VISTOS, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima identificadas: RELATÓRIO

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1 ESTADO DA PARAÍBA 21 PODER JUDICIÁRIO 1 Apelação Cível n /001 Relator: Des. Luiz Silvio Ramalho Júnior Apelante: GM Factoring Sociedade de Fomento Comercial Ltda Advogada: Maria Irinea Soares de Aguiar e outros Apelado: Audísio Oliveira de Sousa Advogado: Thélio Farias RESPONSABILIDADE CIVIL Contrato de financiamento. Uso de documentos falsos por terceiros. Negligência da empresa quanto à autenticidade. Culpa configurada. Protesto de título do consumidor de boa-fé. Ilegalidade. Dano moral configurado. Obrigação de indenizar. Procedência. Apelação. Observância aos critérios de fixação da indenização por dano moral. Valor excessivo. Redução do quantum indenizatório. Provimento em parte. - Responde por culpa, a empresa que não procede com a cautela devida na identificação de seus clientes, examinando os seus documentos cuidadosamente, a fim de evitar a ação de estelionatários. - A empresa que indevidamente negativar o nome do consumidor nos serviços de proteção ao crédito, ficará obrigada a indenizá-lo pelo dano moral que este vier a sofrer. VISTOS, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima identificadas: ACORDAM os Exmos. Srs. Desembargadores da Quarta Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por unanimidade, dar provimento em parte à apelação, nos termos do relatório e voto que seguem. RELATÓRIO Trata-se de apelação cível interposta por GM Factoring Sociedade de Fomento Comercial Ltda, impugnando a r. sentença de fls. 259/264 dos autos, que julgou procedente em parte o pedido

2 -N4f ',r4 ESTADO DA PARAiBA $:., PODER JUDICIÁRIO 2 na ação de indenização por dano moral contra ela aforada por Audisio Oliveira de Sousa. O MM juiz a quo condenou a empresa promovida ao pagamento de uma indenização por danos morais no valor de ,00 (quinze mil reais) ao promovente, por entender que ela, indevidamente, inseriu o nome do promovente junto aos órgãos de proteção ao crédito e protestou títulos em seu nome. Inconformada a empresa promovida apela a esta Corte, alegando que não contribuiu para o suposto dano sofrido pelo apelado, eis que foi vítima de um estelionatário, que usou os documentos falsos do apelado para conseguir um empréstimo. Aduz que o apelado alterou a verdade dos fatos, 2 < oe entrando em contradição, ao afirmar, em sua peça inicial, que seus,c2 documentos haviam sido furtados, tendo, em seguida, por ocasião de seu 1-; depoimento pessoal, afirmado que os mesmos foram copiados por um estelionatário. Assevera que não tinha como saber que o nome do apelado estava sendo utilizado de forma fraudulenta por um estelionatário, fato este que foi constatado pelo laudo pericial. Por fim, alega que o valor da indenização foi bastante elevado, requerendo o provimento do presente recurso para que a sentença de primeiro grau seja reformada e julgado improcedente o pedido exordial ou, em caso contrário, seja reduzido o quantum indenizatório. O apelado ofereceu contra-razões (fls. 283/295), pugnando pelo desprovimento do recurso e pela manutenção da sentença em todos os seus termos. Instada a se pronunciar, a Douta Procuradoria de Justiça ofertou parecer (fls. 300/302), opinando pelo provimento em parte do recurso para reduzir o quantum indenizatório. É o relatório. "ç c) ' c2 Relator: - VOTO - Des. Luiz Sílvio Ramalho Júnior- A sentença merece reforma em parte.

3 * t ESTADO DA PARAÍBA,,.P PODER JUDICIÁRIO. 3 Primeiramente, observe-se que não prospera a alegação de que o autor alterou a verdade dos fatos, pois a mesma alegação feita em seu depoimento pessoal (fls. 243), consta no Boletim de Ocorrência juntado aos autos (fls. 14), qual seja, a de que teve seus documentos copiados por um estelionatário. No mérito, a principal questão devolvida a esta instância recursal, diz respeito à existência ou não de culpa por parte da apelante, quando da assinatura do contrato com terceira pessoa, que se fez passar pelo apelado, utilizando-se, para tanto, de documentos falsos. 411 Ao contrário do que sustenta a apelante, houve sim culpa de sua parte quando da assinatura do contrato, fato este que gerou o protesto de título e a negativação do nome do apelado de forma indevida. Ora, responde por culpa, a empresa que não procede com a devia cautela na identificação de seus clientes, examinando os documentos cuidadosamente, a fim de evitar a ação de estelionatários., o 2 w Com efeito, caso a apelante tivesse procedido com maior zelo e cuidado no exame da documentação apresentada pelo contratante, não teria concedido o empréstimo ao estelionatário, que utilizou documentos falsos em nome do apelado. - O o.< uà *5 (2 Por outro lado, ao longo da instrução processual, o MM. juiz a quo conseguiu tranqüilamente embasar a sua decisão, vez que restou plenamente comprovado que a apelante protestou títulos em nóme do apelado (fl. 17), além de ter inserido seu nome no cadastro dos serviços de proteção ao crédito (fl. 19). Restou provado, outrossim, que o protesto e a negativação do nome do apelado se deram de forma indevida, eis que não houve nenhum contrato firmado entre o apelado e a apelante, que pudesse originar uma situação de inadimplência do apelado. Assim, está evidentemente provada a conduta ilícita da apelante e o dano moral suportado pelo apelado. Destarte, presentes os elementos que ensejam a responsabilidade civil, impõe-se a condenação do causador do ilícito, a fim de reparar o dano sofrido pela vítima. Na fixação do quantuni indenizatório, deve o magistrado utilizar-se das regas de experiência, arbitrando proporcionalmente um valor à indenização, de modo que esta, embora não

4 " 4 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO enriqueça a vítima, repare a sua dor; e embora não empobreça o causador do dano, sirva-lhe de exemplo para que não mais volte a praticar o ato ilícito. Enfim, deve-se buscar uma indenização proporcional ao dano e, sobretudo, justa. A decisão hostilizada condenou a apelante ao pagamento de uma indenização no valor de R$ ,00 (quinze mil reais), valor este que considero elevado em relação ao dano sofrido. Assim, pelas peculiaridades do caso acima referidas, entendo que o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) é mais o adequado e repara com justiça o dano moral sofrido pelo apelado, além de estar em harmonia com os parâmetros utilizados na jurisprudência deste Tribunal. Ante o exposto, dou provimento em parte à apelação para reduzir o quantum indenizatório para o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). É corno voto. Presidiu a Sessão o Exmo. Des. Abraham Lincoln da Cunha Ramos. Participaram do julgamento, além do relator, Eminente Des. Luiz Sílvio Ramallio Júnior, o Exmo.Des. Abraham Lincoln da Cunha Ramos e o Exmo. Des. Antônio de Pádua Lima Montenegro. Presente ao julgamento o Exmo. Dr. Cláudio Antônio Cavalcanti, Promotor de Justiça Convocado. Sala das Sessões da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça da Paraíba, João Pessoa, 14 de junho de GSFLIIMF Desembargador Luiz Si' vio Ramalh Júnior RELATOR

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