Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER. Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação.

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1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Não há restrição de acesso. Ementa: Consulta interesse pessoal ausência de classificação informação incompleta informação já disponibilizada Perda do Objeto Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: J. P de C. ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRI O Data Pedido 10/04/201 5 Teor O cidadão apresenta seu questionamento como transcrito abaixo: Venho mui respeitosamente requerer informações sobre as leis da ANATEL, para que eu possa implementar e prosseguir com o serviço que é descrito abaixo: Primeiramente a venda de planos de telefonia celular é atividade exclusiva das operadoras. Entretanto existe segundo as normas da ANATEL os serviços de valor adicionado SVA, assim a informação que eu venho requerer através deste formulário, não refere-se a vendas de créditos, ou planos 21

2 Resposta Inicial 16/04/201 5 de telefonia móvel, pois como será demostrado abaixo, não se trata da venda de créditos de telefonia ou planos e sim da prestação de um serviço de valor adicionado. Talvez por falta de tecnologia na época ou pelo tipo de tecnologia usado na época, o serviço de cobrança de telefonia móvel prosseguiu com vemos hoje, o cliente tendo seu valor financeiro restrito ao uso de uma única operadora (caso de planos pré - pago). Venho requerer informações da ANATEL quer seja regulamentadora ou intermediadora entre as partes envolvidas, para execução de um serviço de valor adicionado SVA que será prestado na administração financeira dos valores do cliente e não na venda de créditos ou planos de telefonia móvel. Este SVA constitui-se na criação de um serviço extremamente simples, relacionado a cobrança de telefonia celular, neste sistema o cliente passa a usar uma única conta em banco associada a um aplicativo instalado em seu celular, ao inserir valores nesta conta, o cliente passa a poder fazer ligações para qualquer operadora que queira selecionar em seu celular, a operadora escolhida fará a cobrança nesta conta, pois o aplicativo informará onde está o valor pré carregado pelo cliente, a operadora irá cobrar nesta conta somente o valor gerado pelo tempo de uso que o cliente fez nesta operadora. Assim o cliente paga somente pela quantidade usada não tendo mais que ter a quantidade total de seus créditos restrito ao uso de uma só operadora, isto estimula a competição entre as operadoras gerando a diversidade de serviços e preços. A Agência fornece a resposta ao cidadão nos seguintes termos: Prezado usuário, a contratação de serviço de telecomunicações, com todas suas circunstâncias - oferta, atendimento e cobrança - ocorre em relação direta estabelecida exclusivamente entre o consumidor e operadora por ele escolhida, em conformidade com as modalidades de oferta possíveis e autorizadas pela Anatel. Nesse sentido, pode o consumidor utilizar o serviço prestado por quantas operadoras quiser, desde que possua contratos independentes com cada uma delas. Quanto à remunera- 22

3 Recurso à Autoridade Superior 16/04/201 5 ção, ela deve ocorrer na exata medida dos planos de serviço contratados pelo consumidor, seja quais forem suas modalidades. Por sua vez, a forma como tal cobrança será apresentada ao consumidor para pagamento pode ser livremente estabelecida pelas Operadoras, desde que não acarretem prejuízos ao consumidor. Gerência de Regulamentação Insatisfeito com a resposta obtida, o cidadão retorna em instância de recurso conforme segue: Primeiramente se falou e falou na resposta algo que não fora questionado, como vender planos de telefonia celular sei que isto é atividade exclusiva das operadoras. A respeito da resposta, alem da resposta não corresponder com a informação solicitada, faltou justificativa legal referente o trecho transcrito da resposta abaixo:...por sua vez, a forma como tal cobrança será apresentada ao consumidor para pagamento pode ser livremente estabelecida pelas Operadoras, desde que não acarretem prejuízos ao consumidor... Ressalto que para o trecho da resposta transcrito acima faltou informações legais porque a LEI Nº 9.472, DE 16 DE JULHO DE 1997 Seção IV, Das tarifas, não estabelece a forma de cobrança que a operadora deve realizar. Entretanto a mesma lei estabelece na LIVRO III DA ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TELECOMUNICA- ÇÕES TÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Capítulo I Das Definições Art. 61. Serviço de valor adicionado é a atividade que acrescenta, a um serviço de telecomunicações que lhe dá suporte e com o qual não se confunde, novas utilidades relacionadas ao acesso, armazenamento, apresentação, movimentação ou recuperação de informações. 1º Serviço de valor adicionado não constitui serviço de telecomunicações, classificando-se seu provedor como usuário do serviço de telecomunicações que lhe dá suporte, com os direitos e deveres inerentes a essa condição. 2 É assegurado aos interessados o uso das redes 23

4 de serviços de telecomunicações para prestação de serviços de valor adicionado, cabendo à Agência, para assegurar esse direito, regular os condicionamentos, assim como o relacionamento entre aqueles e as prestadoras de serviço de telecomunicações. (destaque nosso) A solicitação que eu faço é para obter informações, para poder prestar segundo as normas da ANATEL, um serviço de valor adicionado SVA, assim a informação que eu venho requerer através deste formulário, não refere-se a vendas de créditos, ou planos de telefonia móvel, pois como demonstrei anteriormente e vou demonstrar novamente abaixo, não se trata da venda de créditos de telefonia ou planos e sim da prestação de um serviço de valor adicionado conforme é meu direito presta-lo e é assegurado pela ANATEL. Talvez por falta de tecnologia na época ou pelo tipo de tecnologia usado na época, o serviço de cobrança de telefonia móvel prosseguiu com vemos hoje, o cliente tendo seu valor financeiro restrito ao uso de uma única operadora (caso de planos pré - pago). Venho requerer que a ANATEL cumpra Seção V da LEI Nº 9.472, DE 16 DE JULHO DE 1997, seja por informações para procedimentos da maneira de se executar um serviço de valor adicionado ou por intervenção como refere-se a Seção V da LEI Nº 9.472, DE 16 DE JULHO DE 1997, ou regulamentadora, para execução de um serviço de valor adicionado SVA, friso novamente que o serviço de valor adicionado será prestado na esfera administração financeira dos valores do cliente e não na venda de créditos ou planos de telefonia móvel. Este SVA constitui-se na criação de um serviço extremamente simples, relacionado a cobrança de telefonia celular, neste sistema o cliente passa a usar uma única conta em banco associada a um aplicativo instalado em seu celular, ao inserir valores nesta conta, o cliente passa a poder fazer ligações para qualquer operadora que queira selecionar em seu 24

5 Resposta do Recurso à Autoridade Superior 17/04/201 5 celular, a operadora escolhida fará a cobrança nesta conta, pois o aplicativo informará onde está o valor pré carregado pelo cliente, a operadora irá cobrar nesta conta somente o valor gerado pelo tempo de uso que o cliente fez nesta operadora. Assim o cliente paga somente pela quantidade usada não tendo mais que ter a quantidade total de seus créditos restrito ao uso de uma só operadora, isto estimula a competição entre as operadoras gerando a diversidade de serviços e preços. A ANATEL, em resposta ao recurso de 1ª instância, reitera a resposta anteriormente encaminhada e acrescenta que Serviços de Valor Adicionados podem ser prestados desde que não acarretem prejuízos aos direitos assegurados aos consumidores de serviços de telecomunicações. Dessa maneira, desde que o serviço de valor adicionado seja compatível com as regras da Anatel, ele poderá ser ofertado ao consumidor. Dentre essas regras encontram-se, por exemplo, as relativas às modalidades de serviço pré-pago e pós-pago, prestação do serviço precedida de contrato formal entre consumidor e operadora por ele desejada, apresentação de fatura detalhada dos serviços prestados, anteriormente à cobrança, no caso de serviços na modalidade pós-paga - bem como todos os demais direitos e obrigações correlatos, previstos no Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviço de Telecomunicações, aprovado pela Resolução n.º 632/2014 e nas normas específicas de prestação dos serviços. Cabe esclarecer que não há qualquer norma que impeça, ou, por outro lado, obrigue às Operadoras de Serviços de Telecomunicações a ofertarem a seus consumidores um Serviço de Valor Adicionado compatível às regras da Anatel. Tal oferta condiciona-se exclusivamente a interesses de mercado. Irresignado, o requerente apresenta recurso nos seguintes termos: Recurso à Autoridade Máxima Resposta do Recurso à Autoridade Máxima 20/04/201 5 (...)A solicitação feita anteriormente e que volto a reiterar, é para se obter informações sobre o procedimento de relacionamento com as prestadoras, para se poder prestar, segundo as normas da ANA- TEL, um serviço de valor adicionado SVA, pois como descrito pela LEI Nº cabe a ANATEL assegurar esse direito e o relacionamento entre as partes. (...) - Não há resposta da ANATEL. 25

6 Recurso à CGU 28/04/201 5 Diante da ausência de resposta, vem o cidadão requerer recurso à CGU, apresentando para tal o mesmo que já apresentara nas instâncias anteriores. É o relatório. Análise 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva, em desacordo com o disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2012, e ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7724/2012, in verbis: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observase que a Agência deixa de atender ao comando do artigo supracitado quando se omite em responder ao recurso de segunda instância interposto pelo requerente. Assim, a autoridade máxima do órgão não apreciou o recurso. Observa-se ainda que não consta da resposta que autoridade proferiu a decisão em primeira instância, não ficando claro 26

7 desta forma se era hierarquicamente superior àquela que adotou a decisão. 4. Vale destacar que a ANATEL possui histórico favorável no cumprimento dos prazos de recursos, tendo no presente caso a própria Agência buscado a Controladoria-Geral da União para informar-nos que na busca de uma resposta satisfativa ao cidadão excedeu o prazo legal de que dispunha para oferece-la. 5. No mérito, o requerente deseja prestar atividade que, segundo seu entendimento, configuraria Serviço de Valor Adicionado - SVA. Para isso, busca informações acerca dos procedimentos que eventuais interessados em prestar o SVA devem seguir, perante as Prestadoras de serviço, para que tenham acesso às redes de telecomunicações. 6. A atividade imaginada pelo cidadão consistiria da disponibilização ao consumidor de um aplicativo para celulares ou tablets que, uma vez instalado, poderia ser abastecido de créditos - retirados diretamente de sua conta bancária. De posse desse aplicativo, o consumidor então poderia realizar chamadas telefônicas de quaisquer prestadoras de serviços de telecomunicações que desejasse, sendo essas remuneradas por meio do lançamento de débito de valores contidos no citado aplicativo. 7. A ANATEL informa, porém, que tal atividade possui entraves jurídicos e regulamentares e oferece esclarecimentos sobre isso: "Primeiramente, deve-se destacar que ela não pode ser considerada como Serviço de Valor Adicionado, posto que não acrescenta ao serviço de telecomunicações que lhe dá suporte, novas utilidades relacionadas ao acesso, armazenamento, apresentação, movimentação ou recuperação de informações, como exige o art. 61 da Lei n.º 9.472, de A bem da verdade, a atividade imaginada pelo requerente nem mesmo depende do uso de redes de serviços de telecomunicações, condição essa indispensável à oferta de Serviços de Valor Adicionado, como dispõe o 2º do art. 61. Nesse sentido, cumpre citar, como Serviços de valor Adicionado, o serviço de caixa postal oferecido por prestadoras do Serviço Móvel 27

8 pessoal, o acesso discado à internet, os serviços de desvio de chamadas, serviços de bloqueio de ligações de longa distância, dentre outros que, acrescentam àquele serviço de telecomunicações que lhe dá suporte novas utilidades." "Outrossim, a contratação do serviço se dá mediante relação estabelecida entre a Prestadora e o consumidor, afigurando-se para ambos direitos e obrigações, dentre as quais se destaca a de pagamento pelos serviços prestados, que é cumprida diretamente entre os dois." "Além disso, há ainda outra questão, que reside no fato de que serviços de telecomunicações devem ser ofertados, de acordo com a regulamentação vigente da Anatel, por meio de planos de serviço pós e pré-pagos. Nos planos pós-pagos o consumidor contrata uma cesta de serviços, que são utilizados ao longo do mês. Nos planos pré-pagos o consumidor adquire créditos, em valores pré-estabelecidos pela Anatel e Prestadoras, para serem utilizados de acordo com sua conveniência." "Ocorre que a atividade pretendida pelo requerente não se coaduna às modalidades pós e pré-pagas de oferta de serviço. No primeiro caso, o aplicativo não permitiria o controle de consumo dos itens da cesta de serviço, enquanto que, no segundo caso, não asseguraria a aquisição de créditos em conformidade com a oferta obrigatória, determinada pela regulamentação da Agência, ou em conformidade com planos de negócios determinados pelas Prestadoras." "E como já dito anteriormente, Serviços de Valor Adicionados podem ser prestados desde que não acarretem prejuízos aos direitos assegurados aos consumidores de serviços de telecomunicações. Dessa maneira, desde que o serviço de valor adicionado seja compatível com as regras da Anatel, ele poderá ser ofertado ao consumidor. Dentre essas regras encontram-se, por exemplo, as relativas às modalidades de serviço prépago e pós-pago, prestação do serviço precedida de contrato formal entre consumidor e operadora por ele desejada, apresentação de fatura detalhada dos serviços prestados, anteriormente à cobrança, no caso de serviços na modalidade pós-paga - bem como todos os demais direitos e obrigações correlatos, previstos no Regulamento Geral de Direitos do Consumidor de Serviço de Telecomunicações, aprovado pela Resolução n.º 632/2014 e nas normas específicas de prestação dos serviços." 28

9 "Dessa maneira, conclui-se que a atividade pretendida pelo requerente não é Serviço de Valor Adicionado e não se coaduna às normas da Anatel relativas à prestação de serviço de telecomunicações." 8. As informações acima são parte de um rico material elaborado pela a ANATEL em resposta à consulta realizada pelo cidadão. Mesmo tendo perdido o prazo para manifestar-se no recurso de 2ª instância, após entendimentos com a CGU, a Agência optou pelo envio das informações ao cidadão. 9. Havendo o processo subido à CGU por força do art. 23 do Decreto 7.724/2012, e tendo sido os esclarecimentos solicitados plenamente atendidos ao longo da instrução do recurso de 3ª instância, entende-se que o pedido foi respondido, restando prejudicado o recurso do cidadão. Cabe-nos então a aplicação do art. 52 da Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal e faculta ao órgão competente declarar extinto o processo em razão do exaurimento da sua finalidade ou quando o objeto da decisão se tornar inútil ou prejudicado por fato superveniente. Conclusão 10. Diante do exposto, opina-se pela perda de objeto do recurso, uma vez que a informação demandada foi fornecida ao solicitante durante a fase de instrução. 11. Por fim, observamos que o recorrido descumpriu procedimentos básicos da Lei de Acesso à Informação. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente que reavalie os fluxos internos para assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos legais, em especial recomenda-se: a) Informar em suas respostas ao cidadão a autoridade que tomou a decisão, a possibilidade de recurso, o prazo para propor o recurso e a autoridade competente para apreciar o recurso; 29

10 b) Que a Autoridade responsável por decidir o recurso de primeira instância seja diferente e hierarquicamente superior àquele que adotou a decisão inicial; c) Que a Autoridade responsável por decidir o recurso de segunda instância seja a autoridade máxima do Instituto. d) Não se omitir nas respostas aos recursos apresentados adequadamente. DANTON LOPES Analista de Finanças e Controle 210

11 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pela perda do objeto do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº / , direcionado à ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações. LUIS HENRIQUE FANAN Ouvidor-Geral da União 211

12 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 1211 de 04/05/2015 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 04/05/2015 Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 04/05/2015 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: fd83fb13_8d db684