ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho ACÓRDÃO

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1 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gab. Des. Genésio Gomes Pereira Filho ACÓRDÃO 111 AGRAVO DE INSTRUMENTO N /002 - Capital RELATOR: Carlos Antônio Sarmento, Juiz convocado para substituir o Exmo. Des. Genésio Gomes Pereira Filho AGRAVANTE: Renault do Brasil S/A ADVOGADOS: Luciana Cavalcanti de Godoy e outros AGRAVADO: Jânio Chaves Cordeiro ADVOGADO: Gilson Guedes Rodrigues DIREITO DO CONSUMIDOR - Agravo de Instrumento - Veículo novo que precisou de vários consertos - Agravado que alega defeitos no objeto - Determinação de pagamento do aluguel de um veículo para o agravado até o deslinde da ação indenizatória por ele proposta Possibilidade de vício ou defeito no objeto adquirido que potencializa um acidente de consumo - Desprovimento do recurso. - Conforme foi dito na decisão de fls.210/212, "o consumidor é a parte mais frágil da relação e a Renault admitiu existir defeito nas rótulas dos carros fabricados naquele ano, 'havendo o risco do condutor perder o controle do veículo (f1.41). Logo, se do contexto dos autos vislumbra-se a possibilidade de vício ou defeito no objeto adquirido que potencializa um acidente de consumo, sujeitando o consumidor a um perigo iminente, razoável que o fabricante ou a concessionária, superiores financeiramente em relação ao consumidor, arque com as

2 despesas do aluguel de um outro veículo até o deslinde da questão." Observada a classificação do CDC, um produto ou serviço apresentará vício de adequação sempre que não corresponder à legítima expectativa do consumidor quanto à sua utilização ou fruição, ou seja, quando a desconformidade do produto ou do serviço comprometer a sua prestabilidade. Outrossim, um produto ou serviço apresentará defeito de segurança quando, além de não corresponder à expectativa do consumidor, sua utilização ou fruição for capaz de adicionar riscos à sua incolumidade ou de terceiros. VISTOS, relatados e discutidos, os autos acima. ACORDAM os integrantes da Terceira Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator e da certidão de julgamento de f RELATÓRIO Trata-se de Agravo de Instrumento com pedido de liminar (fls. 02/16) interposto pela Renault do Brasil S/A contra decisão interlocutória (fls. 180/181) proferida pelo Juízo da 6 2 Vara Cível da Comarca de Campina Grande que, nos autos da ação declaratória de obrigação de fazer c/c indenização por danos morais e materiais, deferiu o pedido de tutela antecipada para determinar que, no prazo de 03 (três) dias, a nominada agravante garanta o pagamento de aluguel de um veículo, correspondente ao descrito na inicial, em favor de Jânio Chaves Cordeiro, até o deslinde desta demanda, sob pena de multa diária, sem prejuízo de outras sanções cíveis e penais cabíveis. Em suas razões, a agravante pleiteia a concessão liminar de atribuição de efeito suspensivo ao presente recurso para que a decisão agravada seja suspensa até ulterior julgamento definitivo do agravo. No mérito, requer o provimento do recurso e, por conseguinte, a reforma da decisão hostilizada. Documentos acostados às fls. 18/183. decisão de fls.210/212. aos termos da intimação. O pedido liminar foi indeferido, conforme A parte agravada não apresentou resposta

3 A Renault do Brasil interpôs embargos de declaração às fls.217/219. Às fls.240/245 os embargos foram rejeitados face a inexistência de contradição. Instado a se manifestar, o Ministério Público reiterou a peça opinativa lançada às fls.205/208. VOTO Insurge-se o agravante contra a decisão que determinou o pagamento de aluguel de veículo para o autor/agravado até o deslinde da demanda, sob pena de multa diária. Observando-se os documentos anexos aos autos, verifico que o agravado adquiriu um veículo da marca Renault na concessionária agravante no dia 30/10/2007, tendo o fabricante informado que os veículos produzidos até o início de novembro de 2007 estavam com falha na caixa de direção (fis.41/42). Posteriormente à compra, o consumidor compareceu diversas vezes à concessionária em face de vícios no automóvel, conforme demonstram os documentos de fls.29/32 e f1.39, não tendo resolvido o problema até a presente data. Conforme foi dito na decisão de fls.210/212, "o consumidor é a parte mais frágil da relação e a Renault admitiu existir defeito nas rótulas dos carros fabricados naquele ano, 'havendo o risco do condutor perder o controle do veículo' (f1.41). Logo, se do contexto dos autos vislumbra-se a possibilidade de vício ou defeito no objeto adquirido que potencializa um acidente de consumo, sujeitando o consumidor a um perigo iminente, razoável que o fabricante ou a concessionária, superiores financeiramente em relação ao consumidor, arquem com as despesas do aluguel de um outro veículo até o deslinde da questão. A responsabilidade pela qualidade divide-se na exigência de adequação e segurança, segundo o que razoavelmente se pode esperar dos produtos e serviços. De um lado está a responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço, que compreende os defeitos de segurança; e de outro, a responsabilidade por vício do produto ou do serviço, que abrange os vícios por inadequação. Observada a classificação do CDC, um produto ou serviço apresentará vício de adequação sempre que não corresponder à legítima expectativa do consumidor quanto à sua utilização ou fruição, ou seja, quando a desconformidade do produto ou do serviço comprometer a sua prestabilidade. Outrossim, um produto ou serviço apresentará defeito de segurança quando, além de não corresponder à expectativa do consumidor, sua utilização ou fruição for capaz de adicionar riscos à sua incolumidade ou de terceiros. O automóvel adquirido pelo agravado precisou de vários reparos na oficina da agravante, não sendo razoável a

4 afirmação do recorrente de que "os defeitos mostrados pelo carro não o invalidam ao uso diário", pois quando o consumidor opta por um carro novo o faz para usufruir das vantagens do mesmo e não para arcar frequentemente com gastos em consertos ou para utilizá-lo sem a segurança que se espera de um carro "zero quilômetro". Logo, não verifico nenhum equívoco na decisão de 1 2 grau. Destarte, estes são os motivos pelos quais NEGO PROVIMENTO ao agravo de instrumento. É como voto. Presidiu a sessão o Excelentíssimo Senhor Desembargador Saulo Henriques de Sá e Benevides. Participaram do julgamento, o Exmo. Dr, Carlos Antônio Sarmento, Juiz Convocado para substituir o Exmo. Des. Genésio Gomes Pereira Filho, o Exmo. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos e o Exmo. Des. Saulo Henriques de Sá e Benevides. Presente o julgamento o Exmo. Dr. Marcus Vilar Souto Maior, Procurador de Justiça. Sala de do Tribunal de Justiça do Estado da Parai setembro de sões da Terceira Câmara Cível os vinte e oito de

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