). (1) Estudante de Engenharia de Produção. (2) Estudante do Ensino Médio integrado ao curso técnico Meio Ambiente. (3) Estudante de Administração Instituto Federal Minas Gerais (IFMG) campus Bambuí. Rod. Bambuí/Medeiros km 5. CEP: Bambuí-MG. (4) Professor Orientador IFMG campus Bambuí. RESUMO - O presente estudo relata uma pesquisa de campo desenvolvida no ambiente de trabalho de uma oficina artesanal de móveis localizado na cidade de Bambuí, Minas Gerais. Tendo como objetivo, realizar a analise, do ponto de vista ergonômico, os riscos de distúrbios e lesões em membros superiores dos funcionários, e os problemas relacionados à saúde. Realizouse o levantamento do perfil dos trabalhadores e das condições de trabalho relacionadas às atividades exercidas no estabelecimento. Utilizou-se como ferramenta de análise um questionário aplicado aos funcionários durante o período de observação e coleta de dados. Após esta análise, detectamos um fator biomecânico muito significativo. Esses fatores indicam que o risco biomecânico de ocorrer lesões músculo esqueléticos nos funcionários é elevado, tendo como o maior causador desse fator de risco o excesso de repetições do mesmo trabalho ao longo da jornada. Isso ocorre devido a má organização de trabalho, gerando um desgaste físico como dores nas mãos e na coluna. O local não proporciona pausa para descanso, tendo como único aspecto positivo a possibilidade de ocorrer revezamento de tarefas. Para evitar distúrbios decorrentes dessas repetições é recomendado que os operários fizessem pequenos intervalos de 10 a 15 minutos a cada hora de trabalho, criando possibilidade de fazer alongamentos e repousos musculares. Palavras-chave: trabalho, desgaste, ferramenta, ergonomia. INTRODUÇÃO No ramo de móveis sob pedidos, existe inúmeras pequenas empresas que atuam nesse setor em geral, e tem a madeira compensada como principal matéria prima. Esse tipo de micro empresa tem seu escopo físico simples, muitas vezes pequeno e precário sem nenhum tipo de avanço tecnológico de grande porte. Tornando-se assim uma atividade muito manual e artesanal com consumidores definidos na área doméstica. Muito se tem discutido, recentemente, acerca da saúde, segurança do trabalho e satisfação
2 do trabalhador, gerando uma preocupação em adaptar o ambiente de trabalho ao homem, pois segundo Bom Sucesso (1997), a qualidade de vida no trabalho é condição essencial que proporciona melhorias para a empresa e o funcionário. Uma prática de bem-estar, saúde e segurança do trabalhador é a Ergonomia, que segundo Iida (2005), é o estudo da adaptação do trabalho ao homem, não abrangendo somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais, envolvendo tanto a atividade de planejamento que ocorre antes do trabalho ser realizado quanto de controle e avaliação que ocorre durante e após esse trabalho. Segundo Iida (1997, apud Perez,2001) quando se avalia a postura do corpo humano, descreve a posição estática, em pé, altamente fatigante exigindo muito da musculatura afim de manter a mesma posição por certo período de tempo. O coração indica maior dificuldade para distribuir sangue para os extremos do corpo. Ainda sobre trabalho estático o autor determina que quando ocorre a contração de um musculo, automaticamente a pressão interna do corpo aumenta, o que gera o estrangulamento dos vasos sanguíneos. O trabalho estático é aquele que exige contração contínua de alguns músculos, para manter uma determinada posição. A ferramenta adotada para realização deste trabalho foi o check list de Couto (questionário baseado sobre o fator biomecânico no risco para distúrbios musculoesqueléticos de membros superiores). Este questionário foi utilizado numa oficina artesanal, onde os trabalhadores estão expostos a diversos riscos. O estudo tem como objetivo analisar, do ponto de vista ergonômico, as condições de trabalho exercidas em uma oficina artesanal, fazer um diagnóstico das principais situações de risco, caso existam, e fornecer recomendações de melhorias para a atividade realizada se houver necessidade. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado no mês de setembro de 2014 em uma oficina artesanal no município de Bambuí com principal matéria prima a madeira. A atividade dispõe de 3 funcionários. A jornada de trabalho é composta de dois turnos: das 7 às 11h e das 13 às 17h, sem pausa durante as operações. A capacidade de produção é pequena, com variação de acordo com a demanda. Os funcionários realizam um revezamento de tarefas no qual todos participam de todas as etapas da produção de moveis artesanais. Consideramos as condições de trabalho dos funcionários baseado nas técnicas e métodos de analises ergonômicas. Foi realizado avaliação com os funcionários através de visitas in loco, questionário, entrevista e observação direta. Para
3 avaliação do posto de trabalho foi feita também a observação da postura e movimento dos funcionários, bem como recursos e ferramentas na execução das tarefas. Foram determinados os riscos de distúrbios musculoesqueléticos dos membros superiores através da avaliação simplificada do fator biomecânico relacionado ao trabalho. Portanto foi aplicado aos funcionários o check list de Couto,1995. Esse check list é composto por 25 perguntas relacionadas as características do trabalho como a sobrecarga física, a força aplicada com as mãos, postura no trabalho avaliando o esforço estático, o posto de trabalho, a repetitividade e organização do trabalho e as ferramentas do trabalho. Em cada pergunta realizada o entrevistado teve de responder apenas SIM ou NÃO, assim as respostas que retornavam riscos ergonômicos aos trabalhadores eram atribuídas ao somatório total. Ao final é contabilizada a pontuação de cada questionário, assim podendo extrair a média geral dos resultados. A partir daí obter os resultados referentes aos riscos biomecânicos. Caracterização da distribuição do check list de Couto 5 - Repetitividade e organização do trabalho 20% 4 - Posto de Trabalho 8% Check List - Histograma 6 - Ferramenta de trabalho 8% 1 - Sobrecarga Física 20% 2 - Força com as mãos 16% 3 - Postura no Trabalho 28% Fonte: Autores (2015) RESULTADOS E DISCUSSÃO O estudo foi realizado com três funcionários que exerciam funções variadas em razão do posto de trabalho, e adotavam posturas diferenciadas de acordo com a atividade executada. O Check List para Avaliação Biomecânica do Posto de Trabalho foi aplicado, tendo como respostas de sim ou não, recebendo o valor de zero ou um. Somando os escores dos vinte e dois quesitos, o posto é avaliado conforme o critério de interpretação: Critério de interpretação: Somar o total de pontos, Acima de 22 pontos: ausência de fatores biomecânicos; Entre 19 e 22 pontos: fator biomecânico pouco significativo;
4 VIII Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí Entre 15 e 18 pontos: fator biomecânico de moderada importância; Entre 11 e 14 pontos: fator biomecânico significativo; Abaixo de 11 pontos: fator biomecânico muito significativo. Analisando- se os dados encontramos os seguintes resultados: Resultado do critério de interpretação de cada posto de trabalho Posto de trabalho Interpretação Funcionário 1 11 pontos Funcionário 2 12 pontos Funcionário 3 11 pontos Fonte: Autores (2015) Através da avaliação simplificada do fator biomecânico no risco para distúrbios músculo - esqueléticos de membros superiores relacionados ao trabalho foi possível analisar as condições de trabalho, os riscos que os funcionários são expostos durante todas as atividades e a falta de equipamentos adequados para desempenho das funções. Este questionário possibilita uma observação muito superficial de um problema ergonômico, uma vez que a abordagem é simples e teórica, e faz ressalvas apenas aos resultados demonstrados através de respostas diretas e individuais. Esses fatores indicam que o risco biomecânico de ocorrer lesões músculo esqueléticos nos funcionários é elevado, tendo como o maior causador desse fator de risco o excesso de repetições do mesmo trabalho ao longo da jornada, e posteriormente uma má organização desse trabalho. Devido ao tipo de estabelecimento observado e seus objetivos no mercado de moveis é fácil notar o desinteresse referente as preocupações com a saúde, postura no posto de trabalho e desenvolvimento de todas as tarefas diárias. A falta de tempo juntamente com um trabalho relativamente pesado e sem administração de produção faz com que tudo seja realizado com velocidade de acordo com a necessidade de atender a clientela naquele período de vendas. Podemos ressaltar que esse tipo de microempresa trabalha de modo a produzir de acordo com sua demanda, serviços partidos, ou seja, isso leva o estabelecimento a conviver com períodos de larga escala de trabalho, grande exigência de seus funcionários para atender seus consumidores. Com todas essas práticas, a própria instituição se vê vítima desse mercado sem às vezes encontrar alternativas de se adequar e corrigir falhas para melhor aproveitamento de tempo e desempenho das atividades. Existem também momentos em que não existe demanda de produção.
5 CONCLUSÕES Através do estudo de ergonomia aplicada usando como ferramenta o método de check list (questionário de COUTO) detectamos um fator biomecânico significativo, ou seja, alto índice de problemas de acordo com as áreas abordadas na entrevista. Para evitar distúrbios decorrentes dessas repetições é recomendado que os operários façam pequenos intervalos de 10 a 15 minutos a cada hora de trabalho, criando possibilidade de fazer alongamentos e repousos musculares. O revezamento das tarefas na produção demonstra ser também uma ferramenta com grande contribuição para evitar ocorrências de problemas físicos e psicológicos, levando em consideração que operações com exaltantes repetições ocasionam uma carga mental que necessita ser amenizada. Quanto ao uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs), verificou-se que estes eram inexistentes em alguns casos, como a falta de luvas para a realização de todas as tarefas, atividades que podem causar ferimentos nas mãos e na região dos punhos. Constatamos assim a necessidade de utilização de luvas, óculos, protetor auricular visando a preservação física dos funcionários. Um fator detectado positivo dentro da área de trabalho é o revezamento de tarefas entre os funcionários, possibilitando melhores condições de operação e menos fatores de risco ergonômicos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOM SUCESSO, E. P. Trabalho e qualidade de vida. Riode Janeiro: Qualitymark/Dunya, p. COUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao trabalho: o manual técnico da máquina humana. Belo Horizonte: Ergo Editora, Vol. 1, 382 p IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Blucher, xvi, 614 p. IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blucher, p. PERES, CLÁUDIO CEZAR, et al. "A multiprofissionalidade e interinstitucionalidade necessárias em uma ação ergonômica complexa."brasília: Ministério do Trabalho, [2001 (2001).
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