Processo no /001. ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque

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1 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Gabinete do Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque Acórdão APELAÇÃO CÍVEL - no /001 Relator: Dr. Eduardo José de Carvalho Soares (Juiz Convocado) Apelante: Aurineide Rabelo de Macedo - Adv.: Agostinho Albério F. Duarte e outros. Apelado: Multibank S/A e outros - Adv.: Andréa Costa do Amaral, Nildeval Chianca R. Júnior. EMENTA: - APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE CONTRATO DE FRANQUIA C/C PERDAS E DANOS - RECONHECIMENTO DE PRESCRIÇÃO - EXTINÇÃO DO PROCESSO COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO - IRRESIGNAÇÃO - APELAÇÃO - AÇÃO DE ANULAÇÃO INTENTADA APÓS DOIS ANOS DO INICIO DO CONTRATO - RECONHECIMENTO DE DECADÊNCIA E NÃO DE PRESCRIÇÃO - ART.179 DO CÓDIGO CIVIL - MANUTENÇÃO DA SENTENÇA COM FUNDAMENTO NO ART. 269, IV, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - DESPROVIMENTO DO APELO. identificados. Vistos, relatados e discutidos estes autos acima Acorda a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, por unanimidade, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque

2 RELATÓRIO Trata-se de Apelação Cível, interposta por Aurineide Rabelo de Macedo, hostilizando a sentença do Juízo de Direito da lla Vara Cível da Comarca da Capital que, nos autos da Ação de Anulação de Contrato de Franquia c/c Perdas e Danos, manejada contra o Multibank S/A e outros, julgou improcedente o pedido contido na inicial, reconhecendo a prescrição do direito da apelante. Nas razões recursais (fls. 453/457), alega a apelante que à objeto da ação é a anulação do contrato de franquia celebrado sem a observância da legislação específica, (Lei 8.995/94), bem como a devolução das importâncias que a apelante desembolsou para aquisição da franquia, "royalties" e demais itens sucumbenciais. Alega, ainda, que a sentença combatida aplicou a prescrição estabelecida no art. 179 do Código Civil sustentando que entre a assinatura do contrato (21/11/2006) e o ajuizamento da ação X15/01/2009) teria decorrido o prazo de dois anos previsto no dispositivo legal. Aduz que, não houve prescrição pois a "Circular de Oferta de Franquia (COF), foi entregue em prazo não determinado pela legislação, de onde se observa que o contrato de franquia jamais se aperfeiçoou, sendo nulo de pleno direito. Aduz, ainda, que os autos tratam de uma ação declaratória de anulação de um negócio jurídico e não simplesmente de uma ação condenatória, desta forma caracteriza-se a imprescritibilidade, com fundamento no art. 169 do Código Civil. Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque 2

3 Ressalta que, mesmo que fosse possível reconhecer a prescrição, deveria ser obedecido o prazo disposto no art. 205 do Código Civil, que é de dez anos. Ao final, pugna pelo provimento do recurso. O apelado apresentou contra-razões às fls. 460/522. Instada a manifestar-se, a Procuradoria de Justiça emitiu parecer opinando pelo desprovimento do recurso apelatório (fls. 529/532). É o relatório. VOTO O cerne da questão consiste no pedido de anulação do contrato de franquia realizado entre a apelante e o apelado, bem como a condenação do apelado ao ressarcimento dos valores que a apelante gastou para a aquisição da franquia. O Magistrado monocrático, na sentença de fls. 447/448 homologou o acordo parcial realizado entre as partes e acolheu a prejudicial de mérito de prescrição levantada pelo apelado e extinguiu o processo com resolução de mérito com base no art. 179 do Código Civil. O art. 179 do Código Civil, disciplina o seguinte: Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque 3

4 "Art Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. O Por oportuno, o magistério de NELSON NERY JUNIOR e ROSA MARIA DE ANDRADE NERY bem se amolda à espécie: 5. Termo inicial do prazo. O dies a quo deste prazo de dois anos é o da conclusão do ato, para os próprios partícipes do ato ou do negócio jurídico." (Código Civil Comentado e Legislação Extravagante, p. 263/264, 3a edição, 2005). Os documentos de fls. 306/329, demonstram que a apelante assinou o contrato de franquia com o apelado no dia 21/11/2006 e a apelante ingressou com a ação anulatória do contrato no dia 15/01/2009, portanto fora do prazo decadencial que encerrou-se no dia 21/11/2008. A lei no 8.955/94, que rege o contrato de franquia empresarial, não prevê o prazo para pleitear a anulação do contrato, ficando o mesmo então sob a égide do art. 179 do Código Civil. Desta forma é imperioso reconhecer que o direito da apelante de tentar anular o contrato de franquia decaiu, de acordo com legislação pátria. O Magistrado Monocrático, na sentença de fls. 447/448 extinguiu o processo com resolução de mérito, reconhecendo a prescrição Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque 4

5 com fundamento no art. 179 do Código Civil. Acontece que o mais adequado seria reconhecer a decadência para aplicar o art. 179 do Código Civil. Por oportuno, o magistério de NELSON NERY JUNIOR e ROSA MARIA DE ANDRADE NERY bem se amolda à espécie: "1.Decadência. Regra Geral. Os prazos mencionados na lei para o exercício de pretensões que se deduzem em juízo mediante ação constitutiva-positiva ou negativa, são de decadência. 2.Decadência. Regra subsidiária. Anulabilidade. Quando a lei impuser a anulabilidade a determinado ato, mas não precisar qual o prazo em que a ação anulatória é de dois anos conforme regra subsidiária prevista na norma sob comentário. A Lição de Carlos Roberto Gonçalves nos ensina que: "e) Ocorre a decadência da anulabilidade em prazos mais ou menos curtos. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque 5

6 conclusão do ato (CC, art. 179)"(Direito Civil Brasileiro, Parte Geral, p. 478, 8a edição, 2010)". Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, lecionam que: "Facilitando a compreensão da matéria, afirma o Código Civil vigente que os prazos prescricionais são aqueles previstos no arts. 205 (uma verdadeira cláusula geral de prescrição ou, noutras palavras, um prazo comum ou ordinário de prescrição) 206 (prazos específicos), restando nos demais dispositivos da Codificação os prazos decadenciais. (Direito Civil, Teoria Geral, p. 660, 8a edição, 2010)". NESTE SENTIDO, RECONHEÇO A DECADÊNCIA E MANTENHO A SENTENÇA COMBATIDA INCÓLUME COM FUNDAMENTO NO ART. 269, INCISO IV, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. ISTO POSTO, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO APELATÓRIO, mantendo-se a sentença vergastada por outro fundamento reconhecendo a decadência do direito anulação do ato impugnado. Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque 6

7 É como voto. Presidiu à Sessão a Exma. Desembargadora Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti. Participaram do julgamento os Desembargadores Eduardo José de Carvalho Soares Relator (Juiz convocado para substituir o Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque), Carlos Eduardo Leite Lisboa (Juiz convocado para substituir a Desembargadora Maria das Neves do Egito A D Ferreira) e Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti. Presente ao julgamento a Exma. Dra. Lúcia de Fátima Maia de Farias, Procuradora de Justiça. Sala de Sessões da Segunda Câmara Cível, "Desembargador Luiz Sílvio Ramalho" do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, João Pessoa, 16 de novembro Eduardo José de Carvalho Soares Relator 06 Desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque 7

8 rrisurial DE.31.1.Sii,,,N 1 Coordenadoria Judiciária sn istrado