Acórdão. Processo no /001

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1 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque Acórdão Apelação Cível - no /001 Relator: Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque Apelante: Unibanco AIG Seguros S/A (Itaú Seguros S/A) - Adv. Samuel Marques Custódio de Albuquerque. Apelado:Ivan Paulo da Silva - Adv. Marcos Antônio Inácio da Silva EMENTA: DIREITO CIVIL. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. SEGURO OBRIGATÓRIO. DPVAT. PROCEDÊNCIA. APELAÇÃO CÍVEL. PRELIMINARES: 1) ILEGITIMIDADE PASSIVA. REJEIÇÃO. 2) CARÊNCIA DA AÇÃO POR AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. REJEIÇÃO. MÉRITO. DEBILIDADE PERMANENTE RECONHECIDA. INDENIZAÇÃO PELO DANO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA LEI N /74. QUANTUM FIXADO PROPORCIONALMENTE AOS DANOS SOFRIDOS. DESNECESSIDADE DE REDUÇÃO. DESPROVIMENTO DO APELO. - Qualquer seguradora responde pelo pagamento da indenização em virtude de seguro obrigatório, tratando-se de responsabilidade decorrente do próprio sistema legal de proteção, conforme se depreende do comando legal contido no art. 7 0, caput, da Lei n /74. - É dispensável o prévio ingresso na via administrativa para a asseguração de um direito judicialmente. - O pagamento da indenização do seguro DPVAT será efetuado independentemente de culpa, havendo ou não resseguro, suprimida qualquer Desembarg dor Idwe, rsc r---- i,cáanti ' de Albuquerque

2 franquia de responsabilidade do segurado, conforme preceitua o art. 5 0, caput, da Lei no 6.194/74. - A Lei n /1974, não faz distinção entre invalidez permanente e debilidade permanente sendo devida a reparação indenizatória em ambos os casos. - Como a mencionada lei não apresenta nenhuma informação para a fixação proporcional da indenização em casos de debilidade, se atendo apenas a restringir um teto, o quanturn indenizatório fica a critério do entendimento do magistrado, que deverá utilizar-se do juízo de equidade para atingir o valor que julgue justo. -Apelo desprovido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos acima identificados. Acorda a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por unanimidade, em REJEITAR as preliminare. No mérito, por igual votação, NEGAR PROVIMENTO AO APELO. RELATÓRIO Trata-se de Apelação Cível interposta pelo Unibanco AIG Seguros S/A, atual nat.", Seguros S/A, contra sentença (fls. 156/159), prolatada pelo Juízo da Comarca de Alagoa Grande, que, nos autos da Ação de Cobrança de Seguro Obrigatório - DPVAT movida por Ivan Paulo da Silva, julgou procedente o pedido inicial para condenar o réu/recorrente ao pagamento de indenização, em favor do autor/apelado, da importância equivalente a 40 salários mínimos vigentes na data do sinistro ( ), no importe de R$ ,00 (quatorze mil reais), acrescido de correção monetária, a partir do ajuizamento da ação, e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, a contar da citação. Condenou ainda em custas e honorários fixados em 15% (qui.nze por cento) sobre o valor da condenação. Desembargado/ Marco Cavalcanti de Albuquerque 2

3 Irresignada, a seguradora apelante interpôs recurso apelatório (fls. 161/170) alegando, preliminarmente, sua ilegitimidade passiva e a carência da ação por falta de interesse de agir. No mérito, alega falta de prova do fato constitutivo do direito do autor, eis que o laudo pericial não atesta a invalidez permanente. Aduz que, de acordo com o laudo de fls. 149, não restou comprovada a invalidez permanente, mas apenas a ocorrência de dano estético, não fazendo o recorrido jus à indenização pleiteada. Pugna pela reforma de sentença de primeiro grau. Alternativamente, requer a redução da indenização concedida, sendo fixado um valor de acordo com a Tabela de Danos Pessoais e com o percentual da invalidez apresentada. Intimada, a parte apelada apresentou contrarrazões recursais (fls. 177/181), rebatendo as insurgências do apelante e requerendo o desprovimento do recurso. 188/193) pelo provimento do apelo. Instada, a Procuradoria de Justiça ofertou parecer ( fls. É o relatório. VOTO PRELIMINARES: 1) Ilegitimidade passiva Não merece acolhida a alegação da apelante, já que qualquer sociedade seguradora que atue no ramo de seguros de veículos automotores e participante do convênio para esse fim constituído, permanece responsável pelo pagamento da indenização, devido a responsabilidade decorrer do próprio sistema legal de proteção, conforme redação do art. 7 0, caput, da Lei no 6.194/74: Desembargador avalcanti de Albuquerque 3

4 "Art. 70 A indenização por pessoa vitimada por veículo não identificado, com seguradora não identificada, seguro não realizado ou vencido, será paga nos mesmos valores, condições e prazos dos demais casos por um consórcio constituído, obrigatoriamente, por todas as sociedades seguradoras que operem no seguro objeto desta lei." Nesse sentido, posiciona-se a jurisprudência: "APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. DPVAT. ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA. É LICITO À virrfrm ACIONAR QUALQUER UMA DAS SEGURADORAS DO CONSÓRCIO PARA COBRAR A INDENIZAÇÃO QUE ENTENDE DEVIDA. Sentença desconstituída de ofício. (Apelação Cível No , Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Antônio Corrêa Palmeiro da Fontoura, Julgado em 05/06/2008)." (Grifei) "AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO DPVAT. INVALIDEZ PERMANENTE. FENASEG. ILEGITIMIDADE PASSIVA RECONHECIDA, DE OFICIO. PROCESSO EXTINTO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. Na cobrança de seguro DPVAT, são responsáveis pelo pagamento da indenização as sociedades seguradoras que compõem o consórcio, conforme preceitua o art. 7, da Lei no 6.194/74. A Federação Nacional das Empresas e Seguros Privados e de Capitalização - FENASEG - participa apenas como mandatária das seguradoras, não respondendo pelo pagamento do seguro. A -legitimidade das partes é uma das condições da ação, e como tal sobre ela deve o magistrado pronunciar-se ex officio, a qualquer tempo e grau de jurisdição, eis que matéria de ordem pública, insuscetível de Desernbargador,je6avaicanti de Albuquerque 4

5 preclusão. Inteligência dos artigos 267, 3 0 e 301, 4 0, ambos do CPC. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível No , Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Osvaldo Stefanello, Julgado em 14/12/2006)." (Grifei) SUSCITADA. Destarte, REJEITO A PRIMEIRA PRELIMINAR 02) Carência de Ação - Falta de interesse de agir A recorrente alega ainda que o autor/apelado não possui interesse de agir por não ter procurado receber o seguro primeiramente pela via administrativa. É cediço que recorrer antes à via administrativa não constitui requisito obrigatório para que se possa provocar o poder judiciário a fim de obter sua tutela. A Carta Magna, em seu art. 5 0, XXXV, estabelece que "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito", garantindo-se, assim, a todos os cidadãos o livre acesso à Justiça, sendo dispensável o prévio ingresso na via administrativa para a asseguração de um direito. Tribunal de Justiça: Sobre a matéria, vejamos a jurisprudência do Superior "AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE. INTERESSE DE AGIR. PRECEDENTES. 1, Não é obrigatório o prévio requerimento na via administrativa para o ingresso no Poder Judiciário mediante a impetração de mandado de segurança, ante o princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição. Precedentes. 2. Agravo regimental improvido." (STJ - AgRg no Desembargador/ CavalciMti de Albuquerque 5

6 REsp / RR - Ministra Maria The reza de Assis Moura 6a T. j. 19/08/ ale 08/09/2008). Portanto, diante das razões acima, é que REJEITO A SEGUNDA PRELIMINAR. MÉRITO Tratando-se de incapacidade permanente ocasionada por acidente de trânsito, para percepção de indenização do seguro obrigatório DPVAT basta que a vítima prove a ocorrência do acidente e o nexo de causalidade entre este e as lesões sofridas. Através da simples prova do sinistro e do dano consequente, o pagamento da indenização do seguro DPVAT será efetuado independentemente de culpa, havendo ou não resseguro, suprimida qualquer franquia de responsabilidade do segurado, conforme preceitua o art. 5, caput, da Lei no 6.94/74: Art. 5 0 O pagamento da indenização será efetuado mediante simples prova do acidente e do dano decorrente, independentemente da existência de culpa, haja ou não resseguro, abolida qualquer franquia de responsabilidade do segurado. Da análise dos autos, verifica-se que o apelado foi vitima de acidente envolvendo veículo automotor de via terrestre em 08 de abril de 2006 (fls. 11) e que, em razão desse acidente, segundo laudo pericial de fls. 149, realizado por Perito Odonto-Legal do Núcleo de Medicina e Odontologia Legal de Campina Grande, ficou com debilidade permanente da função estética, em função do afundamento do malar esquerdo. Assim, diferentemente do alegado pela recorrente, a documentação juntada aos autos atesta claramente a deformidade permanente sofrida pelo apelado, a qual derivou-se única e Desembargg - mos l Cavalcanti ' de Albuquerque 6

7 exclusivamente do sinistro ocorrido, o que perfaz o nexo de causalidade que autoriza a indenização obrigatória. Ressalte-se, por oportuno, que, para a legislação atinente à matéria, é indiferente se a debilidade do apelado é da função estética ou de qualquer outra, haja vista que a norma apenas exige que o dano seja permanente, o que restou configurado nos autos. Logo, é indubitável o direito do recorrido à percepção do seguro DPVAT, posto que ficaram comprovados os requisitos previstos no artigo acima transcrito, restando a apuração do montante a que ele faz jus. Conforme previsto na Lei no 6.194/74, vigente à época do sinistro ( ), o valor da indenização por invalidez permanente pode chegar ao valor de até 40 vezes o salário mínimo. Confiramos: Preceitua o art. 3 0 da Lei no 6.194/74: Art. 3 0 Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido no artigo 2 0 compreendem as indenizações por morte, invalidez permanente e despesas de assistência médica e suplementares, nos valores que se seguem, por pessoa vitimada: a. 40 (quarenta) vezes o valor do maior saláriomínimo vigente no País - no caso de morte; b. até 40 (quarenta) vezes o valor do maior salário-mínimo vigente no País - no caso de invalidez permanente; c. até 8 (oito) vezes o valor do maior salário mínimo vigente no País - como reembolso à vítima - no caso de despesas de assistência médica e suplementares devidamente comprovadas. Contudo, a mencionada lei não apresentou nenhuma informação para a fixação proporcional da indenização em casos de debilidade, se atendo apenas a restringir um teto, como podemos observar: "b. até 40 (quarenta) vezes o valor do maior salário-mínimo vigente no País - no caso de invalidez permanente"; Desembargador Ma crvalc nti-de Albuquerque 7

8 Desta forma, o montante a ser pago está ao critério do entendimento do magistrado que deverá utilizar-se do juízo de equidade para atingir o valor que julgue justo. In casu, a indenização securitária foi fixada em 40 salários mínimos, totalizando a quantia de R$ ,00 (quatorze mil reais), valor este que entendo condizente com as circunstâncias do caso em apreço, razão pela qual mantenho o quantum indenizatório nos moldes fixados na sentença. Isto posto, REJEITO AS PRELIMINARES ARGUIDAS e, no mérito, NEGO PROVIMENTO À APELAÇÃO CÍVEL, mantendo integralmente a sentença recorrida. É como voto. Presidiu a sessão o Excelentíssimo Senhor Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque. Participaram do julgamento os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Marcos Cavalcanti de Albuquerque - Relator, Maria das Neves do Egito A D Ferreira e Abraham Lincoln da Cunha Ramos. Presente ao julgamento a Excelentíssima Senhora Doutora Lúcia de Fátima Maia de Farias, Procuradora de Justiça. Sala de Sessões da Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa, 39-d-e brircw2013. / _-Á") -""" Desembargador Marcos Cavaicant de Albuquerque Relator 23 Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque 8

9 Diretoria Judiciária o. sstra do em 1(0_1.1_14