Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Tamanho: px

Começar a partir da página:

Download "Tribunal de Justiça de Minas Gerais"

Maria de Belem Mendes Barreto
8 Há anos
Visualizações:

1 Número do /001 Númeração Relator: Relator do Acordão: Data do Julgamento: Data da Publicação: Des.(a) Eduardo Andrade Des.(a) Eduardo Andrade 28/10/ /11/2014 EMENTA: ADMINISTRATIVO - EX-SERVIDOR PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS - FÉRIAS E TERÇO CONSTITUCIONAL PROPORCIONAIS - VERBAS DEVIDAS - IMPOSSIBILIDADE DE GOZO - INDENIZAÇÃO - POSSIBILIDADE - VEDAÇÃO AO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO - ADEQUAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - SENTENÇA CONFIRMADA NO REEXAME NECESSÁRIO, PREJUDICADO O RECURSO VOLUNTÁRIO PRINCIPAL - APELAÇÃO ADESIVA PROVIDA. - Faz jus o autor, ex-servidor do Estado de Minas Gerais, às férias e seu terço constitucional, ambas proporcional, aos termos dos art. 7º, XVII e 39, 3º, da CR/88. - Após um ano de trabalho - período aquisitivo -, o servidor acumula o período de um mês para gozo de férias. Se exonerado antes do término do período aquisitivo, deve receber proporcionalmente as férias que acumulou e seu respectivo terço constitucional. - Se as férias proporcionais regulamentares não foram gozadas e nem mais o poderão ser, já que exonerado o autor do cargo público, outra alternativa não resta, a não ser sua conversão em pecúnia, a título de indenização, sob pena de enriquecimento ilícito da Administração Pública. - Honorários advocatícios retificados. - Pedido julgado procedente. Sentença confirmada no reexame necessário, prejudicado o recurso voluntário principal. Apelação adesiva provida. 1

GOZO - INDENIZAÇÃO - POSSIBILIDADE - VEDAÇÃO AO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO - ADEQUAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - SENTENÇA CONFIRMADA NO REEXAME NECESSÁRIO, PREJUDICADO O RECURSO VOLUNTÁRIO PRINCIPAL

2 APELAÇÃO CÍVEL Nº /001 - COMARCA DE IPATINGA - APELANTE(S): ESTADO DE MINAS GERAIS - APTE(S) ADESIV: ANDERSON FIEDLER BREMER EM CAUSA PRÓPRIA - APELADO(A)(S): ANDERSON FIEDLER BREMER EM CAUSA PRÓPRIA, ESTADO DE MINAS GERAIS A C Ó R D Ã O Vistos etc., acorda, em Turma, a 1ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em < CONFIRMAR A SENTENÇA NO REEXAME NECESSÁRIO, PREJUDICADO O RECURSO VOLUNTÁRIO PRINCIPAL. DAR PROVIMENTO À APELAÇÃO ADESIVA >. DES. EDUARDO ANDRADE RELATOR. DES. EDUARDO ANDRADE (RELATOR) V O T O Trata-se de Apelações Cíveis interpostas contra a sentença de fs , proferida nos autos da 'Ação Ordinária' ajuizada por Anderson Fiedler Bremer em face do Estado de Minas Gerais, objetivando receber valor correspondente à indenização de férias regulamentares proporcionais e seu terço constitucional. Adoto o relatório da sentença de origem, acrescentando-lhe que o pedido foi julgado procedente pelo ilustre Juiz a quo, determinando-se correção dos valores cobrados conforme juros de poupança. O requerido também foi condenado no pagamento dos honorários advocatícios, fixados em 20% do valor da condenação. 2

DE MINAS GERAIS A C Ó R D Ã O Vistos etc.

3 O Estado de Minas Gerais interpôs recurso de apelação, às fs , sustentando, em síntese, que: não há previsão legal de conversão em pecúnia das férias adquiridas e não gozadas; os honorários advocatícios devem ser reduzidos. Anderson Fiedler Bremer aviou apelação adesiva, às fs , pleiteando a majoração dos honorários advocatícios. Contrarrazões apresentadas por Anderson Fiedler Bremer, às fs e pelo Estado de Minas Gerais, às fs Vieram-me conclusos os autos. Desnecessário o envio do feito à douta Procuradoria Geral de Justiça. Conquanto o i. Juiz a quo não tenha remetido ex officio os autos, procedo ao reexame necessário, por tratar-se de condenação ilíquida imposta ao Estado de Minas Gerais (Art. 475, do C.P.C. e Súmula 490, do STJ). Também conheço dos recursos voluntários interpostos, porque se encontram presentes os seus pressupostos de admissibilidade. REEXAME NECESSÁRIO Sustentou o autor que, ao ser exonerado, a pedido, em 03/08/2011, do cargo efetivo de Gestor Governamental I, da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão - SEPLAG, recebeu, em setembro de 2011, como verba rescisória, valor proporcional ao décimo terceiro salário, não sendo quitado o montante correspondente a 09/12 de férias, referente ao período/ano aquisitivo O Estado de Minas Gerais não contestou a proporção apresentada, aduzindo apenas que quitou todas as verbas devidas ao suplicante, não sendo cabível, ainda, a conversão, em pecúnia, de 3

Anderson Fiedler Bremer aviou apelação adesiva, às fs. 63-65, pleiteando a majoração dos honorários advocatícios. Contrarrazões apresentadas por Anderson Fiedler Bremer, às fs.

4 férias adquiridas e não gozadas. Pois bem. Sabe-se que, após um ano de trabalho - período aquisitivo -, o servidor acumula o período de um mês para gozo de férias. Se exonerado antes do término do período aquisitivo, deve receber proporcionalmente as férias que acumulou e seu respectivo terço constitucional. Esse tem sido o entendimento desta 1ª Câmara Cível: "EMENTA: ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE COBRANÇA. SERVIDORA EXONERADA ANTES DE COMPLETAR UM ANO DE EXERCÍCIO NO CARGO. FÉRIAS REGULAMENTARES. PERÍODO AQUISITIVO. DIREITO CONSTITUCIONALMENTE GARANTIDO. SENTENÇA REFORMADA. - Não se confunde aquisição do direito às férias - que se dá sucessivamente após cada mês de trabalho - com o direito de seu gozo, este só consolidado após doze meses de exercício. - Embora não completado período de doze meses para gozo do período de férias, a autora laborou por oito meses, adquirindo 8/12 do respectivo direito, devendo ser indenizada da quantia respectiva quando de sua exoneração." (Apelação Cível /001, Relator(a): Des.(a) Alberto Vilas Boas, 1ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 12/08/2014, publicação da súmula em 21/08/2014); "ADMINISTRATIVO - AÇÃO ORDINÁRIA - COBRANÇA - SERVIDOR MUNICIPAL - FÉRIAS PROPORCIONAIS - PERÍODO AQUISITIVO - TERMO INICIAL. As férias proporcionais se referem a indenização na cessação do contrato de trabalho, pelo período aquisitivo não completado, em decorrência da rescisão. O termo inicial para a contagem das férias proporcionais deve ser o início do período aquisitivo que não foi completado em razão da exoneração do servidor. O período aquisitivo é computado da data em que o servidor é admitido até que ele complete um ano de serviço e completado este prazo inicia-se a contagem para a aquisição de novo período." (Apelação Cível 4

Esse tem sido o entendimento desta 1ª Câmara Cível: "EMENTA: ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE COBRANÇA. SERVIDORA EXONERADA ANTES DE COMPLETAR UM ANO DE EXERCÍCIO NO CARGO. FÉRIAS REGULAMENTARES.

5 /001, Relator(a): Des.(a) Armando Freire, 1ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 07/11/2006, publicação da súmula em 24/11/2006). No mesmo sentido: "APELAÇÃO CÍVEL. EXONERAÇÃO DE SERVIDOR A PEDIDO. FÉRIAS PROPORCIONAIS. FORMA DE CONTAGEM. TEMPO DE SERVIÇO. REMANESCENTE INFERIOR AO PERÍODO AQUISITIVO. A cada doze meses de exercício o servidor público efetivo faz jus a 30 dias de repouso remunerado, com o acréscimo de um terço. A remuneração por férias proporcionais devidas quando cessa o exercício deve ter em conta todo o período trabalhado que não foi convertido em férias, por somar prazo inferior ao período aquisitivo. Na contagem deve-se ter em conta a data do início do exercício e não o ano civil." (Apelação Cível /001, Relator(a): Des.(a) Heloisa Combat, 7ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 30/01/2007, publicação da súmula em 13/03/2007). Ademais, se as férias proporcionais regulamentares não foram gozadas e nem mais o poderão ser, já que exonerado o autor do cargo público, outra alternativa não resta, a não ser sua conversão em pecúnia, a título de indenização, sob pena de enriquecimento ilícito da Administração Pública. Deve-se, in casu, equalizar os princípios constitucionais da legalidade, que vincula a Administração Pública, e da razoabilidade e vedação ao enriquecimento ilícito, que amparam a parte autora. Saliento que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, possui entendimento no sentido de que é assegurada ao servidor público a conversão de férias não gozadas ou de outros direitos de natureza remuneratória em indenização pecuniária, dada a responsabilidade objetiva da Administração Pública em virtude da vedação ao enriquecimento sem causa. Nesse sentido: o ARE AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 05/03/2013, Acórdão Eletrônico DJe- 053 Divulg Public 5

A cada doze meses de exercício o servidor público efetivo faz jus a 30 dias de repouso remunerado, com o acréscimo de um terço.

6 ; o ARE-AgR , Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe ; o AI-AgR , Rel. Min. Eros Grau, Segunda Turma, DJe ; o RE , Rel. Min. Ilmar Galvão, Primeira Turma, DJ ; e o RE-AgR , Rel. Min. Ayres Britto, Primeira Turma, DJ Portanto, correta a sentença. No que tange à forma de atualização do débito, esclareço que deve ser observado o disposto no art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, com as modificações dadas pela Lei nº /09. Com tais considerações, CONFIRMO A SENTENÇA NO REEXAME NECESSÁRIO, PREJUDICADO O RECURSO VOLUNTÁRIO. APELAÇÃO ADESIVA Anderson Fiedler Bremer pleiteia a majoração dos honorários advocatícios. A meu juízo, rogata venia do entendimento do douto Juiz a quo, entendo que razão assiste ao apelante, ao afirmar serem ínfimos os honorários advocatícios que, diga-se, serão de aproximadamente R$280,00 (duzentos e oitenta reais), arbitrados em seu favor. In casu, o julgador deve fixar os honorários advocatícios consoante apreciação equitativa e, embora não esteja adstrito aos percentuais do 3º, há de atender aos critérios estabelecidos nas letras 'a', 'b' e 'c' (grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço). Com essas considerações, DOU PROVIMENTO AO RECURSO, para fixar os honorários advocatícios em R$800,00 (oitocentos reais). CONCLUSÃO 6

No que tange à forma de atualização do débito, esclareço que deve ser observado o disposto no art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, com as modificações dadas pela Lei nº 11.960/09.

7 CONFIRMAR A SENTENÇA NO REEXAME NECESSÁRIO, PREJUDICADO O RECURSO VOLUNTÁRIO PRINCIPAL. DAR PROVIMENTO À APELAÇÃO ADESIVA. < DES. GERALDO AUGUSTO (REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a). DESA. VANESSA VERDOLIM HUDSON ANDRADE - De acordo com o(a) Relator(a). SÚMULA: "CONFIRMARAM A SENTENÇA NO REEXAME NECESSÁRIO, PREJUDICADO O RECURSO VOLUNTÁRIO PRINCIPAL. DERAM PROVIMENTO À APELAÇÃO ADESIVA" 7

DESA. VANESSA VERDOLIM HUDSON ANDRADE - De acordo com o(a) Relator(a).

Documentos relacionados

APELAÇÃO CÍVEL Ng- 018.2006.002439-7/001 (Oriunda da 4fī Vara da Comarca de Guarabira/PB)

ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. MANOEL SOARES MONTEIRO DECISÃO APELAÇÃO CÍVEL Ng- 018.2006.002439-7/001 (Oriunda da 4fī Vara da Comarca de Guarabira/PB) RELATOR APELANTE