Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatóide - 5 de Abril de Actualidade da Economia Social nos Cuidados de Saúde
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- Mikaela Varejão Cordeiro
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1 Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatóide - 5 de Abril de 2005 Actualidade da Economia Social nos Cuidados de Saúde Comunicação apresentada pelo Subdirector-Geral da Saúde, Dr. Francisco George e preparada na Direcção-Geral da Saúde por uma equipa coordenada pela Drª. Maria João Quintela As Doenças Reumáticas são, nos países desenvolvidos, o grupo de doenças mais frequente, constituindo um importante problema social e económico, cujo impacte negativo, em termos de saúde pública, tem tendência crescente, tendo em conta, nomeadamente os actuais estilos de vida e o aumento da longevidade da população. Estas doenças representam uma importante causa de dor aguda e crónica e de incapacidades potencialmente invalidantes, sendo a primeira causa de incapacidade transitória e permanente para o trabalho, com sofrimento individual e elevados encargos familiares e sociais, merecendo a artrite reumatóide, pela sua prevalência em adultos jovens, pelo seu potencial incapacitante e pela magnitude dos recursos que mobiliza em termos de reabilitação e reintegração, uma atenção especial. As doenças reumáticas são causa frequente de incapacidade e de assimetrias notórias no acesso a benefícios concedidos em regime especial e, quando não diagnosticadas ou tratadas atempada e correctamente, podem ocasionar graves e desnecessárias repercussões físicas, psicológicas, familiares, sociais e económicas. Está provado que o diagnóstico correcto e precoce e o tratamento adequado e atempado das doenças reumáticas reduz, significativamente, as suas consequências referentes, sobretudo, à incapacidade física. Estas doenças constituem, assim, um variado grupo nosológico que, no seu conjunto, causam grande morbilidade, incapacidade temporária importante, absentismo laboral frequente, incapacidade definitiva precoce de que resulta grande número de reformas antecipadas por invalidez, redução da esperança de vida e impacto económico e social negativos. 1
2 As doenças reumáticas são, no seu conjunto, das principais responsáveis pelos custos com a Saúde, quer directos, (como consultas, medicamentos ou cuidados de reabilitação), quer indirectos, (pela perda de rendimentos do trabalho, redução da produtividade, dor, sofrimento, problemas psicológicos e diminuição da qualidade e da esperança de vida que acarretam). As enormes repercussões humanas, económicas e sociais destas doenças e, em particular, da artrite reumatóide, obrigam a uma actuação integrada, multidisciplinar e interinstitucional, estabelecendo e mobilizando parcerias, que promovam o conhecimento e a informação sobre estas doenças, a investigação, o tratamento, a reabilitação e a reinserção das pessoas, precocemente e da forma mais duradoura possível, envolvendo as famílias e os diferentes prestadores de cuidados. É neste contexto, e porque múltiplos determinantes da saúde se encontram fora do sector específico da saúde, que os diversos parceiros sociais, entre os quais as Sociedades Científicas, as Associações de Doentes e outras Organizações representativas da Economia Social, nomeadamente Misericórdias, Mutualidades, Instituições Particulares de Solidariedade Social e outras organizações não governamentais (ONG s), desenvolvem um papel muito importante, contribuindo para uma melhor informação da população e formação dos diferentes actores da saúde, desenvolvendo ou promovendo o desenvolvimento de respostas mais perto dos cidadãos e contribuindo para melhorar o acesso aos próprios cuidados de saúde. Sabe-se que, em Portugal, embora a mortalidade causada por estas doenças seja reduzida, pelo menos 30% da população refere sintomas musculoesqueléticos, sendo que: 20% possui um problema significativo, ou seja, encontra-se em situação de doença; 7% tem de restringir alguma actividade da vida diária, isto é, apresenta incapacidade e 0,5% está dependente de terceiros, o que significa invalidez. Os estudos epidemiológicos realizados, desde 1976, no País, evidenciam semelhança de resultados, o que lhes confere consistência, confiança e valor científico. Destes resultados pode-se inferir que, em Portugal, as doenças reumáticas têm uma prevalência 2
3 aproximada de 20 a 30%; são causa de 16 a 23% das consultas de clínica geral; ocupam o 2º ou 3º lugar dos encargos decorrentes do consumo de fármacos; constituem a 1ª causa de incapacidade temporária; são responsáveis por 17% dos casos de acamamento definitivo; 26% dos casos com necessidade de utilização de cadeira de rodas; 30% dos casos de mobilidade limitada ao domicílio; 40 a 60% das situações de incapacidade prolongada para certas actividades da vida diária; são responsáveis por 43% dos dias de absentismo laboral por doença e originam o maior número de reformas antecipadas por doença, ou seja, 35 a 41% do seu total. Neste contexto, o Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatóide, que hoje se celebra, foi criado por despacho ministerial em 1999, e é de referir que, mais recentemente, teve a sua aprovação o Programa Nacional Contra as Doenças Reumáticas, integrado no Plano Nacional de Saúde , (por Despacho do Ministro da Saúde de ), que teve contributos importantes da Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatóide - A.N.D.A.R., que agradecemos, bem como a legislação (Despacho nº. 5304/2005 de 10 de Fevereiro) que promove o acesso dos doentes com artrite reumatóide aos novos fármacos biológicos (100%) e institui o protocolo de monitorização da artrite reumatóide. O Programa Nacional Contra as Doenças Reumáticas, tem o objectivo de inverter a tendência de crescimento deste problema, obrigando a uma abordagem abrangente e articulada dos serviços de saúde, que potencie, na população portuguesa, a redução dos riscos de contrair estas doenças, a concretização do seu adequado tratamento e reabilitação, conseguindo-se ganhos de saúde na área reumatológica. Este Programa, constitui ainda um contributo do Ministério da Saúde para o movimento internacional Década do Osso e da Articulação , criado por iniciativa da Organização das Nações Unidas com o apoio da Organização Mundial de Saúde. É de assinalar que um aspecto particularmente importante para garantir a execução do Plano Nacional de Saúde , no nosso País, está relacionado com o diálogo 3
4 intersectorial numa perspectiva de mobilização de vontades que contribuam para a prossecução de objectivos de saúde. As últimas três décadas, em Portugal, embora tenham sido de significativos ganhos em saúde, também se caracterizaram pelo acentuar dos problemas de saúde associados à pobreza e à exclusão social, sem ter havido, da parte do sistema de saúde, a agilidade necessária para se adaptar aos novos desafios emergentes. Este agravamento resultou, em parte, do aumento das desigualdades sociais, do envelhecimento da nossa população e da maior mobilidade das populações. Por conotação a uma maior falta de recursos e condições de vida mais difíceis, a pobreza e a exclusão social estão também associadas a uma maior prevalência de estilos de vida menos saudáveis, com um acesso mais difícil a cuidados de saúde e a medicamentos. Por outro lado, estes problemas relacionados com a saúde tendem a agravar situações socioeconómicas de carência, acentuando a pobreza e a exclusão social. O resultado é uma dimensão mais gravosa de problemas de saúde cronicodegenerativos nas populações mais pobres, a reemergência de problemas de saúde como a tuberculose, os problemas associados aos comportamentos aditivos, a violência e a persistência da SIDA, para mencionar só alguns dos problemas com maior impacte na pobreza. No contexto do Plano Nacional de Saúde, espera-se que as principais estratégias gerais, de prioridade aos mais pobres, de abordagem através de planos e programas e de abordagem com base em settings, venham a ter um impacte significativo na redução das desigualdades em saúde e na diminuição do peso das doenças associadas à pobreza e à exclusão social. Destas estratégias, realça-se uma abordagem territorial, que se pretende tenha um impacte significativo na melhoria do acesso aos serviços de saúde das populações desfavorecidas e concentradas territorialmente. 4
5 Por outro lado, reconhece-se que o trabalho a ser contemplado pelo Ministério da Saúde e suas instituições, na prática, requer a colaboração de muitos outros sectores da sociedade, num papel activo de políticas saudáveis, que discriminem positivamente os mais desfavorecidos. Tem também sido feito um grande esforço no sentido de desenvolver Programas Nacionais de Intervenção para, de uma forma horizontal, serem executados por todos os intervenientes no sistema de saúde, incluindo os cidadãos. É na escola, no local de trabalho e nos locais de lazer que é despendido grande parte do tempo útil de um dia normal. Estes locais, entre outros, proporcionam também, ambientes integradores de uma multiplicidade de intervenções de carácter diverso. É assim que, no contexto específico do Programa Nacional Contra as Doenças Reumáticas e, em termos globais, no âmbito do Plano Nacional de Saúde , a continuação e aprofundamento do diálogo e articulação com as organizações representativas da Economia Social se revela indispensável e da maior oportunidade, numa lógica de melhoria da qualidade de vida e do acesso a cuidados de saúde de qualidade, de diálogo interinstitucional, de participação dos cidadãos, de rentabilização dos recursos existentes e de sustentabilidade financeira, de exercício de políticas activas de solidariedade social, e de flexibilidade e adaptação às novas realidades sociais e económicas emergentes. 5
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